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A importancia da paramentação na prevenção de infeções ciurgicas (página 2)


A adesão ao uso dos EPIs traz consigo benefícios à saúde do trabalhador e aos empregadores sendo eles: maior produtividade, diminuição do número de licenças – saúde e redução dos gastos hospitalares com equipamentos e materiais. Lembrando que o uso dos EPIs deve ser adequado às necessidades do procedimento avaliando o conforto, o tamanho do equipamento e o tipo de risco envolvido para não resultar em despesas para a instituição e comprometer a execução do procedimento. Em contra partida a não adesão aos equipamentos, quando necessário, pode resultar em prejuízos afetando as relações psicossociais, familiares e de trabalho, contribuindo para que os acidentes de trabalho continuem ocorrendo (4).

3.2- Infecção Hospitalar e Centro Cirúrgico

Em relação ao controle de infecção do paciente cirúrgico são caracterizadas em quatro temas: relacionados ao paciente (preparo de pele, tricotomia, roupa privativa, retirada de adornos), equipe cirúrgica (unhas, adornos, roupa privativa e as paramentações cirúrgicas), ambiente (limpeza de sala operatória, piso, padrões de circulação) e procedimentos (assepsia, escovação cirúrgica, colocação de campos esterilizados, validade da esterilização e manuseio do material estéril) (5) .

3.3- Biossegurança

Na prevenção da contaminação por agentes infecciosos, recomenda-se que os profissionais de saúde adotem medidas de Biossegurança, especificamente àqueles que trabalham em áreas insalubres, com risco variável.

No ambiente hospitalar, o risco é uma ou mais condições de uma variável com potencial necessário para causar danos. De acordo com a Norma Regulamentadora (NR-9) do Ministério do Trabalho e Emprego, os riscos de acidentes podem ser classificados em: físicos (calor, iluminação e artigos cortantes); químicos (soluções químicas e aerossóis); biológicos (fluidos corporais – vírus, bactérias e fungos); ergonômico-mecânico (desconforto); e psicossociais (estresse e fadiga) (6).

É importante salientar que nos serviços de saúde, especialmente de urgência e emergência, grande parte dos acidentes que envolvem profissionais da área da saúde se deve à falta de observância e adoção das normas de biossegurança (6) .

3.4 - Lavagens das Mãos

A infecção hospitalar (IH) representa importante problema de saúde pública, tanto no Brasil quanto no mundo e constitui risco à saúde dos usuários dos hospitais que se submetem a procedimentos terapêuticos ou de diagnóstico. Sua prevenção e controle dependem, em grande parte, da adesão dos profissionais da área da saúde às medidas preventivas (7).

Como medida de controle de infecção à higienização das mãos não é, portanto, recomendação recente. Deve ocorrer antes e após o contato com o paciente, antes de calçar as luvas e após retirá-las, entre um paciente e outro, entre um procedimento e outro, ou em ocasiões onde exista transferência de patógenos para pacientes e ambientes, entre procedimentos com o mesmo paciente e após o contato com sangue, líquido corporal, secreções, excreções e artigos ou equipamentos contaminados por esses (7).

Apesar da importância epidemiológica da higienização das mãos na prevenção das infecções hospitalares, a adesão a essa medida tem se constituído em um dos maiores desafios para as Comissões de Controle de Infecção Hospitalar – (CCIH) que, dentre outros aspectos, envolve os recursos humanos nos estabelecimentos de saúde, seu preparo e sua conscientização. Frequentemente, as IH são associadas à baixa adesão dos profissionais da área da saúde à higienização das mãos (7).

É um processo que visa a retirada de sujeira e detritos, redução substancial ou eliminação da flora transitória e redução parcial da flora residente, uma vez que a eliminação dessa última é virtualmente impossível(2). Inicialmente é necessária a retirada de joias e acessórios da região das mãos, punhos e antebraços. A torneira deve ser acionada por pé ou cotovelo e não manualmente; as mãos e antebraços são molhados com água corrente. A solução antisséptica preconizada (PVPI degermante ou clorehexidina) deve ser aplicada sobre a palma das mãos, iniciando pelas extremidades dos dedos com especial atenção sobre os leitos subungueais e espaços interdigitais (escovação), o processo deve continuar pelas faces das mãos e antebraços (fricção). O enxágue deve ser executado com água corrente a partir das mãos em direção ao cotovelo. A torneira deve ser fechada com o cotovelo ou por outro profissional, mas não com as mãos. Durante todo o processo, as mãos devem estar sempre acima do nível dos cotovelos. O processo todo deve durar rigorosamente cinco minutos para a primeira cirurgia e três minutos entre dois procedimentos cirúrgicos (1).

3.5- Paramentação cirúrgica

O uso da paramentação cirúrgica tem como finalidade original a formação de uma barreira microbiológica contra penetração de microrganismos no sítio cirúrgico do paciente, oriundos dele mesmo, dos profissionais, materiais, equipamentos e ar ambiente (8) . Os componentes da paramentação cirúrgica são:

- aventais: diariamente inúmeras células epiteliais desprendem-se da pele, sendo que muitas delas levam consigo bactérias. A utilização de o avental objetiva reduzir a dispersão das bactérias no ar (aproximadamente 30%) e evitar o contato da pele da equipe com sangue e fluidos corporais que possam contaminar a roupa privativa. O CDC recomenda troca de avental quando estiver visivelmente sujo com sangue ou outro fluido corporal potencialmente infectante (2) ;

- luvas: são utilizadas pelos membros da equipe cirúrgica com a função de proteger o paciente das mãos desses e proteger a equipe de fluidos potencialmente contaminados. Com a finalidade de reduzir e prevenir o risco de exposição ao sangue recomenda-se o uso do duplo enluvamento do cirurgião e primeiro assistente para qualquer procedimento que durar mais que uma hora, pois estudos demonstraram que o procedimento de longa duração influencia a taxa de furos nas luvas e aumenta a exposição ao sangue (2);

- máscaras: o uso justifica-se por dois aspectos: proteger o paciente da contaminação (principalmente quando a incisão cirúrgica está aberta) de microrganismos, oriundos do nariz e da boca dos profissionais, liberados no ambiente, quando eles falam, tossem e respiram, protege a mucosa dos profissionais de respingos de secreções provenientes dos pacientes durante o procedimento cirúrgico (4). Esta via de transmissão é considerada infrequente porque nem todas as partículas expelidas contêm bactérias, sendo sua utilização mais eficiente para a equipe de saúde por existir o risco de exposição a fluidos infectantes. A Occupational Safety and Health Administration (OSHA) exige a utilização de máscaras que protejam totalmente a boca e o nariz, combinadas com protetores oculares, e a Association of Perioperative Registered Nurses (AORN) recomenda que todas as pessoas devem utilizar máscaras cirúrgicas ao entrarem na sala de operação, quando materiais e equipamentos estéreis estiverem abertos. Elas devem ser descartadas após cada uso, manipulando-se somente as tiras, serem trocadas quando estiverem molhadas, não devendo ficar penduradas no pescoço e nem dobradas dentro do bolso para serem utilizadas posteriormente (2);

- propés: o uso é atualmente uma questão polêmica, uma vez que ainda se fazem necessários estudos criteriosos para que essa prática seja abolida (8). Consiste em procedimento mais significante para proteger a equipe à exposição de sangue, fluidos corporais e materiais perfurocortantes do que medida de proteção ao paciente. A supervisão deve ser constante quanto ao uso indiscriminado e incorreto dos propés, como substituí-los pelos sapatos (2). Para garantir maior proteção eles devem ser calçados com sapatos fechados;

- gorros: o CDC recomenda sua utilização com intuito de evitar a contaminação do sítio cirúrgico por cabelo ou microbiota presente nele, o gorro deve ser bem adaptado, permitindo cobrir totalmente o cabelo na cabeça e face (2).

Ressaltamos, ainda, que, devido às doenças transmissíveis por substâncias orgânicas dos pacientes (por exemplo, a AIDS e a hepatite B), adicionou-se o uso de óculos ou máscaras protetoras dos olhos como componentes da paramentação cirúrgica (9).

4- Considerações finais

Apesar do avanço tecnológico na área do centro cirúrgico e do conhecimento sobre fatores de risco de infecção hospitalar, as taxas de infecção do sítio cirúrgico ainda são altas. Constatou-se que a lavagem das mãos, na prevenção das infecções hospitalares, ainda é um dos maiores desafios para as comissões de controle de infecção hospitalar, isso depende do preparo e da conscientização profissional. E que a equipe de enfermagem é responsável por prestar os cuidados adequados aos pacientes, promoverem e preservarem a saúde.

Constatou-se também que aos quais os profissionais estão sujeitos, estão relacionados com os riscos dos pacientes que atendem. Daí a importância da orientação e educação continuada dos profissionais em controlar os agentes de riscos, utilizarem os EPI"s e participar dos controles administrativos, e sempre adotar medidas de segurança.

Os equipamentos que fazem parte da prática profissional são: óculos para amparar os olhos contar secreções, luvas para proteger conta riscos biológicos e físicos, avental ou capote e gorro para evitar contato com partículas. Todos esses EPI"s são utilizados para prevenir o usuário e até mesmo o paciente de adquirir doenças em virtude do contato profissional-paciente e contra riscos de acidentes de trabalho visando a conservação da saúde.

Os EPI"s são equipamentos imprescindíveis para proteção dos profissionais que trabalham com a saúde, nos diversos setores de tratamento. Apesar de todos os profissionais saberem da importância dos EPI"s ainda existem aqueles que oferecem resistência em utiliza-los, o que implica no desrespeito a essa prática prevencionista .

Nos serviços de saúde as infecções são consideradas problemas de saúde pública, devido a sua importante incidência e influencia nas taxas de letalidade, especialmente nos hospitais. Apesar de tantos exemplos, como infecções pós-cirúrgicas, transmissão de hepatite B,do vírus HIV, entre tantas outras, os profissionais da área de saúde responsáveis pela prevenção e controle, nem sempre estiveram conscientes disso e nem propensos a seguir de forma correta os passos necessários para eliminar e diminuir os riscos para seus pacientes, para si próprio e para sua equipe. Sugere-se a realização de campanhas educativas no sentido de orientar os profissionais de saúde sobre o uso de EPI"s, a adesão de protocolos rígidos elaborados e adotados pela instituição.

5 - Referências bibliográficas

1. Moura MLPA. Enfermagem em centro de material e esterilização. 8.ed. São Paulo: senac, 2006.

2. Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar. (SP). Prevenção da infecção de sítio cirúrgico. São Paulo (SP): APECIH; 2001.

3. Graziano KU.Controle da contaminação ambiental da unidade de centro cirúrgico. Enfoque 1994 janeiro; 1(21):19-22.

4. Lacerda RA. Centro Cirúrgico. In: Fernandes AT, Fernandes MOV, Ribeiro N Filho. Infecção hospitalar e suas interfaces na área da saúde. São Paulo (SP): Atheneu; 2000.p. 789-818.

5. Roza IB. O papel do enfermeiro em centro cirúrgico. Rev Gauch Enfermagem 1989 julho; 10(2):20-5

6. Valle ARMC, Feitosa MB, Araújo VMD, Moura MEB, Santos AMRS, Monteiro CFS. Representações sociais da biossegurança por profissionais de enfermagem de um serviço de emergência. Esc Anna Nery Rev Enferm. 2008 Jun; 12(2):304-9.

8. Nobre LF, Galvão CM, Graziano KU, Corniani F. Avaliação de indicadores de controle da contaminação ambiental da sala de operação: um estudo piloto. Medicina 2001 abril; 34(2):183-93.

9. Lacerda RA. Centro Cirúrgico. In: Fernandes AT, Fernandes MOV, Ribeiro N Filho. Infecção hospitalar e suas interfaces na área da saúde. São Paulo (SP): Atheneu; 2000.p. 789-818.

 

 

Autor:

Bocardi Alessandra

alessandrabocardi[arroba]hotmail.com



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