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Dessa forma, a ludicidade entra nesse contexto para fazer com que esses indivíduos sejam sujeitos de direitos, participantes e protagonistas de sua história fazendo-os compreender a realidade em que vivem, tendo o conhecimento formal como uma armadura para protegê-los de uma possível alienação política. Para isso o lúdico proporciona a esses indivíduos uma releitura de mundo, de forma descontraída e prazerosa, resgatando valores e alegrias que estavam adormecidas pelo tempo e pelo trabalho enfadonho do cotidiano desses jovens e adultos.
Um dos grandes questionamentos na educação de jovens e adultos tem sido em como evitar o fracasso escolar e a evasão desses alunos, nesse sentido a hipótese desse não desenvolvimento acadêmico dar-se, pela ausência de metodologias lúdicas para esses discentes que por estarem retomando a vida escolar com certo atraso, sentem dificuldades em compreender os conteúdos, pois o processo de ensino é feito de forma burocrática.
Portanto, a ludicidade por meio de jogos ou materiais concretos que representem o cotidiano, deve ser usada como recursos para facilitar a aprendizagem dos educandos, tornando a aprendizagem significativa.
Dado o exposto, o trabalho visa responder de que maneira pode-se trabalhar a ludicidade como um recurso pedagógico para o processo ensino aprendizagem na EJA, visto que cada estudante da EJA possui um histórico social com contextos diversificados que os impediram de dar continuidade ou iniciarem seus estudos na idade convencional.
Para tanto a principal finalidade deste trabalho é propor a ludicidade como recurso pedagógico que auxilie os alunos da EJA no processo de compreensão dos conteúdos, entretanto, primeiramente precisou-se identificar os métodos utilizados pelos professores no ensino e aprendizagem dos alunos.
Percebendo o tipo de metodologia utilizada pela professora, fez-se necessário propiciar atividades lúdicas para facilitar o processo ensino aprendizagem dos alunos, para que em outro momento fosse possível avaliar de forma diagnóstica o discente quanto a sua aprendizagem por meio da mediação lúdica pedagógica, no intuito de saber se a proposta lúdica facilitou a compreensão dos conteúdos ministrados.
Paralelo às especificidades dos educandos da EJA, a pesquisa justifica-se pelo fato de que o aluno desta modalidade de ensino é um sujeito ímpar com características psicológicas específicas, construídas ao longo de sua vida e que ao adentrar no ambiente escolar, já traz consigo certo conhecimento que precisa ser valorizado. Adentrado em uma sociedade letrada, até experimentou uma proximidade com os conhecimentos escolares, mas por motivos diversos abandonou a escola e apenas na fase adulta está tendo a oportunidade de ter contato ou aprofundar esses conhecimentos formais.
Faz-se necessário compreender que esses jovens e adultos não são apenas meros indivíduos marcados pela ausência de conhecimentos formais na idade adequada. São trabalhadores, que possuem uma linguagem própria no qual mostra sua realidade cultural, social, suas visões de mundo, desejos, sonhos e necessidades. Possuem inúmeros conhecimentos empíricos que precisam ser levados em consideração utilizando para isso métodos que facilitem essa aprendizagem.
No entanto, observa-se que no âmbito escolar na maioria das vezes esse conhecimento é deixado de lado impossibilitando a permanência desses alunos na escola causando sentimentos controversos, pois sentem vergonha em frequentarem a escola em idade adulta para estarem em séries que correspondem à séries iniciais. Aliando o sentimento de vergonha pela não conclusão dos estudos na idade convencional, com a falta de metodologias lúdicas que estimulem de maneira prazerosa o aprendizado, torna-se quase natural que esse aluno desista pelo fato de ter que ir à escola, cansado do trabalho, para assistir aulas tradicionais sem que ele possa interagir, brincar e sentir-se valorizado e motivado a voltar todos os dias para a escola.
Nesse contexto, é fundamental utilizar-se do lúdico como suporte pedagógico para resgatar o que o aluno trouxe consigo de suas experiências, pois a ludicidade é uma forma de auxiliar os alunos a compreenderem os conteúdos por meio de jogos e brincadeiras haja vista que ela facilita a aprendizagem, a socialização, comunicação e construção do conhecimento.
Dessa forma, Paulo Freire (1996) afirma que quanto mais o adulto evidencia a ludicidade maior será a chance de conhecer-se como pessoa, saber de suas possibilidades e limitações, pois o adulto que aprende brincando não se torna criança novamente, mas revive e resgata com prazer a alegria de brincar, por isso a importância do lúdico como ferramenta pedagógica essencial para uma prática educativa na formação dos alunos.
Nesse ínterim a pesquisa de campo teve como base uma pesquisa qualitativa realizada numa escola pública de Macapá no qual os instrumentos para a coleta de dados foram às observações e entrevistas.
A pesquisa se deu por meio de ação e intervenção, no qual, em primeira instância observou-se a prática da professora para em seguida fazer um diagnóstico da aprendizagem dos alunos em relação ao conteúdo ministrado de forma tradicional.
Após a explanação da professora juntamente com as atividades diagnósticas para saber qual o grau de dificuldade dos alunos, concernente ao conteúdo, foi desenvolvido uma aula lúdica com o mesmo conteúdo da aula tradicional da professora e a mesma atividade diagnóstica para verificar o processo de compreensão dos alunos. Os resultados apontaram que é fundamental a utilização do lúdico na EJA para o amadurecimento e crescimento de uma visão criticista e independente, desses indivíduos.
Sendo assim o trabalho está organizado da seguinte maneira; primeiro capítulo foi feito uma contextualização dos aspectos históricos e legais da EJA no Brasil bem como a sua finalidade assistencialista, uma vez que observa-se no decorrer da história apenas mudanças na nomenclatura dessa modalidade de ensino, não se tem feito uma ação afirmativa capaz de reverter esse quadro.
O segundo capítulo aponta a ludicidade como mecanismo mediador no ensino e na aprendizagem na educação de jovens e adultos por ser um método flexível e prazeroso, que possibilita a participação direta entre professor e aluno e o meio em que estão inseridos.
Apresenta-se no terceiro capítulo o resultado da pesquisa desenvolvida em uma escola pública tendo como possível resultado, a importância do lúdico no processo de aprendizagem uma vez que esse método trabalha os conteúdos de maneira prática, prazerosa e significante porque utiliza o cotidiano e as vivencia desses alunos, passando esses conhecimentos para o currículo formal sem fazer a dissociação da realidade desses alunos.
2.1. RECORTE HISTÓRICO DA EDUCAÇAO DE JOVENS E ADULTOS – EJA NO
BRASIL.
É de conhecimento geral no meio educacional, que há muito tempo vem-se discutindo acerca da modalidade da educação para jovens e adultos. Sabe-se que essa é uma história longa que perpassa pela época do Brasil colônia até os dias atuais. Segundo Souza (2007) relatos mostram, que com a chegada dos jesuítas deu-se o início ao processo do ensino à leitura e escrita aos adultos, pois acreditavam que não seria possível converter os índios à religião católica se esses não tivessem tais habilidades.
Acredita-se que a educação para esse público sempre esteve pautada em interesses particulares e políticos, uma vez que só se dava educação para esses indivíduos quando se precisava de mão de obra com um mínimo de qualificação para atender a elite, nesse sentido nota-se que a educação para jovens e adultos sempre teve caráter assistencialista.
A escolarização para jovens ou adultos só se dá de acordo com as necessidades do mercado de trabalho em cada período da história, ou seja, se for preciso mão de obra com alguma qualificação, investe-se um mínimo na educação desses indivíduos, caso contrário o ensino para eles fica estagnado.
Esse pensamento permeia a educação brasileira há muito tempo, essa política perpassa gerações e a educação para jovens e adultos mantêm a mesma concepção produtivista como destaca Vieira (2000) quando evidencia que do trabalhador são exigidas competências sociais e cognitivas, que conformam um perfil profissional adequado à nova configuração social, amiúde, o que se vê é o jovem ou adulto tentando terminar a educação básica para inserir-se no mercado de trabalho sem perspectiva de galgar o ensino superior.
Não precisa nem de uma análise minuciosa para verificar, que pouco se fez em prol desses indivíduos, que buscam na educação a saída para os problemas sociais e econômicos, ou seja, basicamente só mudou a nomenclatura, o contexto por trás de tudo é o mesmo: garantir mão de obra para os grandes empresários e satisfazer os desejos econômicos da elite. Sendo assim não conseguem entrar nas universidades que são custeadas pelos impostos pagos também por esses trabalhadores que labutam de sol a sol e não granuma educação igualitária.
Nesse contexto verifica-se que houve reviravolta em consequência do desenvolvimento industrial sob o qual se exigia uma mão de obra mais qualificada, a partir daí começou-se a ter uma valorização tímida e mínima aos trabalhadores adultos que precisavam ser alfabetizados, pois para eles o analfabetismo era como uma doença que precisava se erradicada para dar uma cara nova ao país, um, ar de desenvolvimento.
E foi então a partir de 1940 com as lutas das massas pela garantia dos direitos sociais no qual propunham os liberais é que começaram a surgir políticas públicas para esses indivíduos para tentar apaziguar os conflitos sociais.
Porém como já citado de antemão, a educação para esses indivíduos tinha que atender quem estava no topo da cadeia social e com a redemocratização pelo qual o Brasil passava e com o fim do Estado Novo surge a necessidade de eleitores para votar e aí se recorre a educação para a leitura e escrita.
Dado exposto precisou-se de políticas públicas para atender essa nova forma de governo e então se lança mão de projetos para "educar" esses trabalhadores e o primeiro projeto foi a "Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos, voltada principalmente aos moradores da zona rural". Essa campanha presumia a alfabetização do educando em três meses, mas como não obteve o resultado desejado foi extinta em 1963.
Não demorou, para que outra medida fosse tomada numa tentativa desesperada do governo de alfabetizar o país, foi então que no começo de 1964, o educador Paulo Freire começava a implantar no Brasil uma revolução no método de alfabetização de adultos, e no mesmo ano, foi aprovado o plano Nacional de Alfabetização, porém houve o golpe militar e a educação que se construiria em caráter crítico foi suprimida dando lugar a um novo projeto chamado MOBRAL – Movimento Brasileiro de Alfabetização, criado pela Lei n° 5.379, de 15 de dezembro de 1967 elaborado durante o governo do general Costa e Silva.
Esse método educacional se distanciava muito do que propunha Paulo Freire, pois se baseava apenas na prática do aprender ler escrever e fazer as operações básicas de matemática sem nenhuma contextualização, pois ninguém podia se tornar um cidadão crítico para não contrariar o sistema, caso contrário, seriam exilados.
O Mobral se expandiu por todo o país por longos anos, todavia foi extinto em 1980 porque o governo considerou que estava saindo muito caro aos cofres púbicos. Com o fim da MOBRAL deu-se lugar a Fundação EDUCAR que dava apoio técnico e financeiro as iniciativas de alfabetização existentes.
Não obstante, a sociedade civil em 1980 organizou-se e foi à luta para reivindicar seus direitos por meio de movimentos sociais, forçando o Estado reconhecer a EJA, como modalidade de ensino.
Observa-se que a educação para adultos, no plano internacional, feitos na Conferência Mundial de Educação para Todos, em Jomtien, Tailândia, 1990 e na V Conferência Internacional de Educação de Adultos em Hamburgo 1997, que ficou reafirmado o direito a educação ao longo de toda vida, e para isso foram firmados acordos internacionais e planos educativos visando a união dos governos, instituições e organizações da sociedade para que se efetivasse de fato o direito a educação de qualidade.
Nesse sentido essas conferências foram realizadas com o intuito de diminuir as desigualdades sociais e a exclusão desses indivíduos pela sociedade "letrada". Entretanto o que aconteceu na prática foi muito diferente do que foi acordado, pois como assevera Torres (2001), a noção de alfabetização proposta em Jomtien sugerida como um instrumento infalível para a aprendizagem, não foi materializado nos programas de alfabetização de adultos no Brasil.
Ainda que essas propostas tenham influenciado até a legislação no que se refere ao campo educacional, a maioria dos programas1 desenvolvidos para a educação de jovens e adultos adotou uma concepção restrita apenas a leitura ou decifração do código escrito.
Verifica-se que na LDB 5.629/71 o ensino para esses sujeitos era visto como forma de expansão do ensino secundário e profissionalização de obra para o trabalho, em contrapartida a constituição de 1988 em seu artigo 208, trouxe uma nova perspectiva, quando assegura o ensino fundamental obrigatório a todos, sem exceção.
No inciso VI da Constituição de 1988 tem-se determinado à oferta do ensino regular noturno em conformidade com as condições do educando, como assevera Leão (1998) ao mencionar que de acordo coma nova lei é o ensino noturno que deve se adequar as condições do educando e não o contrário. Sendo assim, o sistema educacional precisa dar suporte para que o aluno da EJA não desista, e conclua seus estudos.
Em meio a tantas mudanças de programas e leis, posteriormente foi criado o Programa Brasil Alfabetizado em 2003 com estratégia de promover a educação continuada no país.
Concomitantemente o MEC – Ministério da Educação afirmou que a alfabetização de jovens e adultos seria uma prioridade do novo governo federal, para isso foi criada a Secretaria Extraordinária de Erradicação do Analfabetismo, que tinha como objetivo maior erradicar o analfabetismo durante o mandato de quatro anos do então presidente Luís Inácio Lula da Silva.
Nesse viés observa-se que a educação para adultos advém de longa data, pois Segundo Freire (2005) a educação passou por momentos de grandes reflexões e mudanças. Dentre tantos programas destaca-se ainda o PROEJA (Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na modalidade de educação de Jovens e Adultos) oriundo de uma iniciativa do governo federal criado em 13 de julho de 2006 através do Decreto n° 5.840 que reformulou a política da EJA.
Esse programa tinha como principal objetivo, proporcionar a qualificação profissional dos educandos dessa modalidade de ensino, mais visava também o estabelecimento de uma proposta em que os sujeitos da EJA pudessem dar continuidade aos estudos e para isso era fundamental a parceria dos diversos sistemas de ensino na oferta de uma educação com qualidade. Entretanto percebe-se uma disparidade no ensino para jovens e adultos, já que, o analfabetismo ainda é uma realidade presente e difícil de ser erradicada no Brasil.
De acordo com o Censo Escolar 2014 divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), a matrícula na EJA vem caindo drasticamente nos últimos anos. Dados do IBGE de 2014 estimam que o número represente 8,7% da população acima de 15 anos. Quando a análise é o analfabetismo funcional, os índices são assustadores, pois a porcentagem dos que decodificam letras e números é de 27% porém não compreendem o que leem.
Entretanto não se deve culpar o sujeito da EJA, visto que são vítimas do descaso da educação que se diz especifica para eles, pois não adiantam ter leis elaboradas, currículos voltados especialmente para essa modalidade, se essas não saírem do papel, se não houver uma fiscalização para verificar se está sendo cumprido o que foi documentado.
Nesse sentido observa-se a defasagem na modalidade da EJA, logo atitudes e metodologias urgentes precisam ser traçadas para fazer com que aproximadamente 13 milhões de analfabetos procurem ou regressem a escola e ao adentrarem sintam-se representados nesse ambiente com um currículo que utilize suas vivências cotidianas e assim possam construir uma cultura do direito ao conhecimento ao longo da vida e não apenas na infância ou juventude, mas que essa lógica educacional permeie o conhecimento para a transformação desses sujeitos em seres com autonomia e criticidade.
2.2 EDUCAÇAO DE JOVENS E ADULTOS: ASPECTOS LEGAIS
de comum acordo afirmar que a modalidade da EJA é formada por indivíduos heterogêneos onde cada um tem um contexto histórico-social diferente que contribuiu para o abandono ou a falta de acesso à escola. Os motivos estão relacionados com a especificidade de cada sujeito, entretanto as características dos alunos dessa modalidade de ensino se equiparam quando se faz uma análise coletiva. Ressalta-se que os motivos que os caracterizam como alunos da EJA são os mais diversos, como: falta de apoio familiar, horas exaustivas de trabalho braçal gravidez indesejada, o trabalho precoce para ajudar no sustento da família, reprovação em séries regulares por indisciplina entre outros aspectos sociais.
Dessa forma observa-se que o perfil do aluno da EJA está sempre relacionado à desigualdade social, ocasionando a evasão escolar, haja vista que esses indivíduos abandonam ou não adentra ao espaço educacional por vergonha de frequentar a escola na idade não convencional, estarem em defasagem idade/série, medo de não se alfabetizar, constrangimento por estarem em um ambiente educacional que não lhes representa, uma vez que a escola para a modalidade da EJA no ensino fundamental é a mesma da educação infantil.
Nesse contexto nota-se que mesmo tendo um currículo voltado para jovem e adulto o ambiente é o mesmo da educação infantil e isso faz com que esses indivíduos se sintam desestimulados a permanecer com sua vida acadêmica, ora, se a bagagem cultural que eles trazem consigo não é aproveitada e o conteúdo escolar está fora da sua realidade, logo essa aprendizagem não é significativa e então eles acabam evadindo-se desse ambiente escolar por não sentirem que precisam desses conhecimentos para a vida futura.
Nesse contexto, os projetos pedagógicos para turmas da EJA devem ser pensados de maneira que possam contemplar o multiculturalismo e que sejam capazes de valorizar e reconhecer a complementaridade entre os saberes acadêmicos e os informais (ligados ao contexto sociocultural do educando), a experiência de vida já adquirida pelos discentes e as diferenças entre as formas de conhecimento (SANTOS, 2005, p.33).
Sendo, portanto, primordial que o educador faça a relação dos saberes informais, em consonância com os conteúdos curriculares para que o conhecimento seja relevante.
Com a concepção de fazer com que a educação para esse público alvo consiga se efetivar na maneira mais plena no sentido da palavra, foram criadas leis e pareceres, que pudessem garantir a esses sujeitos os seus direitos, para tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96) estabeleceu no capítulo II, seção V, a Educação de Jovens e Adultos, sobre o qual o artigo 37 assevera que a educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou oportunidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria, entretanto deve-se preocupar não apenas com fato de não terem terminado o estudo na idade certa, mas sim em como esses indivíduos serão recebidos na escola e se o ambiente educacional em toda sua plenitude atenderá seus anseios.
No Parágrafo 1º do artigo 37 da LDB, verifica-se, que os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames, mas, deve-se preparar esses indivíduos para além do mercado de trabalho, não que o capital não seja importante, mas tão importante quanto ele é o verdadeiro conhecimento .
Nessa premissa vale lembrar o que diz o Parágrafo 2º da Legislação Educacional, que o poder público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si. No Artigo 38, assevera que os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular, portanto poderia também ser feita como uma forma compensatória do descaso para essa classe batalhadora, uma ementa que garantisse o direito ao acesso nas universidades e aí sim poderia se acreditar nas "boas intenções" das leis para com essa modalidade de ensino.
O Artigo 1º da RESOLUÇAO CNE/CEB Nº 1, DE 5 DE JULHO DE 2000 institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos a serem obrigatoriamente observadas na oferta e na estrutura dos componentes curriculares de ensino fundamental e médio dos cursos que se desenvolvem predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias e integrantes da organização da educação nacional nos diversos sistemas de ensino, à luz do caráter próprio desta modalidade de educação.
Diante do exposto nota-se que os direitos para esses jovens que abdicaram do estudo para ajudar na renda familiar, perpassa pela constituição que lhes garante os direitos a cidadania educação e dignidade, entretanto pouco adianta leis e referências se o processo de formação integral desses sujeitos está cada vez mais distante de acontecer.
O que se percebe concernente a EJA, é uma ausência de estrutura sólida no sistema educacional para que essas intenções saiam do papel e se concretize, a qualidade do ensino precisa mudar, as metodologias precisam ir de encontro as especificidades desses educandos, necessita-se com urgência mudar o pensamento de que a EJA é só para alfabetizar esses indivíduos e sim criar uma cultura dialógica que propicie a eles, uma educação que lhes possibilite uma nova visão de mundo universalizando os saberes.
Porém independe de leis para que isso aconteça, pois o que precisa é de uma organização no sistema educacional que esteja de fato preocupada em ensinar, mesmo que para isso seja necessário a convocação da sociedade civil prefeituras, governo estadual, federal, órgãos relacionados a educação tanto público quanto particular, para que dessa forma se construa um sistema educacional que corrobore no desenvolvimento do sujeito da EJA, e assim consiga-se tirar a venda dos olhos de quem pensa e associa a EJA com apenas uma única função: ler e escrever.
Portanto para que essa educação emancipatória aconteça é fundamental que o processo ensino aprendizagem, a metodologia e o ambiente estejam correlacionados, voltados sempre para o cotidiano e a realidade desses educandos, aproveitando seus conhecimentos empíricos para trabalhar conteúdos curriculares científicos sem deixar de levar em consideração as vivências desses alunos.
2.3 ENSINO APRENDIZAGEM NA EJA E ATIVIDADES SIGNIFICATIVAS. Etimologicamente, ensinar deriva do latim insignare, que significa indicar, designar,
marcar, assinalar (CUNHA, 1982). Dessa forma, acredita-se que o processo ensino aprendizagem se dá de maneira significativa quando ocorre de forma concreta e real na qual, o professor ensina, mas também aprende, pois ele não é o detentor absoluto do conhecimento por isso a necessidade da relação professor – aluno para juntos construírem uma aprendizagem que não seja arbitrária, repetitiva e mecânica e na maioria das vezes temporária, pois se o conhecimento não tem relevância alguma com o cotidiano e a realidade do aluno logo este aluno esquece o que "aprendeu", pois o aluno deve estar motivado a relacionar o que aprendeu com o que já sabe.
A palavra aprender originou-se do latim apprehendere, que quer dizer apreender, apanhar, apropriar, apossar-se de, adquirir conhecimento, tomar para si o conteúdo ensinado (CUNHA, op cit). Dado exposto considera-se que o sujeito apreende quando de fato constrói e reconstrói o conhecimento, tornando-se autônomo de seus ideais e pensamentos construindo significados para sua vida por meio da educação.
Conforme Carvalho (2006) os indivíduos são únicos e cada um deles possui dificuldades e afinidades, portanto a aprendizagem e a participação variam de pessoa para pessoa de modo que a forma de ensinar tende a sofrer variações segundo a necessidade do aluno.
Destarte o processo de ensino aprendizagem não é uma receita pronta e acabada, pois uma mesma metodologia pode ser eficaz para um aluno e não ser tão eficiente para outro aluno. Assim, "para que se possa falar em aprendizagem, isto é, para que possa dizer que o indivíduo aprendeu, deve-se observar no seu comportamento uma mudança real e permanente" (PICONEZ, 2007).
Em vista dessa concepção entende-se que aprender e ensinar são palavras com significados distintos, mas que precisam estar associadas quando se trata de educação, caso contrário terá uma educação bancária com o educando somente recebendo informações, usando a técnica de decorar para passar numa prova e logo esquecer.
Neste sentido, o mesmo autor afirma que "Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender" (Paulo Freire 1996), portanto, para que se tenha o processo ensino aprendizagem, professor e aluno precisam estar intrinsecamente comprometidos com o conhecimento do novo para dessa maneira construírem o conhecimento significativo, onde o aluno da EJA possa interagir questionar aprender com o professor mais também ensina-lo por meio de suas vivências, sobre essa percepção educacional FREIRE argumentou "proponho e defendo uma pedagogia crítico dialógica, uma pedagogia da pergunta" (FREIRE, 2000, p.83)
Entretanto o que se observa no contexto da EJA são as dificuldades no processo de interação e participação nas aulas, pois se vê a todo o tempo, o quadro cheio e o professor falando por horas intermináveis considerando-se como o único que tem conhecimento válido em sala de aula.
Portanto é necessário que o professor da EJA seja o profissional que vá a busca de métodos e recursos que de alguma forma possam servir como suporte para seus procedimentos em sala de aula, nesse sentido Dias (2011) assevera que
Em sala de aula, o professor é uma referência capaz de contribuir para o resgate do sentido social do trabalho na escola. Para isso, exige-se uma acertada e racional pre-visão de todos os procedimentos necessários a uma formação de qualidade, em suas diferentes etapas de desenvolvimento e execução, para o alcance dos objetivos dese-jados. O trabalho didático, numa perspectiva político-pedagógica, envolve métodos e procedimentos nos quais temos que ousar o novo e o diferente para revitalizar o nosso fazer pedagógico (DIAS 2011).
Partindo do pressuposto das dificuldades enfrentadas em sala de aula por esses alunos, nota-se que um dos grandes problemas dos alunos da EJA tem sido a incompreensão dos con-teúdos apresentados, visto que essa transmissão de conhecimento se dá apenas de forma teóri-ca sem utilizar-se do lúdico como suporte pedagógico para um melhor ensino aprendizagem.
Nesse viés, o conhecimento sobre as teorias da aprendizagem têm inspirado o uso de estratégias para que o professor estimule o desenvolvimento cognitivo e o processo de apren-dizagem do seu aluno, de forma que se torne mais produtiva e duradoura (LAKOMY, 2008).
Agindo assim, o educador estará participando diretamente do processo de formação plena do indivíduo, dando-lhe oportunidade de tornar-se um sujeito atuante na sociedade, dei-xando de estar à margem para inserir-se no seu contexto social.
Observa-se a importância que as atividades significativas teriam se fossem utilizadas pelos professores dessa modalidade, haja vista que quando a aprendizagem acontece de ma-neira prazerosa o conhecimento é internalizado pelo educando, ou seja, ele apreende de fato, assim quando precisar das informações recebidas elas estarão guardadas na memória e difi-cilmente serão esquecidas.
Nessa perspectiva, pode-se afirmar que as atividades significativas precisam estar as-sociadas ao cotidiano do aluno. "É o processo através do qual uma nova informação relacio-na-se com um aspecto relevante da estrutura de conhecimentos do individuo", (AUSUBEL,
1982).
Conforme esse autor existe duas condições para que a aprendizagem significativa ocorra: o conteúdo a ser ensinado deve ser potencialmente revelador e o estudante precisa estar disposto a relacionar o material de maneira consistente e não arbitrária , ou seja, a aprendizagem de uma nova experiência precisa fazer sentido para que o conhecimento seja apreendido
Assim, as atividades quando feitas de forma a permitir a interação do individuo com os conteúdos aplicados promovem a compreensão dos conhecimentos estudados. Por este motivo Emerique (2004) argumenta que o processo de aprendizagem precisa ser visto como uma grande brincadeira de esconde-esconde ou de caça ao tesouro: tanto uma criança pré-escolar brincando num tanque de areia quanto um cientista pesquisando no laboratório de uma universidade estão lidando com sua curiosidade, com o desejo da descoberta, com a superação do não saber, com a busca do novo, que sustentam a construção de novos saberes.
O papel da ludicidade é associar saberes e experiências aos conhecimentos científicos, dando maior motivação ao processo de ensino-aprendizagem.
A partir das atividades lúdicas permite-se que o sujeito seja interativo aprendendo de forma descontraída, mas há sempre a necessidade de ter o professor por perto para justificar a importância de determinadas atividades sem deixar o brincar pelo brincar, pois o aluno da EJA precisa compreender o sentido da atividade para que de fato esta se torne significante ao ponto de promover as habilidades e competências dos alunos da EJA.
Haja vista a relevância das atividades significativas, se considera que esta, sempre será de fundamental importância para que o professor compreenda seu aluno, não esquecendo que são alunos que possuem uma caminhada, na qual suas experiências podem servir de base para fundamentar o processo de aprendizagem.
O que significa dizer, que o professor conhecendo a história de vida do discente possi-bilitará atividades diversificadas para que o aluno possa participar ativamente do processo de ensino-aprendizagem, desenvolvendo suas potencialidades. Antunes(2001) argumenta que o professor que adora o que faz que se empolga com o que ensina, que se mostra sedutor em relação aos saberes de sua disciplina, sempre possui chances maiores de obter reciprocidade do que quem a desenvolve com inevitável tédio da vida, da profissão, das relações humanas, da turma.
Diante de tanta negação educacional a indivíduos "atrasados" no contexto escolar é necessário que a EJA assuma a função reparadora de uma realidade injusta, que não oportuni-zou educacionalmente tantas pessoas que contribuíram para a construção econômica do país, por isso as atividades lúdicas para esse publico devem contemplar o aspecto equalizador da educação.
Mediante a todo o processo histórico pelo qual a educação para adultos passou, é per-tinente insistir, que o ensino para esses sujeitos precisa ter qualidade e significado, não é sufi-ciente ensinar apenas a leitura e escrita, é preciso que se formem cidadãos que saibam inter-pretar o que estão lendo, quando isso acontecer, terá sido então de fato implementado as leis e programas que foram criados em função da EJA.
Dessa maneira, entende-se que, para a educação emancipatória acontecer em todas as suas esferas, é fundamental que o processo educacional oportunize ao sujeito opinar e sentir-se parte do meio em que vive, para então, sentir-se valorizado pela sociedade, não se enver-gonhando por estar voltando ou iniciando sua carreira de estudante em uma idade não con-vencional, mas, para isso ocorrer, depende da forma como esse indivíduo é acolhido pelo sis-tema, ora, se a escola proporciona meios para a permanência desses educandos, não haverá motivos para a evasão escolar.
DA EJA
Neste capítulo será abordado a importância da ludicidade concernente ao compartilhamento de informações entre o professor e o aluno, nesse aspecto não só aluno aprende mais também ensina com suas vivências, pois o aluno da EJA ao adentrar na escola traz consigo uma gama de conhecimento que precisa ser levado em consideração pelo mediador do processo ensino aprendizagem.
3.1 A LUDICIDADE COMO MECANISMO MEDIADOR NO ENSINO E NA
APRENDIZAGEM NA EDUCAÇAO DE JOVENS E ADULTOS
Existem inúmeros conceitos referentes a ludicidade. Para Kuratani (2004) é uma palavra derivada do latim ludos e significa jogo se o conceito for atribuído etimologicamente
Entretanto a evolução semântica da palavra evoluiu e hoje o lúdico não se resume mais ao ato de jogar, mas faz parte das atividades primordiais para o desenvolvimento social físico e motor do ser humano.
Lúdico é um adjetivo masculino que remete para jogos e divertimento sendo ainda considerado como uma forma de desenvolver a criatividade, os conhecimentos, raciocínio através de jogos, música, dança, mímica. A ideia principal é educar, aprender se divertindo no processo de interação com o outro.
Na ludicidade, a brincadeira é considerada uma importante aliada no desenvolvimento e aprendizado, sendo assim não deve ser confundida com outros métodos com função repetitiva com intenção de mecanizar o conhecimento. Logo o lúdico como atividade proporciona prazer e diverte as pessoas envolvidas, nesse aspecto vemos que:
Brincar, jogar, agir ludicamente, exige uma entrega total do ser humano, corpo e mente, ao mesmo tempo. A atividade lúdica não admite divisão; e, as próprias atividades lúdicas, por si mesmas, nos conduzem para esse estado de consciência. Se estivermos num salão de dança e estivermos verdadeiramente dançando, não haverá lugar para outra coisa a não ser para o prazer e a alegria do movimento ritmado, harmônico e gracioso do corpo. Contudo, se estivermos num salão de dança, fazendo de conta que estamos dançando, mas de fato, estamos observando, com o olhar crítico e julgativo, como os outros dançam, com certeza, não vivenciaremos ludicamente esse momento. (LUCKESI, 2005).
Sendo assim a ludicidade é prazerosa e plena quando flexível e saudável e corresponde aos interesses e expectativas do sujeito, inseridos nesse contexto, possibilitando ao indivíduo a inserção na sociedade com pensamentos crítico cooperador e dialógico que permitam refletir seus comportamentos sociais perante a comunidade no qual fazem parte.
É de comum acordo afirmar que a ludicidade tem sido muito usada no processo de ensino por ser uma metodologia divertida, dinâmica e espontânea. Dessa forma analisa-se a ludicidade como um processo que está ligado ao lazer e satisfação do indivíduo, pois de acordo com Negrine (2000) a capacidade lúdica está diretamente relacionada a sua pré-história de vida, sendo antes de mais nada, um estado de espírito.
Nessa linha de pensamento Luckesi (2005) salienta que muitas vezes a atividade é descrita como lúdica, mas não propicia ao indivíduo a vivenciar um estado de plenitude da experiência lúdica, ou seja, a brincadeira que descontrai, relaxa e dá prazer a algumas pessoas, para outras pode não causar a mesma sensação.
Para explicar essa ideia o autor usou o exemplo da brincadeira de pular corda em que poderá dar alegria e prazer àquela pessoa que a praticar por inteiro, mas para outra, esta mesma atividade, poderá trazer desconforto, seja devido a não saber pular corda ou ter tido uma experiência negativa com esse brinquedo que não lhe permita vivenciá-la com alegria e integridade.
Dado o exposto compreende-se que para utilizar o lúdico como um recurso didático-pedagógico primeiramente deve-se levar em consideração vários fatores como o ambiente escolar, os alunos inseridos e principalmente o tipo de brincadeira, jogos ou dinâmicas que será proposto como recurso no processo aprendizagem.
De acordo com Caillois (1986) o lúdico abrange atividades despretensiosas e desobrigadas de toda e qualquer espécie de intencionalidade ou vontade alheia, é livre de pressões e avaliações, desse modo analisa-se que a ludicidade deve ser inserida no contexto do indivíduo de forma consciente e intencional, porém visando sempre o prazer e o bem-estar do coletivo, respeitando as especificidades dos sujeitos envolvidos. Sobre essa lógica Celéstin Freinet enfatiza que:
Este "estado de bem-estar" jamais se restringe à circunscrição de nossa individualidade. Isto é, parte de uma espécie de exaltação íntima de nossa potência para a vida e atinge escalas sociais muito amplas, o que nos fará descobrir e exaltar novas potências íntimas em nosso ser que ocasionará novamente a expansão para o plano social, sendo assim uma vivência inesgotável da dimensão lúdica. (FREINET, 1998).
Haja vista que a ludicidade tem se perdurado desde tempos remotos onde cada um utiliza-se dela conforme o seu tempo, espaço e cultura pode-se afirmar que por meio dela se consegue trabalhar conteúdos escolares de maneira prazerosa em todo o currículo escolar, de acordo com a realidade de cada aluno.
Tendo em vista que o Brasil é um país multirracial, têm-se então inúmeras formas de trabalhar com o lúdico uma vez que cada povo contribuiu culturalmente para esse país e cada um trouxe diferentes formas de jogos, brincadeiras, poesias, teatros, enriquecendo e dando infinitas possibilidades para se trabalhar de forma diversificada e contextualizada na educação da população brasileira. Sendo assim conteúdos imbuídos de ludicidade podem se tornar mais compreensíveis.
Na intenção de formar cidadãos críticos para uma sociedade em constante mudança tem-se procurado métodos que ajudem o professor no processo de ensino aprendizagem. Para tanto surgem inúmeros questionamentos, o que fazer para com que o aluno apreenda o conteúdo e considere as aulas atrativas e interessantes? Na busca por essas respostas o lúdico é o método que mais conseguiu preencher as lacunas deixadas pela aprendizagem tradicionalista.
Isto, posto, Cunha (1994) assevera que a ludicidade oferece uma "situação de aprendizagem delicada", o professor precisa nutrir o interesse do aluno, sendo capaz de respeitar o grau de desenvolvimento das múltiplas inteligências do mesmo, do contrário a atividade lúdica perde completamente sua riqueza e seu valor, além disso, o professor deve estar disposto a trabalhar com esse método, sendo o exemplo motivador a fazer com que os alunos gostem de aprender, pois se o educador não se entusiasmar pelo que ensina o aluno não terá interesse em aprender.
Assim sendo, o professor não pode usar esse método simplesmente para preencher o tempo deixado por alguma atividade que acabou antes do tempo previsto, mas deve ter ciência que o lúdico constitui-se em uma nova maneira de ensinar, pois possibilita o trabalho em equipe com jogos brincadeiras onde o sujeito pode expressar suas vontades, transformar regras e se tornar sujeito ativo e participante do seu contexto social.
Mediante essa perspectiva, Haidt (2003) enfatiza que além dessas questões "o jogo tem um valor formativo porque contribui para a formação de atitudes sociais: respeito mútuo, solidariedade, cooperação, obediência às regras, senso de responsabilidade iniciativa, pessoal e grupal", dessa maneira observa-se que a ludicidade corrobora para uma aprendizagem criticista, no qual o indivíduo aprende ao passo que ensina, transformando a escola em um espaço libertador por meio das trocas de experiências.
Diante de todos os conceitos atribuídos a ludicidade é fundamental que se tenha em evidência os objetivos desse método tão discutido. Se a educação tem a finalidade de transformar indivíduos alienados em seres autônomos com horizontes emancipatórios faz-se necessário ter clareza de como conseguir fazer isso por meio do lúdico. Sabe-se que atividades lúdicas não se resumem em brincadeiras e jogos, mas sim, qualquer atividade que proporcione o bem-estar do indivíduo, pode ser considerada lúdica.
No contexto escolar onde se busca uma formação de sujeitos que sejam protagonistas do processo de mudança, faz-se necessário uma abordagem lúdica por meio de conversas e diálogos, nesse viés Freire (1991) propunha uma escola democrática em que se pratique uma pedagogia da pergunta, em que se ensine e se aprenda com seriedade, mas em que a seriedade jamais vire sisudez. Uma escola em que, ao se ensinarem necessariamente os conteúdos, se ensinem também a pensar certo, nesse âmbito, se há o diálogo, tem como diagnosticar os problemas de aprendizagem sem usar o quadro e o pincel, ou a aula tradicional.
Nesse viés Gadotti (2000, p. 15) diz que o educador tem o dever de mostrar como suas ideias podem ser postas em prática. Não pode satisfazer-se apenas com a teoria. Não deve apenas apontar perspectivas mais sim inserir-se no processo para que os objetivos teóricos sejam alcançados na prática.
Entende-se que para a educação acontecer de forma concreta e plena precisa-se de uma boa estrutura econômica que é competência dos órgãos públicos, entretanto é nas mãos do professor que se encontra a responsabilidade da formação do cidadão, por esse motivo deve-se sempre repensar a prática pedagógica, para poder conseguir construir uma educação igualitária e significativa através da brincadeira que é uma atividade espiritual mais pura na história da civilização humana, como enfatiza Rubem Alves:
O lúdico privilegia a criatividade e a imaginação, por sua própria ligação com os fundamentos do prazer. Não comporta regras preestabelecidas, nem velhos caminhos já trilhados, abre novos caminhos, vislumbrando outros possíveis. (ALVES, 2008).
Logo verifica-se que por meio da ludicidade é possível traçar metas a serem conquistadas no decorrer do procedimento educativo, indo em busca dos objetivos tão esperados pelos agentes participativos educacionais. Sendo assim os objetivos lúdicos terão êxito na construção do conhecimento coletivo.
3.2 A LUDICIDADE PARA EDUCAÇAO DE JOVENS E ADULTOS
Quando se refere à ludicidade a primeira ideia que se tem é de jogos e brincadeiras voltadas para a educação infantil, entretanto, a ludicidade não pode ser vista apenas como diversão e sim como um meio facilitador para aprendizagem. Levando-se em consideração essa definição do lúdico, pode-se associar a ludicidade na Educação de Jovens e Adultos como suporte pedagógico para uma melhor aprendizagem, uma vez que os alunos da EJA são pessoas que estão há muito tempo afastados da vida estudantil e necessitam ser estimulados para darem continuidade aos seus estudos.
Ressalta-se, que esses indivíduos são marcados peculiarmente por diferentes contextos históricos, sociais culturais e econômicos, fatores que de alguma forma contribuíram para o abandono dos estudos, pois muitos dos alunos dessa modalidade já são pais de família ou até mesmo jovens, que por motivos distintos, mas quase sempre por questões econômicas precisaram trabalhar em tempo integral e não tiveram tempo para a conclusão dos estudos.
Por se tratar de alunos em diferentes faixas etárias, a EJA torna-se uma modalidade de ensino na qual necessita de professores capacitados para ministrarem aulas com segurança tornando o ambiente de sala de aula aconchegante convidativo e prazeroso para que estimule o educando a permanecer no espaço escolar e dessa forma não deixar que se evadam das salas de aula.
A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de socialização comunicação, expressão e construção do conhecimento. (SANTOS, 1997).
Nesse sentido, a ludicidade auxilia o professor no processo metodológico mostrando que se pode aprender brincando com objetos que muitas vezes o aluno jamais imaginou ter algum significado escolar. Nesse sentido (ARBACHE, 2001, p. 19) orienta que a educação de jovens e adultos, requer do professor conhecimentos específicos referentes aos conteúdos, metodologias e avaliações para trabalhar com essa clientela heterogênea e diversificada culturalmente.
Dentro dessas perspectivas acredita-se que para, o professor conseguir fazer da sua aula algo prazeroso e incentivador para seus alunos, ele mesmo enquanto mediador de conhecimentos precisa estar motivado a mudar sua prática pedagógica para que não só o ensino seja prazeroso como também a aprendizagem se torne significativa para o aluno.
Segundo Vianna (2009), jogos e brincadeiras são excelentes oportunidades de mediação entre o prazer e o conhecimento. Para a autora, o aluno da EJA precisa ser estimulado para não abandonar seus estudos e a ludicidade vem mostrar a esse aluno jovem e adulto que se pode aprender brincando.
De acordo com Martins (2010) os recursos didáticos e a metodologia do professor devem se ajustar ao educando e fazer parte do seu cotidiano, é de suma importância a responsabilidade que o professor precisa ter mediante as metodologias utilizadas para esse público-alvo, pois concernente a EJA, o peso desse compromisso é ainda mais acentuado, pois é de conhecimentos de muitos que há décadas buscam-se metodologias e práticas pedagógicas adequadas às diversidades da realidade sociocultural de jovens e adultos. (VIEIRA, 2004).
Em vista dos fatos mencionados percebe-se que o professor também é objeto de estudo dos seus alunos é por intermédio dele que os alunos serão motivados ou não a darem prosseguimento em seus estudos, não que o professor seja o único responsável pela motivação, mas, ele é base do aluno é em seus conhecimentos e metodologias que o aluno da EJA se vê motivado a não desistir.
Para que o desvendar de um novo conhecimento seja relevante e intrínseco pode-se tomar posse do lúdico como um recurso que ajude os jovens e adultos a preservar esse conhecimento. Pois se aprendeu enquanto brincava não esquecerá. Nesse sentido acredita-se que:
Na idade do envelhecimento a lembrança da infância devolve-nos aos sentimentos finos, a essa "saudade risonha? das grandes atmosferas baudelairianas. A infância não é uma coisa que morre em nós e seca uma vez cumprido o seu ciclo. É o mais vivo dos tesouros e continua a nos enriquecer sem que o saibamos (BACHELARD apud ALVES, 2012, p.168).
Nessa perspectiva percebe-se que a ludicidade é uma ferramenta capaz de fazer com que os alunos da EJA sintam-se estimulados a seguir com os sonhos que o tempo e as circunstâncias os impediram de concretizar. O uso do lúdico como recurso pedagógico propicia o desenvolvimento social físico e motor considerando sempre os aspectos biológicos e psicológicos em cada fase da vida
No tocante a EJA a presença da ludicidade como método facilitador precisa sempre fazer a relação com o contexto social dos indivíduos utilizando-se das brincadeiras antigas nas quais eles guardam na memória, isso não quer dizer que está sendo proposto que eles voltem a ser criança, mas que resgatem a alegria do brincar com prazer que foi apagado com o passar do tempo.
Portanto quando se usa o lúdico para esses educandos precisa ficar evidente para eles que as brincadeiras realizadas têm cunho pedagógico e não é o brincar pelo brincar, caso contrário eles se sentirão tratados como crianças e o que era pra ser uma metodologia facilitadora e estimulante poderá ser um agente causador da evasão escolar, haja vista alguns relatos de alunos que dizem que desistem porque depois de um dia árduo de trabalho chegam na escola para recortar e colar figurinhas no caderno, e isso é coisa de criança. Daí o cuidado ao apresentar e trabalhar o lúdico sempre associado ao cotidiano e realidade desses indivíduos.
3.3 O LÚDICO COMO RECURSO PEDAGÓGICO PARA APRENDIZAGEM NA EJA Num ambiente escolar onde as pessoas possuem características e idades diversificadas
com pensamentos de acordo com a época em que nasceu é natural que haja divergências entre aceitar ou não atividades lúdicas como método de ensino. O que o professor precisa, é saber quais atividades realizará com esse grupo heterogêneo de forma que abranja a todos.
De acordo com as observações no período de pesquisa de campo encontrou-se inúmeros professores que relataram não utilizar metodologias lúdicas porque apenas os mais jovens aceitariam, e os mais velhos não gostariam porque eles adentram a escola com o pensamento antigo da educação bancária.
Porém de acordo com Nadai (1995), a falta de pesquisas e informações na velhice dificulta a inserção dos idosos na sociedade, aumentando o isolamento dos mesmos e, consequentemente, o desentendimento para a busca de uma vida mais alegre e de um ser mais atuante, que possa interagir e socializa-se com os mas jovens para construção de um conhecimento sólido e prazeroso.
De um modo geral o lúdico facilita a compreensão dos conteúdos mas, precisa sempre corresponder ao perfil, e realidade de cada aluno. O jovem ou adulto que nunca participou de uma determinada brincadeira ou jogo e de repente vê-se "obrigado" a participar certamente terá uma resistência em aceitar porque não fez ou não faz parte da sua realidade.
Para isso o professor ao introduzir a metodologia lúdica sempre tem que ter em mente o objetivo e a finalidade da metodologia, o que se pretende alcançar com aquela aula, tendo clareza da sua finalidade o lúdico passa a ser uma ferramenta didática essencial para que as aulas sejam atrativas aos olhos desses educandos, diante dessas percepções torna-se válido o processo de construção de conhecimento agregado a satisfação do aprender. Desse modo o PCN, (1998, p.117), aponta que o lazer é de suma importância na estruturação das identidades, individuais e coletiva, portanto, já que o lúdico é parte do lazer, logo auxilia também nessa construção de novos saberes.
Ao analisar o lúdico no aspecto pedagógico onde não existe o brincar pelo brincar e sim o aprender com significado torna-se primordial recordar que o ser humano sempre vivenciou momentos lúdicos, e que também por meio da ludicidade, civilizações evoluíram, mostrando que os jogos e brincadeiras fazem parte da vida social humana (CARBONELL, 2010). Dessa maneira os jogos com dados, dominó, uno cantigas de roda poesias oficinas de reciclagem material dourado entre outros recursos auxiliam no processo aprendizagem tornando as aulas dinâmicas e interativas pois ninguém joga sozinho, precisa de parceiros e com isso vai se construindo uma relação de amizade, companheirismo e confiança Por esse motivo Gilda Rizzo (2001) diz que as atividade lúdica pode ser, um eficiente recurso aliado do educador, interessado no desenvolvimento da inteligência de seus alunos, quando mobiliza sua ação intelectual.
Seguindo esse raciocínio pode-se perceber que o lúdico facilita as interações sociais promove o respeito reforça o conteúdo aprendido aprende-se a lidar com as vitórias e derrotas erros e acertos inerente na vida humana, desenvolvendo a criatividade e uma visão aberta para se criar formas de brincar e consequentemente uma visão descentralizadora de uma percepção de mundo.
Portanto para que haja um interesse por parte dos alunos nos conteúdos ministrados a metodologia precisa causar estímulo para que esse educando não abandone a escola por considerá-la monótona e sem qualquer relevância, diante do exposto, Gadotti (2000) comenta que diante do problema do desinteresse dos alunos pelos conteúdos curriculares do nosso ensino, costuma-se responder com métodos mais apropriados ou aumentando o tempo de frequência na escola, ou seja, o lúdico pode ser esse método que viabilize a permanência do aluno no contexto escolar.
O aluno da EJA geralmente é aquele que durante a infância ou adolescência por motivos diversos teve pouco acesso ao ambiente educacional, e no retorno a escola encontra muitos obstáculos que os desmotiva a dar continuidade em seus estudos, pois os procedimentos metodológicos, materiais didáticos e o pouco conhecimento da linguagem utilizada na sala de aula dificultam o processo de compreensão dos alunos aos conteúdos ministrados pelos professores, que se utilizam de métodos tradicionais cansativos para quem enfrentou um dia inteiro de trabalho e ter que ir à escola é um desafio a ser cumprido.
A motivação dos alunos é essencial para que haja o processo ensino/aprendizagem de maneira eficaz por isso, o incentivo por parte dos professores precisa ser de fato verdadeiro com determinação e vontade de ensinar de forma responsável para a contribuição da formação de uma sociedade crítica.
Acredita-se que os conteúdos e a metodologia de ensino para a aprendizagem que vem sendo utilizada, pelos professores que trabalham na Educação de Jovens e Adultos, não têm atendido as reais necessidades dos alunos, sendo provavelmente este um dos motivos de evasão escolar e falta de interesse em participar das aulas que ocorrem de forma monótona. Atualmente, observa-se que o ensino predominante para os alunos da EJA, ainda é pautado na educação tradicionalista no qual o aluno se torna um mero receptor de conhecimentos.
Nesse sentido Vasconcellos (2008) menciona que tem havido em sala de aula a introdução de apenas uma metodologia a tradicional com autos riscos de aprendizagem acontecer de forma não significativa e eficaz, pois não há o dialogo, a interação o compartilhamento de conhecimentos, ou seja, as metodologias tradicionais proporcionam apenas o disciplinamento do educando formando alunos conformados, obediente, e reprodutores para um modelo de sociedade sem criatividade e transformação, sem nenhuma autonomia para a criticidade.
Entretanto é necessário que as atividades lúdicas sejam adaptadas de acordo com a faixa etária, para não se tornarem atividades infantilizadas. Para Negrine (1998, apud MELLO 2004), é necessário que o adulto reaprenda a brincar independente da idade. Por conseguinte fica sob a responsabilidade do professor, fazer com que seus métodos se tornem eficientes para atender a especificidade de cada aluno sem cometer o erro de ensinar apenas quem tem mais facilidade para aprender, pois educar jovens e adultos não é apenas ensiná-los a ler e escrever seu próprio nome e sim proporcionar autonomias por meio de uma educação ampla e de qualidade, o que requer constante reflexão da prática pedagógica.
Dado exposto nota-se a importância de tornar o conhecimento significativo para que a aprendizagem seja eficiente em sua essência. Neste contexto, a ludicidade faz parte do processo de ensino trazendo benefícios e melhorando a qualidade educacional, pois os alunos da EJA precisam de um ensino diferencial onde o professor como mediador do processo educativo reveja sua prática educacional e o aprender seja um momento de satisfação para o aluno.
Portanto o professor e o aluno devem estar abertos a nova possibilidade de ensinar e aprender para que essa educação ultrapasse as barreiras da alfabetização funcional e faça com que a educação desses jovens e adultos aconteça de forma integral possibilitando habilidades e competências para um processo histórico-social diferenciado.
Sendo assim deve-se buscar a transformação desses indivíduos por meio de uma educação igualitária e eficaz na sua essência. Nesse processo, o professor tem papel fundamental; ele deve atuar como mediador do processo de construção do conhecimento, utilizando um "método que seja ativo, dialógico, crítico e criticista" (FREIRE, 1979, p. 39).
Faz-se necessário compreender que esses jovens e adultos não são apenas meros indivíduos marcados pela ausência de conhecimentos formais na idade adequada à sua aprendizagem. São trabalhadores, portadores de uma linguagem própria que mostra sua realidade cultural, social, suas visões de mundo desejos sonhos e necessidades.
Dessa forma, Paulo Freire (1996) afirma que quanto mais o adulto evidencia a ludicidade maior será a chance de conhecer-se como pessoa, saber de suas possibilidades e limitações.
Nesse sentido, a ludicidade auxilia o professor no processo metodológico mostrando que se pode aprender brincando com objetos que muitas vezes o aluno jamais imaginou ter algum significado escolar. Nesse sentido (ARBACHE, 2001, p. 19) orienta que a educação de jovens e adultos, requer do professor conhecimentos específicos referentes aos conteúdos, metodologias e avaliações para trabalhar com essa clientela heterogênea e diversificada culturalmente.
Por tanto o lúdico é um suporte valioso nessa relação de aprendizagem pois auxiliará os alunos da EJA por meio de metodologias que proporcionem o bem-estar e o estímulo para permanecer na busca dos seus sonhos, tornando-os sujeitos participativos e críticos de sua própria história.
3.4 CAMINHOS METODOLÓGICOS.
No capítulo subsequente tratar-se-á dos procedimentos metodológicos empregados na realização do trabalho de campo, abordando o tipo de pesquisa, o contexto e o aspecto da escola pesquisada.
Simultaneamente neste capítulo, buscou-se traçar um perfil dos sujeitos pesquisados, através das entrevistas e observações, para que se pudesse analisar as respectivas respostas em relação ao conceito de ludicidade e o método de ensino utilizado por esses profissionais da educação.
4.1.TIPOLOGIA DA PESQUISA
O estudo teve como referência uma pesquisa de campo de cunho qualitativo, pois como aponta MINAYO (2008), na pesquisa qualitativa, o essencial é a objetivação, uma vez que no decorrer da investigação científica é preciso reconhecer a complexidade do objeto de estudo.
Sendo, portanto, fundamental usar a técnicas de coleta de dados adequadas e, por fim, analisar todo o material de forma específica e contextualizada para que fique evidente os resultados da pesquisa.
Dentre os tipos de pesquisa qualitativa optou-se pela pesquisa ação, pois de acordo com Bosco Pinto (1989), a pesquisa ação é entendida em sentido mais restrito, como sequência lógica e sistemática de passos intencionados, ou seja, passos com objetivos que se operacionalizam através de instrumentos e técnicas
Nesse viés o método de pesquisa foi o hipotético-dedutivo, pois o que se imaginava anteriormente eram só hipóteses que poderiam estar certas ou não mas isso só iríamos saber por meio das observações intervenções e colaboração no processo educacional, uma vez que sendo participantes ativos, pode-se saber quais as dificuldades enfrentadas pelos alunos em relação ao aprendizado, e o que pode ser feito para melhorar e dar uma educação com o mínimo de qualidade para os educandos da EJA. Em vista do que foi mencionado sobre a pesquisa é que se pode afirmar que o trabalho de campo se torna mais interessante quando o sujeito pesquisador participa e interage com o seu objeto de estudo.
4.2. CARACTERIZAÇAO DO LÓCUS DA PESQUISA
O estudo foi realizado na Escola Municipal de Ensino Fundamental e Educação de Jovens e adultos, Eunice das Chagas Fernandes Sousa, a referida escola tem um total de 819 alunos ativos, desse total, 329 frequentam o turno da tarde e 490 dividem-se entre o turno manhã e noite. Nível e modalidades de ensino ministrado são de 1º ao 5º do ensino fundamental e 1ª fase a 4ª fase da Educação de Jovens e Adultos, atendendo crianças de 6 a 14 anos de idade e jovens e adultos de 15 anos em diante.
A escola possui um total de 17 salas, que estão divididas da seguinte maneira: 9 salas de aula, 1 sala de leitura, 1 laboratório de informática (LIED), 1 secretaria, 1 sala da direção, 1 de coordenação pedagógica, 1 depósito de utilidades, 1 sala de ensino especial AEE e uma sala de professores. Na referida escola contem também 4 banheiros, sendo um para os professores, 1 banheiro para pessoas especiais e 2 banheiros para os alunos de ensino regular divididos em masculino e feminino.
Observamos que não há uma preocupação específica em promover um ambiente adequado para os alunos jovens ou adultos, uma vez que a sala de aula dos alunos da EJA, é a mesma do ensino fundamental das crianças de seis a onze anos de idade , ou seja as cadeiras escolares são pequenas e desconfortáveis causando um verdadeiro incomodo nos alunos que chegam na escola, cansados do trabalho.
Apesar de a escola ter passado por algumas reformas ainda mantém uma grande deficiência em sua estrutura pois as salas de aula são excessivamente quente com ventiladores em condições precárias e banheiros depredados onde naquela ocasião só estavam em funcionamento apenas o banheiro feminino o restante estava interditado.
4.3. PERFIL DOS SUJEITOS PESQUISADOS.
Os sujeitos da pesquisa foram os professores da modalidade da EJA, pois a nossa curiosidade era pertinente a qual metodologia eles usavam para ensinar seus alunos e saber a quanto tempo esses profissionais estavam lecionando para esta modalidade de ensino.
A maioria dos professores é do sexo feminino na idade entre 35 a 50 anos e estão entre dez a quinze anos no ensino de jovens e adultos, alguns são professores licenciados outros possuem apenas o magistério mas estão cursando o ensino superior por uma exigência do governo federal, dos nove professores que compõem o quadro efetivo da EJA nem um tem especialização específica para essa modalidade de ensino, grande parte desses profissionais eram professores do ensino fundamental e por estarem cansados, querendo um ambiente que exigisse o mínimo de esforço, onde não tivessem preocupação de fazerem plano de aula, migraram para lecionar para essa clientela.
Em uma conversa informal com esses educadores observamos que eles já estão cansados e não veem necessidade de mudar suas praticas metodológicas em sala de aula, pois para eles se o aluno conseguir ler e escrever já se dão por satisfeitos. Segundo eles os motivos que os fazem pensar dessa forma são, a falta de valorização profissional, o desinteresse dos alunos, a violência na escola e a desistência em massa dos alunos ainda no começo do bimestre.
Desta forma podemos dizer que o perfil do professor da EJA nessa escola, não contribui para uma formação continuada dos alunos, ora, e o professor é desmotivado obviamente deixará transparecer essa frustração e afetará a qualidade do ensino aos alunos.
4.4. INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
No primeiro momento ao adentrarmos o espaço físico da escola foi entregue um ofício para que fosse possível o acesso à pesquisa e intervenção, porém houve uma resistência em nos aceitar pois a coordenação pedagógica alegou que os alunos estavam em período de prova para passarem de fase, mas argumentamos que inicialmente só iríamos ficar observando e após dois dias da observação é que iríamos fazer a intervenção.
A coordenadora aceitou a nossa proposta e nos levou as salas onde funcionam a EJA para escolhermos em qual sala faríamos a nossa pesquisa ação. Como instrumento para coleta de informações, foram feitas observações da metodologia da professora na sala de aula da 2ª fase e num segundo momento fizemos uma roda de conversa com os alunos para investigar os motivos que levaram esses educandos a voltarem a estudar e o porquê de haverem desistido ou nunca terem frequentado a escola quando eram crianças ou adolescentes. No terceiro momento foi realizada uma entrevista com cinco professores que se dispuseram a colaborar com nossa pesquisa, o objetivo era saber qual o significado do lúdico e a sua importância e se faziam uso desse recurso em suas aulas.
4.5. DAS OBSERVAÇÕES REALIZADAS EM SALA DE AULA
Durante os dois dias em que observamos a ação e método da professora, podemos constatar que ela não utilizava o lúdico em suas aulas, uma vez que o assunto requeria uma explicação clara e objetiva pois se tratava da disciplina de matemática haja vista que o assunto ministrado era o sistema de numeração decimal e sua importância no dia a dia.
Entretanto os alunos não compreendiam, pois ela apenas explanava o assunto não dando oportunidade dos alunos participarem e nem fez uso de algo do cotidiano deles que pudesse representar de forma lúdica ou concreta o que era uma unidade, dezena, centena e unidade de milhar.
Diante do exposto, considera-se que seja importante que o professor da EJA reflita é preciso rever que o educador é um mediador, um organizador do tempo, do espaço, das atividades [.] na construção do conhecimento. È ele quem cria e recria sua proposta pedagógica e para que ela seja concreta, critica dialética, este educador deve ter competência técnica para fazê-la (SANTOS, 1997, p. 6), portanto o educador precisa inovar suas aulas.
FIGURA 1-Aula com a professora da turma
Fonte: as autoras
Ficou evidente o grau de dificuldade desses educandos quando por meio de uma atividade diagnóstica da aula tradicional feita logo após a explanação do conteúdo ministrado pela professora, verificou-se que eles sequer sabiam o que era uma dezena e se confundiam com a palavra unidade, reforçando a nossa ideia de que as aulas lúdicas poderiam ser importantes para o processo ensino aprendizagem.2
4.6. MOMENTOS DA INTERVENÇAO
No terceiro dia nessa turma de 2ª fase da EJA fomos explanar o mesmo assunto que a professora havia passado, mas, tivemos como suporte metodológico, a ludicidade, e para explicar o assunto do sistema de numeração decimal apresentamos para eles o material dourado.
A medida que os alunos iam manuseando o material dourado, explicava-se passo a passo quanto vale uma unidade, uma dezena uma centena e unidade de milhar fazendo-os manusear e contar as pecinhas que compõem o material dourado para que houvesse a
assimilação do conteúdo.
Por conseguinte averiguou-se que os alunos mostravam-se muito interessados em aprender com esse recurso didático, uma nunca tinham tido acesso ao material dourado, sendo assim sentiam-se motivados a participar e descobrir o novo conhecimento por meio do recurso
lúdico, como se observa na imagem a seguir;
Figura 2aula lúdica figura 3 aula com material dourado
Fonte: As autoras Fonte: As autoras
Já familiarizados com o material dourado pedimos que nos dissessem as suas respectivas idades, mas usando as peças do material dourado, e ao passo em que fomos fazendo um a um foi montando a sua idade com as pecinhas, após fomos explicar novamente que cada pecinha equivale a uma unidade e que juntando as dez pecinhas, tem-se uma dezena e assim por diante, para nossa satisfação eles começaram a compreender o assunto.
No penúltimo dia fizemos um minimercado onde os alunos comprariam alimentos que compunham a cesta básica deles sendo que o dinheiro era o material dourado, ou seja, eles chegavam no mercado e pediam, por exemplo, meia dúzia de ovos e nos pagavam com seis peças do material dourado que correspondia a seis unidades de ovos. Ou um cento de salgado e nos davam uma placa que correspondia a centena e esses objetos simbólicos eram colocados no quadro valor lugar para que ficasse evidente para eles a posição e valor dos números.
Trabalhamos também com os dados para que pudesse ser reforçado o conceito do sistema de numeração, na medida em que o dado era jogado era feita a contagem da face e trocado por objetos que correspondiam ao valor mostrado no dado.
Figura 4- Atividades com jogos
Fonte: As autoras
No último momento fizemos a mesma atividade diagnóstica que usamos na aula da professora, para comparar o grau de compreensão dos alunos na aula tradicional e na aula lúdica, e para nossa constatação o resultado das atividades nos levaram a reforçar o que antes eram apenas suposições, ou seja, com o método lúdico a aprendizagem se deu de forma satisfatória pois das quatro questões, as mesmas passadas após a explanação da professora em que a maioria errou grande parte das questões, com a metodologia usada por nós utilizando o lúdico como recurso, apenas um aluno não acertou todas as questões, errando uma.
Nesse sentido, percebeu-se a importância da ludicidade como uma ferramenta pedagógica que auxilia no processo ensino aprendizagem, possibilitando ao educando não apenas a alegria do brincar, mas o essencial, que é a aprendizagem do conteúdo formal por meio de brincadeiras que fizeram parte de sua infância como o jogo do dado, e a representação do conteúdo através do minimercado que faz parte do cotidiano e fazer essa associação torna a aprendizagem significativa pois o educando vai aprender que precisa desse conhecimento para a vida do dia a dia.
Desta forma acredita-se que a ludicidade é se suma importância para uma aprendizagem emancipatória, pois proporciona ao indivíduo o saber lidar e resolver os problemas que surgirão no dia a dia, sendo assim quando a assimilação dos conteúdos acontece de forma dinâmica, prazerosa e prática, o sujeito jamais esquecerá o que aprendeu pois o conhecimento só se torna relevante se fizer algum sentido caso contrário será só mais uma informação que o cérebro apagará por estar dissociado da realidade.
Durante nossas aulas coma utilização do jogos e materiais concretos foi possível ver no rosto dos alunos da EJA o sorriso da alegria do brincar, nesse sentido Celso Antunes (2003) afirma que o jogo é o mais eficiente meio estimulador das inteligências, permitindo que o indivíduo realize tudo que deseja, quando joga, passa a viver quem quer ser, organiza o que quer organizar, e decide sem limitações. Pode ser grande, livre, e na aceitação das regras pode ter seus impulsos controlados. Brincando dentro de seu espaço, envolve-se com a fantasia, estabelecendo um gancho entre o inconsciente e o real.
Portanto a ludicidade é um método que pode ser trabalhado em todas as fazes da vida , visto que quando o ser humano se desenvolve cresce com ele suas responsabilidade e perspectivas de vida porém mantêm em si as lembranças da infância e o lúdico entra nesse contexto para fazer com que esses indivíduos da educação de jovens e adultos reviva essa alegria do aprender brincando, construindo e compartilhando conhecimentos uma vez que ninguém é dono da verdade absoluta, mais todos nós temos o que aprender e ensinar fazendo a unificação dos conhecimento empírico com o formal e só assim surgirá uma educação igualitária onde o aluno da EJA passe a ser respeitado como sujeito de direitos.
4.7. ENTREVISTA COM OS PROFESSORES
As entrevistas foram feitas com a devida autorização dos entrevistados por meio do termo de consentimento, na ocasião deixamos o questionário com eles e explicamos que havia a possibilidade de publicarmos o nosso trabalho ao passo que todos disseram estar de acordo, e se dispuseram a colocar o nome no questionário.
Foi feito duas vias do termo de consentimento para que umas das vias ficassem conosco e a outra com eles, para que pudessem levar para casa e lerem com cuidado para no dia seguinte nos entregarem acompanhados do questionário.
Um fato interessante aconteceu quando fomos verificar se os professores já haviam respondido o questionário, pois dentre os questionários recebidos havia um de uma professora que havia respondido a lápis, nas respostas dadas por ela verificou-se que a mesma não usava a ludicidade em suas aulas por considerar ser, uma metodologia para criança.
Como sabemos um documento a lápis não tem nenhum valor por isso fomos até ela e explicamos que se aquele questionário estava acompanhado do termo de consentimento porque iriamos publicar os resultados da nossa pesquisa, então a professora ficou surpresa e pediu uma borracha para apagar o que ela havia respondido, mas, dissemos que não precisava ela apagar e sim só passar a caneta por cima para validar o nosso instrumento de coleta de dados.
Entretanto a professora argumentou que por se tratar de uma pesquisa que seria publicada a resposta dada tinha que ser diferente, tanto que após apagar a primeira versão ela respondeu que usava a ludicidade em suas aulas porque os alunos interagiam com mas facilidade.
Nesse sentido observa-se que a educação para a EJA é banalizada, mesmo tendo um currículo, uma diretriz que aponte o caminho para uma educação igualitária não se vê implementado práticas pedagógicas que trabalhem com metodologias diversificadas e dinamizadas visando a autonomia do aluno.
Após a coleta da documentação as entrevistas foram transcritas para posteriormente serem analisadas uma a uma, nas análises dos dados as repostas dos profissionais serão identificadas por meio das inicias P1, P2. P3.
4.8. ANÁLISES DOS RESULTADOS
4.8.1. Entrevistas com três professores da EJA
Perguntamos aos professores qual o significado da palavra lúdico. E diante das respostas dadas por eles, constatamos que a maioria considera o lúdico apenas como uma atividade de entretenimento como afirma os entrevistados P1e P2,
Entretenimento que pode ser feito com brincadeiras e jogos.(P1).
É uma atividade de entretenimento que dá prazer e diverte as pessoas envolvidas. P2).
Porém segundo Santos (1997),o lúdico é indispensável na vida do ser humano em todas as idades, portanto não deve ser visto com única função de divertir e entreter os indivíduos, pois a ludicidade favorece o desenvolvimento do aspecto pessoal, social, cultural possibilitando ao indivíduo desta modalidade de ensino aprender consigo próprio e com o meio em que vive por meio do compartilhamento de conhecimentos.
Obviamente que os educandos se divertem nas atividades lúdicas que estão de acordo com suas necessidades e especificidades, entretanto o lúdico não deve ser associado apenas como brincadeira entretenimento e diversão como responderam os professores acima pois as atividades que envolvem brincadeiras e o bem-estar social melhoram o indivíduo em todos os aspectos, preparando indivíduo para uma formação plena.
Nesse sentido apenas um professor fez associação do lúdico como uma estratégia para o processo ensino aprendizagem, pois respondeu que o lúdico é uma estratégia que deve ser usado no processo ensino aprendizagem como pode-se observar a seguir:
São estratégias utilizadas no processo ensino aprendizagem onde são utilizados jogos, músicas, peças teatrais quis de conhecimento e outros com o objetivo de facilitar a aprendizagem do aluno.(P1)
Sendo assim, a resposta dada pelo professor (P1) demonstra que ele tem consciência da diversidade lúdica que se pode trabalhar em sala de aula. Nessa perspectiva, é importante que se ressalte quais atividades se encaixam nesta modalidade que é formada por pessoas com idade bem diferentes.
Nesta premissa, Piaget (1978, p. 97),enfatiza que a origem das atividades lúdicas caminham com o desenvolvimento da inteligência vinculando-se aos estágios do desenvolvimento cognitivo. Sendo assim as atividades lúdicas tendem a estar de acordo com as faixa etárias respeitando as limitações do jovem e principalmente do adulto em uma idade mais avançada.
Na intenção de sabermos se os professores utilizam em sua prática as atividades lúdicas, questionamos: Você utiliza atividades lúdicas em sala de aula? Justifique sua reposta
Sim a cada unidade temática trabalhada, duas por bimestre, são introduzidas letras de músicas, paródias ou representação teatral como estratégias de ensino.(P1).
As vezes, através de dinâmicas e na própria construção de jogos com os alunos.(P3). Sempre que necessário direciono no plano de aula (P2).
Levando em consideração as respostas dadas pelos professores e a relevância do recurso lúdico como uma estratégia para um resultado satisfatório no que diz respeito â aprendizagem acreditamos que o lúdico precisa ser parte do cotidiano da EJA, e não apenas em algumas ocasiões como uma válvula de escape para as aulas corriqueiras tradicionais.
Quando perguntamos aos professores sobre a participação dos alunos durante as atividades lúdicas, verificou-se que eles acreditam na ludicidade como um recurso que facilite o desenvolvimento e a interação desses indivíduos, como podemos verificar nas respostas a seguir;
A princípio são tímidos, mas demonstram interesse nas atividades, principalmente quando aprendem através desses recursos [.] melhoram os resultados quantitativos e qualitativos (P1)
Gostam mas também encontram dificuldade no aprendizado (P3).
As aulas ficam mais dinâmicas e motivadoras para o processo de ensino aprendizagem sem conta que escolas e melhor os conteúdos e de fácil entendimento (P2).
No entanto observa-se que há uma contradição nas respostas dos professores, pois se levarmos em consideração o que foi dito e o que foi observado na prática e na resposta anterior quando os professores disseram que usam a ludicidade apenas algumas vezes, verificamos que existe um grande distanciamento entre o que se pensa sobre o lúdico e o que se faz na prática, pois o que foi observado é que a as aulas tradicionais são predominantes para essa modalidade de ensino. Nessa linha de pensamento Antunes (2000) aponta a brincadeira com jogos como um meio que enriquece a personalidades e ajuda a construir novas descobertas, sendo fundamental no meio pedagógico porque que faz do professor um condutor, estimulador e avaliador de aprendizagem.
Diante de todas as respostas dadas pelos professores e da observação e intervenção na escola percebemos a importância que a ludicidade tem no contexto de jovens e adultos pois grande parte desse público teve sua infância interrompida pelos problemas sociais tão característicos de um país subdesenvolvido, nesse sentido o lúdico resgata a alegria do brincar e o aprender de forma satisfatória.
Considerando que a ludicidade perpassa por todas as fases do desenvolvimento humano proporcionando alegria, divertimento, prazer, interatividade do indivíduo com o meio em que vive, é que se acredita ser de fundamental importância o trabalho realizado em sala de aula por meio desse recurso.
Após a realização da pesquisa chegamos a conclusão que o lúdico é um importante instrumento para auxiliar a prática do professor e a aprendizagem dos alunos da EJA uma vez que ficou comprovado por meio da intervenção na sala de aula da segunda etapa da EJA, que os alunos dessa modalidade de ensino se sentem estimulados a não faltar na escola por consideram interessante as aulas diversificadas.
Nesse contexto verificou-se que o problema da pesquisa foi respondido haja vista que se constatou que as metodologias tradicionais não causam um estímulo à permanência dos alunos da EJA pois no começo do bimestre eram cerca de 26 alunos matriculados, mas, apenas 12, desse quantitativo permaneciam estudando.
Em contrapartida identificou-se que quando as aulas são mais prazerosas, os alunos pouco se ausentam das atividades escolares, pois nos dias em que as atividades foram desenvolvidas com esses discentes, tendo o lúdico como um suporte na sala de aula, foi observado que os mesmos começaram a mudar sua rotina na escola, principalmente sua chegada, não faltaram e estavam sempre curiosos em relação as atividades desenvolvidas.
Considerando a influência e magnitude deste recurso no processo da aprendizagem na educação de jovens e adultos, é que se aplicou o recurso lúdico de acordo com a realidades dos educandos, respeitando seu tempo, suas especificidades e habilidades de raciocínio e desenvoltura.
De acordo com os resultados da pesquisa afirmar-se que a hipótese da pesquisa foi confirmada, uma vez que foi comprovado que utilizando o lúdico como recurso facilitador no ensino conduz a uma aprendizagem mais significativa e prazerosa, bem como contribui para uma participação mais ativa e dinâmica dos alunos da educação de jovens e adultos.
Percebeu-se através das observações da pesquisa que quando o aluno torna-se um agente participativo do processo educacional, onde se possibilite à aprendizagem por meio do diálogo e interação, torna-se natural que esse indivíduo da EJA tenha interesse em frequentar as aulas e opinar em cada assunto discorrido em sala de aula.
Desta forma, o aluno da EJA acredita que está fazendo a diferença no âmbito escolar uma vez que tem o seu conhecimento empírico levado em consideração.
É válido mencionar que a interação e participação dos alunos nas aulas deixaram a professora titular um tanto quanto perplexa, pois a mesma já havia mencionado que não acreditava que utilizando uma metodologia diferenciada, tendo o lúdico como suporte, fosse capaz de proporcionar aos alunos da EJA um ambiente acolhedor onde pudessem sentir-se a vontade para falar e exporem seus pensamentos e opiniões.
No entanto, todos os nossos objetivos foram alcançados com êxito, pois o objetivo principal da pesquisa era propor a ludicidade como um recurso pedagógico e mostrar a sua importância no processo do ensino e construção da aprendizagem.
Nesse âmbito vê-se importância desta pesquisa, pois contribuirá para o alargamento das discussões acerca do lúdico e sua função na educação
Nesse sentido vale ressaltar que o brincar faz parte do ser humano, não importando a idade, pois os jogos possibilitam o trabalho em equipe, o respeito ao próximo e as regras impostas na brincadeira.
Mesmo tendo essas concepções concernentes a importância e eficácia da metodologia lúdica é válido dizer que este é um trabalho que está aberto a criticas e sugestões, pois o conhecimento não é algo pronto e acabado mais que está em um processo contínuo de mudanças.
Tendo essa visão, é que se enfatiza que, o que sempre for melhor para essa classe estudantil e que vise um melhor desenvolvimento em toda as suas estruturas instrutivas, sempre será bem-vindo pois os educandos da EJA vivem das migalhas educacionais o qual o governo tem reservado para eles desde tempos remotos.
Desta forma finaliza-se a pesquisa, destacando o quão interessante é trabalhar com esse público diversificado e batalhador que como todo os seres humanos têm seus sonhos e anseios e que precisam ser incentivados para que consigam seus objetivos finais, e cabe a nós educadores encontrar a melhor maneira e metodologia para que se efetive o ensino de qualidade em caráter emancipatório.
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NOTAS:
1 Em meio a várias tentativas frustradas, o Plano Nacional de Educação, aprovado em janeiro de 2001 obje-tivava orientar as ações do poder público nas três esferas de administração, estabelecendo 26 metas para a organização de jovens e adultos, como, por exemplo, alfabetizar em cinco anos 10 milhões de analfabe-tos e assegurar até o final da década a oferta de cursos equivalentes ao segundo segmento do ensino fun-damental para toda a população de 15 anos ou mais.
2A imagem acima retrata a sala de aula da EJA, percebe-se que a professora mantém a postura tra-dicional, pois mantem o quadro e o pincel como instrumento metodológico e os alunos continuam em cadeiras enfileiradas, típicos de uma sala de aula tradicional.
Dedico a minha mãe que é meu maior exemplo, uma excelente pedagoga e que mostra o seu melhor todos os dias, ao meu pai, namorado, familiares, amigos, todos os meus professores e todos aqueles que participaram da minha caminhada acadêmica e da minha realização profissional. (ANDREIA LORENA MOURA BELO)
A meu marido que se mostrou um grande companheiro e amigo nessa jornada, a minha mãe Ivanete leite, que no decorrer de toda minha carreira acadêmica sempre me deu as mãos e me levantou quando eu caí, a meus filhos Fabiane, Fábio e Caio que são a razão da minha existência, a minha mãe avó (In Memoriam) por ter me dado os princípios educacionais, conselhos e força, a todos meus familiares e irmãos pelo incentivo. A minha amiga Lindiany Raposo Alves pelo carinho, apoio, amizade e dedicação na ajuda para concluir esse trabalho. As queridas amigas Regina, Valda, Iara, Sônia, Fabíola, Luzineth e Miucky pelo carinho, apoio e dedicação. E a todos meus amigos e colegas da faculdade, que contribuíram para o meu crescimento profissional. (NEIDIANE DA COSTA LEITE)
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradecemos á Deus, pois sem ele nada seria possível, e é responsável por todas as nossas conquistas. Agradecemos à escola campo por nos permitir a realização desse trabalho, aos professores por contribuírem por meio da entrevista com a nossa pesquisa.
Aos alunos da escola pesquisada pelo carinho e atenção, e a todo o corpo técnico da escola, os nossos sinceros agradecimentos.
Ao professor Judenilson Amador, pelo apoio incondicional, por não ter medido esforço para nos ajudar e não nos abandonar e por ter acreditado em nosso trabalho nos dando força e suporte para que concluíssemos com êxito essa etapa acadêmica.
À Faculdade Atual, pela nossa formação acadêmica, ao professor Daniel Valentim por ter nos orientado e compartilhado conosco, seu conhecimento nos dando o seu apoio no início deste trabalho, e a todos que de alguma forma contribuíram para a realização dessa pesquisa, o nosso muito obrigado.
Autores:
Neidiane Da Costa Leite
neidicleite[arroba]gmail.com
Andreia Lorena Moura Belo
Monografia apresentada à Faculdade Atual como requi-sito básico para obtenção do Títulode Licenciatura em Pedagogia.
Orientador (a): Professor Me. Judenilson Teixeira Amador.
FACULDADE ATUAL
MACAPÁ/AP
2016
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