Geografia dos clubes de futebol. O caso português



  1. Resumo
  2. Introdução
  3. O fenómeno futebolístico em portugal - aspectos evolutivos e espaciais
  4. Futebol e desenvolvimento regional e local - situação actual
  5. Conclusão
  6. Referências bibliográficas

Documento elaborado no âmbito da disciplina de Geografia Humana de Portugal
(Licenciatura em Geografia – Universidade de Coimbra)

Resumo

O futebol é um dos fenómenos mais importantes da sociedade actual, arrastando consigo, além do aspecto cultural, outros aspectos económicos, sociais e políticos que se vão repercutir no espaço. Assim, o futebol é o reflexo desses aspectos e ao estudar a repartição territorial dos clubes de futebol do escalão superior, estar-se-á a analisar o reflexo dos aspectos estruturais socioeconómicos de um determinado país. Irá ser o objectivo deste trabalho tirar algumas conclusões acerca das questões equacionadas supra.

I - INTRODUÇÃO

No âmbito da componente prática da cadeira de Geografia Humana de Portugal do 3º ano da licenciatura em Geografia foi atribuído um tema para a realização de um trabalho prático que abordasse um dos aspectos mais marcantes das assimetrias regionais que caracteriza o território português, a escolha recaiu sobre a geografia dos clubes nacionais de futebol.

O futebol é um dos fenómenos mais importantes da sociedade do século XX, arrastando consigo, além do aspecto cultural, outros aspectos económicos, sociais e políticos que se vão repercutir no espaço. Assim, o futebol é o reflexo desses aspectos e ao estudar a repartição territorial dos clubes de futebol do escalão superior, estar-se-á a analisar o reflexo dos aspectos estruturais socioeconómicos de um determinado país. Irá ser o objectivo deste trabalho tirar algumas conclusões acerca das questões equacionadas supra.

Começar-se-á, então, com a apresentação de uma breve resenha histórica do futebol em Portugal, como forma privilegiada de ocupação do tempo livre na sociedade portuguesa, na qual se apresentarão aspectos evolutivos da transformação do futebol, como desporto e forma de lazer, no futebol como espectáculo e negócio, a par da profissionalização dos seus praticantes. Numa segunda parte caracterizar-se-á a difusão do futebol à escala nacional, comparando dois períodos. Através de vários indicadores relacionar-se-á, numa terceira parte, os padrões de distribuição espacial da actividade futebolística com os níveis de desenvolvimento económico e social.

Há a assinalar o facto de o estudo se basear, somente, nos clubes que disputam o Campeonato Nacional, excluindo todas as outras formas de prática futebolística, nomeadamente o futebol das divisões distritais e outras formas que não sejam o futebol sénior federado (escolar, amador, etc.).

A metodologia utilizada baseou-se numa investigação a partir da informação documental disponível: referências bibliográficas diversas, informações e tratamento de carácter estatístico, cartografia informática, além de outras fontes, como sejam a imprensa de âmbito nacional, nomeadamente a parte referente ao desporto.

II - O FENÓMENO FUTEBOLÍSTICO EM PORTUGAL - Aspectos Evolutivos e Espaciais

II-1. Aspectos Gerais

A evolução do fenómeno futebolístico anda a par com a evolução das práticas turísticas e de lazer que cada vez mais caracterizam as sociedades modernas. O futebol considerado o desporto "rei", arrasta multidões para os estádios, enceta acesos debates, além da sua importância económica, social e espacial, pois gera fontes de riqueza e altera o ordenamento dos espaços. O futebol é espacial por natureza, pois cria uma identidade territorial, cobrindo de forma organizada todo o país, apresentando uma desigual implantação geográfica. Mas tal implantação demorou algum tempo a ocorrer, a par de vicissitudes várias.

O futebol, tal como hoje se apresenta, nasceu entre os jovens aristocratas da Grã-Bretanha, em meados do séc. XIX, como divertimento, mas depressa se propagou a nível mundial como o mais popular dos desportos. Em Portugal, constitui uma das principais actividades organizadas de tempos livres, quer enquanto espectáculo, quer como modalidade desportiva mais ou menos institucionalizada. Assim, o futebol gera interacções entre os mais variados fenómenos da vida comunitária e individual, desde a política às relações familiares, das tensões sociais à economia, etc. No nosso país, ao longo deste século, o futebol, facilitou o contacto entre diversas regiões, fez esquecer ou desviar tensões sociais, reduzindo, de alguma maneira, conflituosidades.

II-2. Introdução e difusão do fenómeno futebolístico em Portugal - Os primórdios

O futebol é, na actualidade, a modalidade desportiva de maior impacto na generalidade dos países, principalmente na Europa e América do Sul. Em meados do séc. XIX, na Inglaterra e na Escócia, os jogos de bola populares tornam-se o desporto preferido dos estudantes, formando-se os primeiros clubes que tomam o nome das respectivas escolas e universidades. Contudo, o jogo permanece sem regras fixas, onde cada escola tinha as suas, não havendo assim regras universais. Em 1863 funda-se a Football-Association, unificando-se os regulamentos das várias escolas e permitindo, assim, os encontros e desafios entre escolas diferentes.

A forma como é praticado em todo o mundo sofreu, apenas, ligeiras alterações desde 1863. Sendo difundido pelos "quatro cantos do mundo", face a esta expansão internacional, foi criada em 1906 a FIFA (Federação Mundial de Futebol), em 1908 foi incluído entre as modalidades olímpicas e em 1957 é criada a UEFA (Associação Europeia de Futebol).

Em Portugal, o futebol surgiu em quatro focos diferentes: Funchal, Lisboa, Porto e Portalegre, nos finais do séc. XIX. Na Madeira aparece em 1873, mantendo-se a sua prática circunscrita a um grupo reduzido. Em Lisboa faz a sua aparição em 1884, com a chegada da primeira bola, trazida por Pinto Basto, mas só em 1888 é que se realizou o primeiro desafio público de futebol no campo da parada em Cascais. No ano seguinte teve lugar no Campo Pequeno o primeiro jogo de caracter oficial. O número de encontros e de adeptos aumenta e então é formado o primeiro clube: o Lisbonense. No Porto, o futebol é introduzido em 1890 e em 1893 é fundado o Futebol Clube do Porto. Em Portalegre aparece ligado à prosperidade do negócio de exploração da cortiça e da comunidade inglesa aí residente.

Entretanto, em Lisboa, após a fundação do Lisbonense outros se lhe sucederam: o Real Ginásio Clube Português, o Carcavelos Clube, o Braço de Prata, o Futebol Clube Esperança, o Futebol Clube Estrela, entre muitos outros; simultaneamente surgem grupos escolares como o Casa Pia.

Em 1894, organiza-se o primeiro encontro Lisboa-Porto, disputando-se a taça de D. Carlos I. Em 1906 é disputado o primeiro torneio inter-clubes. Face a esta expansão do futebol era necessário criar uma entidade organizativa, constituindo-se, então, em 1906 a Liga de Futebol Association e em 1908 a sua sucessora, a Liga Portuguesa de Football, ambas de curta duração. Em 1910 surge a Associação de Futebol de Lisboa, que quatro anos mais tarde cria com as suas congéneres a União Portuguesa de Futebol, passando a designar-se, a partir de 1938, por Federação Portuguesa de Futebol.


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