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A dislexia no contexto da aprendizagem (página 2)

Flavia Sayegh

Segundo Johson e Myklebust (1983) apud Moraes (1997), apresentam desorientação temporal, com dificuldades em saber as horas, saber os dias da semana, os meses do ano.

O que poderia ajudar, na orientação psicológica, é o treino ao ver as horas no relógio de ponteiro e até a troca de um relógio analógico por um digital e uma agenda para que a criança não se sinta perdida nas realizações das atividades.

As crianças com dislexia apresentam dificuldade com seqüência, como espacial e temporal, por isso suas frases podem perder o significado e o sentido. Muitas vezes, perdem-se no tempo, trocando os dias da semana, o mês do ano ou esquecem o dia em que estão.

Segundo Johson e Myklebust (1983) apud Moraes (1997), o problema principal seria a escrita e a soletração, porque a criança com dificuldades na leitura , é incapaz de escrever, porque esse é um processo posterior a leitura.

Segundo Johson e Myklebust (1983) apud Moraes (1997), o distúrbio topográfico, seria a dificuldade da criança ler e se situar em gráficos, globos e mapas. E o distúrbio no padrão motor seria a dificuldade de correr, manter o equilíbrio numa perna só, saltar.

Sintomas:

Segundo Lanhez. M. E  Nico. M (2002), os sintomas da dislexia são: desempenho inconstante, lentidão nas tarefas de leitura e escrita, dificuldades com soletração, escrita incorreta, com trocas, omissões, junções e aglutinação de fonemas, dificuldade em associar o som ao símbolo, dificuldade com a rima, dificuldade em associações, como por exemplo, associar os rótulos aos seus produtos. Além de dificuldade para organização seqüencial, como tabuada, meses do ano. Dificuldade em nomear tarefas e objetos.  Dificuldade em organizar-se com o tempo (hora), no espaço (antes e depois) e direção (direita e esquerda). Dificuldade em memorizar números de telefone, em organizar tarefas, em fazer cálculos mentais, desconforto em tomar notas e relutância para escrever.

O diagnóstico

Segundo Lanhez. M. E  Nico. M (2002), o diagnóstico é feito por exclusão de possibilidades e por isso, deve ser feito por uma equipe multidisciplinar, formada por psicólogo, fonoaudiólogo e médico. E quando necessário, se faz um encaminhamento para outros profissionais, como oftamologista, geneticista, etc.

 O psicólogo faz uma entrevista com os pais da criança ou com a pessoa que vai ser avaliada. Quando o avaliado freqüenta escola, é encaminhado para o professor um questionário.

Logo, são feitos os testes que medem o nível de inteligência, para determinar as habilidades globais de aprendizagem da pessoa. São aplicados testes visuomotores, neuropsicológicos e de personalidade. Essas avaliações revelam possíveis comprometimentos na inteligência, indícios de lesões neurológicas ou conflitos emocionais. São aplicados também por parte do psicopedagogo testes de lateralidade, leitura e linguagem.

 Segundo Lanhez. M. E  Nico. M (2002), são pedidos ainda , teste oftalmológico e audiométrico.

O primeiro colegial- estudo de caso

Bauer .James (1997), escreveu um livro sobre sua experiência com a dislexia.  Foi percebido que Bauer passou por uma dificuldade que se percebida, poderia ter sido amenizada. Ao chegar no primeiro colegial, com 14 anos de idade, já estava convencido que sua vida estava chegando ao fim, com poucas chances para si, apesar de sua boa vontade. Já desestimulado, freqüentava a escola, porque lhe era exigido por lei. Já adolescente, temia que lhe pedissem para ler ou escrever algo.

Ao pegar um ônibus, foi encaminhado para um ginásio onde receberia junto aos colegas os horários que teriam que seguir pelo resto do ano.

Escolheu fazer um curso de oficina elétrica porque já havia trabalhado com seu pai e conhecia todos os tipos de equipamentos que via ao seu redor. Seu professor pediu para que antes de operar a máquina, seria útil ler o material. Foi nesse momento que se perdeu e pulava a maioria das palavras novas e desconhecidas. Seu professor de matemática também pediu que ele fizesse exercícios em suas páginas de caderno e que copiasse anotações do quadro negro.  

Somente sua professora de estudos sociais deu a matéria conversando. E segundo o seu relato: - "Eu estava entendendo tudo o que ela dizia e se a cada ano o curso fosse apresentado daquela maneira, eu teria aprendido melhor academicamente".

A professora de educação física deu exercícios para copiar e o professor de ciências também. Segundo Bauer, sua energia na escola era gasta em se misturar com os outros estudantes e não ser descoberto com sua dificuldade de leitura.

O temido dia de Bauer chegou. Era o dia da avaliação. Alguns dias depois ao olhar o boletim, viu que recebeu D em todas as matérias, menos em ginástica. Ele ficou arrasado e queria fugir. Com o tempo, Bauer passou por alguns testes e começou a freqüentar o laboratório de leitura da escola, composto por mais 12 estudantes. Com os anos, foi descobrindo o seu potencial na leitura, foi se tornando uma pessoa mais feliz e realizada.

Considerações finais

É necessário saber em qual ponto esse estudante está na aprendizagem, para montar estratégias, para que ele alcance um melhor percurso e êxito em sua vida escolar. Não adianta fazer da descoberta, uma desculpa para uma possível falha comportamental.

 Uma aprendizagem saudável pode até ir, além dos limites, de uma forma agradável, continuada, com rotina e disciplina. É importante um teste de aptidão textual, de inteligência e avaliação de leitura, uma anamnese profunda, que investigue toda a saúde orgânica do paciente.

Como seria sua compreensão gramatical. É percebido se o paciente tem consciência fonológica do que está escrito e o que ele próprio lê.

A dislexia não se refere somente à dificuldade de leitura, a escrita e a soletração também são afetadas.

Uma pessoa, com dislexia pode apresentar problemas emocionais, devido à falta de tratamento psicológico diante do acontecimento. Para evitarmos um prejuízo acadêmico e frustrações, é necessário um diagnóstico, e um acompanhamento profissional.

Além de orientação familiar e escolar, para que não se estabeleçam culpas e descrenças e sim, uma forma de compreender que a dislexia é uma dificuldade e não impossibilidade, se estabelecendo assim, quais as melhores formas de aprender.

Referências bibliográficas

BAUER, J.J. Dislexia: Ultrapassando as barreiras do preconceito. São Paulo. Casa do psicólogo, 1997.

LANHEZ, M.E e NICO. M.A. Nem sempre é o que parece: Como enfrentar a dislexia e os fracassos escolares. São Paulo: Alegro, 2002.

MORAES, A.M.P. Distúrbios da aprendizagem: Uma abordagem psicopedagógica. São Paulo: EDICON, 1997.

NUNES. T e cols. Dificuldades na aprendizagem da leitura: Teoria e prática. 3.ed. São Paulo: Cortez, 2000.

 

 

Autora:

Flávia Sayegh

flaviasayegh[arroba]hotmail.com

Formada em Psicologia pela Universidade Mackenzie e Psicopedagogia Clínica e Institucional. Participa no atendimento a adolescentes na UNIFESP, no ambulatório de Pediatria.



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