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O aumento nos padrões e níveis de consumo nas últimas décadas tem agravado os impactos causados ao meio ambiente, em termos de degradação e esgotamento de recursos naturais. Um dos principais fatores associados a essa questão está relacionado à Revolução Industrial, que introduziu modificações nos processos produtivos, promovendo a produção em massa, o que gerou um aumento na extração de recursos naturais e elevou os níveis de poluição, além da emergência da sociedade de consumo.
Desta forma, constata-se que a interferência humana no meio ambiente, tanto em termos de produção e consumo, tem contribuído para uma crescente preocupação acerca da sustentabilidade. O homem tem utilizado os recursos naturais sem se preocupar com as gerações futuras, degradando permanentemente o meio ambiente e o ecossistema, promovendo mudanças que podem ser irreversíveis ao planeta.
A emergência da sociedade de consumo se deve pela crescente apropriação massiva de bens e serviços, apontando para o consumismo, decorrente de níveis e padrões de consumo excessivos. Entretanto, os riscos ambientais assumidos por esta sociedade devem ser diminuídos, o que torna necessária a mobilização e a conscientização de todos para se atingir uma mudança nos padrões e níveis de consumo, de forma a amenizar a degradação sofrida pelo meio ambiente, bem como preservar os recursos naturais, para garantir que as gerações futuras também desfrutem de acesso aos itens de consumo capazes de suprir suas necessidades.
A Agenda 21, elaborada durante a realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92, propõe mudanças nos padrões de produção e consumo insustentáveis, com o intuito de diminuir os impactos causados ao meio ambiente e atender as necessidades básicas da humanidade, apontando estratégias que definem como adotar um consumo sustentável. Dentre essas estratégias, devem-se prover algumas ações que visem à busca de soluções para promover a inclusão social do consumidor. Para tanto, é primordial compreender seus comportamentos de consumo, de modo a identificar mecanismos que possam promover reais mudanças nos seus padrões e níveis de consumir, em direção ao consumo sustentável.
Acerca desta percepção, torna-se necessário fazer um levantamento em que se investigue como os consumidores abordam as questões ambientais nas suas ações de consumo. Assim, a emergência ambiental surge da preocupação dos impactos ambientais causados pela sociedade de consumo, devido ao modo de vida e utilização de práticas ambientais inconscientes, causando a degradação dos recursos naturais. Nesse sentido, Ribeiro e Veiga (2011) desenvolveram uma escala que avalia o comportamento dos consumidores quanto às questões ambientais, utilizando como referência o conceito de que o consumo consciente envolve a busca por produtos e serviços ecologicamente corretos, a economia de recursos como água e energia, a utilização cuidadosa de materiais e equipamentos até o fim de sua vida útil, a reutilização sempre que possível e a correta destinação de materiais para reciclagem no fim do ciclo de vida dos produtos.
Ademais, é importante avaliar como a questão ambiental se reflete nos atos de consumo dos alunos dos cursos de Administração que, além de consumidores, serão futuros administradores e necessitam desenvolver um maior nível de consciência sobre as questões ambientais, de modo que os capacitem e motivem para agregar nas suas práticas pessoais e profissionais a preocupação ambiental.
Assim, emerge a problemática deste estudo:
Como os alunos do curso de Administração da Universidade Federal de Campina Grande se comportam em direção ao consumo consciente?
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
O objetivo geral deste estudo de acordo com a problemática apresentada é:
Avaliar o comportamento de consumo consciente dos alunos do curso de Administração da Universidade Federal de Campina Grande.
1.2.2 Objetivos Específicos
Para tanto, os objetivos específicos estabelecidos para este estudo são:
Identificar o perfil socioeconômico dos alunos investigados;
Verificar comportamentos de consumo consciente dos alunos;
Classificar o comportamento dos consumidores pesquisados em termos de consciência ecológica, economia de recursos, reciclagem e frugalidade de acordo com a Escala Original de Consumo Sustentável.
1.3 Justificativa
O consumidor consciente tem grande importância para que ocorram mudanças no cenário atual, adotando uma postura socioambientalmente correta, não se preocupando apenas com questões econômicas e financeiras, mas também com os problemas ambientais enfrentados.
O motivo da realização deste estudo situa-se na problemática do consumo, bem como seus impactos causados ao meio ambiente e a sociedade, em que se torna necessário estudar e analisar o comportamento do consumidor, já que seus atos de consumo refletem diretamente sobre a questão ambiental abordada anteriormente. Ao analisar este comportamento, será possível estabelecer alguns mecanismos que possam atuar no campo do consumo e propiciem melhorias de atitudes que beneficiem a coletividade.
Por outro lado, a escolha dos alunos do curso de Administração ocorreu devido ao fato de que estes serão profissionais que poderão atuar diretamente nas relações de produção e consumo, como também lidar ativamente com a sociedade e, contribuir de modo a despertar a consciência ambiental na mesma, agindo no dia a dia com a maior precaução referente às atitudes ambientais corretas, enfatizando a responsabilidade social e fazendo as escolhas com inteligência ao adquirir produtos ecologicamente corretos. Os alunos do curso de Administração devem aprender a visualizar a curto, médio e longo prazo o resultado de seu relacionamento com a natureza, agindo de forma consciente diante do meio ambiente. Isto dará através do conhecimento dos alunos a influência na sociedade nas atitudes em relação ao meio ambiente, com base em seu nível de transmissão de valores ambientais, contribuindo para uma formação solidificada de futuros administradores. Em um contexto geral, este estudo busca responder se os alunos do Curso de Administração da Universidade Federal de Campina Grande praticam ações em direção ao consumo consciente.
1.4 Estrutura do Trabalho
Como forma de proporcionar um melhor esclarecimento sobre esta temática, este estudo está sistematicamente organizado em cinco capítulos, a saber:
Capítulo 1 - Introdução: Neste capítulo é apresentada a problemática da pesquisa, o enfoque dos objetivos (geral e específico) e a justificativa do estudo.
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica: Aprofundamento do assunto sob a perspectiva científica, com o intuito de persuadir o leitor ao objetivo específico do tema abordado.
Capítulo 3 - Aspectos Metodológicos: Apresentação dos procedimentos metodológicos adotados na organização e estrutura no decorrer deste estudo.
Capítulo 4 - Apresentação e Análise dos Resultados: Dispõe de informações sobre o perfil dos consumidores entrevistados quanto à adoção de práticas sustentáveis sobre o tema supracitado.
Capítulo 5 - Considerações Finais: Este capítulo abrange as últimas considerações a que este estudo se propôs, apresentando algumas sugestões, contribuições, expectativas e limitações.
Capítulo II
Pretende-se neste capítulo apresentar diversos posicionamentos de autores frente ao tema deste trabalho, Consumo Consciente, como forma de ampliar a visão sobre o assunto. Inicialmente, será apresentado um breve contexto histórico ao qual se apresenta o Consumo, sua relação com a Revolução Industrial e evolução ao longo do tempo. Posteriormente, serão abordados o Desenvolvimento Sustentável e as Questões Ambientais, bem como Abordagens de Consumo e Sustentabilidade. Por fim, será discutido sobre o Comportamento do Consumidor, Consumo Consciente e os Modelos de Avaliação de Consumo, descrevendo a importância de atitudes sustentáveis pelo consumidor.
2.1 Uma Breve Contextualização Histórica sobre as relações de Produção e Consumo
O consumo desempenha um importante papel na estruturação da sociedade contemporânea que é reconhecida como a sociedade de consumo. "As origens históricas da moderna sociedade de consumo são alvos de muitas controvérsias, que poderiam ser divididas em dois tipos: um se preocupa com o quando e outro com o que mudou." (BARBOSA, L., 2004, p. 14-15). Ainda segundo a autora, embora permaneçam disputas em torno do "quando" aconteceu a sociedade de consumo, variando este do século XVI até o XVIII, existe, por outro lado, um relativo consenso em que consistiram as mudanças que ocorreram. Algumas delas incidiram sobre a cultura material da época, afetando tanto a quantidade como a modalidade dos itens disponíveis.
Para Seiffert (2007, p. 20):
A capacidade de o homem alterar as características do meio que o cerca aumentou exponencialmente, a partir da Revolução Industrial que se iniciou em meados do século XVIII. Com esse processo, o homem passou a criar substâncias de natureza sintética, cujas características químicas são muito distintas das substâncias naturais, sendo, portanto, muito menos ou não biodegradáveis. O aumento no volume de produção associado a uma maior demanda por bens e serviços gerados pelo aumento do contingente populacional no período vem potencializando a degradação ambiental.
Segundo Giacomini Filho (2008) a partir do século XIX, foi instalado o capitalismo industrial, identificado com o desenvolvimento da classe média norte-americana e européia daquela época. Nos anos 1910, com o surgimento do período fordista, onde Henry Ford instituiu a produção em massa (a mecanização, padronização e produção em série), pagando bons salários a trabalhadores, de forma a sinalizar a incremento do consumo de automóveis por parte da classe trabalhadora.
Para Bauman (2008), adentra-se em uma sociedade caracterizada pelo consumo em massa, quantitativo, movido por necessidades, desejos e anseios. A apropriação e a posse de bens e objetos tornaram-se sinônimo de respeito às pessoas, proporcionando conforto, poder e estabilidade às mesmas. O consumidor passa a se alimentar do movimento de mercadorias, devido a uma instabilidade pelo consumo de algo novo, substituindo rapidamente bens e objetos, a fim de obter satisfação.
A sociedade moderna foi influenciada ao longo do tempo pelos ideais capitalistas. Entretanto, o aumento dos níveis de produção e consumo mundial reforçou a degradação dos recursos naturais e, consequentemente, foram verificadas nos últimos anos diversas catástrofes ambientais, surgindo preocupações acerca do consumo excessivo, evidenciando que a natureza se encontra em eminente perigo. É preciso repensar na relação entre homem e natureza, mantendo padrões de preservação e conservação do meio ambiente, a fim de manter o bem-estar e o pleno desenvolvimento da vida humana no planeta.
Desta forma, o século XXI é marcado por uma maior preocupação em relação ao crescimento econômico e suas consequências sobre o meio ambiente, em decorrência dos problemas ambientais apresentarem difícil capacidade de retroação.
Em virtude das mudanças ocorridas ao longo do tempo, passou a ocorrer uma transformação na vida econômica, cultural e social da população, influenciando diretamente nas sociedades industriais contemporâneas, onde o homem através dos impactos causados ao meio ambiente passou a repensar melhor sua forma de lidar com o meio ambiente. Deve-se considerar que o impacto da degradação ambiental e o esgotamento dos recursos naturais podem comprometer as condições de sobrevivência, devendo despertar a consciência para adoção de valores e práticas que visem à melhoria de condições de vida e manutenção de um ambiente saudável, através da adoção de um Desenvolvimento Sustentável, que será tratado a seguir.
2.2 Desenvolvimento Sustentável, as Questões Ambientais e o papel do Consumo neste contexto
Como se discutiu na seção anterior, a crise ambiental foi constatada partir de mudanças no comportamento da sociedade, devido a impactos ambientais provocados pelo aumento nos níveis de produção e consumo, caracterizando uma revolução ambiental. Diante dos problemas ambientais verificados, emergiu a necessidade de despertar a consciência ecológica por parte de alguns países, que instituíram propostas de melhoria para a implantação de um Desenvolvimento Sustentável.
Segundo Bernardes e Ferreira (2010), foi realizada a primeira grande Conferência Internacional para discutir o problema ambiental, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, realizada em Estocolmo (1972), onde participaram 113 países e diversas organizações não governamentais. Um dos pontos marcantes do encontro foi a contestação às propostas do Clube de Roma sobre o crescimento zero para os países em desenvolvimento, com a proposta de elaborar adequados padrões para a conservação da natureza e do meio ambiente.
Moretto e Giacchini (2006) destacam que o conceito de Desenvolvimento Sustentável, como o atendimento das necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades, emergiu na década de 1980, com a publicação do documento "Nosso Futuro Comum" elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, publicado em 1987, o qual também ficou conhecido como "Relatório Brundtland". Em seu conceito mais amplo, o Desenvolvimento Sustentável é entendido como o crescimento econômico, unido ao desenvolvimento social ambiental. Isto significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais.
De acordo com Dias (2006 apud SEIFFERT, 2007) embora o conceito de Desenvolvimento Sustentável seja amplamente utilizado, não existe um único consenso sobre a extensão do seu significado. O autor afirma que para alguns, alcançar o Desenvolvimento Sustentável é necessário obter o crescimento econômico contínuo através de uma manobra mais racional dos recursos naturais e da utilização de tecnologias mais eficientes e, consequentemente, menos poluentes. Para outros, o Desenvolvimento Sustentável é antes de qualquer coisa um projeto social e político que visa erradicar a pobreza, elevar a qualidade de vida e satisfazer às necessidades vitais da humanidade que oferece os princípios e as orientações para o desenvolvimento harmônico da sociedade, levando em consideração a apropriação e a transformação sustentável dos recursos naturais.
Jacobi (2003) afirma que a sustentabilidade como novo critério básico e integrante precisa estimular constantemente as responsabilidades éticas, à proporção em que a ênfase nos aspectos extra-econômicos serve para reconsiderar os aspectos relacionados com a igualdade, a justiça social e a própria ética dos seres humanos. A mudança de comportamento, os valores culturais enraizados e atitudes promovem o rompimento com o atual padrão de desenvolvimento em busca de uma melhor e mais saudável qualidade de vida, contribuindo para aumentar a consciência ambiental e proporcionando a integração dos consumidores em prol da sustentabilidade, amenizando a degradação já sofrida pelo meio ambiente. Ou seja, dentre as definições do que seja Desenvolvimento Sustentável, devem estar presentes variáveis comuns como a igualdade entre todos, administração responsável do processo de produção e dos recursos naturais, de forma a causar o menor prejuízo ao meio ambiente, bem com o limite de intervenção tolerável do ser humano sobre a natureza, atuação da comunidade global e cooperação internacional, a fim de promover um desenvolvimento seguro, relacionando as atividades humanas com o ecossistema.
A partir da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio 92 ou ECO-92, ocorrida no Rio de Janeiro em 1992, considerada como o grande marco das discussões sobre o Desenvolvimento Sustentável, foi instituída e aprovada a Agenda 21, que aborda um consenso mundial sobre o compromisso político para se desenvolver a cooperação ambiental, apresentando um conceito de desenvolvimento que interliga meio ambiente e economia respeitando os recursos naturais. Neste ano de 2012 será realizada a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio + 20, onde existe uma ampla expectativa mundial sobre o envolvimento de recursos políticos para tratar dos novos e emergentes desafios acerca do Desenvolvimento Sustentável.
A Agenda 21 dedicou em um de seus capítulos tratamento específico para as mudanças nos padrões de produção e consumo insustentáveis, demonstrando a questão do consumo como um dos objetivos do Desenvolvimento Sustentável, considerando que é necessário que haja o desenvolvimento de políticas e estratégias para estimular tais mudanças na sociedade, a fim de atingir os objetivos de qualidade ambiental e Desenvolvimento Sustentável, onde será necessária eficiência na produção e mudanças nos padrões de consumo para priorizar o uso ótimo dos recursos e reduzir o desperdício ao mínimo possível. Em muitos casos, isso exigirá uma reorientação dos atuais padrões de produção e consumo, desenvolvidos pelas sociedades industriais e por sua vez imitados em boa parte do mundo. (AGENDA 21, 2002, capítulo 4)
Assim, estimular a adoção de padrões de produção e consumo sustentáveis passou a ser reconhecido como uma iniciativa preponderante nos modelos de desenvolvimento dos países, devendo buscar um maior equilíbrio entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento, como forma de superar as dificuldades enfrentadas e promover a inclusão social.
Os altos padrões atuais de produção e consumo, que utilizam intensivamente os recursos naturais e são frequentemente ineficientes em seu uso, são insustentáveis a médio e longo prazo. Apenas se estes padrões forem modificados e reduzidos, grande parcela da humanidade poderá alcançar níveis adequados de bem-estar na vida social, ambiental e econômica. Os países desenvolvidos têm a prerrogativa de assumir a liderança no processo de mudanças em relação ao meio ambiente, pois não só são responsáveis, historicamente, pela geração dos hábitos de consumo que predominam, mas também, pelo uso insustentável dos recursos naturais nos processos de produção. (DOCUMENTO CONTRIBUIÇAO BRASILEIRA À CONFERÊNCIA RIO+20, 2011, p. 13-14)
Giansanti (1998) afirma que são grandes os impactos causados ao meio ambiente em virtude de atividades humanas inconscientes que provocam efeitos negativos sobre a natureza. A poluição atmosférica é um dos exemplos de impacto que causa contaminação pela emissão de diversos gases no planeta. O CO2 é registrado como o principal responsável pelo possível aquecimento global. Trata-se de um dos gases de maior importância na atmosfera (atrás somente do vapor d"água) e, embora sua concentração ainda seja menor, vem crescendo a uma taxa de 0,4 % ao ano. Estima-se que são alastrados 7 bilhões de toneladas de CO2 por ano na atmosfera, sendo cerca de 75% devido à queima de combustíveis fósseis (como petróleo e carvão mineral) e ainda, 25 % pela queima de florestas, sobretudo as tropicais.
Estudos demonstram que caso a quantidade de CO2 dobre na atmosfera, a temperatura em nosso planeta aumentaria entre 1,5 e 4,5ºC, o que iria gerar o degelo de geleiras e calotas polares, bem como seria elevada em até 1,5 metros a água dos mares, provocando mudanças em todo o ecossistema.
Segundo Seiffert (2007) à proporção que o número de indivíduos aumenta por km2 de espaço físico, o volume de poluentes também irá aumentar. O procedimento da poluição instala-se efetivamente quando é excedida a capacidade que o ecossistema pode suportar, convertendo esses poluentes em substâncias que possam ser reintegradas às cadeias tróficas, onde as mesmas passam a se acumular no meio ambiente. Nesse caso, a natureza passa a ter a sua estabilidade e elasticidade comprometida, não conseguindo mais retroagir a sua estrutura e propriedade originais.
Face ao exposto, verifica-se que o princípio do Desenvolvimento Sustentável tem por conteúdo a manutenção das bases vitais da produção e reprodução do homem e de suas atividades, garantindo igualmente uma relação satisfatória entre os homens com o seu ambiente, para que as futuras gerações também tenham oportunidades de desfrutar os mesmos recursos que temos hoje à nossa disposição. Fiorillo (2003, apud Barbosa, E., 2007, p. 25). Dessa forma, é importante que ocorra a proteção do meio ambiente, utilizando prudentemente os recursos naturais e mantendo um crescimento econômico estável, a fim de contribuir para a melhoria da qualidade de vida de nossos descendentes, proporcionando serviços básicos a todos, sem degradar os ambientes naturais.
Fileto (2009) afirma que embora, em média, o consumo mundial esteja acima da capacidade do Planeta, a sobrevivência da humanidade só permanece porque existe uma grande desigualdade social e, afirma ainda que esta informação é triste, porém verdadeira, pois, no mundo, atualmente 1,2 bilhões de pessoas estão abaixo da linha de pobreza, ou seja, sobrevivem com até 1 dólar norte americano por dia, e cerca de 2,8 bilhões de pessoas sobrevivem com 2 dólares por dia. Aproximadamente 80% da riqueza mundial está concentrada na população 15% mais rica e, no Brasil, uma em cada três pessoas continua a viver com menos de meio salário mínimo por mês.
Essa situação demonstra o quão exacerbado se torna o consumo por parte da sociedade atual, onde o maior problema ocorre porque este consumo se detém a uma minoria com maior poder aquisitivo, gerando maiores complicações na vida da classe mais pobre, que não consegue satisfazer necessidades básicas e essenciais, como alimentação, saúde, educação e moradia. O comportamento consciente de empresas associado principalmente aos valores individuais dos consumidores, contribui para que os mesmos procurem consumir produtos ecologicamente corretos, bem como a evitar o desperdício, a combater a escassez de recursos naturais, a consumir apenas o essencial, a preservar o meio ambiente, a produzir menos lixo e a descartar adequadamente.
Segundo Fileto (2009) as empresas hoje têm a obrigação cada vez maior de reunirem em seus exemplos de negócios práticas sustentáveis, e o consumidor pode contribuir muito levando as empresas a aceitarem estas práticas. Certamente, todo este processo não é simples, porém, está cada vez mais adquirindo força e provocando um efeito multiplicador positivo em direção à sustentabilidade global. Conforme o Instituto Akatu, um em cada três brasileiros entende os impactos coletivos ou de longo prazo nas decisões de consumo tomadas. Além disso, verifica-se que tem aumentado a proporção de consumidores que utilizam seu poder de compra e de comunicação para premiar àquelas empresas que detenham práticas adequadas de responsabilidade social e ambiental.
Fileto (op. cit.) expõe que não se pretende condenar o consumo, o que se propõe é uma reflexão a cerca da forma de consumir. Para a autora, o consumo tem aspectos positivos e negativos, e se torna positivo porque satisfaz necessidades e desejos, estabelecendo conforto e prazer para as pessoas, além de gerar empregos e renda, fazer a Economia girar, estimular a Ciência, enfim, promover o desenvolvimento e o bem estar de todos. Para que o ser humano sobreviva, ele precisa ingressar em um consumo mínimo que garanta a sua própria sobrevivência com dignidade e qualidade.
A união das empresas juntamente com a sociedade em busca de um mesmo objetivo trará benefícios para ambas, pois empresas que praticam a sustentabilidade são bem vistas pela sociedade, e ajudam e conscientizar a mesma, visto que o consumo em seu nível normal é necessário a todo ser humano. O que se pretende é a percepção da consciência ambiental a ser adotada na forma de produção e consumo, visto que esta é uma atitude coletiva e não individual, pois somente com o auxílio de todos será possível reduzir os impactos já causados ao meio ambiente.
Nesse contexto, o consumidor é o principal responsável de suas ações e, torna-se necessário identificar os impactos causados pela sua forma de consumo, buscando fazê-lo de acordo com a satisfação de necessidades reais, unindo esforços em busca de um mundo melhor para o bem das futuras gerações. Somente modificando hábitos de vida e de consumo será possível alcançar o desenvolvimento humano e social e a preservação do meio ambiente.
A forma como os consumidores convivem com o meio ambiente é importante para se verificar os atuais padrões de consumo. As diversas camadas da sociedade devem procurar manter uma compatibilidade do consumo com os recursos naturais disponíveis, modificando hábitos de consumo excessivos empregados para finalidades meramente supérfluas, pois constantemente são lançados novos produtos e divulgados na mídia, convencendo os consumidores a adquiri-los, movimentando a economia e gerando lucro para as empresas. Consequentemente, a facilidade de obtenção de crédito tem levado diversos consumidores a se endividar em decorrência do consumo excessivo que em virtude desse marketing atrativo, são persuadidos a consumir de forma desordenada.
Lazzarini (2007) afirma que se começa a vivenciar em algumas empresas, a questão da responsabilidade social corporativa, que, junto com o consumo sustentável, poderá constituir um novo exemplo de atuação para as demandas de consumidores. Se antes se buscava a afirmação de direitos (à informação, recebimento de produtos e serviços saudáveis e seguros, de proteção contra práticas abusivas, indenizações, entre outros), agora se enfatiza a consciência de que o consumo vai além do produto, ele também poderá premiar uma empresa, caso os seus valores éticos e práticas representadas pela mesma acompanhem a evolução da cidadania. A autora ainda afirma que cada vez mais as pessoas querem ser informadas não apenas sobre a qualidade e preço dos produtos e serviços que adquirem, mas também como eles são produzidos.
Desta forma, o consumidor tem direito a ser informado corretamente sobre os produtos que adquire, precisa ser educado a continuamente lidar com responsabilidade social, agindo tanto como cidadão como profissional, no intuito de construir um futuro melhor, dentre dificuldades econômicas, sociais e ambientais encontradas.
Segundo McCracken (2007), a publicidade funciona como um procedimento em potencial de concessão de significado, agrupando o bem de consumo e uma representação do mundo culturalmente constituído no contexto de um objeto publicitário. Por meio da publicidade, bens novos e antigos abrem mão de ultrapassados significados e adquirem outros, novos, constantemente. Como participante ativo desse processo, o espectador ou leitor se mantém ciente e informado do estado e do acervo atuais do significado cultural existentes nos bens de consumo. Ou seja, a publicidade pode ser uma aliada ao consumo consciente se utilizada da forma adequada, pois, a partir dela, surgem novos significados que vão sendo incorporados pelos consumidores, influenciando-os em suas decisões de compra e motivando-os a adquirir produtos sustentáveis.
Gomes (2006) ressalta que nesse processo de formação de uma nova consciência voltada para a preservação do meio ambiente é necessária a educação do consumidor, com a conscientização da importância de novos hábitos saudáveis de consumo, uma vez que a maioria dos problemas ambientais presentes são advindos dos padrões impostos pela visão econômica de mercado através da publicidade, disseminada pelos meios de comunicação em massa, impondo um estilo de vida insustentável e inalcançável para a maioria. A educação deve lidar com a aquisição de novos significados na construção de uma sociedade sustentável, democrática, participativa e socialmente justa, capaz de desempenhar efetivamente a solidariedade com as gerações presentes e futuras. Diante desse pressuposto, a educação deve caminhar juntamente com a sustentabilidade na busca para se alterar os padrões de consumo atualmente vigentes.
A sustentabilidade pode ser alcançada se houver motivação da sociedade através da difusão de conhecimentos que valorizem atitudes ecologicamente corretas. Tais atitudes serão possíveis se houver uma transformação no modo de pensar e agir de cada indivíduo, que possui um papel único diante da resolução dos problemas ambientais enfrentados, adotando um modelo de Desenvolvimento Sustentável atrelado às questões de consumo que emergem, mantendo um equilíbrio entre produção e consumo. Guimarães (2010) relata que é preciso ainda, e, sobretudo, a mobilização de todos, pôr a ação em movimento. É acionar (razão e emoção) à questão ambiental no cotidiano de nossa ação como prioridade, pois essa é uma mudança de atitude nossa com nós mesmos, em uma nova visão de mundo; e também nossa com os outros e o ambiente que nos abrange, em uma ação solidária. É, portanto, a procura de um ambiente sustentável a partir de uma sociedade com novos valores, prezando pela estabilização e pela conscientização de todos.
O consumidor tem grande poder diante desta situação, pois pode escolher empresas que se empenhem na adoção de políticas sustentáveis e éticas, que construam um papel socialmente útil, atendendo às expectativas dos consumidores. Empresas que se engajem neste aspecto terão maior chance de sobreviver no longo prazo, visto que ao longo do tempo, a degradação do meio ambiente aumentará e os consumidores terão preferência por organizações que apresentem um conceito ambiental positivo.
Visto que todos têm direito a suprir suas necessidades mais básicas, a sustentabilidade busca reduzir os altos padrões e níveis de consumo impostos pela sociedade com maior detenção de poder aquisitivo, a fim de igualar a distribuição de recursos entre os menos favorecidos, sem distinções e justamente, onde todos devem se unir em busca da sustentabilidade para garantir uma vida melhor no futuro próximo.
A fim de entender as percepções do consumidor no momento de compra, na próxima seção trataremos sobre o comportamento do consumidor, dando ênfase às etapas do processo de consumo.
2.3 O comportamento do consumidor
O comportamento do consumidor é influenciado por vários fatores, entre eles culturais, sociais, pessoais e psicológicos. O fator cultural é um dos que exerce uma maior influência sobre a compra realizada pelo consumidor. "A cultura é o principal determinante do comportamento e dos desejos de uma pessoa. À medida que cresce, a criança absorve certos valores, percepções, preferências e comportamentos de sua família e de outras instituições" (KOTLER; KELLER, 2006, p. 173).
Se o indivíduo percebe que o ambiente como um objeto valorizado está ameaçado, a preocupação ambiental vai aumentar. Este, então, aumenta a probabilidade de adotar um comportamento de consumo mais amigável do ambiente. Para que isso aconteça, no entanto, o indivíduo deve apresentar algum nível de preocupação (KILBOURNE E PICKETT, 2007, p. 888).
De acordo com BlackWell, Miniard e Engel (2005, p. 6-7), "o comportamento do consumidor é definido como atividades com que as pessoas se ocupam quando obtém, consomem e dispõem de produtos e serviços. Também pode ser definido como um campo de estudo que foca nas atividades do consumidor."
Segundo Kotler e Keller (2006, p. 172), "o campo do comportamento do consumidor estuda como pessoas, grupos e organizações selecionam, compram, usam e descartam artigos, serviços, ideias ou experiências para satisfazer suas necessidades e desejos".
Assim, é necessário analisar o processo de decisão de compra do consumidor e entender como realmente o mesmo se posiciona em suas decisões, iniciando pelo estágio de reconhecimento da necessidade, busca de informações, avaliação de alternativas pré-compra, compra, consumo, avaliação pós-consumo e por fim, o descarte, os quais serão detalhados em etapas a seguir:
Figura 1 - Como Consumidores Tomam Decisões para Bens e Serviços
Fonte: BlackWell, Miniard e Engel (2005)
Abaixo serão detalhados os estágios de comportamento do consumidor que influenciam na decisão de compra:
2.3.1 Primeiro Estágio: Reconhecimento da necessidade
A necessidade do consumidor é vista como o ponto inicial para sua tomada de decisão, tendo em vista que o mesmo procura resolver seus problemas a partir de uma necessidade não satisfeita que gera conflitos, e fazendo-o adquirir um produto a fim de obter satisfação. Rocha e Rocha (2007) afirmam que ao vivenciar com alguns consumidores de diferentes mercados, os teóricos e praticantes do marketing perceberam a existência de grandes diferenças no consumo que pareciam associadas a diferenças nos valores sociais incorporados e nos costumes de diferentes povos. Este pensamento demonstra que cada consumidor tende a agir do modo que a sociedade impõe, de acordo com a influência que determinados grupos exercem sobre suas expectativas de consumo, instigando-os a pertencer a determinados espaços sociais e manter um simbolismo de status e poder.
Rook (2007) mostra que os valores e procedimentos culturais constituem outra fonte primária de comportamento ritual. Esse tipo de ritual envolve a partir da observação social de acontecimentos que marcam simbolicamente as mudanças do status social dos indivíduos. O autor identifica o termo ritual como um tipo de atividade significativa e simbólica construída de múltiplos comportamentos que se produzem numa sequência fixa e episódios que tendem a se repetir com o decorrer do tempo.
Kotler e Keller (2006) afirmam que os profissionais de marketing precisam identificar as situações que desencadeiam determinada necessidade recolhendo informações entre vários consumidores. Assim, estes profissionais podem desenvolver estratégias de marketing que provocam o interesse dos consumidores. É preciso ainda, motivar o consumidor para que uma compra potencial receba uma séria consideração e importância em seu cotidiano.
Ainda sobre este tema, Schiffman e Kanuk (2009) salientam que um grupo de referência é qualquer pessoa ou grupo que se enquadre como ponto de comparação (ou de referência) para um indivíduo na concepção de valores e atitudes gerais ou específicas, ou de um guia exclusivo de comportamento. Na realidade, os consumidores são influenciados e entusiasmados por determinados grupos como: família, amigos, colegas de trabalho, comunidades virtuais e publicidade, pois esses grupos persuadem os consumidores a partir da inserção de atratividade por produtos e serviços que possuem e oferecem.
2.3.2 Segundo Estágio: Busca de informações
Este estágio mostra que o consumidor tende a buscar informações a respeito dos produtos e serviços que adquire, verificando a confiabilidade existente. De acordo com Kotler e Keller (2006), as fontes de informação do consumidor dividem-se em quatro grupos:
Fontes pessoais. Família, amigos, vizinhos, conhecidos.
Fontes comerciais. Propaganda, vendedores, representantes, embalagens, mostruários.
Fontes públicas. Meios de comunicação de massa, organizações de classificação de consumo.
Fontes experimentais. Manuseio, exame, uso do produto.
Segundo BlackWell, Miniard e Engel (2005, p. 76) "a busca pode ser interna, recuperando o conhecimento na memória ou, talvez, nas tendências genéticas, ou ela pode ser externa, coletando informações entre os pares, familiares e no mercado." Com o avanço da internet, este também é um meio bastante utilizado na coleta de informações e pesquisa de preços pelos consumidores, caracterizando consumidores cibernéticos que praticam compras online. Além deste, temos o consumidor tradicional que não realiza compras pela internet, vai em busca diretamente no estabelecimento e, o consumidor híbrido, que realiza a compra virtual e tradicional.
2.3.3 Terceiro Estágio: Avaliação de alternativas pré-compra
Não existe um modelo padrão para avaliar alternativas e processar informações pelo consumidor, assim, o mesmo forma valores sobre uma base racional e consciente para atender da melhor maneira suas necessidades. Conforme BlackWell, Miniard e Engel (2005), os consumidores usam avaliações novas ou preexistentes armazenadas em seus conhecimentos para escolher produtos, serviços, marcas e lojas que mais provavelmente lhe trarão uma boa satisfação com a compra e o consumo. A forma pela qual os indivíduos avaliam suas escolhas é influenciada tanto por diferenças particulares quanto por variáveis ambientais.
O consumidor deve avaliar na hora da decisão tanto o local onde irá comprar o produto ou adquirir o serviço, levando em consideração conforto e segurança; quanto os atributos dos produtos, como estilo, acabamento, qualidade, confiabilidade. Giglio (2010) acrescenta que as alternativas de obtenção e de constituição do produto aparecem quando o consumidor ainda não tem uma demarcação clara das características do produto escolhido e do modo de aquisição (à vista ou a prazo). Nesses momentos, a compra se aproxima da etapa de classificação de alternativas, embora o consumidor já esteja decidido a que produto adquirir.
O valor de uma marca e sua imagem, por exemplo, são um grande atrativo para convencer o consumidor a tomar a decisão na hora da compra, pois o mesmo compreende e aceita que aquela marca tem um valor positivo diante de determinados grupos.
2.3.4 Quarto Estágio: Compra
O momento da compra se torna o mais importante na relação entre a empresa e o consumidor, onde o profissional pode adquirir informações valiosas sobre as expectativas do consumidor em relação a compras passadas e como se deu sua chegada até a empresa, proporcionando uma relação de confiança mútua e aumento da probabilidade da compra. Para Giglio (2010, p.143-144) "a compra é o momento de troca de valor, quando duas partes negociam a satisfação de suas expectativas. Esse ponto implica que a situação presente das duas partes é o fator que determina o modo de compra".
2.3.5 Quinto Estágio: Consumo
Após o momento da compra, o consumidor toma posse do produto ou bem escolhido e o consumo pode se realizar. O consumo pode ocorrer no ato da compra ou posteriormente, e a maneira como os produtos são usados interfere na satisfação dos consumidores em relação a compras futuras, pois a forma cuidadosa ou não de se manusear o bem pode determinar sua durabilidade. Schiffman e Kanuk (2009) destacam que o experimento da utilização de produtos e serviços, assim como a percepção de prazer decorrida de possuir, colecionar e consumir "coisas" e "experiências" contribui para a satisfação do consumidor e para a qualidade geral da vida. Esses resultados ou experimentos do consumo, por sua vez, afetam os processos de tomada de decisão do consumidor.
2.3.6 Sexto Estágio: Avaliação Pós-consumo
Depois de realizado o consumo, os consumidores geralmente avaliam suas decisões e experiências, caracterizando-as como satisfatórias ou insatisfatórias. A satisfação ocorre quando o consumidor percebe que suas expectativas sobre o produto ou serviço foram atendidas, caso haja alguma frustração, a insatisfação ocorre e, em decorrência disto, o consumidor guarda suas avaliações em mente, sejam elas favoráveis ou não, para utilizar em decisões futuras.
BlackWell, Miniard e Engel (2005) enfatizam que se o consumidor obtiver um alto grau de satisfação, as decisões seguintes de compra se tornarão muito mais simples e rápidas. No entanto, os consumidores que estão insatisfeitos com os bens e produtos que compram ou com as lojas e estabelecimentos nos quais realizam suas compras, estão prontos para adotar as táticas de mercado de competidores que prometem algo melhor. Ainda sob esse aspecto, Kotler e Keller (2006) afirmam que após a compra, se o consumidor perceber alguns aspectos preocupantes ou ouvir coisas favoráveis sobre outras marcas do mercado, o consumidor pode experimentar alguma dissonância cognitiva. Essa dissonância cognitiva é exatamente um arrependimento pós-compra, e quanto mais elevado o preço do bem, maior a dissonância cognitiva do consumidor, pois a perda ocorrida será maior.
Sob essa perspectiva, o consumidor deve agir como o principal responsável por seus atos de consumo. É importante manter o equilíbrio entre suas ações e a preservação com o meio ambiente, de modo que o consumidor permeie os seus atos de consumo com uma interrogação ética sobre os impactos coletivos que o seu ato individual gera na sociedade.
2.3.7 Sétimo Estágio: Descarte
O consumidor deve ser monitorado sobre o destino que oferece aos produtos que adquire no fim de vida útil, deve se conscientizar a utilizar e descartar de forma adequada. "Se os consumidores jogam o produto fora, os profissionais de marketing precisam saber como eles o fazem, principalmente se isso pode prejudicar o meio ambiente (é o que ocorre no caso das pilhas, embalagens de bebidas e fraldas descartáveis)." (KOTLER; KELLER, 2006, p. 197).
O consumidor pode utilizar de várias alternativas na destinação final de um produto, a depender da sua constituição: revenda, reciclagem, troca ou aproveitamento como forma de demonstrar sua real preocupação ambiental. O consumidor deve utilizar sua consciência frequentemente, pois os recursos naturais não são infinitos, sendo necessário que os mesmos tenham atitudes conscientes em seu dia a dia, de forma a não agravar a situação vigente. É necessário utilizar padrões de desenvolvimento eficazes que satisfaçam necessidades humanas prolongadas e com qualidade de vida, não fundamentalmente utilizando recursos naturais em excesso.
Desta forma, é imprescindível que o consumidor busque transformações positivas em suas formas de consumir, contribuindo para o alcance de um meio ambiente menos devastado pelas ações do próprio ser humano, apresentando melhores condições de vida para seus descendentes.
Diante do processo de tomada de decisão do consumidor, influenciado devido a vários fatores e situações de consumo, torna-se necessário refletir sobre o consumo consciente e seu desenvolvimento positivo diante da sociedade e do meio ambiente, em busca do consumo sustentável desejado, que será exposto a seguir.
2.4 Consumo Consciente
Para que haja o consumo consciente é necessário conscientização da sociedade, pois consumir é necessário e, dessa forma, devem-se reduzir os impactos negativos e aumentar os impactos positivos sobre a natureza. Para que ocorra um aumento de consciência de forma concreta, o consumidor deve ser bem informado e educado, passando a enxergar o ambiente em que vive como favorável ao consumo consciente. Essa contribuição ao meio ambiente beneficia a sociedade como um todo e deve partir de cada indivíduo, demonstrando solidariedade a fim de garantir a sustentabilidade, mantendo o equilíbrio entre nossas atitudes e a natureza.
Embora a produção do mercado consumidor esteja mais direcionada à classe média e alta, disponibilizando tais produtos constantemente para atender as necessidades desse segmento, caracterizando um consumo verticalizado, é necessário adotar uma gestão racional dos recursos naturais que beneficie a todas as classes sociais. No estado em que a degradação ambiental se encontra, é importante a prática de ações que visem reverter este quadro crítico nos dias de hoje.
O consumo consciente deve ir além de atos de consumo individuais, deve beneficiar a coletividade e tornar-se uma forma permanente de cidadania. É importante que os consumidores estejam sempre bem informados a respeito de produtos e serviços que adquirem como forma de manter um padrão ético em relação à natureza, optando por empresas que mantenham uma postura socialmente correta, onde as mesmas podem ser influenciadas a alcançar determinados objetivos de sustentabilidade socioambiental.
O consumidor consciente surge, de acordo com o Instituto Akatu (2003) com a importância de que os recursos naturais são finitos e de que a promoção ativa do Desenvolvimento Sustentável do planeta é indispensável à sobrevivência da condição humana no meio em que vive, e têm obrigado a humanidade a repensar o modo como se inclui com o mundo ao seu redor.
O consumo é o principal fator do reconhecimento da necessidade de transformação de pensamento do consumidor, pois o mesmo reconhece suas atitudes incorretas que provocam devastação da natureza, extinção de espécies animais, poluição do ar, desperdício de água, fontes de energia bem como de alimentos.
Atitudes conscientes praticadas por consumidores têm um grande poder de influência sobre outras pessoas, onde tais consumidores podem ser vistos como um modelo a ser seguido. Fileto (2009) mostra que frequentemente, os consumidores sofrem forte influência sobre o mercado, pois a partir do momento que os consumidores pressionam as empresas exigindo "produtos verdes", que são aqueles produtos que agridem proporcionalmente menos a natureza, as empresas passam a rever seus estilos de produção e a preparar este tipo de produto em larga escala.
Nesse processo, consumidor e cidadão se aproximam, e o grau de consciência desse novo indivíduo incorpora, em níveis diferenciados, as preocupações com a finitude dos recursos naturais, com as desigualdades sociais e com a sustentabilidade global. A visão de sua capacidade de intervenção na realidade também se transforma: pouco a pouco, resgata-se a força do coletivo e a importância do indivíduo para garantir direitos e deveres que tornem o consumo uma atividade menos descartável e predatória (INSTITUTO AKATU, 2003, p. 8).
Nesse sentido, o consumidor tem o desafio de pôr em prática atos e valores conscientes em seu dia a dia, exercendo sua plena cidadania e mobilizando outros consumidores e até mesmo instituições em prol de beneficiar o meio ambiente. O consumidor com alto grau de consciência tende a comprar exercendo um planejamento anterior, evitando desperdícios e respeitando a natureza. A sustentabilidade é uma atividade coletiva e de longo prazo e é importante a introdução do consumo consciente em cursos de Administração, tornando-se um grande passo para que estes futuros profissionais desenvolvam habilidades práticas e posturas favoráveis que influenciem diretamente a sociedade ao consumo sustentável.
A seguir serão apresentadas metodologias de avaliação do consumo consciente, desenvolvidas a fim de verificar o comportamento dos consumidores, em relação aos seus comportamentos de consumo identificados.
2.5 Metodologias de avaliação de consumo consciente
A seguir serão descritas algumas metodologias de avaliação de consumo, dentre elas: o Teste do Consumidor Consciente, do Instituto Akatu; a Pegada Ecológica, proposta pelo WWF Brasil e a Escala Original de Consumo Sustentável, proposta por Ribeiro e Veiga (2011), a utilizada na nesta pesquisa.
2.5.1 Teste do Consumidor Consciente – TCC
Em 2003, o Instituto Akatu promoveu a organização do Teste do Consumidor Consciente (TCC), um movimento pelo consumo consciente que engloba a identificação dos impactos pessoais e coletivos referentes às escolhas dos consumidores. Em relação ao consumo consciente, busca-se aumentar os efeitos positivos e diminuir os efeitos negativos que o consumo de bens e serviços gera para cada consumidor, para a sociedade e para o meio ambiente. O teste é constituído por um questionário com 13 perguntas, que facilitam a visualização do nível de consciência de cada consumidor e classifica-os em consumidores iniciantes, indiferentes, engajados e conscientes.
O Instituto Akatu busca difundir o consumo consciente através da sensibilização do consumidor, para que o mesmo reconheça suas decisões individuais ou coletivas, mostrando-o a importância para a sustentabilidade ambiental e sua relação com as empresas, de forma que suas atitudes de consumo não prezem por satisfação pessoal, mas pelo bem estar da coletividade.
O Teste do Consumidor Consciente foi aplicado em algumas comunidades, a fim de medir o nível de consciência dos consumidores, induzindo-os a repensar suas práticas de consumo e expandindo em sua consciência, a educação a respeito da mudança para comportamentos e hábitos saudáveis, movendo-os em direção ao consumo consciente. Um passo importante para o comportamento consciente é a adoção de uma consciência individual e coletiva acerca das decisões de consumo rumo á sustentabilidade. Através da metodologia desenvolvida, proporcionou-se ao consumidor o conhecimento dos conflitos de suas decisões e do agravamento dos impactos ambientais, ampliando todos os esforços para o alcance do objetivo deste movimento.
Foram desenvolvidas pelo Instituto Akatu várias pesquisas de embasamento dos instrumentos de avaliação, que servem como base para comparação do grau de consciência, buscando entender o comportamento dos consumidores e empresas envolvidas na obtenção da prática do consumo consciente.
2.5.2 Pegada Ecológica
Os especialistas William Rees e Mathis Wackernagel criaram, de acordo com o WWF-Brasil no início de 1990, a Pegada Ecológica, com o intuito de mensurar a crescente dimensão das marcas presentes no planeta deixadas pelos seres humanos. Posteriormente, no ano de 1996 esses cientistas publicaram o livro Pegada Ecológica, a fim de conscientizar as pessoas a reduzir os impactos provocados ao planeta Terra, demonstrando mundialmente a preocupação pela sustentabilidade.
O WWF se dedica às questões ambientais desde 1971, no mesmo ano em que iniciou suas atividades no Brasil, onde utiliza a Pegada Ecológica como forma de leitura e interpretação da realidade, para que possamos enxergar tanto problemas como desigualdade e injustiça, como traçar novos rumos para solucioná-los, mantendo um equilíbrio no uso dos recursos naturais, através da atitude de cada cidadão.
Segundo o WWF-Brasil, para calcular as pegadas foi preciso estudar os vários tipos de territórios produtivos (agrícola, pastagens, oceanos, florestas, áreas construídas) e diversas formas de consumo (alimentação, habitação, energia, bens e serviços, transporte e outros). As tecnologias usadas, os tamanhos das populações e outros dados, também entraram na conta. Cada tipo de consumo é convertido, por meio de tabelas específicas, em uma área medida em hectares. Além disso, é preciso incluir as áreas usadas para receber os detritos e resíduos gerados e reservar uma quantidade de terra e água para a própria natureza, ou seja, para os animais, as plantas e os ecossistemas onde vivem, garantindo a manutenção da biodiversidade. O WWF disponibiliza em seu site um questionário para o consumidor, a fim de medir a Pegada Ecológica, dispondo de 15 questões sobre consumo, hábitos, alimentos, moradia e transporte.
A Pegada de um país, cidade ou pessoa é traduzida em hectares (há), correspondendo ao tamanho que uma pessoa ou sociedade utiliza para sobreviver. As sociedades altamente industrializadas utilizam mais espaços do que os consumidores de uma sociedade menos industrializada, e em decorrência disto suas pegadas são maiores, pois atingem locais mais distantes, causando exploração e impactos sobre os recursos naturais.
Para o WWF-Brasil, para assegurar a existência das condições favoráveis à vida precisamos viver de acordo com a "capacidade" do planeta, ou seja, de acordo com o que a Terra pode fornecer e não com o que gostaríamos que ela fornecesse. Avaliar até que ponto o nosso impacto já ultrapassou o limite é essencial, pois só assim poderemos saber se vivemos de forma sustentável.
2.5.3 Escala Original de Consumo Sustentável
A metodologia de avaliação de consumo, denominada "Escala Original de Consumo Sustentável", busca averiguar a relação entre personalidade e consumo sustentável, a qual obteve como base um levantamento realizado em 2009 com 512 alunos de graduação. O embasamento da construção dessa escala foi obtido a partir do estudo de outras escalas sobre consumo consciente, elaboradas por estudiosos do marketing e comportamento do consumidor, bem como leituras realizadas sobre o tema e definições propostas pelos autores desta escala.
Os autores desta escala, Ribeiro e Veiga (2011) afirmam que estabeleceu-se nesta pesquisa a seguinte definição: o consumo consciente envolve a busca por produtos e serviços ecologicamente corretos, a economia de recursos como água e energia, a utilização cuidadosa de materiais e equipamentos até o fim de sua vida útil, a reutilização sempre que possível e a correta destinação de materiais para reciclagem no fim do ciclo de vida dos produtos.
A metodologia desenvolvida para a aplicação desta escala foi baseada nos trabalhos propostos por Netemeyer, Bearden e Sharma (2003), Hairet al. (1995) e Harrington (2009), que são descritos em quatro etapas: 1) definição de construto e domínio de conteúdo, 2) geração e julgamento de itens de mensuração, 3) projeto da escala e realização de estudos para desenvolvê-la e refiná-la e 4) finalização da escala.
Ribeiro e Veiga (2011) demonstram que o consumo consciente é conceitualmente arquitetado como a consciência ecológica na compra de produtos e serviços, o não desperdício de recursos, o empenho em reciclagem de materiais e produtos e a propensão para um estilo de vida menos consumista, pode ser operacionalizado por meio de uma escala com 21 itens, composta por quatro dimensões. Na sequência, apresenta-se um quadro que demonstra as características destas quatro dimensões, a descrição de cada uma delas e as variáveis que englobam:
Quadro 1- Escala Original de Consumo Sustentável (adaptada)
DIMENSÕES |
VARIÁVEIS |
Consciência Ecológica: Retrata a fase de aquisição, indicando a preferência dos consumidores por produtos e serviços ecologicamente corretos. |
|
Economia de Recursos: Retrata a fase de uso, destacando o não desperdício de água e energia elétrica. Essa categoria também reflete uma das bases da sustentabilidade, na medida em que trata de aspectos diretamente envolvidos com a redução do desperdício. |
|
Reciclagem: Retrata a fase de descarte, lembrando o cuidado com o meio ambiente no fim do ciclo de vida dos produtos. |
|
Frugalidade: Pode ser considerada uma categoria híbrida dessa escala, na medida em que se refere à compra de produtos usados e à preocupação em reutilizar os produtos sempre que possível. |
|
Fonte: Ribeiro e Veiga (2011)
A consciência ecológica demonstra a fase de obtenção, onde se verifica a preferência dos consumidores por bens e serviços ecologicamente corretos; economia de recursos representa a fase de utilização, priorizando o não desperdício de energia elétrica e água, a fim de evitar o desperdício; a reciclagem demonstra a fase de descarte dos produtos e a preocupação com o meio ambiente e, por fim, a frugalidade, que evidencia a compra de produtos usados e a reutilização dos mesmos, favorecendo uma vida mais simples e menos consumista.
O desenvolvimento desta escala permite a compreensão de questões que envolvem a relação entre o perfil de personalidade do consumidor e o consumo sustentável, contribuindo para entusiasmar o comportamento das pessoas a agir de forma a preservar o meio ambiente. A Escala Original de Consumo Sustentável será utilizada como suporte neste trabalho, a fim de proporcionar uma melhor identificação do comportamento do consumidor sobre a adoção de um consumo consciente.
Nesta seção foi abordado inicialmente um breve contexto histórico sobre as relações de produção e consumo, a fim de esclarecer sobre a continuidade em relação aos problemas ambientais. Em seguida foram tratados sobre o Desenvolvimento Sustentável, as questões ambientais e o papel do consumo neste contexto e sobre o comportamento do consumidor diante de situações de consumo, descrevendo as etapas do processo de compra realizadas pelo consumidor. Posteriormente, foi discutido sobre o consumo consciente e sua importância ao meio ambiente e, por fim, foram apresentadas metodologias de avaliação de consumo utilizadas no auxílio à identificação de práticas de consumo consciente.
Capítulo III
No presente Capítulo, são apresentados os procedimentos metodológicos utilizados para a realização desta pesquisa, a saber: são definidos a estratégia para a condução da pesquisa, os métodos de procedimentos, o universo da pesquisa e a amostra da pesquisa, instrumento de coleta de dados, e a forma de tratamento e análise dos dados.
3.1 Estratégia para a Condução da Pesquisa
Esta pesquisa se caracteriza como um Levantamento, com abordagem quantitativa. Segundo Malhotra (2006), "o método de levantamento envolve um questionário estruturado que os entrevistados devem responder e que foi feito para elucidar informações específicas". Dessa forma, pôde-se colher as informações sobre os alunos pesquisados, a fim de investigar o comportamento dos mesmos em relação ao meio ambiente.
O desenvolvimento desta pesquisa foi feito com o objetivo de proporcionar um melhor entendimento sobre o comportamento dos alunos de Administração da UFCG, enquanto consumidores, das suas práticas de consumo diante das questões ambientais.
3.2 Métodos de Procedimentos
Esta pesquisa, quanto aos fins, se classifica como descritiva. Segundo Cervo, Bervian e Silva (2007) a pesquisa descritiva tem como finalidade observar, registrar, analisar e relacionar acontecimentos ou eventos sem influenciá-los, buscando entender com maior exatidão, a intensidade com que um acontecimento ocorre, bem como sua afinidade com outros eventos e suas semelhanças. Portanto, neste estudo, por tratar-se de um levantamento, a finalidade principal foi a de descrever as práticas de consumo utilizadas habitualmente pelos alunos a partir de uma perspectiva de consumo consciente, com base na Escala Original de Consumo Sustentável, proposta por Ribeiro e Veiga (2011).
3.3 Universo da Pesquisa
A determinação do universo da pesquisa consiste em especificar que pessoas, fenômenos e objetos serão pesquisados, descrevendo suas características comuns, e a amostra é uma porção ou parcela extraída do universo, ou seja, da população (MARCONI; LAKATOS, 2010). A população analisada neste estudo são os alunos do curso de Administração da Universidade Federal de Campina Grande nos turnos diurno e noturno, totalizando uma quantidade de 516 alunos matriculados do curso, sendo 332 alunos do turno diurno e 184 do turno noturno.
3.4 Amostra da Pesquisa
Segundo Malhotra (2006) a amostra é "um subgrupo dos elementos de uma população ou de objetos de estudo". A amostra utilizada nesta pesquisa foi não probabilística, por acessibilidade.
Devido à grande quantidade de alunos do curso de Administração da Universidade Federal de Campina Grande, o que tornaria o estudo deste trabalho muito extensivo, foi definida uma amostra a fim de facilitar a continuidade da pesquisa para a representação do público alvo. A pesquisa foi aplicada a 118 estudantes do curso de Administração, que foram convidados por acessibilidade a responder ao questionário da pesquisa.
As informações extraídas foram suficientes para servir de embasamento ao alcance dos objetivos deste estudo, onde a amostragem foi considerada significativa em relação ao total de alunos do curso de Administração da Universidade Federal de Campina Grande.
Dos alunos entrevistados, 68,64% eram do turno diurno, totalizando 81 alunos, e 31,36% eram do turno noturno, totalizando 37 alunos. A distribuição destes alunos por turno matriculado é mostrada na Tabela 1.
Tabela 1- Turno
TURNO |
N |
% |
DIURNO |
81 |
68,64 |
NOTURNO |
37 |
31,36 |
TOTAL |
118 |
100% |
Fonte: Pesquisa de Campo (2012)
Quanto aos períodos em que estavam matriculados, 8,47% cursavam o primeiro período, 6,78% cursavam o segundo período, 2,54% o terceiro período, 5,08% o quarto período, 11,86% o quinto período, 17,80% o sexto período, 22,88% o sétimo período, 10,17% o oitavo período, 7,63% o nono período, 5,93% o décimo período e, 0,85% o décimo primeiro período em relação à amostra total.
3.5 Instrumento de Coleta de Dados
A coleta de dados foi realizada por meio da aplicação de questionários, composto por 31 questões, das quais 10 buscaram identificar o perfil sócio-demográfico de cada pesquisado e, 21 questões referentes ao comportamento do consumidor sobre o consumo consciente, que foram elaboradas a partir da Escala Original de Consumo Sustentável, proposta por Ribeiro e Veiga (2011). As variáveis utilizadas foram apresentadas no Quadro 1, na seção II deste trabalho.
A segunda parte do questionário que tratava do comportamento de consumo dos investigados apresentava enunciados que foram respondidos numa escala do tipo Likert de 1 a 5, conforme Quadro 2, onde a resposta a cada enunciado foi considerada favorável quando o entrevistado respondeu 'constantemente' ou 'sempre', neutra, nos casos em que a resposta foi 'indiferente', e desfavorável, quando a resposta foi 'nunca' ou 'raramente'.
Quadro 2- Escala de Likert utilizada na realização da pesquisa
Escala de Likert |
Significado |
Classificação das Respostas |
|
(1) |
Nunca |
Desfavorável ao enunciado |
|
(2) |
Raramente |
Desfavorável ao enunciado |
|
(3) |
Indiferente |
Neutra |
|
(4) |
Constantemente |
Favorável ao enunciado |
|
(5) |
Sempre |
Favorável ao enunciado |
Fonte: Pesquisa de Campo (2012)
3.6 Tratamento e Análise dos Dados
Na primeira parte os dados foram analisados em termos percentuais para caracterizar o perfil sociodemográfico dos alunos investigados, a partir da obtenção das respostas dos consumidores nos questionários. Avaliaram-se o perfil sócio-demográfico e o perfil de consumo diante dos resultados verificados por meio de planilhas preenchidas no software Microsoft Excel 2007. Posteriormente, foram criadas tabelas para sua demonstração.
Na segunda parte, a análise realizada ocorreu a partir do uso de estatística descritiva, por meio de procedimentos numéricos, utilizando medidas centrais e de dispersão, onde no tratamento da escala Likert incidiu no cálculo da média ponderada para cada item de cada dimensão e medidas de dispersão das respostas dos entrevistados em torno da média, utilizando-se o coeficiente de variação (CV) para verificar o nível de homogeneidade das respostas.
Capítulo IV
Este capítulo apresenta os resultados obtidos na realização da pesquisa. Na primeira parte faz-se uma caracterização do perfil sociodemográfico dos alunos investigados e, na segunda parte, a caracterização do seu perfil de consumo consciente.
4.1 Perfil Sócio-Demográfico
A pesquisa obteve o intuito inicial de verificar o perfil sócio-demográfico dos consumidores entrevistados, como forma de constatar suas características sociais e demográficas. As variáveis analisadas foram: gênero, faixa etária, número de pessoas e de cômodos na residência, posse de automóvel, número de automóveis por residência, renda familiar e quantidade de eletrodomésticos por residência.
4.1.1 Gênero
A primeira variável investigada foi o gênero dos respondentes, cujos dados são apresentados na Tabela 2.
Tabela 2- Gênero
GÊNERO |
N |
% |
MASCULINO |
55 |
46,61 |
FEMININO |
63 |
53,39 |
TOTAL |
118 |
100% |
Fonte: Pesquisa de Campo (2012)
Os dados mostram que 46,61% dos alunos respondentes eram do gênero masculino e 53,39% do gênero feminino.
4.1.2 Faixa Etária
A segunda variável investigada foi quanto à faixa etária dos respondentes, cujos dados são apresentados na Tabela 3.
Tabela 3- Faixa Etária
FAIXA ETÁRIA |
N |
% |
ATÉ 17 ANOS |
3 |
2,54 |
18 A 24 ANOS |
96 |
81,36 |
25 A 50 ANOS |
19 |
16,1 |
ACIMA 50 ANOS |
0 |
0 |
TOTAL |
118 |
100% |
Fonte: Pesquisa de Campo (2012)
Observa-se que a minoria dos respondentes possuía até os 17 anos de idade representando 2,54% dos investigados, já a maioria se encontrava na faixa etária de 18 a 24 anos, representando 81,36%, a faixa etária acima de 25 anos obteve 16,10% das respostas. Estes dados demonstram que o público investigado é bem jovem, o que é característico de alunos de graduação que constituem a população investigada.
4.1.3 Quantas pessoas moram em sua residência
Foi levantada a quantidade de pessoas que residem com os investigados. Os resultados obtidos são demonstrados na Tabela 4.
Tabela 4- Número de pessoas na residência
Nº PESSOAS NA RESIDÊNCIA |
N |
% |
MORO SOZINHO |
7 |
5,93 |
2 |
17 |
14,41 |
3 |
28 |
23,73 |
4 |
37 |
31,36 |
5 OU MAIS |
29 |
24,57 |
TOTAL |
118 |
100% |
Fonte: Pesquisa de Campo (2012)
De acordo com a coleta de dados realizada, foi observado que a maioria dos alunos entrevistados possui 4 pessoas morando na mesma residência, o que representou 31,36% do total da amostra. Do restante, 5,93% representa os alunos que moram sozinhos, 14,41% possuem 2 pessoas na residência, 23,73% possuem 3 pessoas na mesma residência e, 24,57% possuem 5 pessoas ou mais na mesma residência.
4.1.4 Número de cômodos nas residências
Foi levantado o número de cômodos na residência de cada respondente. Os resultados obtidos são demonstrados na Tabela 5.
Tabela 5- Número de cômodos nas residências
Nº COMODOS NAS RESIDÊNCIAS |
N |
% |
3 A 6 |
48 |
40,68 |
7 A 9 |
40 |
33,9 |
10 OU MAIS |
30 |
25,42 |
TOTAL |
118 |
100% |
Fonte: Pesquisa de Campo (2012)
Em relação ao número de cômodos na residência de cada entrevistado, verificou-se que a maioria, representada por 40,68%, possui de 3 a 6 cômodos em suas casas; 33,9% possuem de 7 a 9 cômodos e, 25,42% possuem 10 ou mais cômodos em suas residências. Esses dados demonstram que a maioria dos investigados reside em casas de tamanho pequeno a médio.
4.1.5 Posse de automóvel
Foi feito um levantamento se os alunos possuíam ou não automóveis. O resultado obtido é verificado na Tabela 6.
Tabela 6- Posse de automóvel
POSSUI AUTOMÓVEL |
N |
% |
SIM |
56 |
47,46 |
NAO |
62 |
52,54 |
TOTAL |
118 |
100% |
Fonte: Pesquisa de Campo (2012)
Em relação à posse de automóvel dos estudantes entrevistados, 47,46% afirmaram que possuem automóvel e 52,54% dos entrevistados revelaram que não possuem. O percentual analisado mostra a maioria não possui automóvel, e que há uma pequena diferença entre os alunos que possuem veículo e os que não possuem. Isto pode estar relacionado ao fato de os estudantes ainda estarem em processo de formação profissional e não possuir renda para adquirir veículo automotor.
4.1.6 Renda familiar (por salário mínimo)
Foi investigado sobre a renda familiar de cada respondente, por salário mínimo, cujos dados são apresentados na Tabela 7.
Tabela 7- Renda familiar
RENDA FAMILIAR |
N |
% |
ATÉ 3 SALÁRIOS |
26 |
22,03 |
DE 4 A 7 |
50 |
42,37 |
DE 8 A 10 |
21 |
17,8 |
SUPERIOR A 10 |
21 |
17,8 |
TOTAL |
118 |
100% |
Fonte: Pesquisa de Campo (2012)
Os dados obtidos mostram que a maioria dos entrevistados possui uma renda familiar de 4 a 7 salários mínimos, representando 42,37% da amostra. Em seguida, 22,03% dos consumidores possuem uma renda familiar de até 3 salários mínimos; 17,80% possuem renda familiar de 8 a 10 salários mínimos e, também, 17,80% possuem uma renda superior a 10 salários mínimos. Esses dados revelam que a maioria investigada se caracteriza como família de classe média, o que demonstra que há certo nível de poder de compra e consumo entre eles.
4.1.7 Eletrodomésticos na residência (quantidade)
Buscou-se identificar também a quantidade de eletrodomésticos na residência dos entrevistados, com o intuito de fazer uma breve caracterização do seu consumo de energia, que está demonstrado na Tabela 8.
Tabela 8- Eletrodomésticos na sua residência (quantidade)
ELETRODOMÉSTICO |
QUANTIDADE |
PERCENTUAL |
DUCHA A. QUENTE |
N |
% |
0 |
40 |
33,9 |
1 |
32 |
27,12 |
2 OU MAIS |
46 |
38,98 |
TOTAL |
118 |
100% |
MICRO-ONDAS |
N |
% |
0 |
27 |
22,88 |
1 |
91 |
77,12 |
2 OU MAIS |
0 |
0 |
TOTAL |
118 |
100% |
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