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Para um melhor entendimento sobre os objetivos da avaliação no processo educacional, faz-se necessário o conhecimento de diversas concepções de avaliação definidas por alguns teóricos dessa área de estudo.
Para Tyler, "O processo de avaliação consiste essencialmente em determinar em que medida os objetivos educacionais estão realmente sendo alcançados no programa de currículo e de ensino." (1974).
Tyler enfatiza que a avaliação se processa em função dos objetivos previstos, tanto no que se refere ao processo educacional como um todo, quanto em termos da aprendizagem do aluno, num processo simultâneo.
Bloom, Hasting e Madaus (1983) numa obra que se tornou clássica sobre o assunto destacam: A avaliação é um método de coleta e processamento dos dados necessários à melhoria da aprendizagem e do ensino. Os autores apresentam a avaliação como um meio para aperfeiçoar o processo ensino-aprendizagem em consonância com os seus objetivos previamente previstos.
Para tanto o grande entrave da avaliação é o seu uso como instrumento de controle e inculcação ideológica, por isso hoje ela deve assumir novas posturas a fim de minimizar essas distorções. A esse respeito numa ótica mais critica, Luckesi (1978) concebe a avaliação com um "juízo de valor sobre os dados relevantes da realidade, tendo em vista uma tomada de decisão".
Hoffman amplia ainda mais a idéia, a avaliação é a reflexão transformada em ação. Ação essa que nos impulsiona a novas reflexões. Reflexão permanente do educador sobre sua realidade, e acompanhamento, passo a passo do educando na sua trajetória de construção do conhecimento. (1992)
De acordo com a autora avaliar é muito mais do que dar notas, é um processo interativo, onde educador e educandos aprendem sobre si em comunhão dialógica.
Neste sentido pode-se constatar que a avaliação é um recurso precioso que poderá servir como subsídio para uma prática docente eficiente. Para tanto, essa atividade exige o conhecimento da real importância da avaliação no contexto escolar como já foi frisado anteriormente. Sendo um dos aspectos mais controvertidos da prática pedagógica, ele se constitui num jogo heterogêneo de compreensão de significados.
Isto nos leva a crer que a formação do professor é fator preponderante nesse aspecto levantado. A falta de embasamento teórico quanto à filosofia da educação reflete seriamente na prática avaliativa e conseqüentemente no ensino-aprendizagem.
Haja visto que os conceitos teóricos sobre avaliação trazem em seu bojo uma postura filosófica adotada e contextualizada num dado momento histórico-político e pedagógico da educação brasileira.
Apesar da abertura para reflexões e críticas sobre avaliação, ainda persiste uma grande distância entre a teoria e a prática avaliativa realizada nas escolas.
A avaliação que hoje deveria ser considerada como um instrumento de redirecionamento da prática pedagógica, ainda é usada como classificatória, seletiva e quantitativa na sua essência, prejudicando assim, o bom andamento do processo ensino-aprendizagem.
Ao observar a prática de avaliação da escola em questão especificamente na modalidade da Educação de Jovens e Adultos, foi possível perceber que esta, tem se direcionado a pedagogia tradicional, uma proposta centrada no professor, onde o aluno é o receptor passivo de informações/conhecimentos cuja interação professor/aluno baseia-se na maioria das vezes numa relação autoritária. No tocante a avaliação, se caracteriza na valorização dos aspectos cognitivos com ênfase na memorização onde as provas escritas e trabalhos são utilizados para classificação do aluno em superior e inferior numa escala quantitativa, causando com isso um alto índice de abandono e reprovação.
Tudo isso é fato e é muito preocupante, sabemos que a avaliação na verdade é um processo através do qual analisamos dados, formamos juízos, tomamos decisões que levará a melhoria do processo de ensino e aprendizagem.
É necessário repensar a Educação de Jovens e Adultos da Escola Estadual José de Alencar, implantar uma proposta alternativa e inovadora de avaliação fundamentada nos pressupostos da perspectiva histórico-cultural, para romper com a pedagogia tradicional ora aplicada na referida escola.
Ter maior qualidade educativa significa reorientar o processo educativo, de tal forma que professor e aluno interajam seus saberes diferentes sobre o mundo e, ao mesmo tempo, através deste processo dialético, realizem o ensino-aprendizagem mediante o domínio da cultura geral e da ciência acessível à escola. Salientamos que o jovem e o adulto não escolarizados em geral são pessoas desvalorizadas socialmente, que alimentam um sentimento de inferioridade e de insegurança, havendo, então, a necessidade dos educadores, numa ação conjunta, proporcionarem um ambiente onde possa ser resgatada a sua credibilidade e autoconfiança para que a aprendizagem se processe.
Neste sentido é necessário refletir como vem sendo desenvolvida a prática avaliativa, os métodos adotados, bem como, desenvolver projetos pedagógicos adequados à realidade desta clientela, realizar trabalho de formação continuada com os professores que atuam nesta modalidade, para que estes possam desenvolver um trabalho de qualidade e consigam adotar métodos de avaliação adequados, considerando as características, interesses, condições de vida e de trabalho dos alunos.
Neste aspecto, Gadotti afirma "que esta população chega à escola com um saber próprio, elaborado a partir de suas relações sociais e dos seus mecanismos de sobrevivência." (2001, p. 121).
Desse modo é preciso considerar a realidade existente, sendo que ainda Gadotti enfatiza, "O contexto cultural do aluno trabalhador deve ser a ponte entre o seu saber, e o que a escola pode proporcionar, evitando, assim, o desinteresse, os conflitos e a expectativa de fracasso que acabam proporcionando um alto índice de evasão" (2001, p. 121).
Portanto nos resta firmar quanto à importância da avaliação da aprendizagem em todos os níveis de ensino e modalidade como um processo pelo qual se procura identificar, comparar, investigar e analisar as transformações do comportamento e rendimento do aluno, confirmando se a construção do conhecimento se processou, seja este teórico ou prático.
Ao término deste estudo foi possível compreender a relevância da avaliação no cotidiano da sala de aula; A avaliação é parte da prática educativa. Há que se refletir sobre as formas, instrumentos de avaliação e critérios que se utiliza.
Foi observada a prática de avaliação desenvolvida na Escola Estadual José de Alencar, na modalidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA), buscando revisar e renovar algumas questões importantes sobre a prática de avaliação hoje aplicada.
Propõe-se neste sentido, a ruptura do modelo tradicional de avaliação, de concepção classificatória e se analise a concepção avaliativa formativa, fundamentada na perspectiva histórico-cultural que tem como foco a aprendizagem.
Nossa proposta é: Que o profissional que atua na EJA faça uma reflexão sobre seu fazer pedagógico, seja criativo, comprometido, utilize metodologias ativas, grupais, dialogadas e reflexivas; O processo de avaliação seja encarado com responsabilidade, seriedade, compromisso, competência técnica, humana, social e ética; A avaliação necessita ter funções instrutivas, educativas, diagnósticas, processual e contínua; A avaliação deve diagnosticar se o conteúdo ensinado foi compreendido de forma significativa, crítica, reflexiva, analítica e comparativa e não meramente decorativa. É importante avaliarmos, além dos conteúdos, os valores e expressões desenvolvidas no processo; A avaliação deve ser de forma quantitativa e qualitativa, aplicada de várias formas, adotando-se diferentes instrumentos e critérios;
Que os relatos deste trabalho possam contribuir para a prática avaliativa da escola investigada e também possa ser questionado entre os profissionais atuantes da EJA, para que se compreenda o verdadeiro sentido de avaliar, seus fundamentos, seus instrumentos e ainda mais seus critérios.
BLOOM, Benjamim; HASTINGS, Thomas; e MADAUS, George. Manual de Avaliação Formativa e Somativa do Aprendizado Escola.São Paulo, Pioneira, 1983.
GADOTTI, Moacir; ROMAO, José E. (orgs.) Autonomia da Escola: princípios propostas. São Paulo: Cortez, 2001.
HOFFMAN, Jussara. Avaliação Mediadora: Uma prática em construção da pré-escola à universidade.Porto Alegre.Educação e Realidade, 1993.
LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da Aprendizagem Escolar. São Paulo, Cortez, 1988.
TYLER, Ralp. Princípios básicos de Currículo de ensino. Porto Alegre, Globo, 1974.
MENDEL, Cássia Ravena Mulin de Assis. A Avaliação da Aprendizagem nos dias de Hoje. Artigo Publicado no Site http://sitededicas.ne10.uol.com.br/Acesso dia 03/07/2014.
Brasil: LDBEN: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/ 1996.
Autores:
Iraci De Andrade Mello
andrademelloamorim[arroba]hotmail.com
Nascida: Santa Inês-MA; É Professora e atua como Assessora Técnica na Secretaria de Educação do Estado de Roraima.
Mestranda da Universidade de Matanzas "Camilo Cienfuego" UMCC-CUBA
Autora do artigo; Como avaliar a aprendizagem do aluno: avanços e desafios, publicado 7mo Congresso Internacional de Educación Superior-UNIVERSIDAD 2010, Havana-Cuba.
Co-autora do artigo: Como avaliar o desenho curricular: uma abordagem epistemológica, publicado 7mo Congresso Internacional de Educación Superior-UNIVERSIDAD 2010, Havana – Cuba
Autora do Trabalho: Búsqueda de superación del modelo tradicional en la gestión de la escuela estadual José de Alencar en Rorainópolis en la fecha 23 de julio de 2014 en:
https://www.monografias.com/trabajos101/busqueda-superacion-del-modelo-tradicional-gestion/busqueda-superacion-del-modelo-tradicional-gestion.shtml.
Wilson Roberto Moreira Amorim
wilsonaltoalegre58[arroba]gmail.com
Nascido: Apucarana- MT; É Professor e atua como Secretário Municipal de Cultura, da Prefeitura Municipal de Alto Alegre em Roraima.
Mestrando da Universidade de Matanzas "Camilo Cienfuego" UMCC-CUBA
Autor do artigo: Como avaliar o desenho curricular: uma abordagem epistemológica, publicado 7mo Congresso Internacional de Educación Superior-UNIVERSIDAD 2010, Havana – Cuba.
Co-autor do artigo; Como avaliar a aprendizagem do aluno: avanços e desafios, publicado 7mo Congresso Internacional de Educación Superior-UNIVERSIDAD 2010, Havana-Cuba.
Rorainópolis-Roraima-Brasil
01 de Agosto de 2014
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