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Naturalmente, os contrastes entre terra e mar são tanto mais acentuados consoante as grandes massas continentais são vizinhas com as vastas extensões oceânicas.
b. Factores intervenientes à escala regional e local
(1) As Dissimetrias Oeste-Este
Atrás encaramos o contraste global que opõe as terras e os mares. Mas é certo que para um mesmo continente, ou para um mesmo oceano, as temperaturas do lado oeste são muito diferentes das que se fazem notar no lado este, de maneira que, diferenças térmicas importantes existem ao longo dos paralelos.
O meio mais simples de observar estas dissimetrias é comparando os valores de estações situadas à mesma latitude. Assim dum lado e do outro do Atlântico, é fácil de por em evidência o desvio que separa as costas da América do Norte das da Europa ocidental. Sendo a diferença mais pronunciada no Inverno.
Duma maneira geral, as costas ocidentais dos continentes (ou orientais dos oceanos) são favorecidas pela sua temperatura anormalmente elevada às altas latitudes. Nas regiões tropicais, a dissimetria faz-se no sentido inverso, desfavorecendo desta vez as partes orientais dos oceanos (costas ocidentais dos continentes).
Na realidade, há no sentido meridiano uma igualdade das temperaturas nos bordos orientais dos oceanos, que se materializa por um afastamento das isotérmicas. A uniformidade é particularmente visível na costa pacífica da América do Sul. Este dispositivo está relacionado com a distribuição das correntes marinhas quentes e frias, correntes que dependem elas mesmas da circulação atmosférica. A proximidade do mar, sobretudo no Inverno com uma corrente quente, pode ser um factor preponderante no sentido de movimentar em latitude a repartição das temperaturas. Na Europa ocidental, por exemplo, as isotérmicas de Janeiro dispõem-se do norte ao sul, sublinhando claramente pelo seu traçado a influência exercida pela corrente do Golfo.
(2) O Relevo
A altitude é o principal factor neste aspecto. As altitudes do globo escalonam-se entre 8 880 m (Everest) e -392 m (Mar Morto), com um gradiente médio de 0,6 ºC por 100 m, o desvio teórico das temperaturas médias anuais devidas ao relevo seria de 56 ºC, desvio superior aquele devido à latitude. Isto explica que, mesmo à escala de um continente, a carta das isotérmicas verdadeiras seja em grande parte homóloga da carta hipsométrica.
À primeira vista, a diminuição da temperatura do ar pode parecer paradoxal, pois a radiação solar aumenta com a altitude, mas a rarefacção do ar tem naturalmente como efeito reduzir bastante o poder de absorção das radiações solares pela atmosfera. Por outro lado, a partir de um certo nível a humidade tende a diminuir nos cumes.
A exposição das vertentes aos raios solares repercute-se evidentemente nas temperaturas e fazem dos climas de montanha, sobretudo nas zonas temperadas, entre 35 e 70º, uma miscelânea complicada. Por exemplo, nos Alpes, à mesma altitude, as vertentes frias de exposição a norte opõem-se as vertentes soalheiras e cultivadas voltadas para sul.
A estes contrastes de exposição ajunta-se a influência exercida pelas configurações topográficas. De forma que, quando o tempo não está muito perturbado, os cimos e as cristas das montanhas participam bastante mais nas condições climáticas do ar livre do que os planaltos e sobretudo as bacias intra-montanhosas largamente influenciadas pela radiação terrestre. No primeiro caso os contrastes térmicos são atenuados, no segundo exagerados.
a. Variação diurna da temperatura
Esta variação pode ser negligenciada nas altas latitudes, mas o mesmo já não se passa nas zonas temperadas em que são bastante sensíveis, sobretudo no verão, pois nesta estação a nebulosidade é mais fraca e os desvios de incidência dos raios solares entre o nascer do sol e o meio-dia são mais marcados. Tendo em conta o balanço radioactivo momentâneo (energia solar incidente / radiação terrestre), o máximo térmico deve situar-se normalmente depois da passagem do Sol no meridiano do lugar, ou seja por volta do meio-dia. Quanto ao mínimo ocorre normalmente ao nascer do sol.
Se a amplitude diurna varia segundo as estações, depende também numa boa parte da continentalidade. O factor essencial é, contudo, a latitude.
Contrariamente às variações sazonais, as variações diurnas aumentam nas baixas latitudes, ao ponto de provocar a oscilação térmica fundamental nos climas da zona intertropical. Nas baixas latitudes, com efeito, a duração do dia não é muito diferente da duração da noite, de maneira que os balanços térmicos são contrastados durante todo o ano. Situação análoga à que se passa durante a primavera na nossa latitude, ocorrendo nesta estação as maiores amplitudes térmicas diurnas.
Naturalmente que a nebulosidade intervém também nas regiões intertropicais para reduzir um pouco as variações diurnas da zona equatorial, de tal forma que os valores máximos à superfície do globo observam-se mais longe perto dos trópicos e no interior dos continentes.
b. Variação anual da temperatura: regimes térmicos nas médias e altas latitudes e nas latitudes tropicais
Os regimes térmicos estacionais estão mais ou menos estreitamente solidários com as variações da radiação solar ao longo do ano.
Nas altas e médias latitudes, a curva das temperaturas médias mensais apresenta, não só uma oscilação marcada, mas geralmente um aspecto simples quase simétrico, com um máximo (Julho no nosso hemisfério) no solstício de verão, um mínimo (Janeiro) ligeiramente afastado do solstício de Inverno. Contudo há duas excepções: Primeiro, os regimes oceânicos que, na sua curva mais achatada (amplitude fraca), mostra um atraso sensível nos solstícios: no hemisfério norte por exemplo, Agosto é muitas vezes o mês mais quente e Fevereiro o mês mais frio; Segundo, os regimes das altas latitudes, na vizinhança do pólo, com efeito, a noite polar estende-se por vários meses e traduz-se por um longo Inverno.
Na zona intertropical, os contrastes estacionais são atenuados, mas a curva das temperaturas médias mensais não é tão simplificada, pois é tributária da dupla passagem do sol no zénite. As oscilações sazonais estão apenas marcadas nas regiões equatoriais, marcando um duplo máximo correspondendo aos equinócios.
À medida que se afasta do equador para atingir as latitudes um pouco mais elevadas, nota-se um acréscimo das variações estacionais e uma aproximação dos dois máximos, o segundo mais fraco que o primeiro e um pouco mais atrasado em relação à passagem do sol na vertical do lugar. Nos trópicos, o sol só passa uma única vez no zénite durante o ano e a curva das temperaturas retoma a forma simples que tinha nas zonas extratropicais. Ao perfil «em dorso de camelo» passa-se ao perfil «em dorso de dromedário».
As curvas das regiões intertropicais são raramente simétricas: apresentam irregularidades que se relacionam com a existência de períodos pluviosos, pois abundantes chuvas são capazes de fazer baixar a temperatura.
c. Variação espacial das amplitudes térmicas anuais
Tem-se tendência a considerar a variação da temperatura entre o Inverno e o verão como o elemento principal, mas a sua importância varia segundo os lugares. Pode-se exprimir globalmente por amplitude térmica anual, ou seja a diferença algébrica entre o valor de temperatura do mês mais quente e a do mês mais frio.
A amplitude térmica anual é muito fraca na zona equatorial, aumentando com a latitude, pois a desigualdade entre os dias e as noites segundo as estações e as variações sazonais da radiação solar aumentam no sentido dos pólos.
Quanto à continentalidade, as regiões mais próximas do oceano e especialmente as partes quentes dos oceanos têm uma amplitude anual inferior à do interior dos continentes e ainda das fachadas por onde passam correntes frias.
Combinando a influência da latitude com a continentalidade, resulta que, as maiores variações estacionais (mais de 50 ºC) localizam-se nas regiões mais continentais das altas latitudes do hemisfério norte: NW do Canadá, Alaska interior e sobretudo NE da Sibéria. Ao contrário, os valores mais fracos (inferiores a 6 ºC) formam uma grande banda zonal sobre o equador.
ESTIENNE, P. e GODARD, A. (1970) - Climatologie. Colin, Paris.
VIERS, G. (1968) - Elements de Climatologie. F. Nathan, Paris.
Dados do Autor:
José Alberto Afonso Alexandre
jaaalexandre[arroba]hotmail.com
Mestre em Inovação e Políticas de Desenvolvimento (Universidade de Aveiro)
Licenciado em Geografia (Universidade de Coimbra)
Publicação em «monografias.com» de:
«O planeamento estratégico como instrumento de desenvolvimento de cidades de média dimensão», (https://www.monografias.com/pt/trabalhos/planeamento-cidades/planeamento-cidades.shtml);
«Rumo à sustentabilidade: o planeamento urbano participativo», (https://www.monografias.com/pt/trabalhos2/sustentabilidade-urbana/sustentabilidade-urbana.shtml);
O turismo em Portugal: evolução e distribuição, (https://www.monografias.com/pt/trabalhos2/turismo-portugal/turismo-portugal.shtml).
FLUC
Coimbra 1996
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