Objetivo:
Elaborar um ensaio sobre a seletividade alimentar da criança- conceito, avaliação e conduta.
Fontes pesquisadas:
Banco de dados eletrônico MEDLINE e SCIELO, utilizando os termos seletividade alimentar, picky eating e anorexia infantil.
Sínteses dos dados:
A seletividade da criança é definida pela tríade recusa alimentar, pouco apetite e desinteresse pelo alimento. O diagnóstico é impreciso por depender de referênciais subjetivos. A avaliação pediátrica abrange as repercussões sobre o estado nutricional, o crescimento e desenvolvimento. A composição e hábitos alimentares podem ter uma avaliação objetiva, a partir de inquéritos alimentares e tabelas de composição dos alimentos. O quadro tem um forte componente emcional e/ou situacional, que deve nortear o tratamento. A utilização de orexígenos e suplementos vitamínicos é opcional e transitória.
Conclusões:
Nos casos de seletividade alimentar a avaliação médica pode ser complementada pela da nutricionista, no sentido de avaliar as condições de saúde e da alimentação. Isto possibilita individualizar cada caso, respeitando o paladar da criança, e recomendar alimentos e suplementos eventualmente ausentes da dieta. A recomendação de técnicas de terapia nutricional comportamentais deve prevalecer sobre a utilização de medicamentos para recuperar o apetite da criança.
Descritores: Transtornos da alimentação. Estado nutricional. Terapia nutricional. Terapia cognitiva. Criança.
Objective:
To elaborate an assay of selective eating by children - concept, evaluation and management.
Data sources:
MEDLINE and SCIELO databases using the terms selective eating, picky eating and childhood anorexia.
Data synthesis:
Selectivity in the child is defined by the triad of food refusal, diminished appetite and disinterest in food. The diagnosis is imprecise as it depends on subjective parameters. The pediatric evaluation covers the repercussions on nutritional state, growth and development. The composition and eating habits can be evaluated on an objective basis using alimentary records and food composition tables. The picture has a strong emotional and or environmental component which should guide the treatment. The use of orexigens and vitamin supplements is optional and should be transitory.
Conclusions:
In cases of selective eating the medical evaluation may be complemented by a nutritionist, in the sense of evaluating the health and eating conditions. This enables each case to be considered on an individual basis, while respecting the taste preference of the child and recommending foods and supplements that may be lacking in his diet. It is recommended that behavioral nutritional therapy techniques should prevail over the use of medications to recover the child's appetite.
Keywords: Eating disorders. Nutritional status. Nutrition therapy. Cognitive therapy. Child.
Objetivo:
Elaborar un ensayo sobre la selectividad alimentar de los niños - concepto, evaluación y conducta.
Fuentes pesquisadas:
Banco de datos electrónicos MEDLINE y SCIELO, utilizando los términos selectividad alimentar, picky eating y anorexia infantil.
Síntesis de los datos:
La selectividad de los niños es definida por el trío: recusa alimentar, poco apetito y desinterés por el alimento. El diagnóstico no es seguro porque depende de referenciales subjetivos. La evaluación pediátrica abarca las repercusiones sobre el estado nutricional, el crecimiento y el desarrollo. La composición y hábitos alimentares pueden tener una evaluación objetiva, a partir de encuestas alimentares y tablas de composición de los alimentos. El cuadro tiene un componente emocional y/o situacional fuerte, que debe dirigir el tratamiento. La utilización de orexigenos y suplementos vitamínicos es opcional y transitoria.
Conclusiones:
En los casos de selectividad alimentar la evaluación médica puede ser complementada por la nutricionista, en el sentido de evaluar las condiciones de salud y de alimentación. Esto posibilita individualizar cada caso, respetando el paladar de los niños y recomendar alimentos y suplementos eventualmente ausentes de la dieta. La recomendación de técnicas de terapia nutricional y de comportamiento debe prevalecer sobre la utilización de medicamentos para recuperar el apetito de los niños.
Palabras- clave: Transtornos de la conducta alimentaria. Estado nutricional. Terapia cognitiva. Niño.
A frase - "Doutor, meu filho não come" é queixa escutada freqüentemente por pediatras na prática clínica1-3. Pode constituir o questionamento principal da consulta, ou destacar-se vivamente durante o interrogatório das condições habituais de vida, feito pelo médico. Dados norte-americanos mostram que 10 a 25% das crianças têm algum transtorno alimentar4. Este índice pode atingir cerca de 80%, quando é analisada a rejeição alimentar mediante comportamento aprendido4-6. Um dos mais freqüentes distúrbios alimentares é a seletividade alimentar, que não alcançou, ainda, uniformização de conceito nos colegiados médicos e de nutricionistas. São reconhecidas suas principais características clínicas, na tríade de recusa alimentar, pouco apetite e desinteresse pelo alimento7-12.
Os autores, com interesse e prática na área da alimentação infanto-juvenil, desenvolveram o presente ensaio com o objetivo de conceituar a seletividade alimentar da criança, caracterizar a criança seletiva e sua família, estabelecer um roteiro de avaliação e propor medidas terapêuticas para o problema.
O presente ensaio foi baseado em livros clássicos de pediatria e artigos pesquisados nas bases de dados eletrônicas MEDLINE e SCIELO, utilizando para busca os termos picky eating,seletividade alimentar e anorexia infantil. Foi dada preferência aos estudos publicados nos últimos 5 anos, não descartando os mais antigos, com relevância para o tema.
Para conceituar e compreender adequadamente a seletividade alimentar é necessário reconhecer outros distúrbios alimentares, com os quais pode assemelhar-se. O conceito e as principais características dos distúrbios relacionados à alimentação da criança são sumarizados a seguir.
A anorexia fisiológica, como evidenciado pela denominação, não é um distúrbio verdadeiro, porém por vezes é relatado como tal pelos responsáveis. Instala-se na maior parte das vezes entre 6 e 12 meses de idade, acentuando-se ao final do 1º ano de vida; pode durar cerca de 4 a 5 anos. Neste período, a criança apresenta uma diminuição do apetite, devido à desaceleração no seu crescimento. Além disso, o interesse pelo alimento é substituído pela enormidade de estímulos e descobertas que a criança faz no meio ambiente. Nesta situação, a redução do apetite é global, a queixa não tem desencadeante e início bem determinados, não há outros dados referentes a distúrbios psíquicos da criança, da mãe, do vínculo entre mãe e filho, ou de problemas sociais relevantes. A criança não apresenta alteração do estado nutricional2,13.
A anorexia infantil ou anorexia verdadeira caracteriza a criança que não consome, espontaneamente, uma quantidade de alimentos suficiente para o adequado crescimento e desenvolvimento. As condições desfavoráveis à aceitação alimentar podem ser de origem orgânica ou comportamental14-17. As principais causas da anorexia verdadeira estão contidas na Tabela 1.
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