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Reciclagem de resíduos sólidos (página 2)

José Floriano Pinheiro Silva

4.0 Origem dos Resíduos

Praticamente todas as atividades desenvolvidas no setor da construção civil são geradoras de resíduos sólidos. No processo construtivo, o grande índice de perdas do setor é a principal causa do entulho gerado. Embora nem toda perda se transforme efetivamente em resíduo, pois uma parte acaba ficando na própria obra, os índices médios de perdas fornecem uma noção clara do quanto se desperdiça em materiais de construção. Considerando que o entulho gerado corresponde, em média, a cerca de 50% do material desperdiçado, pode se ter uma idéia da porcentagem de entulho produzido em função do material que entra na obra.

Já nas obras de reformas a falta de uma cultura de reutilização e reciclagem e o desconhecimento da potencialidade do entulho reciclado como material de construção pelo meio técnico do setor são as principais causas do alto volume gerado nas diversas etapas, não relacionadas ao desperdício, mas a não reutilização do material.

Segundo o autor Zordan, nas obras de demolições, a quantidade de resíduo gerado não depende diretamente dos processos empregados ou da qualidade do setor, pois o material produzido faz parte do processo de demolição. No entanto, indiretamente, a tecnologia e os processos construtivos utilizados na obra demolida, e o sistema de demolição utilizado, influem na qualidade do resíduo gerado, ou seja, alguns sistemas construtivos e de demolição podem produzir resíduos com maior potencial para reciclagem que outros, onde a mistura de materiais e componentes, ou sua contaminação podem favorecer ou não a reutilização e a reciclagem do resíduo.

5.0 Constituição do Resíduo Sólido

  O resíduo sólido  de construção civil talvez seja o mais heterogêneo dentre os diversos resíduos produzidos. Ele é constituído de restos de praticamente todos os materiais e componentes utilizados pela indústria da construção civil, como brita, areia, materiais cerâmicos, argamassas, concretos, madeiras, metais, papéis, plásticos, pedras, tijolos, tintas, etc., e sua composição química está vinculada à estrutura de cada um desses seus constituintes. Ele se apresenta na forma sólida, com características físicas variáveis, que dependem do seu processo gerador, podendo revelar-se tanto em dimensões e geometrias já conhecidas dos materiais de construção (como a da areia e a da brita), como em formatos e dimensões irregulares: pedaços de madeira, argamassas, concretos, plástico, metais, etc.

Por ser produzido num setor onde há uma gama muito grande de diferentes técnicas e metodologias de produção e cujo controle da qualidade do processo produtivo é recente, características como composição e quantidade produzida dependem diretamente do estágio de desenvolvimento da indústria de construção local, como qualidade da mão de obra, técnicas construtivas empregadas, adoção de programas de qualidade, etc. Dessa forma, a caracterização média deste resíduo está condicionada a parâmetros específicos da região geradora do resíduo analisado.

Quanto à classificação ambiental, pode-se dizer que, embora os resíduos (entulho) apresente em sua composição vários materiais que, isoladamente, são reconhecidos pela NBR 10.004/87: Resíduos Sólidos – Classificação, como resíduos inertes (rochas, tijolos, vidros, alguns plásticos, etc.), não está disponível até o momento, análises sobre a solubilidade do resíduo como um todo, de forma a garantir que não haja concentrações superiores às especificadas na referida norma, o que o enquadraria como "resíduo classe II – não inerte". Vale ainda lembrar, que a heterogeneidade do entulho e a dependência direta de suas características com a obra que lhe deu origem pode mudá-lo de faixa de classificação, ou seja, uma obra pode fornecer um entulho inerte e outra pode apresentar elementos que o tornem não-inerte ou até mesmo perigoso - como, por exemplo, a presença de amianto que, no ar é altamente cancerígeno (ZORDAN).

6.0 Reciclagem

O entulho da construção civil tornou-se um grande problema na administração das grandes cidades brasileiras, devido à enorme quantidade gerada (chegando a responder, em alguns casos, por 60% da massa dos resíduos sólidos urbanos produzidos) e à falta de espaço ou soluções que absorvam toda essa produção.

As soluções normalmente empregadas para este problema sempre foram os aterros ou os lixões, que possuem vários inconvenientes ambientais e cada vez se tornam mais caros pela escassez de espaço. Além disso, a simples disposição do entulho desperdiça um material que pode ter um destino mais nobre com sua reutilização e reciclagem. O reaproveitamento deste resíduo, além de proporcionar melhorias significativas do ponto de vista ambiental (diminuindo a quantidade de aterros, preservando os recursos naturais, impedindo a contaminação de novas áreas, etc.), é uma alternativa economicamente vantajosa de gerenciamento de resíduos, pois introduz no mercado um novo material com grande potencialidade de uso, transformando o entulho novamente em matéria-prima e gerando novas oportunidades de emprego.

Há algum tempo, soluções para o emprego do entulho reciclado vêm sendo pesquisadas e desenvolvidas, e algumas delas já estão sendo utilizadas com sucesso em algumas cidades brasileiras como Belo Horizonte e Ribeirão Preto. A seguir, estão listadas algumas possibilidades de reciclagem para este resíduo que, cada vez mais, se apresenta como um material de construção com desempenho satisfatório em aplicações específicas como abaixo listado.

  • Pavimentações: É a forma mais simples de reciclagem de resíduos utilizados como base, sub-base, revestimento primário, na forma de brita corrida ou ainda em mistura do resíduo com solo.
  • Agregado para concreto: Os resíduos processados pelas usinas de reciclagem podem ser utilizados como agregado para concreto não estrutural, a partir da substituição dos agregados convencionais (areia e brita).
  • Agregado para confecção de argamassa: Após processado por equipamentos denominados argamasseiras, que moem o entulho na própria obra, em granulometrias semelhantes as da areia, ele pode ser utilizado como agregado para argamassas de assentamento e revestimento.

Tendo ainda, outros usos como, cascalhamento de estradas, preenchimento de vazios em construções, preenchimento de valas de instalações e reforços de aterros (gabiões).

Os equipamentos utilizados no processamento de reciclagem dos resíduos da construção civil são geralmente produzidos de maneira artesanal são compostos por moinhos, esteiras seletivas, entre outros, assim não tendo como avaliar o seu custo médio no mercado.

Algumas prefeituras (Belo Horizonte, Ribeirão Preto, etc), estão implantando locais apropriados para receber o resíduo. "São as usinas para reciclagem de entulhos", constituídas basicamente por um espaço para deposição do resíduo, uma linha de separação (onde a fração não mineral é separada), um britador que processa o resíduo na granulometria desejada e um local de armazenamento, onde o entulho já processado aguarda para ser utilizado.

Abaixo apresentamos estimativa da quantidade de resíduos produzidos no país e no exterior, onde alguns países desenvolvidos mostram ainda sofrerem dos mesmos problemas que hoje nos aflige.

Local Gerador

Geração Estimada (t/mês)

 

São Paulo

372.000

 

Rio de Janeiro

27.000

 

Porto Alegre

58.000

 

Belo Horizonte

102.000

Brasil 1

Salvador

44.000

 

Recife

18.000

 

Curitiba

74.000

 

Fortaleza

50.000

 

Florianópolis

33.000

 

Brasília 4

160.000

Europa 2

 

16.000 a 25.000

Reino Unido 3

 

6.000

Japão 3

 

7.000

  1. Pinto (1987)
  2. Pera (1996)
  3. Cib (1998)
  4. Floriano (2005)

7.0 Resíduos Sólidos do Distrito Federal

Apesar de existirem duas legislações, uma distrital e outra federal que definam normas para separação, reciclagem e deposição de resíduos da construção civil, esse tipo de lixo continua sem um plano de gerenciamento no Distrito federal, pois não há nenhum tipo de incentivo por parte governamental.

Grande parte do lixo de obras do DF é encaminhado ao aterro da Qualix Serviços ambientais, na Estrutural, local destinado ao lixo doméstico. A informação é da Associação das Empresas Coletoras de Entulho e Similares do DF (ASCOLE), que conta com 16 empresas e coleta 6.2 toneladas diariamente, recebendo uma rápida triagem, onde as pedras são separadas dos tijolos que após moagem são utilizados nas coberturas dos aterros de lixo.

A resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente/Conama 307, de 2002, válida em todo país, determina que todos os municípios e o DF devem possuir um plano integrado de gerenciamento de resíduos da construção civil. Ela estipula também que todos esses resíduos devam ser separados e encaminhados à reciclagem.

De acordo com a norma federal, os resíduos da construção civil devem ser separados em quatro classes. Na classe A, devem ficar os resíduos reutilizáveis como tijolos, telhas, placas de revestimento, argamassa e concreto. Na classe B, resíduos recicláveis como plásticos, papéis e papelões, metais vidros e madeiras. Na classe C, materiais que não devem ser reciclados e finalmente na D resíduos tóxicos como tintas, solventes e óleos.

Segundo a FAU – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UNB, a situação da deposição dos resíduos da construção civil no DF, demanda cuidado. "Temos um doente na UTI. Precisamos com urgência de áreas específicas para deposição desses resíduos e temos que recicla-lo. Porém, esse processo só será possível compartilhando esforços ente o Governo e sociedade civil". De acordo com pesquisas, os resíduos sólidos da construção civil contaminam o solo, os lençóis freáticos e atraem vetores, degradando as áreas onde são depositados.

Conclusão

Em primeiro lugar é preciso diferenciar lixo de resíduos sólidos; restos de alimentos, embalagens descartadas, objetos inservíveis quando misturados de fato tornam-se lixo e seu destino passa a ser, na melhor das hipóteses, o aterro sanitário. Porém, quando separados em materiais secos e úmidos, passamos a ter resíduos reaproveitáveis ou recicláveis. O que não tem mais como ser aproveitado na cadeia do reuso ou reciclagem, denomina-se rejeito. Não cabe mais, portanto, a denominação de lixo para aquilo que sobra no processo de produção ou de consumo. Marcar estas diferenças é de suma importância. A clareza na compreensão destes conceitos é o que permite avançar na construção de um novo paradigma que supere, inclusive o conceito de limpeza urbana.

Em virtude do crescimento demográfico e da sua forte vocação empreendedora, e ainda que sabendo do processo de implantação de programas de qualidade pelo qual passa a indústria da construção civil, é cada vez maior as quantidades de resíduos sólidos gerados no Distrito Federal.

Dessa forma, vislumbramos como uma grande oportunidade de negócio para empresas que apresente soluções práticas apontando para a reutilização dos resíduos na própria construção; sabendo que os investimentos a serem direcionados nesse segmento deverá correr por conta do empreendedor que de certa forma contribuirá com essa prática, para amenizar o problema do descarte irregular desse material e com isso, introduzindo no mercado, novos produtos, novas oportunidades de trabalho com geração de lucros e receitas que em muito contribuirão com o crescimento do Distrito Federal.

Bibliografia

BRITO FILHO, J.A.   Cidade Versus Entulho. In: 2o Sem. Desenvolvimento Sustentável e a Reciclagem na Construção Civil. São Paulo, IBRACON, 1999. p.56-67.

MIRANDA, L.F.R.; SELMO, S.M.S. "Avaliação do Efeito de Entulhos Reciclados em Propriedades de Argamassas de Assentamento e Revestimento, por Procedimentos Racionais de Dosagem". In: Simpósio Brasileiro de Tecnologia das Argamassas, Brasília, 2001. Anais. Brasília, ANTAC, 2001. p. 225-236. download.

ZORDAN, S.E., PAULON, V. A. "A Utilização do Entulho como Agregado para o Concreto". In: ENTAC 98 - Qualidade no Processo Construtivo, 1998, Florianópolis. Anais... Florianópolis, 1998. v. I, p.923-932

http://.recicláveis.com.br/noticias/0509/0050927norma.htm, pesquisado em 05.11.2005

http://www.pallissander.com.br, pesquisado em 06.11.2005

http://www.sinduscomdf.com.br, pesquisado em 06.11.2005

LERIPIO, A. Gerenciamento de Resíduos. http://www.eps.ufsc~Iqqa/Confesrencidos

Pesquisado em 08.novembro.2005

 

José Floriano Pinheiro Silva

zefloriano[arroba]hotmail.com

UNIEURO – CENTRO UNIVERSITÁRIO EUROAMERICANO

CURSO DE MARKETING 7º SEMESTRE

DISCIPLINA: CONSULTORIA DE MARKETING

PROFESSORA: REGINA MARTINEZ

Brasília, novembro de 2006.



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