Página anterior | Volver al principio del trabajo | Página siguiente |
2.4 A Educação Ética, Estética e Inclusiva.
De consenso, a idéia de pessoa como ser humano encontra-se associada à noção de infinito. No decorrer da vida, de forma gradativa as pessoas tendem a superar as suas dificuldades. Na medida em que exploram as suas potencialidades, desenvolvem habilidades, competências e uma postura ética e estética. O homem, na sua essência é um ser inacabado, num processo contínuo de vir a "ser", mediado pelas oportunidades de "ter" acesso às interações sociais e ao mundo globalizado.
As situações problematizadoras do contexto o desafiam provocando ações e reações na sua desenvoltura, manifestando assim o seu caráter e a sua personalidade. Na realidade estas considerações iniciais nos levam a acreditar que estar no mundo requer estabelecer relações abertas com a contemporaneidade, tornar consciente os sonhos em perspectivas de vida.
Nos anos 70 e 80 a grande preocupação da educação foi a de trazer todas as crianças para a escola, em função da terrível situação que assolava o país. A Constituição Cidadã de 1988 garantiu os Direitos fundamentais. Após esta jornada, já se conquistou alguns benefícios financeiros para o educando. Atualmente, não se discute mais a necessidade de trazer à escola, mas como mantê-la em uma situação de aprendizagem significativa, estabelecendo vínculos numa relação de afeto, cognição e prazer.
Nesta perspectiva educativa, não se trabalha mais com a idéia do certo ou errado. Nem com expectativas, mas com perspectivas. A educação contemporânea é vista como um processo contínuo visando à autonomia da pessoa humana, centrando a aprendizagem no educando e no seu nível de interesse. A educação é responsabilidade de uma equipe e não pode mais ser fragmentada. Deve contemplar o todo respeitando a diversidade.
Une a dimensão ética com a estética num processo inclusivo. Salienta a importância da dimensão ética, pelo desenvolvimento dos valores e das virtudes. A estética pelos estímulos à criatividade, dando vazão às emoções e aos sentimentos. A inclusão social pelo fato de poder participar do mundo.
Portanto, aprender só tem significação quando a pessoa humana percebe o objeto do desejo e o re-significa, de forma contextualizada. A consciência do inacabado é indispensável no desenvolvimento da autonomia. Permitindo ao ser humano a aprender para inserir-se no processo, provocando uma tomada de atitude e de comportamento.
Na escola a luta do (a) professor (a) é diária pelo desenvolvimento da autonomia nos seus alunos (as). Para Gadotti (1999, p.44) ela representa: " o processo sempre inacabado, um horizonte em direção ao qual podemos caminhar sempre nunca alcançá-lo definitivamente." Percebe-se assim que a autonomia é a resultado de uma aprendizagem com consciência.
Os princípios vinculados ao tema por meio de uma relação Dialógica Problematizadora orientaram este trabalho. O diálogo envolveu as pessoas, contextualizando os problemas, criando estratégias para solucioná-los. Freire (1987, p.24) em seu livro Medo e ousadia – o cotidiano do professor afirma: "Os métodos da educação dialógica nos trazem à intimidade da sociedade, a razão de ser de cada objeto de estudo". Assim, o diálogo crítico permitiu desvendar as razões do contexto sócio-político e histórico possibilitando o entendimento das causas da violência.
A educação dialógica era para Paulo Freire um ato de conhecimento e não apenas uma transferência ou uma reprodução. Na analise do seu pensamento percebe-se que o fato de problematizar é exercer uma análise crítica sobre o problema e o seu entorno na tentativa de solucioná-lo beneficiando a todos. Num ato de solidariedade e compaixão.
Numa relação dialógica os temas devem ser sempre discutidos, analisados e os saberes divulgados, induzindo a uma postura ética. A analise das suas tendências e perspectivas é um problema. Refletir a ética é de fundamental importância, pois o tema é sempre polêmico e contemporâneo. No entanto, adotar uma postura ética frente a uma realidade tão conturbada é extremamente desafiador, mas necessário.
Conceituar a educação estética na formação docente requer reflexão. Ainda não existe uma definição sobre a educação estética, apenas alguns ensaios onde se alinhavam idéias voltadas às emoções e aos sentimentos. Trata-se de uma educação voltada para a filosofia do belo, para a sensibilidade em consonância com a diversidade humana.
Ao abordar a Educação Estética na formação docente, Galeffi afirma: "é o mesmo que falar em educação da sensibilidade humana aprendente." Essa dimensão implica na ordem dos acontecimentos e nas vivencias humanas. A sensibilidade sempre foi tida como a serva da razão. No entanto, só se encontra a razão quando se voltam para o ser humano.
A criatividade é matéria prima indispensável para as realizações cognitivas superiores. A cultura ocidental contemporânea está marcada pela racionalidade técnico científica no processo de conhecimento pela informação e pela produção seriada, ignorando a diversidade. Atualmente, o modelo do estético está vinculado a uma cultura de dominação ideológica muito cara, que se impõe às outras com violência e prepotência. Instiga o consumismo, o desejo de poder ao invés da cooperação e do entendimento.
Por Natureza somos seres éticos, estéticos, sensíveis, carregados de emoções e sentimentos. A estética contempla o grau máximo da realização humana, mas frente à adversidade manifestamos insegurança e nos sentimos ameaçados pela perversidade. No entanto, necessitamos da ética para estabelecer regras de convivência e regular o comportamento social.
A ação no mundo requer participação neste novo paradigma. À medida que se desenvolvem as relações humanas nos defrontamos com graves problemas sociais. Na maioria das vezes, causadas pelo despreparo do cidadão, por não saber lidar com estas situações novas e complicadas.
No corpo mora o sensível e o ser humano vive a sua existência para tornar-se pleno, na busca do vir a ser. Realizado e feliz, como um cidadão adormecido que sonha em tornar-se um dia bom e belo. Equilibrar o seu Eu numa perspectiva Freudiana e tentar sobreviver entre as ações instintivas do Id e as reações do superego nessa luta diária pela sobrevivência.
CAPÍTULO 4
O aprender se dá pela intervenção humana e favorece a autonomia. Constitui-se num processo de transformação e dinamicidade, portanto trabalhar com habilidades e competências torna-se necessário para a manutenção da vida. A escola cabe o papel de recriar o aprendizado respeitando a subjetividade de cada um. Ao educador o compromisso de mediador do cotidiano, traduzindo os conhecimentos ao nível de compreensão do educando e a sociedade a transformadora do processo.
A explanação do conteúdo em sala de aula ou nos ambientes de recreação feita pelo professor (a) parte da realidade sócio-cultural do (a) aluno (a), pois ali está à significação, o foco da sua atenção e concentração. O interesse em resolver os problemas e melhorar-se como ser humano. Gradativamente demonstra aprendizagem pela sistematização do conhecimento entre o escutar, o vivenciar, o aprender e o recriar o novo.
Nesse contexto recheado de dilemas entre o ser e o ter é que se constituem as pessoas e se desenvolvem as competências para atuar socialmente. Nessa perspectiva é que trabalha a metodologia da Recreação e Cidadania instigando o (a) aluno (a) a aprender a aprender sempre de forma que se desenvolvam cidadãos co-responsáveis e participativos.
Oportuniza o desenvolvimento das suas potencialidades afetivas, cognitivas e psicomotoras. Proporciona impacto na área emocional, pois vincula as experiências anteriores guardadas na memória afetiva com a área cognitiva, que revela o conhecimento internalizado em sua psique e o seu comportamento manifesto na área psicomotora pelas suas atitudes. A soma de todos esses fatores resulta em competências, habilidades e atitudes.
No entanto, as competências só fazem sentido quando são disseminadas de forma envolvente, "conscientizando as pessoas para os benefícios de incorporarem um perfil de competências que agregue valor à empresa e ao seu próprio perfil profissional". Assim, o comportamento individual e consciente das pessoas aparece no resultado coletivo.
Definir o Perfil do profissional pelas competências não é uma tarefa fácil. Requer um conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes e comportamentos essenciais para o sucesso pessoal e profissional. O comportamento manifesto pelas pessoas vincula as competências técnicas com as comportamentais. Garante o diferencial competitivo, prepara as pessoas para trabalhar de forma colaborativa, fortalecendo as parcerias.
A união dos conhecimentos, das habilidades e das atitudes torna-se fundamental para que se desenvolvam as competências. Os conhecimentos são identificados como os Saberes adquiridos, os conhecimentos técnicos, decorrentes da educação formal ou informal. As habilidades se percebem como o saber fazer, o resultado da experiência dos conhecimentos técnicos colocados em prática pelo saber. As atitudes manifestam-se como o querer fazer, o saber agir, desempenhado com eficácia pelo comportamento.
As competências
Conhecimentos |
Habilidades |
Atitudes |
C |
H |
A |
SABER |
SABER FAZER |
QUERER FAZER |
Constitui-se pelos conhecimentos De áreas específica formal ou informal. |
A experiência dos conhecimentos técnicos transforma-se em habilidade. Coloca em prática o saber fazer gerando novos conhecimentos. |
Manifestar atitudes compatíveis entre as habilidades e os conhecimentos adquiridos. |
No quadro 3 encontram-se os elementos da competência, os conhecimentos, as habilidades e as atitudes que desencadeiam um comportamento eficaz.
A ilustração acima tem como objetivo demonstrar como se formam as competências e a sua importância para traçar o perfil do (a) professor (a). Todo profissional tem um perfil, que se constitui pelas competências técnicas e comportamentais. O grande desafio consiste em desenvolver competências com flexibilidade, criatividade e espírito empreendedor.
Desenvolver o espírito empreendedor requer determinação e muita ação. Conhecimentos, habilidades e atitudes que permitam vencer uma tarefa laboriosa e difícil com sucesso. Para isso se faz necessário a interação das competências técnicas com as comportamentais.
As competências técnicas abrangem as habilidades e os conhecimentos específicos da área. As competências comportamentais requerem atitudes e comportamentos compatíveis com as atribuições e serem desempenhadas. Cada função exige uma combinação de competências e essa metodologia tem como objetivo a cidadania pró-ativa.
A associação de comportamentos como esses ao cargo é que estabelece o diferencial a pessoa. A iniciativa, a criatividade, as habilidades para o relacionamento pessoal e interpessoal; a comunicação verbal e não verbal; a liderança, a capacidade para estabelecer acordos e negociações; o espírito de equipe, o bom humor, o entusiasmo, o espírito de parceria, a humildade, a extroversão, a persuasão, a atenção e a concentração, a participação, a cooperação, a facilidade para trabalhar com metas e objetivos. Apresentar foco em resultados, ter flexibilidade e empatia permite unir os conhecimentos, as habilidades e as atitudes formando competências.
A gestão por competências, segundo Carbone (2005) tem o seu foco principal orientado para o desenvolvimento de competências e novos conhecimentos, fontes por excelência para a conquista da vantagem competitiva sustentável. Adaptar esses conhecimentos a escola possibilita o aumento do desempenho global, identificando o desenvolvimento das habilidades e das competências individuais.
4.1 Os saberes e a gestão
A Gestão por competências nesta pesquisa tem como objetivo promover uma modificação na administração dos recursos humanos. Instigar o trabalho em redes de apoio, melhorando o desempenho do grupo. Os modelos tradicionais de gestão de pessoas não conseguem responder adequadamente aos desafios atuais. Exigem um novo conjunto de conceitos e instrumentos capazes de melhorar a qualidade individual e coletiva.
O modelo de gestão por competências apresenta respostas à contemporaneidade. Reúne o conjunto de conceitos, conhecimentos e as ferramentas adequadas para a execução, bem como para atingir os resultados esperados. Marcos Ornelas define a gestão por competências como a conquista do espaço e a validação pela organização da importância das pessoas no cenário organizacional dos recursos humanos na escola.
Salienta as vantagens que a Gestão por Competências traz para as organizações e aos seus colaboradores ao adotá-la como uma das estratégias. Trata-se de um modelo, que permite uma gestão simples, transparente e flexível. Ideal para esse tipo de trabalho, com a Recreação e Cidadania. Obtém vantagens necessárias para ser adaptadas à escola e a essa proposta, a qual está sendo utilizada para alcançar metas e objetivos..
A flexibilidade da sua dinâmica, os seus conceitos são absorvidos facilmente pelos professores (as) pelos gestores e pelas pessoas ligadas à escola. A transparência é obtida porque o modelo torna-se coerente com a realidade escolar e permite que os gestores e os (as) professores (as) possam re-visitar os critérios estabelecidos para a gestão adaptando-os às contingências. A flexibilidade do modelo permite o uso em diferentes situações e apropriar-se do mesmo em função de suas características.
O primeiro passo segundo Ornelas é definir o conceito de competência, segundo Maria Tereza Fleury (2004). Adquirir, usar, mobilizar, integrar, desenvolver e transferir conhecimentos, recursos, habilidades e experiências que agreguem valor à organização e valor social ao indivíduo. Dessa forma maximiza resultados e investe no capital humano.
A "lógica da competência", segundo Miranda (2006) significa uma mudança radical com respeito ao modelo do posto de trabalho vigente na sociedade industrial. Portanto, Competência refere-se há recursos adquiridos e colocados em ação na situação prática, significando a iniciativa.
Na escola os saberes técnicos do conhecimento são reconhecidos como o saber sábio. Transformado em saberes práticos, pedagógicos ou os saberes a ensinar. Os quais devem ser emancipadores, capazes de libertar o (a) aluno (a) e integrá-lo no processo de ensino aprendizagem com segurança, de forma que possa manifestar-se como um ser aprendiz.
Os saberes da educação escolar cidadã refletem-se diretamente na vida pessoal e social, pois leva ao conhecimento os princípios que fundamentam as suas práticas por meio de novos saberes. Traz consigo os princípios: ético, estético e político. O princípio ético aborda a autonomia, a responsabilidade e a solidariedade. O princípio estético enfatiza a sensibilidade, a criatividade e a diversidade. O princípio político trata dos direitos e deveres da cidadania, do exercício da criticidade e do respeito há ordem democrática". Estes princípios estabelecem um norte, a ética.
O segredo do sucesso constitui-se no diferencial do ser humano. Para isso requer autonomia, mobilização dos recursos internos pessoais e coletivos colocados à disposição da escola de forma interativa. Dessa forma, o grande desafio passa a ser como fazer a gestão por competências, como preparar as pessoas para que se disponha a atingir os resultados.
O modelo apresenta inúmeras vantagens, mas se faz necessário um equacionamento da gestão. A visão, a missão, as metas, os objetivos, os valores e a estratégia educacional permitem o desenvolvimento de práticas e políticas de gestão de pessoas integradas entre si.
4.2 A Evolução do saber Pedagógico
Para obter sucesso nesse novo paradigma, requer conhecer o passado, identificar e administrar as competências no presente. Trabalhar com afinco numa perspectiva ética estética inclusiva com visão de futuro. Desta forma, desenvolve-se o conteúdo sobre a evolução dos saberes.
Nos primórdios dos tempos as informações e os conhecimentos eram transmitidos de forma oral, pois se tornavam fundamentais para o processo da sobrevivência da espécie humana no planeta. Gradativamente essa sabedoria foi sendo repassada por meio de histórias, estórias, canções, lendas e contos de fadas até os nossos dias de formas mais elaboradas.
Bruno Bettelhein, no seu livro Psicanálise dos Contos de Fadas deixa bem claro que enquanto diverte a criança, os contos de fadas falam sobre si e favorecem o desenvolvimento da personalidade, formando um novo adulto. Constata-se que a partir do estímulo das emoções, do intelecto e da imaginação, há consequentemente o desenvolvimento da aprendizagem e o Internalizar do limite, fortalecendo a estrutura psicológica e social.
Ao longo do tempo a humanidade aprendeu a construir conhecimentos. Antes da escola, a arte de ensinar e aprender já tinha evoluído significativamente. A invenção da escrita se deu em grande parte pela necessidade do registro e do controle em função da troca realizada. Com o passar do tempo surge à necessidade de educar-se em função do processo de socialização e se criar instituições com estes fins. Onde os sistemas abstratos puderam ser preservados, codificados e decodificados.
No vídeo da ECCE HOMO, a Historiadora Susan Semel relata a evolução da escola e salienta que apenas: [...] "os ricos mandavam seus filhos a escola e ao longo do tempo, absorvia somente os meninos". Ignorando a questão do gênero, divulgando a cultura Sacro Santa.
No decorrer da história, os Egípcios utilizaram o Heroglifo, a matemática e a geometria para solucionar problemas práticos. Na Grécia, o desenvolvimento do indivíduo na política, nas artes e no teatro era fundamental. A sua inclusão se dava dos sete aos dezoito anos, monitorados por um pedagogo, com o qual aprendiam à filosofia, a arte da oratória, a retórica avançada e o discurso público como parte do currículo.
Da Grécia antiga aos dias de hoje, um dos principais recursos de mediação da atividade docente é a voz do professor (a) e a sua linguagem corporal. A expressão física, a postura, a retórica, os discursos, os diálogos. O modelo da escola atual tem sua origem onde "à função pedagógica era exercida pelos filósofos, que peregrinavam de polis em polis, pregando suas idéias e formando verdadeiras escolas". (Freitag, 2001, p.18). Desencadeando no ensino tradicional exercido até hoje em muitas escolas.
Antes de Cristo, na Grécia conquistada pelos Romanos os costumes prevaleciam. O pedagogo continuava orientando as crianças, utilizando ludos, a oratória, a poesia, a filosofia e as mulheres continuavam sendo impedidas de ir à escola, mas muitas aprendiam com os seus pais a ler, a escrever e a socializar-se devidamente. A queda do Império Romano foi um marco, estabeleceu um vínculo forte entre a escola, à igreja e o estado.
Na Idade Média a escola centra-se nos Mosteiros formando as Escolas Monásticas. Carlos Magno, analfabeto, teve a capacidade de desenvolver a educação na Idade Média. Ao exercer as funções de Imperador Cristão do Oeste, os seus Decretos eram leis Instituídas, pois entendia que para agir era preciso conhecer. Nesta fase, a Igreja passa a se responsabilizar pela educação, apenas para os meninos.
Até há pouco tempo, a voz do (a) professor (a) era a verdade absoluta, pela qual mediava à relação desigual com os seus alunos (a) e o púlpito conjuntamente com a oratória era a representação física do seu poder. No século XIII, por volta de 1206 aparecem as primeiras Universidades em Oxford na Inglaterra com a intenção de reavivar o conhecimento, resgatando Aristóteles e os pensadores da Idade Média.
No século XVIII, com a tradução da Bíblia, incentiva-se a alfabetização, pois todos os alemães deviam ser capazes de fazer a leitura. O Iluminismo enfatiza a razão, a ciência modera e a teoria política. Já se podia pensar pela própria cabeça. "Comênio, com as suas etapas evolutivas de seis anos e a preocupação por despertar os interesses do sujeito educando, constitui outro eixo histórico importante (Sarramona 1995 p. 118) A criança começa a ser reconhecida e a ter um espaço na sociedade.
No século XVII, Locke com a sua teoria oferece um novo impulso ao estudo da formação dos conhecimentos. Concebe a mente da criança como uma "tabula rasa", opondo-se as concepções inatistas e valorizando a experiência como a fonte organizadora do pensamento.
Em 1717, a Prússia torna-se o primeiro país a implantar a Educação Pública obrigatória por meio de um Decreto. Rousseau, um importante pensador da época, pois questionava os métodos da educação nas escolas, trazendo uma importante contribuição. Dentre as suas inquietações, a escola como instrumento da cultura dominante era a sua maior preocupação.
Rousseau no Séc. XVIII foi uma figura chave da Renovação psicopedagógica. A sua obra Emilio é antecedente de um tratado sobre psicologia infantil. Sua grande participação foi considerar a infância como uma etapa própria, distinta da adulta, que demanda conhecimento e tratamento específicos. A influência de Rousseau foi notória sobre pedagogos e psicólogos posteriores como: Pestalozzi e Claperede, entre outros (Sarramona,1995, p.118 e 119) Desta forma, Rousseau abriu caminho para a filosofia do pensamento cultural moderno. Forneceu bases e diretrizes para se construir uma escola ou um sistema educacional moderno, onde o sujeito aprendia a pensar e não apenas a repetir. Cria as possibilidades individuais, diminui a diferença e reorganiza a estrutura social.
A Revolução Francesa fez o Estado assumir o controle da escola. A intervenção de Julio Ferri faz com que a educação passe a ser gratuita e desvinculada da Igreja, pois os Republicanos alegavam ser a educação um sistema desigual. Com estas medidas o desafio torna-se real, não apenas teórico e a Escola Pública transforma-se na sede da instrução cívica.
Desde os antigos tempos, as inovações e os conhecimentos científicos tecnológicos demoram a chegar à escola. A invenção da Imprensa por Guttenberg foi um exemplo verídico na história. A invenção da pena metálica e do lápis foi à verdadeira "Revolução Tecnológica", acrescida concomitantemente do barateamento do preço do papel na Europa e na difusão da pedra ardósia (Vidal e Gvirtz, 1998, apud Mazzardo, p. 32), a qual já possibilitou uma melhoria da aprendizagem nas escolas públicas.
Mesmo assim, somente os alunos mais adiantados, com três anos ou mais de escolaridade aprendiam a escrever. O material utilizado pelo professor eram as caixas de areia, a ardósia devido o custo educacional. Ao longo do tempo à escrita foi simplificada para ser ensinada nas escolas, pois a arte de escrever era uma profissão respeitada, que exigia habilidade e competência e era exercida pelos copistas. Remunerados pelo trabalho.
O lápis e o papel foram utilizados bem mais tarde. O papel e a tinta eram considerados recursos educacionais de alta tecnologia e muito caros para a época. Portanto os alunos utilizavam a areia e a ardósia. A partir destes materiais foi introduzido o caderno de caligrafia até chegar às famosas cartilhas que levavam um ano letivo inteiro para serem lidas.
Os primeiros professores a atuar no Brasil foram os Jesuítas em 1549 com o objetivo de catequizar os índios e os filhos das pessoas mais influentes que exerciam atividades relevantes na sociedade. Formaram vilas, Colégios e desenvolveram o seu método de ensino, que tinha como enfoque a memorização mecânica, com perguntas e respostas padronizadas.
Esta cultura marcou o início do trabalho escolar. Nas suas aulas usavam o canto para atrair os alunos e para decorar os conteúdos, facilitando o aprendizado dos conhecimentos. A viola foi um instrumento trazido pelos Jesuítas e incorporado na cultura popular brasileira. A princípio utilizado na escola e depois difundido e incorporado na cultura popular.
A partir dos anos vinte, no século XX a diversidade de correntes e autores deram uma exaustiva contribuição. As teorias da aprendizagem aparecem ligadas a concepções evolutivas, e cada corrente psicológica se centra em uma concepção da conformação do pensamento infantil e do homem em geral: a psicanálise (Freud, Friedlander), conductismo (Watson, Tolman, Skinner), "Gestalt" (Köhler, Koffka), psicologia social (Lewin, Bühler, Rogers, Moreno) Estruturalismo (Piaget, Wallon), etc. Constituem-se "as idéias chaves da psicologia evolutiva contemporânea sustentam a normativa pedagógica atual". (Sarramona, 1995, p.119) Aparecem as figuras e as contribuições decisivas para compreender a evolução psicológica até hoje.
A proposta da Escola Nova valorizou o material didático. O quadro-negro, a lousa individual, o caderno, o lápis, bem como os mapas, os cartazes, as coleções, as bibliotecas, os museus escolares. Devido às circunstâncias o recurso mediador da época foi a Cartilha Escolar, a qual imperou por várias décadas na educação nacional, substituída posteriormente pelo livro didático e atualmente pela tecnologia.
As inovações tecnológicas invadiram a sociedade, a escola e participam concomitantemente da prática didática e do cotidiano escolar, proporcionando mudanças na maneira de ensinar e aprender. Exigindo dos professores (as) novos saberes que coadunem teoria e prática como os recursos mediadores do fazer pedagógico, bem como os saberes. Os primeiros pedagogos detinham os saberes que os distinguia dos demais. Atualmente precisamos deles não apenas pela distinção, mas porque o conhecimento é o material mais nobre que deve ser aprimorado.
Ao examinar as crenças do passado, conclui-se que a maioria contém erros e ilusões. Constata-se que erramos e nos iludimos sobre o mundo e a realidade, pois o conhecimento não é o espelho da realidade. O conhecimento é apenas uma tradução, seguida de uma reconstrução.
Na contemporaneidade o número de recursos desenvolvidos disponíveis gera uma seletividade e adequação destes aos objetivos propostos, implicando na aquisição de novas competências e habilidades. Os recursos mudam a maneira de ensinar e aprender, mas o (a) professor (a) continua sendo o mediador, um elemento indispensável no processo.
No processo de reconstrução percebe-se que: "os olhos recebem estímulos luminosos que são transformados, decodificados, transportados a um outro código, que transmite para o nervo ótico, atravessa várias partes do cérebro para enfim, transformar aquela informação primeira em percepção". (Morin, 2000, p.1). A partir deste exemplo, conclui-se que a percepção é uma reconstrução, pois o (a) aluno (a) é o ator do processo.
Durante séculos os homens se valeram da oralidade como forma de transmissão e aprendizagem dos saberes das culturas. A escrita se associou a essa oralidade, apontando novos modos de relação com o conhecimento, ampliando ou retrocedendo as capacidades humanas. Na atualidade os meios de comunicação e a informática transformam o conhecimento em algo não material, flexível, móvel, fluído, indefinido, transcendental.
A humanidade aprendeu de maneiras não convencionais, as tecnologias geraram informações para interpretar e transformar a realidade. Permitiu-se um diálogo e um aprendizado inusitado. Hoje, proporcionado pela multimídia, pela interação do ser humano na comunidade. Na escola pelos "Ambientes de Recreação" naturais ou informatizados, onde é permitido recrear, dançar, cantar, emocionar-se e aprender sempre.
Estas transformações geraram mudanças nas sociedades, novos saberes e atitudes foram agregados ao trabalho docente. Cada fase exigiu novas formas de ensinar e aprender. Iniciamos com a transmissão de conhecimentos oralmente, de pessoa para pessoa. Agora contamos com novas maneiras de comunicação, trânsito e armazenamento de dados: as tecnologias digitais de informação e comunicação e as informáticas (Mazzardo 2005 p. 35) Da oralidade se passam para a escrita, mudam o modo de ensinar e aprender registrando as informações e os saberes.
A recreação na sala de aula e nos Ambientes de Recreação comprovou a sua eficácia. Reunindo ferramentas potencializadoras da comunicação e da interação de forma inclusiva. Possibilitando uma nova modalidade de educação, uma nova metodologia no ensinar e no aprender.
Todos nós ensinamos e aprendemos e nos perguntamos: o que precisamos compreender para nos engajarmos na luta a favor de uma escola que trabalhe a cultura popular, seu modo de organização, produção e legitimação dos saberes (PNEF, 2005, p. 29). Todo cidadão é um educador e um educando na medida em que percebe o fenômeno da aprendizagem.
Trabalhar com esta metodologia requer o uso de uma linguagem multidimensional. Exercitada de forma oral, escrita, corporal, emocional, sócio-econômica e uma mediação tecnológica no contexto escolar e social para transformar as relações e construir novos saberes.
A Recreação e Cidadania, conjuntamente com a Educação Fiscal transformaram as práticas docentes na cultura escolar. Desafiaram a reorganização escolar pela gestão por competências, estimulando, motivando a oportunizando o processo de ensino aprendizagem por meio de ações e atividades educativas pelas vivencias concomitantemente.
Dos filósofos até os dias de hoje, o conhecimento é imprescindível para os professores (as). Assim como a voz, a expressão física, o modo de transmitir conhecimentos oralmente, que permanece tão forte quanto no início dos tempos. O que muda consideravelmente com esse novo paradigma é o modo de vislumbrar a educação. Da forma vertical passa a ser vista de numa dimensão horizontal, voltada para as trocas, ao aprender.
O processo da construção dos saberes é lento, gradual, individual e coletivo. Enquanto alguns alunos (as) e professores (as) utilizam tecnologias de ponta outros ainda se destacam aprendendo com o velho quadro negro, o giz, o lápis e o caderno. Tão Importantes quanto à tecnologia se bem trabalhados com significação, aprendendo e re-aprendendo a ser feliz.
4.3 Os Saberes e a Transposição Didática.
As discussões em torno da crise dos sistemas educacionais, impulsionadas por Bourdieu e Passeron no livro: A reprodução e a Sociedade sem escolas têm colocado como desafio ao campo educacional, a reflexão sobre as reformas educativas na dimensão do fracasso e da evasão escolar, como a busca de novos saberes para interpretá-la.
Nesse sentido, uma renovação vem alterando as práticas educacionais de pesquisa na tentativa de aproximar a teoria e a prática na educação. Valorizando as ações cotidianas do (a) professor (a), aumentando o interesse pelas trajetórias da vida e da profissão. Integrando diferentes perspectivas teóricas e metodológicas incitando os educadores a reconhecer a existência de uma cultura escolar que demandava investigação.
Os novos tempos requerem a formação desse novo cidadão: "consciente, sensível e responsável que pense global e aja localmente, sendo capaz de intervir e modificar a realidade social excludente a partir de sua comunidade, tornando-se, assim, sujeito da própria história". (PNEF, 2005, p.15). Capaz de agir com competência e co-responsabilidade.
Para que ocorra essa transformação, primeiro é preciso conhecer os saberes, pois estes devem fazer parte da qualificação dos (as) professores (as) e do trabalho escolar. Reunir os conhecimentos, as ações escolares com as perspectivas da comunidade na qual está inserida, procurando entender as interações entre a escola e a sociedade. Como se percebeu na evolução dos saberes, o perfil dos (as) professores (as) e os seus saberes significativos mudam de acordo com o contexto e com a época histórica.
Independente da época ou da situação o homem procura solucionar seus problemas e responder as perguntas gerando novos saberes e conhecimentos como se percebe na concepção de Habermas.
Para o autor "o saber é o resultado da atividade humana motivada por necessidades naturais e interesse chamado por ele de "Interesses Constitutivos de Saberes, que são o Saber Técnico, Prático e Emancipatório". (Habermas apud Mazzardo 2005, p.37) Estes saberes determinam nossa ações constituindo assim, os conhecimentos, as habilidades e as atitudes que formam as competências.
O Saber Técnico é percebido como o laboral, instrumental, os conhecimentos. Visa à criação de tudo que for necessário para viver, desde o objeto mais simples ao mais sofisticado. Cria-se em decorrência da necessidade, pois está voltado à resolução de problemas, ao controle da natureza, da produção e do consumo. Sendo mediado pelo trabalho.
O Saber Prático são as habilidades geradas pelos conhecimentos. Considera os meios, os fins e os critérios. Trata-se do saber atuar de modo correto e apropriado em determinada situação, buscando a maneira sabia e correta de agir. Depende de uma boa comunicação e é dirigido à ação e ao entendimento, pois se encontra nas interpretações da vida social.
O Saber Emancipatório trata do querer fazer. Busca tomar atitudes que correspondam com eficácia aos conhecimentos e as habilidades para superar a irracionalidade, a injustiça e a fragmentação social. Visa libertar as pessoas das suposições, do domínio e da coação. Reconhece que o conteúdo e a forma dos nossos pensamentos são construídos socialmente. Salienta a capacidade crítica e criativa para reconstruir as idéias racionais, as instituições e ações mais humanas, pois o conhecimento é o poder.
Ao abordar o saber, (Habermas 1975 apud Mazzardo 2005 p.37) destacam também três categorias: a informação que amplia nosso poder de manipulação técnica; a interpretação que possibilita uma forma de orientação da ação; e a análise que liberta a consciência de poderes hipostasiados. Os quais permitem problematizar os saberes.
Assim, o (a) professor (a) deve ter um conhecimento técnico elementar, para explorar as potencialidades de cada recurso. O prático para determinar critérios e buscar opções mais apropriadas de ação e entendimento. O emancipatório para refletir e analisar de maneira crítica as questões socioeconômicas e de emancipação envolvidas na educação.
O conhecimento se constitui no saber técnico ou nas competências técnicas, pois: "o domínio técnico é tão importante para o profissional quanto à compreensão política é para o cidadão" (Freire, 1999, p.27). Neste pensamento percebe-se a abrangência e a dimensão da teoria de Freire.
A inclusão de atividades que envolvam os saberes técnico, prático e emancipatório nas situações de qualificação dos (as) professores (as) para trabalhar com a metodologia da Recreação e cidadania Ambientes decorre da necessidade de uma gestão com iniciativa para:
a) preparar os (as) professores (as) para atuar com a cidadania pró-ativa, onde a minoria da população não tem acesso a estes conhecimentos;
b) sair da condição de aprendiz e passar a produzir conhecimentos;
c) superar problemas no contexto e apresentar propostas alternativas.
Da união dos saberes, moldam-se as competências para os cargos e as pessoa de forma que se trabalhe com um foco bem definido. Trabalhar com a metodologia Recreação e Cidadania é desenvolver um projeto, vivenciar uma prática muito próxima da realidade, que mistura o ideal com o real num processo de trocas constantes por meio do diálogo e da problematização numa avaliação formativa e emancipadora.
4.3.1 O saber e o saber fazer
O saber é de fundamental importância à educação. As bases da metodologia denominada como "Recreação e Cidadania", apresentam um conjunto de atividades, de ações e metas para alcançar um objetivo, o qual não se encontra isolado, mas num contexto político social e educacional.
Alcançar o bem estar social que a sociedade aspira, com crescimento socioeconômico requer pensar com muito carinho no sistema educativo e na gestão dos seus saberes. O bem estar da sociedade se encontra devidamente ligado à capacidade de elevar o nível de conhecimento, de desenvolvimento científico quando se tem qualidade na educação. Somente assim, se terá a esperança de um futuro com mais participação, solidariedade e humanidade, pois a cidadania pró-ativa só se conquista quando se tem acesso às informações e aos conhecimentos da ação.
No seu artigo "A Inclusão da Criança com Necessidades Especiais" a Professora Mônica Pereira dos Santos (2002) ao se referir aos saberes e as práticas pedagógicas do (a) professor (a) na escola inclusiva, aponta alguns saberes como características muito importantes para a cidadania.
Carvalho e Perez (2002), no seu artigo "Ensinar a Ensinar" destacam o saber e o saber fazer do (a) Professor (a). O que demanda uma sólida formação teórica, uma prática eficaz e uma atualização constante.
Na formação teórica, ressaltam os saberes conceituais, os pedagógicos na área de atuação e os integradores como resultantes. O conhecimento teórico sólido, o saber sábio, da sua área, os procedimentos didáticos, os recursos e os conhecimentos básicos de outras áreas afins. Possibilitam uma abordagem interdisciplinar dos conteúdos e são consideradas as ferramentas de trabalho do (a) professor (a).
Estes recursos associados permitem construir novos saberes para continuar a apreender e inovar a sua prática didática. Os saberes Pedagógicos, fundamentados em estudos da Didática Geral e da Psicologia da Aprendizagem, referem-se aos acontecimentos que influenciam a aprendizagem como a interação professor (a) – aluno (a), a avaliação e o caráter social da construção do conhecimento.
Diferentes linguagens, inclusive a tecnológica, compõem o universo cultural das sociedades contemporâneas. A necessidade de democratizar os recursos lingüísticos, bem como o empenho para que os diferentes grupos sociais possam deles fazer uso: "são ações que contribuem para uma educação mais humana, fraterna e solidária" (PNEF, 2005, p.11) Permite a acessibilidade na diversidade aprimorando o processo inclusivo.
Os Interesses constitutivos de saberes continuam, pois os saberes Pedagógicos corresponde aos conhecimentos práticos. Os saberes Integradores, resultam de pesquisas que investigam as melhores formas de ensinar e aprender conteúdos correspondentes ao Saber Emancipatório.
Na concepção de Edgar Morin é preciso educar os saberes. Considera a educação muito importante para a compreensão, em todos os níveis educativos e em todas as idades, no entanto "o desenvolvimento da compreensão pede a reforma das mentalidades. Esta deve ser a obra para a educação do futuro (Morin)" Educar a compreensão para há empatia.
A compreensão é o meio e o fim da comunicação humana. Entretanto, a educação para a compreensão está ausente no ensino. O planeta necessita de exercícios de compreensão mútua, de adaptação de um trabalho intenso para amenizar as suas neuroses e inquietudes.
Educar os saberes requer instigar a compreensão mútua entre os (as) alunos (as) e os (as) professores (as) no processo de ensino aprendizagem. A escola como instituição deve trabalhar não apenas o conteúdo formal, mas a sensibilidade do (a) aluno (a) para a humanização. Para que as relações humanas evoluam, saiam de seu estado de ignorância para um estágio mais evoluído que contemple a inclusão social. Existe uma necessidade muito grande de estudar a incompreensão a partir de suas raízes, as suas modalidades e os seus efeitos na violência, como afirma Morin (2000).
Este estudo torna-se necessário porque focaliza não apenas os sintomas da pobreza, da evasão e do fracasso escolar, mas porque apontam sugestões, alternativas possíveis de mudanças, adaptação e melhoria. Constitui-se, ao mesmo tempo, uma base segura de educação para a paz, pela qual estamos ligados por essência e vocação.
As pesquisas dessa natureza tem tido um aumento acentuado nos últimos anos e são normalmente desenvolvidas nos cursos de Pós-graduação. O mais importante é ressaltar a necessidade que os (as) professores (as) da Educação Básica têm em investigar as suas próprias práticas escolares por meio da Investigação Ação-Escolar, problematizando-as. No intuito de desenvolver a sua própria metodologia e produzir material. No intuito de compartilhar com os colegas, melhorar o processo ensino-aprendizagem e o relacionamento no contexto sócio-educativo.
4.4 O saber dos saberes
O conhecimento humano não tem limite, pois a pessoa humana é de natureza extremamente curiosa e inteligente. Os fenômenos naturais à realidade, as políticas, as práticas sociais, a alimentação, a saúde transformam-se em objeto de ensino ou sejam a transposição didática.
O objeto do conhecimento precisa ser lapidado para entrar na escola. Sendo esta a tarefa mais nobre do (a) professor (a), traduzir para o (a) aluno (a) o conhecimento, na sua linguagem, adaptando os conceitos e os conteúdos ao seu nível de compreensão para que tenham significado.
A transposição didática é um instrumento pelo qual se analisa o movimento do saber sábio para o saber a ensinar e por meio deste, ao saber ensinado, pois necessita dos conhecimentos da área de trabalho. O domínio dos conceitos da disciplina é o conhecimento internalizado. Chevallard conceitua "Transposição Didática" como o trabalho de fabricar um objeto de ensino. Transformar um objeto de saber produzido pelo cientista de forma que possa servir como um objeto de saber escolar.
O saber estudado constitui o saber didático. Não basta para o (a) professor (a) deter o Saber sábio, mas traduzir para o nível de compreensão do (a) aluno (a). Transformando em um Saber Ensinável, pois a transposição didática é de suma importância na prática do (a) professor (a).
Em seu artigo "A Transposição Didática Um Trem para as Estrelas", Samagaia e Labres selecionam o conteúdo e a seqüência, conforme o exemplo de forma bastante curiosa, demonstrando a transposição didática.
Guiomar Namo de Melo no seu artigo: Transposição didática: a mais nobre e complexa tarefa do professor, sugere como fazer uma transposição didática, para lidar melhor com os saberes. "Saber como é a aprendizagem em determinada área e articulá-la com os princípios gerais da aprendizagem; selecionar e organizar o conteúdo; distribuir o conteúdo no tempo, estabelecendo seqüência". (Mello, 2004) A organização do trabalho do (a) professor (a) que respeita as etapas facilita a aprendizagem. Assim como a associação dos conceitos e dos conteúdos com o contexto.
Na linguagem adequada, os procedimentos didáticos, a contextualização é percebida como o Saber Ensinável. Definido por interesses de grupos sociais e estão especificados nas Políticas Públicas Educacionais como os Parâmetros Curriculares Nacionais as quais determinam os conteúdos que devem ser alvo da Transposição Didática.
O saber sábio (ou científico) é o saber produzido pelo cientista observando os critérios estabelecidos pelo estatuto da comunidade científica à qual pertence. "Quando é transformado em conteúdo escolar, gera um novo saber, o Saber Ensinável ou o Saber-a-Ensinar como é denominado". (Chevallard 1991 apud Mazzardo 2005 p.40). Os saberes ligam-se às preocupações cotidianas, assim como a aprendizagem, pois depende dos interesses, das necessidades e da sua motivação.
A Figura abaixo ilustra a correlação entre os saberes e a transposição didática. Os saberes técnicos percebidos como o conhecimento, o prático como os saberes a ensinar e o emancipador como os integradores de conceitos e conteúdos trabalhados no processo de ensino aprendizagem.
Figura 4 – Correlação entre os saberes e a transposição didática.
A convergência dos saberes se deve a união de várias disciplinas ocorrida na segunda metade do século XX. Onde a Revolução científica reorganizou as disciplinas em ciências pluridisciplinares as quais devem interagir com o processo de humanização. Fundamentados nesses saberes e conscientes da sua importância é que se trabalha concomitantemente nesse projeto com a gestão por competências, pois a sua essência está nos saberes, na forma de como são administrados pelas suas atitudes.
O resultado do processo de ensino-aprendizagem escolar é o saber ensinado que ocorre uma nova transposição didática, do saber-a-ensinar para o Saber Ensinado, chamada também de Transposição Didática Interna. Os resultados relacionam-se à atuação do professor, às suas concepções, aos interesses da administração escolar e da comunidade.
O gerenciamento deste tempo é de responsabilidade do (a) professor (a), porém o tempo de aprendizagem não tem correspondência direta com o tempo didático. Chevallard (1991), afirma que "a aprendizagem não ocorre linearmente, ocorre pela reorganização interna do saber". (Mazzardo, 2005, P.40). Uma forma de gestão que o aluno (a) estabelece internamente de acordo com as potencialidades, estabelecendo esses vínculos.
Muitos séculos foram necessários para a produção e o acúmulo do Saber, mas são necessárias poucas horas para a sua transmissão. Para isso necessita de um tempo didático ou legal como afirma Chevallard (1991). Desta forma sintoniza os (as) alunos (as) com a cultura do seu tempo, levando-os a perceber a relevância do saber na resolução dos problemas.
Nesse processo, os procedimentos didáticos, a contextualização e a retomada dos temas são necessários, são fatores que potencializam o ensino e a aprendizagem. Ao abordar o tema educação e gerações Forquin, fala das interferências de ambas. Seja ela concebida como um projeto ou como um processo, sempre estará vinculada a realidade, renovando gerações, transmitindo conhecimentos e socializando.
Renovar as gerações é um compromisso que cabe a educação, no intuito de conservar a sua cultura sem restringir-se de crescer e interagir com acessibilidade na diversidade. Ao organizar os conhecimentos técnicos, práticos e emancipatórios age como um investigador ativo em condições de responder às exigências da escola e da sociedade.
CAPÍTULO 5
O Projeto investiga a contribuição da metodologia da Recreação e Cidadania no processo de ensino aprendizagem da Educação Fiscal como um Tema Transversal. Aborda o desenvolvimento da cidadania numa perspectiva ética, estética inclusiva contextualizada, típica da Educação Contemporânea. Resulta de uma experiência educativa que investiga as contribuições da Metodologia "Recreação e Cidadania" no processo de ensino aprendizagem na sala de aula, nos Ambientes de Recreação.
Utiliza a Educação Fiscal como estratégia para desenvolver a cidadania pró-ativa com os (as) alunos (as) da primeira a nona série da Escola Municipal de Ensino Fundamental Edy Maia Bertóia e na qualificação de professores (as) no intuito de melhorar a qualidade de vida. Numa Escola que recebe alunos (as) que apresentam dificuldade de aprendizagem e adaptação devido às condições sociais insatisfatórias em idade escolar entre onze a quinze anos na Cidade de Santa Maria, RS, Brasil.
A pesquisa já tem uma longa experiência neste tema. Apresenta como eixo temático a Escola, o Estado e a Cidadania. Tem o seu início no trabalho de conclusão do Curso de Pós-graduação em Psicopedagogia apresentado a Universidade Castelo Branco UCB/IESDE. A sua seqüência se dá na Dissertação de Mestrado em Ciências da Educação, apresentada na UNINORTE - Universidad del Norte em Asuncion, no Paraguai, oportunizado Pelo Acordo do Mercosul.
Tem a sua seqüência na escola e na Defesa da Tese de Doutorado da autora junto a UTIC, Universidade Tecnológica Intercontinental, onde traça o perfil do (a) professor (a) envolvido na dinâmica. Para desenvolver o projeto organizou-se um programa envolvendo o currículo e a Educação Fiscal. Aborda o saber e o saber ensinável, na área das Ciências Humanas, que prevê a Educação formal do (a) aluno (a) e a sua Inclusão Social.
No ano de 2004, trabalhamos as questões referentes à Cidadania na perspectiva do Sistema e da Ordem. No ano de 2005 organizou-se um passeio pela Cidadania e pela Democracia acompanhadas pela Educação Fiscal, no ano de 2006 se abordou as questões relativas à Prefeitura, ao Banco e ao Empreendedor salientando a importância do relacionamento humano. No ano de 2007 tem seqüência o trabalho desenvolvido com a formação do autor de acordo com o potencial do (a) aluno (a). Salientam-se as noções sobre a redação oficial e se dá início ao Projeto de vida.
O Projeto alcançou os seus objetivos e o reconhecimento social devido à relevância educacional da proposta. Selecionado no Premio Agrinho 2006, como destaque regional pela experiência educacional. Participou do Cibersociedade, um Fórum Social Mundial que oportuniza a divulgação de trabalhos científicos e conta com a participação da UNESCO.
O trabalho com a Recreação como metodologia para construir Cidadania, já se desenvolve na escola há quatro anos e justifica-se pelos estímulos, pelos motivadores e pelas oportunidades de ensino aprendizagem que proporcionou aos alunos e aos professores. O objetivo deste trabalho foi despertar no (a) aluno (a) a consciência sobre a Cidadania pró-ativa, salientando a importância da formação cidadã para participar do processo democrático de maneira saudável, com qualidade de vida.
No processo de ensino e aprendizagem o Programa da Educação Fiscal trouxe com ele o vínculo que faltava. O objeto do desejo, o foco da atenção e da concentração, "a moeda" e a oportunidade de aprender a lidar com o sistema de forma recreativa contextualizada, alegre e muito divertida.
A partir do Programa da Educação Fiscal, associado ao currículo se desenvolvem um programa que visa à cidadania pró-ativa. De forma recreativa, a partir de uma temática, numa sucessão de ações e atividades educativas, a proposta foi desenvolvida. Associada ao calendário escolar e aos conteúdos concomitantemente pelas vivencias interativas.
O trabalho desenvolvido provocou uma mudança de atitude na linguagem e no comportamento dos (as) alunos (as). Devido às dinâmicas promovidas em sala de aula e nos Ambientes de Recreação naturais e informatizados com aqueles que apresentavam dificuldades de aprendizagem, condutas típicas e adaptação social.
A dificuldade de aprendizagem identifica os nossos alunos (as). A partir desse quadro se iniciou o nosso desafio, re-significar os saberes. Criar um novo método com técnicas diversificadas que pudesse encantá-los, despertando interesse, facilitando a compreensão das informações, dos conceitos e dos conteúdos. De forma a aprender a investigar os temas, a elaborar o material didático como o texto e outras produções, analisando e compartilhando com o grupo a sua reestruturação, pela ação reflexão ação.
A integralidade da pessoa humana foi o nosso objetivo. No entanto, o trabalho foi organizado atingindo as três áreas psicológicas que compõem a formação do ser. Na área afetiva social, salientamos as emoções e os sentimentos, na área cognitiva o saber e na área psicomotora o fazer sistematizando o aprendizado de forma recreativa para a formação cidadã.
O trabalho exigiu uma prática didática metodológica mediada pela Educação dialógica problematizadora e pela Recreação e Cidadania. Desenvolvida na sala de aula, nos Ambientes de Recreação naturais e informatizados por meio da investigação ação escolar. Uma Educação Dialógica Problematizadora mediada pelo (a) professor (a) facilitando o desenvolvimento da aprendizagem e a resolução dos problemas.
A educação dialógica problematizadora estimulou a Investigação ação-escolar, possibilitando ao professor (a) a identificação dos problemas que enfrentava motivando-o na busca de soluções para a sua prática profissional. A tecnologia utilizada como estratégia complementou a dinâmica, inovando a educação e desenvolvendo o capital humano de forma contextualizada. Assim, o projeto promoveu uma mudança de paradigma.
O educer foi à comprovação do educare. Na primeira fase do projeto trabalhamos com ênfase o Educare, alimentando o (a) aluno (a) com informações e conhecimentos para que pudesse crescer. Manifestar o seu comportamento, a sua personalidade e o seu caráter para depois colaborar. Nessa perspectiva o (a) professor (a) que antigamente era visto como o detentor do saber absoluto se transformou num mediador do processo de ensino aprendizagem. Um parceiro no desafio da descoberta dos saberes.
A metodologia da Recreação e Cidadania e a Educação Fiscal servem como ferramentas potenciais para dar suporte pedagógico, pois desenvolvem os saberes dos cidadãos, aprimoram o seu espírito e o seu comportamento. Atualmente a educação considera a Inclusão Escolar e Social como um processo cultural a ser construído com o auxilio da comunicação e da tecnologia. Como uma ferramenta importante para transformar a sociedade e desenvolver a pessoa humana que nela atua.
4.1 A contextualização
A partir desses fundamentos surge a metodologia, como uma nova concepção de educação. Para executá-la foi preciso explorar as suas potencialidades nas situações de ensino aprendizagem de forma adequada com organização e sistematização. Na sua mediação o (a) professor (a) teve acesso ao conhecimento elementar, na qual exercita concomitantemente a prática que permite a ação, a transformação e o entendimento.
Aprender com a Metodologia Recreação e Cidadania exige um planejamento flexível com visão, missão, metas e objetivos. Organizado na forma de ações e atividades educativas que contemplaram uma avaliação do processo. Além dos saberes que formaram e emanciparam o (a) aluno (a), o (a) professor (a) os instiga a problematizar, a produzir e analisar de forma crítica, elaborando alternativas e uma educação de qualidade.
O diálogo e a problematização estimulam o desenvolvimento da afetividade, da aprendizagem e a elaboração de hipóteses, com sugestões para a resolução dos problemas educacionais e vivenciais, tendo como visão à vida futura. A educação constitui-se como um eixo significativo na vida de todo ser humano, pois é considerada como uma causa, formada por forças externas, que atuam de fora para dentro e de forças internas que evoluem de dentro para fora. A interação das forças modela a pessoa humana.
Essa interação justifica a necessidade de unir as teorias de Piaget (1973), Wygotsky (1984), Wallon (1973) e Ausubel (1980), pois, no educare, "se hace referencia a la influencia de la sociedad sobre sus miembros para asimilación de valores, creándose de esta manera el proceso de socializacíon". … no educere "se hace referencia al desarrollo interior del sujeto, produciéndose de esta forma el proceso de individualización". (Villalba, 2007, p.3) O homem constitui-se pelo outro.
Necessita da educação formal e informal, da intra, da inter relação para aprimorar-se como pessoa. Aprender a lidar com as situações adversas e com os outros, desenvolvendo uma comunicação saudável.
A educação implica no desenvolvimento das potencialidades e constitui-se em um meio de realização. Auxilia na organização, na ordenação, na sistematização e na estruturação da pessoa e do social.
Pela ação humana a educação influencia-nos uns aos outros, pois se trata de um fenômeno social. Implica no aspecto cognitivo, sócio afetivo e psicomotor num desenvolvimento integral. "El sujeto se realiza personalmente gracias a las influencias que recibe de su entorno y ante las que desarrolla sus capacidades. Así también la persona actúa sobre el medio externo contribuyendo a su cambio y evolución: de ahí que la sociedad no es estática sino dinámica." (Villalba, 2007, p.6) Apresenta um princípio dinâmico, com um grande poder de ação, expansão e resultado.
Percebe-se que a influencia é recíproca numa relação de trocas. Onde ambos precisam conhecer-se, respeitar as suas culturas, opiniões e valores. No entanto a educação é uma ação planejada e sistematizada, típica do desenvolvimento das faculdades humanas. Trata-se de um processo que pretende alcançar alguns valores de forma a estabelecer regras sociais saudáveis. Resulta de um processo educativo que se produz em cada pessoa de acordo com as suas características existenciais, pois o pensamento é fruto da sua existência, contestando a versão de Descartes.
A idéia do corpo pensante é uma das idéias principais que se estrutura a filosofia da educação Contemporânea. Há um rompimento radical com a visão dualista que acompanhou a nossa história e que ainda está presente no fazer. As ciências cognitivas nos ajudam a dissolver essa separação e entender melhor a relação entre mente cérebro e corpo.
A dimensão dentro e fora afetam a compreensão das diversas áreas. Quando se trata do objetivo e do subjetivo, da razão e da emoção, do novo conceito da metáfora. Antonio Damásio (1996) acredita que grande parte dessa confusão está numa das mais famosas citações da história da Filosofia, no século XVII, quando o filósofo francês René Descartes (1596-1658) afirmou: "penso, logo existo" ("Cogito ergo sum").
Para Damásio, a frase deveria ser "existo, logo penso", pois é preciso existir para depois pensar. Assim argumenta: A afirmação sugere que pensar e ter consciência de pensar são os grandes substratos de existir. E, como sabemos que Descartes via o ato de pensar como uma atividade separada do corpo, essa afirmação celebra a separação da mente, a "coisa pensante" (res cogitans), do corpo não pensante, que tem extensão e partes mecânicas (res extensa). (Damásio, 1996, p. 279) Nessa citação explica o entendimento literal, pois a frase ilustra o oposto daquilo que acredita ser verdade sobre as origens da mente e da relação mente e corpo.
Antes do aparecimento da humanidade os seres já existiam e a evolução traz consciência à mente. Devido à complexidade do sistema surge a possibilidade de pensar e usar a linguagem para organizar os pensamentos. Os fenômenos mentais se integram verdadeiramente ao corpo tais como são visualizados. "Capazes de dar lugar às mais altas operações, como aquelas que revelam a alma e o nível espiritual". (Damásio, 1996) O seu ponto de vista concorda com a noção de alma, pois esta reflete somente num estado particular e complexo do organismo.
A evolução dos tempos modificou o pensamento, e gradativamente foi unindo a teoria com a prática. Adotando a idéia de corpo pensante, instigando o pensar global, integrando o individual ao coletivo e os conteúdos as necessidades. A neurobiologia estudada por Damásio (1996) comprova a relação indissociável da mente cérebro corpo e ambiente da qual surgem às imagens visuais, auditiva, somatossensoriais, o pensamento.
Nas situações em que as palavras ou símbolos arbitrários são incluídos, as representações ficam topograficamente organizadas, transformando-se em imagem. Na segunda fase de organização é que aparecem as palavras e a escrita. A distinção feita por Damásio (1996) sobre as emoções e os sentimentos esclarece o fenômeno. São percepções diretas de nossos estados corporais e não algo imaterial que acontece fora do corpo, pois constituem um elo fundamental entre o corpo e a consciência.
Etimologicamente, a palavra emoção sugere uma direção externa a partir do corpo, pois significa, literalmente, o movimento para fora. Assim, percebe a essência da emoção como: "A coleção de mudanças no estado corporal que são induzidas numa infinidade de órgãos por meio de terminações nervosas sob o controle de um sistema cerebral dedicado ao qual responde ao conteúdo dos pensamentos relativos a uma determinada entidade ou acontecimento". (Damásio 1996, p.168) Desta forma percebe que a manifestação do sentimento modifica a resposta emocional.
Na qual existem mudanças em justaposição com as imagens mentais que iniciaram o ciclo. A emoção e o sentimento fazem parte indissociável de qualquer processo racional. A emoção é momentânea, passageira. O sentimento manifesta-se a longo prazo, de forma permanente. Na sua teoria defende que existem sistemas reguladores básicos no organismo que preparam o terreno para o processo consciente, cognitivo e as decisões.
Esse sistema é identificável quando surge um resultado associado a uma possível resposta, uma sensação visceral desagradável. Em grego, soma significa corpo e somático aquilo que pertence ao corpo, uma imagem, o "marcador somático". Isto significa que a racionalidade é configurada e modulada por sinais do corpo, pois há doses de emoção e intuição proveniente do corpo manifesta no comportamento das pessoas.
Antes dos circuitos cerebrais realizarem uma análise mais detalhada dos fenômenos que nos afetam, o corpo já adquiriu suas primeiras emoções. O marcador somático avisa os processos de decisão quando um resultado é negativo ou positivo por meio de um incentivo. O corpo faz uma pré-seleção das inúmeras possibilidades e envia para o cérebro para serem analisadas. A simbiose entre os processos cognitivos e emocionais fica evidente. Inviável a separação da razão e da emoção no processo racional e fundamental da consciência do corpo no mundo contemporâneo.
No livro "Entenda melhor suas emoções" o Dr. Osmar Terra (1999) salienta que: "somos mais emocionais que racionais", pois a emoção é mais antiga que a razão no processo evolutivo. Na interação utiliza canais de comunicação muito rápidos, balizando o comportamento de acordo com a nossa sobrevivência, além de interferir nos canais do cérebro racional.
No entanto, o contexto exige que sejamos racionais. Que se participe do sistema com uma devida atenção e concentração. Capaz de executar as ações e as atividades da vida diária com eficácia. Na escola, o espaço de ação e transformação humana trabalha com conceitos racionais, lingüísticos, lógico-matemáticos como se a emoção não existisse. Sendo esta estritamente necessária, pois sem a emoção não ocorre à aprendizagem.
Uma criança com distúrbios emocionais vai ter enormes dificuldades de aprendizagem. Portanto, trabalhar o lado emocional facilita o entendimento do processo de aprendizagem humana. Pois, "a ansiedade e as preocupações invadem os canais do pensamento, por serem oriundas de uma estrutura mais primitiva e mais rápida". (Terra, 1999, p.203) Desta forma bloqueiam o raciocínio normal e diminuem a capacidade de aprender. A sua auto-estima diminui consideravelmente e aumenta a sua angustia.
A metodologia da Recreação e Cidadania utiliza o corpo e a sua dramatização por meio das vivencias, instigando o pensamento e a reflexão. Estimula o agir com ele e não por meio dele no intuito de trabalhar a emoção e a razão. O seu movimento representa o próprio pensamento, a sua emoção, os seus sentimentos e seu raciocínio manifestos no externo.
A Recreação e Cidadania caracterizam-se por ser uma metodologia muito alegre e divertida. Numa seqüência de temas, ações e atividades educativas que instigam a aprendizagem numa relação de afeto, cognição e prazer de forma significativa. Da união do corpo com o pensamento e a emoção surge o aprendizado. A pessoa é percebida na sua essência, de acordo com o seu potencial, no seu espaço e no seu tempo social.
Participar das atividades requer do (a) aluno (as) e do (a) professores (a) a necessidade de coordenar cada ação e os seus efeitos no pensamento, pois constantemente vão se defrontar com um problema a resolver. Os conflitos geram o funcionamento de um processo de aprendizagem nas estruturas do pensamento de forma mecânica, a nível piramidal e automático, no extra-piramidal a medida vai sendo exercitada.
A metodologia Recreação e Cidadania promovem aprendizagem e o desenvolvimento integral no ser humano de forma alegre e divertida. Na sala de aula nos Ambientes de Recreação naturais e informatizados apresentam dois ingredientes fundamentais: a ação e a interação biológica, psicológica, sociológica e emocional com o aprendizado numa relação de afeto, cognição e prazer. Sendo assim, a prática comprova a teoria de Damásio (2006), quando conclui que: "a percepção das emoções é há base daquilo que os seres humanos chamam, depois de milênios, a alma e o espírito". O ser,
Nessa integração, à medida que o aluno (a) é desafiado pelo diálogo problematizador organiza as ações e o seu pensamento numa perspectiva ética, estética, inclusiva de maneira sensível e inteligente. A metodologia envolve um conjunto organizado de ações educativas e atividades recreativas, que utilizam o brinquedo, a brincadeira, os jogos educativos, a informática, os softwares, a internet e outros para atender os objetivos.
A Recreação como metodologia para desenvolver a cidadania permitiu as práticas educacionais inclusivas na sala de aula, nos Ambientes de Recreação natural e informatizado. Para desenvolver a aprendizagem abordou a afetividade, a cognição e o prazer despertando as emoções e os sentimentos, facilitando as relações humanas e incluindo os (as) alunos (as).
A abordagem pedagógica do estudo situou-se numa linha Desenvolvimentista, Progressista, Construtivista e sociointeracionista além da contribuição de outros autores e atores sociais. Sem os quais este estudo não teria alcançado essa dimensão e os méritos recebidos.
Página anterior | Volver al principio del trabajo | Página siguiente |
|
|