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Consumo e digestibilidade aparente dos nutrientes da silagem de milho e dos fenos de alfafa (página 2)

Daniele Rebouças Santana Loures; Rasmo Garcia; Odilon Gomes Pereira; Paulo

 

4. Material e métodos

O experimento foi conduzido no Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Viçosa, Minas Gerais no período do mês de agosto de 1998.

Foram usados 15 carneiros adultos, sem raça definida, castrados, com peso vivo médio de 47,5 kg, distribuídos em delineamento em blocos casualizados, com cinco repetições, utilizando-se, como critério de blocos, o peso vivo dos animais.

Foram avaliados três alimentos, a silagem de milho (SM), o feno de capim-coastcross (FCC) e o feno de alfafa (FA), cuja composição bromatológica encontra-se na Tabela 1.

O período experimental teve duração de 21 dias sendo 15 dias para adaptação dos animais aos tratamentos e seis dias para a coleta dos dados.

Os alimentos foram fornecidos às 7h30 e 16h, diariamente, ad libitum. A quantidade de alimento disponível a cada animal, na fase de coleta, foi 10% superior ao consumo médio observado na fase de adaptação, de modo a possibilitar sobras.

Os animais foram pesados no início e final do experimento, após a pesagem inicial, procedeu-se à distribuição dos mesmos nos blocos, adotando-se o critério de peso, efetuando-se nessa ocasião a vermifugação dos mesmos. Os carneiros foram mantidos em gaiolas de metabolismo, equipadas com bebedouro e comedouros, para fornecimento de alimentos e sal mineral e coletores de urina.

A determinação do consumo de alimentos, foi realizada por meio da pesagem do oferecido e das sobras realizada no período do 16o ao 21o dia. Nessa ocasião, foram confeccionadas amostras compostas dos alimentos fornecidos e das sobras, que foram acondicionadas em sacos plásticos devidamente identificados e guardados em congelador a -5oC para as análises posteriores.

Para a coleta de fezes, utilizou-se sacolas especiais de napa e, para a coleta de urina, baldes de plástico com boca telada, contendo 50 mL de uma solução de ácido clorídrico a 50%.

A coleta de fezes foi realizada do 16o ao 21o dia, às 7 e 17h, e a de urina, às 7h, registrando-se, nessa oportunidade, a quantidade diária de fezes e urina excretada pelos animais. Após a homogeneização do material, foi retirada uma alíquota diária de 5 a 10% do total produzido, para a confecção de uma amostra composta por animal. As amostras de fezes foram colocadas em sacos plásticos e as de urina, em frascos de vidro escuro. As amostras de fezes foram armazenadas em congelador, a -5oC, e as de urina, em geladeira.

Após o término do ensaio, as amostras do material fornecido das sobras e fezes foram descongeladas, à temperatura ambiente; em seguida, procedeu à pré-secagem em estufa de ventilação forçada a 65oC, por 72 horas. Logo após, foram moídas em moinho tipo Willey, com peneira de 1 mm, e armazenadas em vidros com tampa de polietileno, devidamente identificados.

As análises de matéria seca, proteína bruta, fibra em detergente neutro, extrato etéreo e cinzas dos alimentos, das sobras e das fezes e de N-total na urina foram determinadas conforme SILVA (1990).

Os carboidratos totais (CT) dos alimentos fornecidos das sobras e fezes e os nutrientes digestíveis totais (NDT) consumidos foram calculados segundo SNIFFEN et al. (1992), sendo: CT = 100 ¾ (%PB + %EE + %CINZAS); e NDT = (PBing - PBfecal) + (CTing - CTfecal) + 2,25(EEing - EEfecal) em que: PBing = proteína bruta ingerida; CTing = carboidratos totais ingeridos; e EEing = extrato etéreo ingerido.

A análise das variáveis de consumo, digestibilidade aparente e balanço de nitrogênio foram realizadas adotando-se o modelo relativo ao delineamento de blocos casualizados de acordo com o modelo:

Yij = m + Ti + Bj + eij,

em que: Yij = observação relativa ao animal que recebeu o tratamento i; m = média geral; Ti = efeito do tratamento i (i = 1 a 3); Bj = efeito do bloco j (j = 1 e 5); e, eij = erro experimental.

Os resultados foram interpretados, estatisticamente, por meio de análise de variância, aplicando-se o teste Tukey, a 5% de probabilidade, para a comparação das médias, usando-se o Sistema de Análises Estatísticas - SAEG 8.0 (UFV, 1998).

5. Resultados e discussão

Os valores obtidos para os consumos médios diários de matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta, extrato etéreo, carboidratos totais, fibra em detergente neutro e nutrientes digestíveis totais são apresentados na Tabela 2.

Não houve diferenças entre o consumo de matéria seca, em g/dia, das forrageiras estudadas (P>0,05), o qual variou de 752,63 a 1110,17 g/dia, para a silagem de milho e o feno de alfafa, respectivamente. Conforme MINSON (1990), as silagens geralmente apresentam consumo inferior, quando comparadas aos fenos, o que é atribuído aos produtos da fermentação (ácido acético e ácido láctico), e outros fatores como a mudança na estrutura física da silagem, quebra de proteína e redução de pH.

Contudo, verificou-se efeito (P<0,05) dos alimentos para o consumo de matéria seca, expresso em porcentagem de peso vivo e em g/kg0,75, registrando-se maiores consumos para os animais que receberam feno de alfafa e de capim-coastcross, que, por sua vez, não diferiram entre si (P>0,05). O consumo de 68,06 g/kg0,75, obtido para o feno de alfafa, superou em 31,8 e 57,4% o valor encontrado para o feno de capim-coastcross e a silagem de milho. O menor consumo obtido quando se utilizou a silagem de milho, possivelmente, se deve ao baixo teor protéico da mesma, que apresentou um teor de 5,67% de PB, e, segundo MERTENS (1994), a mesma se encontra abaixo do limite crítico (7% de PB) para promover adequado crescimento de microrganismos ruminais e consequentemente boa digestão ruminal.

VALADARES et al. (1997a), trabalhando com níveis diferentes de proteína bruta nas rações (7; 9,5; 12; e 14,6%), observaram redução na ingestão de alimento de animais que receberam rações com 7% de proteína bruta atribuindo ao baixo teor de PB dietética.

O valor médio de 68,06 g/kg0,75, obtido para o feno de alfafa foi inferior aos resultados obtidos por CRAMPTON et al. (1960) que foi de 80 g/kg0,75/dia, em ensaio com ovinos. O consumo em gramas por unidade de tamanho metabólico encontrado por PINTO et al. (1998), para silagem de milho, foi superior (67,61 g/kg0,75) ao do presente estudo (43,24 g/kg0,75), quando esses autores avaliaram o consumo voluntário das silagens de capim-sudão, milheto, teosinto (Euclhaena mexicana, Schrad) e milho, com ovinos.

Não se observaram diferenças (P>0,05) entre os alimentos para o consumo de matéria orgânica, em g/dia, porcentagem de peso vivo e gramas por unidade de peso metabólico (Tabela 2). Registraram-se consumos médios de 59,59; 48,82; e 39,94 g/kg0,75, para animais recebendo, respectivamente, feno de alfafa, feno de capim-coastcross e silagem de milho, o que corresponde a ingestões de 2,37; 1,89; e 1,55% do peso vivo.

Verificou-se maior (P<0,05) consumo de PB nos animais que receberam feno de alfafa (Tabela 2). Este resultado se deve ao maior valor protéico deste alimento, uma vez que não se detectaram diferenças entre os alimentos no consumo de matéria seca, quando expresso em g/dia.

Para o consumo de extrato etéreo, detectaram-se diferenças (P<0,05), entre os alimentos, registrando-se menor consumo de 5,92 g/dia para os animais que receberam silagem de milho (Tabela 2). Não foi verificado efeito (P>0,05) dos alimentos para o consumo de carboidratos totais (Tabela 2).

Não foram verificadas diferenças (P>0,05) entre o consumo de fibra em detergente neutro para o feno de alfafa e feno de capim-coastcross sendo ambos superiores (P<0,05) ao consumo de FDN originada da silagem de milho. O consumo médio de 702,88 g/dia para os animais recebendo feno de alfafa superou em 5,3 e 56,9% os consumos de FDN verificados para feno de capim-coastcross e silagem de milho, respectivamente. O menor consumo de FDN pelos animais que receberam silagem de milho esta associado à menor ingestão de matéria seca desses animais e em parte devido aos produtos da fermentação da silagem.

Os teores de fibra em detergente neutro (FDN) da silagem de milho e do feno de capim-coastcross foram 17,9 e 39,0 unidades superiores ao do feno de alfafa (54,5%). Isto pode explicar os consumos de MS mais baixos verificados nos animais que receberam feno de capim-coastcross e silagem de milho, pois, segundo VAN SOEST (1965), o consumo voluntário de matéria seca encontra-se altamente correlacionado com o teor de FDN, quando esta se situa entre 55 e 60% da matéria seca do alimento.

Verificou-se maior (P<0,05) consumo de NDT (g/dia) para os animais que receberam feno de alfafa (Tabela 2), o que pode estar associado ao teor mais elevado de matéria seca e, ou, ao seu elevado teor protéico (18,05%).

Os coeficientes médios de digestibilidade aparente de matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta, extrato etéreo, carboidratos totais e fibra em detergente neutro encontram-se na Tabela 3. A digestibilidade aparente da matéria seca, obtida para o feno de alfafa (56,47%), foi superior (P<0,05) à verificada para o feno de capim-coastcross (48,92%) e a silagem de milho (46,59%), que, por sua vez, não diferiram entre si (P>0,05).

Para a digestibilidade aparente da matéria orgânica, não se detectaram diferenças (P>0,05) entre os alimentos, registrando-se valores médios de 50,21; 51,02; e 54,96%, para silagem de milho e fenos de capim-coastcross e alfafa, respectivamente.

A digestibilidade aparente da proteína bruta apresentou comportamento semelhante ao verificado para a matéria seca, registrando-se (P<0,05) maior digestibilidade (73,92%) para o feno de alfafa. Este fato, se deve, possivelmente, à maior ingestão de proteína bruta verificada nos animais alimentados com feno alfafa ou, ainda, ao teor protéico mais elevado deste volumoso, em relação aos demais alimentos. Segundo CAMERON et al. (1991) a digestibilidade da proteína bruta aumenta com o teor de proteína bruta do alimento.

Para a digestibilidade de carboidratos totais e extrato etéreo, não foram observadas diferenças (P>0,05) entre os alimentos estudados.

Observaram-se os menores valores de digestibilidade aparente da fibra em detergente neutro (41,22%), para a silagem de milho, conforme pode ser visto na Tabela 3. Isto pode estar associado ao menor consumo deste nutriente, verificado para o referido alimento apresentado na Tabela 2.

Os valores referentes ao balanço de nitrogênio (BN) dos animais, expresso em g/dia, % do ingerido e % do absorvido estão apresentados na Tabela 4. A análise estatística foi realizada somente para o BN em g/dia. Observaram-se maiores valores para os animais que receberam fenos de alfafa e de capim-coastcross, que, por sua vez, não diferiram (P>0,05) entre si. A silagem de milho, embora tenha apresentado BN negativo, não diferiu (P<0,05) do feno de capim-coastcross. Estes resultados podem ser explicados em virtude do ganho de peso diário no decorrer do período experimental em que houveram ganhos de -34,92, 100,79 e 147,62 g/dia para os animais consumindo silagem de milho, feno de capim¾coastcross e feno de alfafa, considerando a pesagem no início e no final do período experimental. Como pode ser observado os animais alimentados com silagem de milho apresentaram perda de peso o que pode estar relacionado com a qualidade do alimento em questão.

Em um estudo relacionando os níveis de proteína sobre o balanço de nitrogênio, em que foram usadas quatro rações contendo 45% de concentrado com teores de 7; 9,5; 12; e 14,6% de proteína bruta na ração, VALADARES et al. (1997b), encontraram balanços de nitrogênio de 8,20; 24,68; 31,28; e 39,25 g/dia, para as respectivas rações. Os autores relataram que maior retenção de nitrogênio ocorre com o aumento no teor de proteína bruta na ração. Isto poderia explicar o balanço de nitrogênio mais elevado para os animais que receberam feno de alfafa, em decorrência de seu maior teor protéico encontrado para esse alimento.

6. Conclusões

A digestibilidade aparente dos nutrientes está associada a composição química e à natureza das forragens. O feno de alfafa apresentou digestibilidade da matéria seca e da proteína bruta superior aos valores observados para o feno de capim-coastcross e silagem de milho. A digestibilidade aparente da FDN da silagem de milho foi inferior às outras forragens estudadas.

O balanço de nitrogênio é resultado do teor de nitrogênio presente na forragem. Das três forragens estudadas, a silagem de milho foi a que apresentou balanço de nitrogênio negativo.

7. Referências bibliográficas

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Andréia Luciane Moreira2, Odilon Gomes Pereira3,6, Rasmo Garcia3,6, Sebastião de Campos Valadares Filho3,6, José Maurício de Souza Campos3, Salete Alves de Moraes4, Joanis Tilemahos Zervoudakis5 - rgarcia[arroba]ufv.br

1 Parte da tese de Mestrado do primeiro autor, parcialmente financiada pela FAPEMIG/CNPq.

2 Estudante de Doutorado - FCAV/UNESP - 14870-000 Jaboticabal, SP.

3 Professores do DZO/UFV.

4 Estudante de Mestrado - UFV/DZO - 36570-000, Viçosa, MG.

5 Estudante de Doutorado - UFV/DZO - 36570-000, Viçosa, MG.

6 Bolsista do CNPq.



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