Dois experimentos foram conduzidos com o objetivo de determinar a composição corporal e estimar as exigências de Ca e P, para ganho em peso, de cordeiros Santa Inês em crescimento. Em cada experimento foram usados 18 animais com 25 a 35 kg de peso vivo (PV), no primeiro, e com 15 a 25 kg no segundo experimento. Seis animais foram abatidos no início de cada experimento para avaliar o conteúdo de Ca e P corporal, servindo como animais referência para o método do abate comparativo, seis animais receberam alimentação ad libitum e seis, alimentação restrita. As exigências líquidas de Ca e P para o ganho em peso foram estimadas a partir da derivação de equações de regressão do logaritmo da quantidade desses minerais presentes no corpo vazio, em função do peso do corpo vazio. As exigências líquidas por quilo de ganho de PV para animais com 15, 25 e 35 kg de PV foram, respectivamente: 11,63, 10,52 e 9,82 g de Ca e 5,82, 4,99 e 4,28 g de P.
Termos para indexação: Ovis aries, ovinos, necessidade de nutrientes, nutrientes minerais.
Body composition and nutritional requirements of calcium and phosphorus in growing Santa Inês lambs
Two experiments were conducted with the objective to determine body composition and to estimate the nutritional requirements in Ca and P in growing Santa Inês lambs. In each experiment, eighteen animals were used, with 25 to 35 kg of live weight, in the first, and with 15 to 25 kg in the second experiment. Six animals were slaughtered at the beginning of each experiment to access the amount of Ca and P retained in the body, which were used as reference animals for the comparative slaughter method. Six animals were fed ad libitum and six received restricted food. The net requirements of Ca and P for empty body weight gain were estimated from derivation in the regression equations of the total mineral present in the empty body based on the empty body weight. The net requirements of Ca and P for kg of live weight (LW) gain for lambs with 15, 25, and 35 kg of LW were, respectively, 11.63, 10.52 and 9.82 g of Ca and 5.82, 4.99 and 4.28 g of P.
Index terms: Ovis aries, sheep, nutritional requirements, mineral nutrients.
A ovinocultura no Brasil é hoje uma alternativa de exploração pecuária que vem alcançando um grande desenvolvimento, principalmente em relação à produção de carne. Nesse aspecto, a raça Santa Inês tem demonstrado ser promissora, pois apresenta características como precocidade, alto rendimento de carcaça e adaptação a diversas condições ambientais. O entrave no uso dessa raça, no entanto, tem sido constatado pela falta de informações, principalmente quanto à composição corporal e exigências nutricionais.
O arraçoamento desses animais tem sido baseado em recomendações para ovinos lanados que foram estabelecidas em regiões temperadas, porém, segundo Loosli & Guedes (1976), existem dúvidas quanto à validade do uso de requerimentos estabelecidos nas regiões temperadas para animais em regiões tropicais. Embora os experimentos de alimentação possam ser usados para estimar as exigências de minerais, eles só prevalecem para as condições em que o experimento foi conduzido. Assim, muitos países têm desenvolvido tabelas de exigências nutricionais adaptadas às suas condições (Silva, 1996).
O Agricultural Research Council (1980) adotou um valor médio para o conteúdo corporal de Ca e P, para ovinos em crescimento, de 11 g de Ca e 6 g de P por kg de peso corporal vazio (PCV) e considerou que a concentração desses minerais no ganho de peso é independente do peso do animal. Já Annenkov (1982) e Grace (1983) encontraram valores médios, para cordeiros em crescimento, de 10,2 e 10,5 g de Ca e 5,4 e 5,2 g de P por kg de ganho de peso corporal, respectivamente.
O Agricultural Research Council (1980) e o National Research Council (1985) admitem que os requerimentos líquidos de macroelementos minerais são constantes e independem do peso do animal. Nas recomendações de exigências, o National Research Council (1985) considerou um requerimento absoluto de Ca e P para cordeiros em crescimento de 183 mg de Ca e 103 mg de P por kg de PV/dia, enquanto o Agricultural Research Council (1980) estimou o requerimento como 11 g de Ca e 6 g de P por kg de PCV.
Já o Agricultural and Food Research Council (1991) adotou equações baseadas no crescimento ósseo para estimar as exigências de Ca e P e considerou que a deposição desses elementos no corpo decresce à medida que o animal torna-se adulto.
Annenkov (1982) apresentou uma Tabela de exigências de Ca e P para várias categorias. Para animais com 10 kg de peso vivo (PV) e um ganho diário de 100 g, foi recomendada uma ingestão de 1,7 g de Ca e 1,1 g de P/dia; para um ganho de 200 g, a recomendação passa a ser 3,3 g de Ca e 1,9 g de P/dia; para animais com 20 kg de peso vivo e com um ganho diário de 100 g, a recomendação é de 3,0 g de Ca e 1,3 g de P/dia; para um ganho diário de 200 g, recomenda-se 5,0 g de Ca e 2,0 g de P/dia.
Na literatura verifica-se que existe variação muito grande nos valores de composição corporal e, conseqüentemente, nas exigências em Ca e P de ovinos. Segundo Boin (1985), em função das diferenças entre os sistemas de produção, raças, alimentos e condições climáticas, é importante a realização de trabalhos com o objetivo de verificar as exigências minerais, os quais devem ser feitos regionalmente com os animais nas condições dos sistemas de produção usados.
O objetivo deste trabalho foi determinar a composição corporal e estimar as exigências de Ca e P em cordeiros Santa Inês em crescimento, criados nas condições do Sul do Estado de Minas Gerais.
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