Artigo original: "Adolesc. Latinoam., ago. 2002, vol.3, no.1, p.0-0. ISSN 1414-7130." |
A atividade física auxilia no desenvolvimento do adolescente e na redução dos riscos de futuras doenças, além de exercer importantes efeitos psicossociais. Ainda existem, porém, vários mitos acerca da prática de exercícios físicos na adolescência e inúmeras dúvidas quanto à influência exata da mesma em fenômenos como o crescimento esquelético e a maturação biológica. Por outro lado, ao contrário do que se pode pensar, a atividade física nesta faixa etária não é isenta de riscos, sendo que estes envolvem desde lesões corporais até deficiências nutricionais. Esta revisão objetivou reunir informações acerca dos efeitos da atividade física no adolescente, das especificidades da atividade física dirigida a esta parcela da população, do panorama atual da prática de atividade física entre adolescentes e do papel da Educação Física para os mesmos.
Unitermos: Adolesc Latinoam 2002; 3(1): Atividade física na adolescência, importância da atividade física; educação física.
La actividad física ayuda al desenvolvimiento del adolescente y en la reducción de los riesgos de enfermedad futura, además de ejercer importantes efectos psico-sociales. No obstante, todavía existen varios mitos sobre la práctica de actividades físicas durante la adolescencia y muchas dudas con respecto a la real influencia de la misma sobre fenómenos como crecimiento esquelético y maduración biológica. Por otro lado, al revés de lo que se puede pensar, la actividad física en ésta edad no está libre de riesgos que incluyen desde lesiones corporales hasta deficiencias nutricionales. Esta revisión buscó reunir informaciones sobre los efectos de la actividad física en el adolescente, los aspectos específicos de la actividad física dirigida a ésta parte de la población, el panorama actual de la actividad física entre adolescentes y el papel de la Educación física para los mismos.
Palabras claves: Adolesc Latinoam 2002; 3(1) : Actividad fisica en la adolescencia; importancia de la actividad fisica, educación física.
A atividade física é um importante auxiliar para o aprimoramento e desenvolvimento do adolescente, nos seus aspectos morfofisiopsicológicos, podendo aperfeiçoar o potencial físico determinado pela herança e adestrar o indivíduo para um aproveitamento melhor de suas possibilidades (4) Paralelamente à boa nutrição, a adequada atividade física deve ser reconhecida como elemento de grande importância para o crescimento e desenvolvimento normal durante a adolescência, bem como para diminuição dos riscos de futuras doenças (10) .
A prática do exercício físico, associada a uma oferta energética satisfatória, permite um aumento da utilização da proteína da dieta e proporciona adequado desenvolvimento esquelético (28) . Várias outras influências positivas estão relacionadas à atividade física regular, entre eles o aumento da massa magra, diminuição da gordura corporal (38) (39), melhora dos níveis de eficiência cardiorrespiratória, de resistência muscular e força isométrica (29) , além dos importantes efeitos psicossociais.
Especificamente para o adolescente, Barbosa(6)coloca as seguintes vantagens do esporte: estimula a socialização, serve como um "antídoto" natural de vícios, ocasiona maior empenho na busca de objetivos, reforça a auto-estima, ajuda a equilibrar a ingestão e o gasto de calorias e leva à uma menor predisposição a moléstias.
O estudo de Durant et al. (17) mostrou que quanto melhor o condicionamento cardiovascular e físico, menor é o nível de lipídeos plasmáticos em crianças. Realizando testes de condicionamento físico em crianças, Harsha(25) também constatou que aquelas que obtinham melhores resultados apresentavam perfil lipídico e composição corporal, mais compatíveis com a boa saúde.
Tucker & Friedam(50) afirmam que a inatividade física constitui-se no fator mais importante para o desenvolvimento da obesidade. Estudos recentes envolvendo indivíduos jovens confirmam que o nível de atividade física está inversamente relacionado à incidência de sobrepeso e obesidade (2) (34) .
Fripp et al. (21) observaram que, adolescentes com boa aptidão física apresentavam menor Índice de Massa Corporal (IMC), menor pressão sanguínea sistólica e diastólica e maior concentração plasmática de HDL-colesterol do que adolescentes sedentários. Um estudo de caracterização de fatores de risco para aterosclerose realizado com universitários de São Paulo, entre 17 e 25 anos, mostrou associação entre um estilo de vida sedentário e níveis elevados de LDL-colesterol e triglicerídeos(42) .
Estudando 391 adolescentes do Rio de Janeiro, Fonseca et al. (19) constataram que as horas de TV e/ou vídeo game estavam significantemente associadas com o IMC. Dietz & Gortmaker(15) também demonstraram que o ato de assistir TV possui relação linear com a prevalência de obesidade na infância e adolescência. Rocket et al. (45) realizaram um estudo prospectivo em pré-adolescentes e adolescentes dos sexos feminino e masculino, em que avaliaram duas vezes o IMC no intervalo de um ano. Ao final desse período, os que referiram mais tempo dedicado à TV e vídeo game e menos à atividade física, tiveram aumento significantemente maior no IMC.
Denadai et al(14) estudaram os efeitos do exercício moderado e da orientação nutricional sobre a composição corporal de adolescentes obesos avaliados por densitometria óssea. Os resultados deste estudo sugeriram que o exercício aeróbio e a orientação nutricional podem promover importantes adaptações sobre a composição corporal destes indivíduos, atenuando os efeitos adversos decorrentes da obesidade.
Em um estudo com 104 adolescentes obesas, Sousa(48), constatou que exercício físico e controle alimentar combinados e adotados de forma gradual proporcionaram redução dos níveis séricos de LDL-colesterol e aumento de HDL-colesterol, além de aumento da massa magra e redução da gordura corporal.
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