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Cabello (1991: p.323) explicita a distinção entre neologismo e neologia:
Cumpre ressaltar a diferença entre neologismo e neologia. Neologia lexical é a possibilidade de criação de novas unidades lexicais, em virtude das regras de produção incluídas no sistema lexical. Neologia é, pois, o fato e neologismo, o vocábulo, a criação vocabular nova.
Depreende-se que o neologismo é uma criação lexical recente, uma acepção nova outorgada a um item lexical já existente na língua, ou a um item lexical adotado de outro idioma.
Barbosa (1996: p. 290) denomina neologismo alogenético ao item léxical trazido de outra língua, em oposição ao item lexical autóctone, emprestado no interior do próprio sistema lingüístico ( neologismo semântico ou conceptual) e assim o define:
Deve-se distinguir, inicialmente, o empréstimo interno e o empréstimo externo de palavras. Pelo primeiro, entende-se o movimento que se realiza entre vocabulários regionais, entre vocabulários profissionais, entre estes e aqueles ou, ainda, entre tais vocabulários e o vocabulário geral. O segundo refere-se ao empréstimo de um sistema lingüístico, integrante de uma macrossemiótica, faz de palavras de outro sistema lingüístico, pertencente a outra macrosssemiótica.
Os lexemas oriundos de outros sistemas lingüísticos se constituem em estrangeirismos ou empréstimos.
A maioria dos estrangeirismos se localiza no interior de linguagens de especialidade, denominadas tecnoletos (linguagem dos esportes, do jornalismo, da publicidade, etc.).
Estrangeirismo (e suas variantes terminológicas: xenismo e cenismo é aplicado ao lexema adotado que permanece com sua grafia original ao se incorporar à língua adotante (mesmo sendo amplamente utilizado pela comunidade). Exemplo: dopping, gool keeper, off-side, play-off, rusch, sprint, etc.
O item léxical é classificado como empréstimo, quando sofre processo de integração ortográfica e morfológica na língua adotante e passa a ser de domínio corrente, deixando de ser notado como vocábulo importado. Exemplos: beque [ing. back], gol [ing. goal], futebol [ing. football], chute [ing. shoot], etc.
Sobre a integração do empréstimo ao léxico geral da língua, Barbosa (1996: p. 292) observa:
Um termo só será considerado empréstimo propriamente dito, quando, numa fase ulterior à da adoção verdadeira pela integração e generalização, tiver alcançado alta freqüência e distribuição regular pelos falantes, a ponto de não ser mais sentido como estrangeiro.
A presença marcante de estrangeirismos e empréstimos de origem inglesa, no jargão futebolístico, é justificável, já que foi na Inglaterra onde se regulamentou e se desenvolveu o futebol como hoje é conhecido.
Outras línguas, embora com um menor índice de produtividade, também contribuíram na formação do tecnoleto do futebol: Italiano = libero (jogador que atua desmarcado) - Espanhol = -firula (virtuosismo), -alambrado (cerca de arame que circunda o campo), -copa (taça) -gandula (apanhador de bolas) zagueiro (beque) - Francês = -equipe (time), -placard (mostrador), etc.
O espanhol platino ainda forneceu cancha, vocábulo que havia recebido do quíchua, língua nativa do Peru, e que passou a ser empregada aqui, praticamente, com a mesma acepção (campo de futebol).
Dentre os motivos que levam o profissional de imprensa a utilizar com tanta freqüência itens léxicos importados, podemos destacar:
a) a inexistência de item lexical de origem vernacular que possa, com eficácia, substituir o empréstimo;
b) o desconhecimento, por parte do jornalista, de um item lexical similar dentro do vernáculo;
c) necessidade de auto-afirmação profissional, demonstrando domínio de uma língua estrangeira;
d) ganho de expressividade;
e) esnobismo.
As traduções e adaptações de vocábulos estrangeiros, em princípio, indicam uma preocupação editorial de eliminar tudo o que pode ser obscuro para um leitor de menor grau de escolaridade.
Convém observar que, embora seja freqüente a presença de itens lexicais importados na linguagem do futebol, eles, em sua grande maioria, já não conservam a grafia original, ou seja, já se encontram fonética e ortograficamente acomodados às normas estruturais da língua portuguesa.
As adoções que ainda se mantêm inalteradas, conservando a grafia original, quando empregadas, recebem marcas distintivas, estipuladas em Manuais de Redação que, em regra, obedecem às seguintes padronizações:
a-) colocados entre aspas: De início, o Corinthians, encetou uma "blitz" irresistível, perdeu dois gols e, aos 10 minutos, córner da esquerda, Devid de cabeça, rede. (DSP, /www.diariosp.combr/ - 11-04-2002)
b-) impressos em negrito: A Football Association Cup – Copa da Inglaterra, mãe de todas as copas, criada em 1872, é disputada anualmente pelos 92 clubes das quatro principais divisões do país. (Lce, /www.lancenet.ig.com.br/ - 10-06-2003)
c-) impressos em itálico: A equipe campineira faz o derby da cidade contra a Ponte Preta no Estádio Moisés Lucarelli. (FSP, /www.folha.com.br/ - 18-08-99)
Os primeiros registros jornalísticos sobre a linguagem do futebol no Brasil caracterizavam-se pelo emprego de uma terminologia de origem inglesa, com itens lexicais mantendo sua grafia original: ball in play (bola em jogo), center back (zagueiro central), club (clube), full back (zagueiro), goalkeeper (goleiro) hand (mão), match (jogo), rusch (escapada), time (tempo), etc. A partir dos anos sessenta, em razão da conquista de duas Copas Mundiais consecutivas (1958 e 1962) e com o prestígio internacional advindo desses triunfos, a terminologia importada foi perdendo sua condição de tecnoleto, nascendo um vocabulário em língua portuguesa para assuntos relacionados ao futebol.
Dentre os anglicismos vocabulares, observa-se que poucos conservaram a primitiva integridade fonética e ortográfica, pois sua origem foi aos poucos se diluindo, sendo que tais mudanças foram, basicamente, determinadas pelos seguintes fatores:
a) foram traduzidos; center-foward para centroavante; free-kick para tiro livre; dangerous play para jogo perigoso, goal average para média de gols, goalkeeper para guarda-metas; half time para meio tempo, inside right para meia-direita, linesman para juiz de linha, assistente, bandeirinha; overtime para prorrogação, referre para árbitro, etc,
b) foram aportuguesados: back para beque, goal para gol, corner para escanteio, dribling para drible (popularmente dibre); score para resultado, etc.
Valendo-se do plano morfossintático torna-se possível averiguar se um item lexical estrangeiro está integrado ou se integrando à língua receptora:
1) Pela composição: quando um lexema estrangeiro servir de base para composições [goal = gol] - gol espírita, gol de letra, gol olímpico, etc;
2) Pela derivação: quando um servir de base para anexação de prefixos e/ou sufixos: - [back = beque] becão, becaço, bequinho,
3) Pela flexão de gênero e número: quando o item lexical adotado adapta-se ao sistema flexional da língua adotante: júnior (masculino singular) - juniores (masculino plural), máster (masculino singular) > másteres (masculino plural).
4) Pelo decalque. O decalque é uma apropriação de caráter terminológico decorrente de contaminações lingüísticas fixadas pela proximidade de uma língua em relação a outro sistema lingüístico. Exemplo: [Do ing. half time = meio tempo] - [Do ing. gold goal = gol de ouro].
5) Pelo aspecto semântico: quando um vocábulo adotado, para possuir uma única acepção (monossemia), acaba por torna-se plurissignificativo (polissêmico): manager - a princípio empregado para designar apenas o treinador, hoje utilizado, também, com a acepção de empresário
6) Pelo aspecto fonológico: um estrangeirismo começa a fazer parte do léxico da língua receptora a partir do momento que se adapta aos seu padrões fonéticos: [Do ing. shoot] = chute (português).
Torna-se necessário enfatizar que inúmeros tipos de eventos futebolísticos de caráter oficial, sob o respaldo da FIFA, entre os quais destacam-se a Copa do Mundo de Futebol, realizada de quatro em quatro anos (alternando continentes e países) e disputada por diferentes povos, são responsáveis pelo incessante intercâmbio lingüístico envolvendo, disseminando e padronizando a terminologia do futebol.
A maioria dos anglicismos, incorporados ao vocabulário do futebol, pertence à classe gramatical dos nomes (substantivos e adjetivos), embora existam, em menor escala, empréstimos de verbos.
A seguir, exemplos de estrangeirismo e empréstimos, extraídos do corpus investigado.
a) Estrangeirismos: Mantêm a integridade fonética e conservam a grafia do idioma de origem. Caracterizam-se por não apresentar registro em dicionários de língua geral.
blitz s.f. [ing. blitz]. Sucessão de ataques de uma equipe sobre a defesa adversária. De início, o Corinthians, encetou uma blitz irresistível, perdeu dois gols e, aos 10 minutos, córner da esquerda, Devid de cabeça, rede. (DSP, /www.diariosp.combr/- 11-04-2002)
championship manager s.m. [ing. championship manager] Jogo de computador (game) que simula a administração de um time de futebol. A facilidade com que o Cruzeiro compra jogadores gerou até uma piada, a de que Wanderley Luxemburgo está brincando de Championship Manager no time mineiro. (FSP, /www.folhas.com.br/ - 09-09-2003)
catenaccio s.f. [it. catenaccio]
Sistema tático ultra defensivista que se caracteriza pelo excessivo recuo dos zagueiros e, até mesmo, dos atacantes para dentro da sua própria área
A imprensa italiana está celebrando a volta pra valer daquilo que a "Gazzetta Dello Sport" teve o desplante de chamar de a arte do catenaccio. (DSP, /www.diariosp.com.br/ - 24-04-2003)
Nota: 1- Taticamente, este sistema se distribuía em campo da seguinte maneira: quatro zagueiros, um líbero (jogando na sobra), três meio- campistas com função defensiva e apenas dois atacantes.
Nota: 2- O vocábulo catenaccio é a tradução literal para o italiano, do célebre sistema tático ultradefensivista conhecido por –ferrolho, criado nos anos 40 pelo suíço Raplan, alcunhado o rei da retranca.
fairplay s.m. [ing. fairplay]. Valorização do ato de competir como veículo de integração e confraternização entre os atletas. E Luís Felipe, meio sem jeito para brincar, até porque lhe falta uma boa dose de fairplay vive pisando na bola. (GE, 26-09-97- p. 04)
golden goal sn. [ing. golden goal]. Primeiro tento marcado durante o período de prorrogação, em decorrência de um empate no tempo regulamentar, encerrando a partida e tornando vencedora a equipe que marcou esse gol. E levantou o caneco, quando aos quatro minutos do primeiro tempo marcou o golden goal. (Lce, /www.lancenet.ig.com.br/ - 20-02-2000)
Nota: Trata-se de um decalque do anglicismo "golden goal ".
hoolegans s.m. [ing. hoolegans]. Torcedores ingleses, extremamente violentos, que causam tumultos antes, durante e após as partidas de futebol. A Inglaterra reprimiu os hooligans através de imagens da televisão. (Plc. nº 1107 - set/95 - p11)
Nota: 1- Por extensão, o vocábulo é utilizado para caracterizar um determinado comportamento agressivo de torcedores de uma equipe, dentro ou fora dos estádios.
Nota: 2- COSTA, em Os carecas do subúrbio: caminhos de um jornalismo moderno (1992, p.17) - explica a origem do vocábulo: O termo ‘hooligans’ tem sua origem ligada ao nome de uma família irlandesa que viveu em Londres no fim do século XIX [Houlihan]. Devido às características de violência e não-sociabilidade de seus membros, esse termo passou gradativamente , a designar jovens que se organizam em gangues.
linesman s.m. [ing. linesman]. Juiz de linha. Naqueles tempos do início da prática do futebol, os termos ingleses eram comuns no vocabulário do "esporte bretão", desta maneira o juiz era denominado "refereee" os bandeirinhas linesman. (Lce, /www.lancenet.ig.com.br/ - 02-01-2003)
Nota: Anglicismo em desuso.
masters s.m. [ing. master]. Ex-jogador profissional ou amador, com idade igual ou superior a 40 anos, que disputa jogos amistosos de exibição. Os masters do Corinthians continuam sendo atração em várias cidades de São Paulo e até na capital. (GE, 26-03-2001 - p. 04)
match s.m. [ing. match]. Jogo de futebol. Em 1902, extensa matéria publicada em O SPORSMAN, noticiava um match de futebol realizado no gramado interno do hipódromo de Cidade Jardim entre as equipes do Clube Atlético Paulistano e da Sociedade Esportiva Internacional. (GE, 19-03-2001 - p. 02).
off-side s.m. [ing. off-side]. Posicionamento ilegal de um jogador da equipe atacante. Os dirigentes do futebol brasileiro protestaram energicamente contra a facciosa arbitragem do juiz inglês, baseando-se o aludido protesto no fato de haver sido validado um tento em clamoroso off-side e uma penalidade máxima, cobrada contra os brasileiros e que motivou o terceiro tento dos húngaros, absolutamente inexistente. (Plc, /www.placar.com.br/ - 15-02-2003)
Nota: 1- O vocábulo foi traduzido para -fora-de-jogo ou impedimento.
Nota: 2- Na gíria do futebol o termo off-side recebe a irônica denominação de "banheira".
overlap s.m. [ing. overlap]. Sobrepor-se ao adversário, passar e receber a bola, em seqüência, mais adiante, no espaço entre o adversário e a bola. Vamos em frente. Lembra do drible da vaca? Apesar dos campos continuarem com a grama - menos em Brasília, onde comeram toda ela - tiraram a vaca de campo - o drible da vaca agora se chama overlap. (GE, /www.gazetaesportiva.com.br/ - 28-04-2002)
Nota: Esse lance corresponde, mais ou menos, ao tradicional "drible da vaca".
playoff s.m. [ing. play off]. Fase final de um campeonato onde os finalistas jogam entre si, em partidas de ida e volta, num processo eliminatório. Com a vitória de 4 a 1 sobre o Corinthians, o Palmeiras voltou a brigar por uma vaga nos playoffs do brasileiro e ganhou moral para a disputa contra o Manchester. (Lce, 14-09-99 - p. 02)
rusch s.m. [ing. rusch]. Investida com ímpeto sobre o campo adversário. E os deuses quiseram naquela tarde o sacrifício de Gilmar: 7 a 3 para a Portuguesa, quatro gols de Julinho Botelho e três do meia-esquerda Pinga – este era um atacante veloz de rush impressionante e de arremate certeiro. (As Incríveis Histórias do Futebol, p. 74)
Nota: 1- Anglicismo em desuso, substituído pela forma vernacular "arrancada".
sprint s.m. [ing. sprint]. Lance em que um atacante, de forma inesperada, se projeta em alta velocidade com a bola dominada em direção à meta adversária O Palmeiras, de fato, chegou a dar essa impressão. Diego Souza e Vágner até tentaram outras tabelas com Anselmo, mas na hora em que o time precisou do sprint final para consumar a vitória, faltou vibração. (ESP, /www.estadao.com.br/ - 01-06-2003)
toss s.m. [ing. toss]. Ato de o árbitro realizar, no interior do grande círculo, o sorteio para a escolha de campo e do direito de dar a saída de bola para o início da partida. Não sei quem ganhou o toss, mas o cartola do flamengo, Marcelo Leone dos Santos, diz que sabe — e quer matá-lo! (GB, /www.oglobo.com.br/ - 10-02-2003)
WM s.m. [ing. WM]. Sigla que designa a tática defensiva global onde os jogadores, com exceção do goleiro, distribuiam-se no campo de jogo de tal forma que cada um deles preenchia um ponto imaginário constituído pelo ângulo formado pelas W e M. Um inglês, Chapman, até deram um nome, " WM ", a seu esquema porque os jogadores, em linha, eram distribuídos em campo nos ângulos e pontas das letras "W" e "M". (GE, 10-11-2000 - p. 10)
WO s.m. [ing. walke over]. Sigla de origem inglesa que designa a desistência, por não comparecimento, de um dos participantes de uma competição esportiva, sendo declarado vencedor o que compareceu. Scheidt, atuando assim, será uma presa fácil para Elano, Robinho e Diego – era melhor o Timão nem entrar em campo, perder por WO, e vencer a segunda partida. (GE, /www.gazetaesportiva.com.br/ - 06-12-2002)
Nota: A expressão walk over, originariamente ligado ao domínio do turfe se referia a uma corrida em que havia apenas um cavalo inscrito, mas que, obrigatoriamente, deveria cumprir a formalidade de percorrer inteiramente o trajeto, até ultrapassar a linha de chegada, para então ser declarado vencedor.
b) Empréstimos: Adaptam-se aos padrões fonético, ortográfico, e morfossintático da língua adotante. Caracterizam-se por possuirem registro em dicionários de língua geral.
beque s.m. [ingl. back]. Zagueiro. Fosse o perigo que fosse, o beque Domingos da Guia preferia sair driblando. (Plc, nº 1114 - abr/96 - p. 61)
Nota: Empréstimo lingüístico, adaptado às normas ortográficas vigentes da Língua Portuguesa, de grande produtividade, do qual derivam: bequinho, becão, becaço; além dos compostos: beque-de-fazenda, beque-da-roça, beque-de-espera, etc.
craque s.m. [ing. crack]. Jogador que se distingue dos demais por ser dotado de grandes predicados técnicos. Em junho o mundo parou para ver os maiores craques do planeta em ação na Eurocopa. (Plc, nº 1117 - junho/97 - p. 20)
Nota: 1- Esse anglicismo origina-se de uma onomatopéia: o som de alguma coisa se quebrando, ou no sentido figurado, a ruptura de alguma coisa consolidada.
Nota: 2- Antes de migrar para a linguagem do futebol, o vocábulo era, apenas, empregado na linguagem do turfe para designar cavalos que estabeleciam recordes, ou seja, aqueles que quebravam padrões anteriormente estabelecidos.
córner s.m. [ingl. corner]. Infração que se cobra colocando a bola no ângulo formado pela linha lateral e pela linha de fundo quando a bola for posta para fora do campo por jogador da equipe que está sendo atacada Vai pra lá, vai pra cá, já no segundo tempo, o bandeirinha resolveu marcar córner numa bola claramente defendida pelo goleiro do Santos, Adriano, dentro do campo, a um palmo da risca, pelo menos. (DSP, /www.diariosp.com.br/ - 20-01-2003)
dérbi s.m. [ing. derby]. Partida disputada por dois clubes tradicionais, da mesma cidade ou do mesmo Sem chances de classificação para a próxima fase, mas ameaçados pelo rebaixamento, os clubes encontraram na história de 90 anos de rivalidade do dérbi a única maneira de motivar seus jogadores. (FSP, /www.folha.com.br/ - 05-04-2002)
Nota: Vocábulo do domínio do turfe – referência à tradicional corrida de cavalos realizada anualmente na Inglaterra, o "Derby Epson" que, por associação semântica, migra para a linguagem do futebol.
equipe s.f. [fr. équipe]. Grupo de jogadores que fazem parte de uma agremiação esportiva. A equipe tem os mesmos 9 pontos do Guarani, mas com dois jogos a menos. (FSP, Cad. Esp. 18-08-99 - p. 01)
escore s.m. [ingl. score]. Número de gols obtidos pelas equipes durante uma partida. O São Paulo ganhou três vezes por escores dilatados, o Cruzeiro, o Flamengo e o Palmeiras uma vez cada. (ESP, Cad. Esp. 26-09-99 - p. 03)
gol s.m. [ing. goal]. Conjunto formado pelas traves superior e inferiores. Com um gol de pênalti, marcado pelo atacante Dodô, o tricolor venceu o Timão no péssimo clássico de ontem, no estádio do Pacaembu. (NP, 01-09-97 - p. 06)
Nota:1- O vocábulo -goal, em sua língua de origem, tem a acepção de alvo, objetivo.
Nota: 2- Na pronúncia brasileira, o fonema alveolar –l, em posição final, é realizado como a semivogal -w [gow], justificando assim o plural [gows], grafado -gols - em vez de -goles ou -golos, como determinam as regras de flexão nominal em língua portuguesa.
líbero s.m. [it. libero]. Jogador que atua atrás dos zagueiros, como último homem da defesa à frente do goleiro, sem marcar especificamente nenhum adversário, com o objetivo de cobrir eventuais falhas que venham a ser cometidas por eles, mas com liberdade de projetar-se ao ataque. O treinador, neste jogo, vai utilizar o esquema de líbero, com três zagueiros. (NP, 06-07-97 - p. 05)
placar s.m. [fr. placard]. Local onde são anotados os tentos obtidos pelas equipes durante o jogo. Do ingl -placard: marcador, anúncio No último minuto de partida em um raro lance de inspiração de Ricardinho, o meia deu um belo passe para Rogério que teve a tranqüilidade de driblar o goleiro e fechar o placar. (FSP, /www.folha.com.br/ - 13-02-2003)
pique s.m. [ing. peak]. Investida em alta velocidade com a bola dominada Segundo o médico da Seleção Argentina, Donato Villani, o lateral Sorin deu um pique durante a sessão de treinos e não suportou mais as dores na coxa esquerda. (ESP, /www.estadao.com.br/ - 04-09-2001)
time s.m. [ing. team]. Equipe de futebol. O time conquistou 65% de seus pontos como visitante, o melhor aproveitamento entre as 22 equipes so campeonato. (FSP, /www.folha.com.br/ 17-010-99)
O processo de criação mental (neologia) não acontece de forma caótica, mas dentro de uma dinâmica que amplia e simultaneamente enriquece o sistema lexical de uma língua, podendo perfeitamente ser passível de controle no que concerne à tipologia e à lexicogênese. O neologismo por empréstimo ocorre quando um item lexical originário de outro sistema lingüístico é empregado e passa ser codificado pela língua adotante.
No mundo lusófono, o Brasil é, inegavelmente, o país mais receptivo à adoção de itens lexicais extrangeiros.
Um vocábulo importado pode substituir outro (com igual nível de equivalência) já existente na língua adotante ou estabelecer com ele um processo de convivência pacífico, ou conflituoso.
Embora a reserva com que os puristas vêem o ingresso de empréstimos lingüísticos, denominando-os, pejorativamente, barbarismos, esse processo é comum em todas as línguas do mundo, desde que o falante nativo esteja em contato constante com outros sistemas lingüísticos. No caso particular de empréstimos relativos ao domínio do futebol, em sua maioria anglicismos, observam-se, com freqüência, ocorrências padronizadas do tipo: a) após um período de peregrinação, sofreram adaptações de ordem fonético/fonológicas e cristalizaram-se pelo uso; b) sofreram um processo de substituição por itens lexicais autóctones (já existentes dentro da língua portuguesa); c) foram substituídos por formas vernaculizadas (traduções e decalques), de acordo com mecanismos de adaptação, próprios da estrutura ortográfica e morfossintática da língua.
No Brasil, a grafia dos vocábulos estrangeiros é regulamentada por lei (Decreto-Lei n.º 2623, de 21.10.55, simplificado pela Lei n.º 5765, de 18.12.71), logo, o respeito à norma ortográfica oficial está previsto em legislação restritiva.
Os vocábulos importados, não aportuguesados, enquanto não se adequarem às normas ortográficas estabelecidas, devem ser grafados, segundo a legislação vigente, entre aspas, em negrito, sublinhados, enfim, postos em destaque de alguma forma.
O uso indiscriminado de vocábulos estrangeiros pela mídia pode estar relacionado à falácia de que "Todo produto importado é sempre melhor que o similar nacional". Tal fenômeno pode, também, ser observado no âmbito da linguagem, haja vista que, mesmo em se tratando do tecnoleto relativo ao futebol, esporte no qual a supremacia brasileira é absoluta, o emprego de itens lexicais importados continua a ocorrer com freqüência, mesmo quando existir, para eles, um correspondente vernáculo ou vernaculizado.
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JORNAIS – Mídia convencional
FSP = Folha de São Paulo - São Paulo
GE = Gazeta Esportiva - São Paulo
GP = Gazeta do Povo - Curitiba
Lce = Lance – São Paulo
NP = Notícias Populares - São Paulo
JORNAIS – Mídia on line
DSP = Diário de São Paulo - /www.diariosp.com.br/ - São Paulo
ESP = Estado de São Paulo - /www.estadao.com.br/ - São Paulo
FSP = Folha de São Paulo - /www.folha.com.br/ - São Paulo
GB = O Globo - /www.oglobo.com.br/ - Rio de Janeiro
GE = Gazeta Esportiva - /www.gazetaesportiva.com.br/ - São Paulo
JB = Jornal do Brasil - /www.jbonline.terra.com.br/ - Rio de Janeiro
LCE = Lance - /www.lancenet.ig.com.br/ - São Paulo
O DIA = /www.odia.ig.com.br/ - Rio de Janeiro
ZH = Zero Hora - /www.zerohora.com.br/ - Porto Alegre
REVISTA - Mídia convencional
Plc. - Placar - São Paulo
REVISTA - Mídia on line
Plc. - Placar - /www.placar.com.br/ - São Paulo.
SINAIS E ABREVIATURAS
[ ] Étimo
acr. - acronímia
fr. - francês
ing. - inglês
it. - italiano
empr. - empréstimo
s.f. – substantivo feminino
s.m. - substantivo masculino
João Machado de Queiroz
Mestre e Doutor em Letras pela Unesp/Assis é professor do Centro de Educação e Letras da Unioeste de Foz do Iguaçu.
www.joaomachado[arroba]compubras.com.br
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