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METODOLOGIA, RESULTADOS E DISCUSSÃO
As equipes de campo da Divisão de Entomologia e Ambiência da Aracruz Florestal, 3 equipes na região de Aracruz e 2 na região de São Mateus/ Conceição da Barra, são orientadas para detectar focos de pragas e coletar insetos mortos ou aparentemente doentes e enviá-los ao laboratório.
A equipe mais efetiva, nesse trabalho, é a de vigilância preventiva contra pragas, existindo uma em cada região. Esta equipe detecta e acompanha os focos iniciais de pragas. A vigilância é feita sistematicamente, sendo que todas as "áreas de identificação" da empresa, que compreendem um conjunto de talhões no mesmo estágio silvicultural, são percorridas uma vez a cada mês. Os dados coletados são registrados em uma ficha de campo.
Após a detecção dos focos, eles semanalmente são observados com a finalidade de se avaliar os seguintes parâmetros:
a) evolução populacional;
b) nível de danos;
c) identificação dos inimigos naturais e seu potencial no controle do foco.
A análise desse conjunto de fatores e das condições climáticas é que determina a necessidade de adoção de uma medida de controle, sendo essa medida imediatamente adotada, desde que compatível com o esquema de manejo da praga.
A Tabela 1 foi elaborada a partir de dados obtidos no período de 1978 a 1985, referentes à filial Aracruz. Essa tabela mostra o número de focos ocorridos, em 3 graus de intensidade de ataque, para cada espécie de inseto.
TABELA 1.
Constatação de focos de pragas, em três intensidades,
durante o período de 1978 a 1985 nas áreas da filial Aracruz.
Espécie |
No de focos/intensidade de ataque |
||
X |
XX |
XXX |
|
Psiloptera sp. |
146 |
122 |
25 |
Euselasia hygenius |
153 |
76 |
15 |
Hylesia spp. |
126 |
42 |
5 |
Thyrinteina arnobia |
71 |
55 |
14 |
Eupseudosoma involuta |
51 |
27 |
2 |
Lonomia sp. |
34 |
13 |
2 |
Sarcina violacens |
46 |
4 |
|
Dalcera sp. |
16 |
9 |
|
Phobetron hiparchia |
21 |
2 |
|
Phocydes polibius |
16 |
||
Nystalea sp. |
14 |
||
Apatelodes sericea |
13 |
||
Glena sp. |
4 |
1 |
1 |
Oxydia sp. |
4 |
1 |
1 |
Eacles imperialis |
1 |
||
Atta spp |
Ocorrência generalizada |
||
Totais |
716 |
352 |
64 |
X - foco de baixa intensidade - até 3 ha
XX - foco de média intensidade - 3 a 10 ha
XXX - foco de alta intensidade - acima de 10 ha
Apesar da ocorrência de 1.132 focos, apenas 64 (5,6%) foram considerados de alta intensidade ou seja, ocorreram em áreas acima de 10 ha. Desses, apenas dois focos tiveram que ser controlados pela aplicação do Bacillus thuringiensis.
Essa diminuição natural das populações das pragas se deve, provavelmente às condições climáticas altamente favoráveis aos seus inimigos naturais, representados principalmente pelos patógenos, os quais são protegidos pelas condições microclimáticas propiciadas pela planta e pelo subbosque, diminuindo o efeito deletério da radiação ultravioleta.
São apresentados abaixo alguns parâmetros ecológicos da região de Aracruz - ES:
- Latitude |
19o 48'S |
- Longitude |
40o 17'W |
- Altitude |
5 a 50m |
- Precipitação Média Anual |
1.364mm |
-Temperatura Média Anual |
23,6°C |
- Umidade Relativa Média Anual |
80% |
Para mostrar a importância da vigilância florestal e a eficiência dos patógenos na região, estudou-se a ocorrência de uma epizootia de Paecilomyces amoenoroseus sobre uma lagarta desfolhadora Dalcera sp. (Lepidoptera: Dalceridae).
Na Figura 1 são encontrados os valores diários de temperatura, umidade relativa e precipitação durante o período de ocorrência de epizootia. A ação desses fatores foi determinante para o bom desempenho do patógeno.
FIGURA 1
Valores diários de temperatura, umidade relativa e precipitação durante o período de ocorrência do P. amoenoroseus
em Dalcera sp. em Aracruz - ES. IC - Dia de avaliação da intensidade de colonização do fungo.
As observações foram feitas nos ramos inferiores, ramos medianos e nas plantas inteiras, localizadas na borda do talhão e no interior do povoamento. Os dados referentes ao número de lagartas sadias e colonizadas, assim como à porcentagem de colonização encontram-se na Tabela 2
TABELA 2.
Locais de observação, lagartas sadias e colonizadas pelo fungo P. amoenoroseus em Aracruz-ES.
Local da árvore observado |
Número de lagartas |
Porcentagem de colonização |
|
Sadias |
Colonizadas pelo fungo |
||
Ramo baixo* |
1 |
27 |
96,4 |
Ramo baixo* |
- |
66 |
100,0 |
Ramo mediano* |
5 |
34 |
87,2 |
Ramo mediano |
22 |
27 |
55,1 |
Ramo mediano |
12 |
27 |
69,2 |
Árvore inteira |
28 |
206 |
88,0 |
Árvore inteira |
4 |
16 |
69,2 |
Total |
72 |
403 |
84,8 |
As condições ecológicas da região de Aracruz-ES são muito favoráveis à ocorrência de patógenos, sendo que estes são os principais responsáveis pela manutenção de algumas pragas a níveis de danos não econômicos.
O fungo P. amoenoroseus foi o principal agente de supressão do foco de Dalcera sp. ocorrendo em 84,8% das lagartas.
IPEF, n.38, p.50-51, abr.1988
Sérgio Batista Alves ESALQ/USP, Departamento de Entomologia
13400 - Piracicaba, SP.
Alberto Jorge Laranjeiro; Jorge Edson Machado Alves
Aracruz Florestal S.A.
29190 - Aracruz - ES
Sérgio Batista Alves; Alberto Jorge Laranjeiro; Jorge Edson Machado Alves
sebalves[arroba]esalq.usp.br
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