Variação temporal do tamanho de amostra para experimentos em estufa plástica



RESUMO

O trabalho teve como objetivo estimar o tamanho de amostra em cada colheita, para experimentos realizados em estufa plástica com a cultura do pepineiro do tipo conserva, cultivar Mandarina, na qual se avaliou a da massa da matéria fresca total dos frutos. O cultivo foi realizado na área do Departamento de Fitotecnia – UFSM e se constituiu de seis linhas com doze parcelas de cinco plantas em cada linha. Aplicou-se o teste de Bartlett para verificar a homogeneidade das variâncias entre as colheitas e entre as linhas dentro de cada colheita. Verificou-se que, em 7 das 13 colheitas, as variâncias entre as linhas se apresentaram homogêneas. Os tamanhos de amostras encontrados entre todas as parcelas foram 44 e 22 parcelas e 10 e 11 parcelas por linha para as semi-amplitudes da média de 10 e 20%, respectivamente, a 5% de probabilidade de erro.

Palavras-chave: amostragem; área restrita; controle de qualidade; planejamento de experimentos.

ABSTRACT

The present work had as objective to estimate the sample size in each crop, for experiments accomplished in plastic greenhouse with the culture of the cucumber of the type conserves, cultivate Mandarina, in which the weight of the total fresh mass of the fruits was evaluated. The cultivation was accomplished in the area of the Department of Fitotecnia - UFSM and it was constituted of six lines with twelve portions of five plants in each line. The test of Bartlett was applied to verify the homogeneity of the variances among the crops and among the lines inside of each crop. It was verified that in 7 of the 13 crops, the variances among the lines came homogeneous. The sizes of samples found among all the portions were 44 and 22 portions and 10 and 11 portions for line for the semi-widths of the average of 10 and 20%, respectively, to 5% of error probability.

Key words: sampling; restricted area; quality control; planning of experiments.

INTRODUÇÃO

O pepino é uma espécie de clima quente adaptado a temperaturas amenas, sendo prejudicado pelo frio e morto por geadas (FILGUEIRA, 2000). O ganho térmico a partir do efeito estufa, proteção a pluviosidade, facilidade na realização dos tratos culturais, estabilidade de oferta do produto e incremento na produtividade justificam seu cultivo em ambiente protegido.

A experimentação em cultivos protegidos, assim como em outras áreas, deve ser bem compreendida e executada, pois a precisão caracteriza a qualidade das inferências dos resultados. Os pesquisadores, ao realizarem seus experimentos, esperam que a variabilidade ocorrida entre as parcelas seja atribuída à média e ao efeito de tratamento por eles aplicados. Porém, por mais cuidado que se tenha, ocorrem variações denominadas de erro experimental, conceituado por STEEL et al. (1997), como sendo as variações aleatórias ocorridas entre as parcelas que receberam o mesmo tratamento.

Diversas fontes de erro experimental estão presentes em experimentos e, como não fazem parte de nenhuma exceção, o cultivo em estufa plástica também é afetado por essas fontes de heterogeneidade, entre elas: a heterogeneidade do material experimental utilizado, tipos de tratamentos, aplicação não uniforme de tratos culturais, ataque de pragas e doenças, injúrias causadas por sucessivas colheitas na mesma planta e a heterogeneidade de solo, sendo esta citada como sendo a maior fonte de variabilidade entre as parcelas (RAMALHO et al., 2000). Para se contornar a heterogeneidade de solo, segundo STORCK & LOPES (1997), é necessário adequar a área experimental à precisão escolhida, ao delineamento experimental, ao tamanho e forma de parcelas, ao número de repetições e de tratamentos utilizados.

Em muitos casos, dependendo da variável estudada e da quantidade de subunidades dentro da unidade experimental, para viabilizar a avaliação deve ser utilizada amostragem, e essa não for homogênea e representativa, ocorre um acréscimo no erro experimental, pois um determinado tratamento ora é favorecido, ora é prejudicado por erros de sub ou superamostragem (STORCK & LOPES, 1997). Limitações de tempo, redução de custos e vantagens do uso de técnicas estatísticas, justificam o uso de planos amostrais, sendo a determinação do tamanho da amostra importante em qualquer experimento científico, pois se este tamanho for menor do que o necessário serão obtidas estimativas pouco precisas, podendo até invalidar o trabalho, enquanto no caso de serem tomadas excessivas amostras, serão despendidos tempo e recursos desnecessariamente.

Em cultivos protegidos, normalmente, o número de plantas amostradas é escolhido empiricamente ou por simples tradição, mas trabalhos como o de SOUZA et al. (2002), avaliando a massa da matéria fresca de frutos abobrinha italiana, em cultivo protegido, mostra que quando as variâncias entre as linhas de cultivo em uma mesma colheita se apresentaram heterogêneas, no caso das variâncias dentro de uma mesma colheita serem homogêneas, devem-se utilizar variâncias ponderadas no cálculo do tamanho da amostra. Segundo os autores, para duas épocas sazonais, há variações no tamanho de amostra conforme variação na colheita e na estação sazonal. Para a cultura do pimentão, LÚCIO et al. (2003) obtiveram resultados semelhantes, mas com intensidade de amostragem superior, com tamanho de amostra igual a 50 e 28 plantas/linha, na estação sazonal verão-outono, e de 56 e 35 na estação sazonal inverno-primavera, utilizando semi-amplitudes do intervalo de confiança (D%) de 10% e 20% da média, respectivamente. STUKER & BOFF (1998) estimaram o tamanho de amostra para avaliação da queima acinzentada em canteiros de mudas de cebola utilizando média e variância a partir de pré-amostras de 30 plantas. No caso do tamanho de amostra ser superior a trinta, voltava-se ao campo e aumentava-se o número de amostras até 150 plantas. Verificou-se que o número de plantas amostradas variou com o caractere avaliado, o uso de pré-amostras estimou adequadamente os parâmetros populacionais e o número de amostras variou com as épocas de coleta.

Com o objetivo de reduzir para 8, 6, 4 e 2 amostras por parcela para a variável altura da planta de algodoeiro, FREITAS et al. (2001) observaram que a medida que se aumentava o número de amostras o teste F passou a ser mais eficiente para verificar efeito de tratamento, recomendando 6 plantas por parcela como tamanho de amostra. Com metodologia semelhante, FERNANDES & SILVA (1996) testaram dois métodos de amostragem (probabilístico e não-probabilístico) e tamanhos de amostra variando de 3 a 15 espigas de milho por parcela, para comprimento e diâmetro da espiga e número de grãos por espiga, em um experimento fatorial arranjo de plantas x cultivares. Para cada tamanho de amostra previamente definido, foi realizada uma análise da variância, considerando eficiente o tamanho que identificava significância de tratamentos pelo teste F a 1% e observaram que nem sempre os maiores tamanhos de amostra foram os mais eficientes, sendo recomendadas 11 espigas por parcela. Também se verificou que os resultados entre os métodos foram discordantes quanto à identificação do efeito de tratamento, sem recomendar método preferencial.

Assim, o trabalho teve por objetivo estimar o tamanho de amostra para experimentos com pepino tipo conserva, avaliando a massa da matéria fresca de frutos, e verificando as variações no tamanho de amostra entre as diversas colheitas realizadas durante o período de maturação dos frutos.

 


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