Técnica para marcação dos Adubos verdes Crotalária júncea e Mucuna-pretacom 15N para estudos de dinâmica do nitrogênio



RESUMO

Estabeleceu-se uma técnica de marcação de leguminosas com nitrogênio (15N), objetivando-se obter material vegetal marcado isotopicamente para estudos de dinâmica do nitrogênio. Cultivaram-se as leguminosas crotalária júncea (Crotalaria juncea L.) e mucuna-preta (Mucuna aterrima, sinonímia Stizolobium aterrimum Piper & Tracy), em um podzólico vermelho-amarelo, textura arenosa/média, em casa de vegetação e em vasos contendo 10 kg de terra. Aplicou-se 1,2 g de nitrogênio por vaso (sulfato de amônio com 11,37 átomos % de 15N), parcelando-o em três vezes. O material vegetal seco marcado continha 3,177 e 4,337 átomos % de 15N, para mucuna-preta e crotalária júncea respectivamente.

Termos de indexação: fertilizante-15N, leguminosas marcadas, adubo verde.

ABSTRACT

A Technique Developed For Labeling The Green Manures (Sunnhemp And Velvet Bean) With 15n For Nitrogen Dynamic Studies

A technique was developed for labeling the leguminous plant tissue with nitrogen (15N) to obtain labelled material for nitrogen dynamic studies. Sunnhemp (Crotalaria juncea L.) and velvet beans (Mucuna aterrima, sinonímia Stizolobium aterrimum Piper & Tracy) were grown in pots containing 10 kg of a Red Yellow Podzolic soil, under greenhouse conditions. The rate of 1.2 g of nitrogen (ammonium sulphate with 11.37 atom % 15N) per pot was applied three times. The labelled dried plant material showed 3.177 and 4.337 of atom % 15N, respectively for velvet beans and sunnhemp.

Index terms: 15N-fertilizer, labelled leguminous plant, green manure.

O nitrogênio aplicado ao solo, ou como resíduo vegetal ou como fertilizante mineral, pode ser absorvido pela planta após sua mineralização, no caso do N de resíduos vegetais, pode-se perder, seja por lixiviação, seja por volatilização de formas gasosas, e pode, ainda, ser imobilizado no solo por ação microbiológica ou ser gradualmente transformado em formas estáveis que nele permanecem.

Em geral, considera-se que do nitrogênio do fertilizante aplicado ao solo, 50% é absorvido pelas plantas, 25% é perdido por diferentes mecanismos e 25% permanece no solo em formas mais ou menos estáveis (Azam et al., 1985).

As pesquisas da dinâmica do nitrogênio no sistema solo-planta inviabilizam-se, muitas vezes, pela dificuldade em especificar a origem do N de fontes distintas. A técnica isotópica, que se utiliza do isótopo estável 15N, permite obter informações precisas da dinâmica do nitrogênio no sistema solo- -planta. Uma vez marcada a fonte de interesse com 15N, como por exemplo um adubo verde, é possível determinar, no solo e na cultura plantada, em seqüência, a porcentagem e a quantidade desse nutriente, que deriva do adubo verde.

Segundo Muraoka (1984), pouca ênfase tem sido dada à quantificação da eficiência do fornecimento de nutrientes dos adubos verdes para as culturas.

Com o uso da técnica isotópica é possível acompanhar o nitrogênio da leguminosa, em diferentes compartimentos do sistema, como por exemplo, o N-mineral, o N acumulado na cultura subseqüente, e estimar as perdas, procedendo-se ao balanço das entradas e saídas do nutriente, no sistema solo-planta.

Ambrosano (1995), em um estudo da dinâmica do nitrogênio, utilizando crotalária e mucuna-preta marcadas com 15N, pelo método descrito neste trabalho, determinou que de 60 a 80% do nitrogênio da leguminosa permaneceu no solo, de 20 a 30% foi absorvido por plantas de milho e de 5 a 15% deixou o sistema solo-planta.

Azam et al. (1985) realizaram estudos de incorporação ao solo dos resíduos de Sesbania aculeata marcada com 0,617% de átomos em excesso de 15N e observaram que somente 5% do N da leguminosa foi absorvido por plantas de milho. No balanço realizado pelos autores, as perdas encontradas estiveram ao redor de 5%, quando foi aplicada apenas sesbânia.

A baixa marcação isotópica do resíduo utilizado por Azam et al. (1985) pode ter influído nos resultados. Segundo Bartholomew (1965), a precisão dos ensaios isotópicos é proporcional à sua marcação, ou seja, quanto mais baixa é a marcação, menor a precisão. Para a obtenção de resultados mais precisos e confiáveis, é fundamental a marcação de pelo menos 2% de átomos em excesso de 15N, da massa vegetal a ser utilizada.

Estudos da dinâmica do nitrogênio de leguminosas como adubos verdes, pela técnica isotópica, utilizando-se do isótopo 15N, só se viabilizam depois de as leguminosas serem marcadas com o isótopo estável.

Este trabalho objetivou estabelecer procedimentos para a marcação de leguminosas com o isótopo estável de nitrogênio (15N) visando à produção de material vegetal isotopicamente marcado, a ser empregado em estudos da dinâmica do nitrogênio.

 


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