Souza J.C.P., Soares C.O., Scofield A., Madruga C.R., Cunha N.C., Massard C.L. & Fonseca A.H. 2000. [Seroprevalence of Babesia bigemina in cattle in the "Norte Fluminense" mesoregion.] Soroprevalência de Babesia bigemina em bovinos na mesorregião Norte Fluminense. Pesquisa Veterinária Brasileira 20(1):26-30. Depto Parasitologia Animal, Univ. Fed. Rural do Rio de Janeiro, Km 47, Seropédica, RJ 23890-000, Brazil.
Serumprevalence of antibodies against Babesia bigemina were evaluated by the indirect Enzyme-Linked Immunosorbent Assay (ELISA). Sera samples from 532 bovines of nine municipalities in the "Norte Fluminense" mesoregion, Rio de Janeiro state, were analysed. The results showed that 371 (69.74%) were positive by indirect ELISA, of which 32.33% were with a titre of 1:500, 22.56% of 1:1000, 10.90% of 1:2000, 3.38% of 1:4000, 0.38% of 1:8000, 0.19% of 1:16000, and 30.26% were negative. The prevalence analysis was done within three age groups: 1 to 3 years (n= 110), 3 to 6 years (n= 241) and > 6 years (n= 181), of which 73.64%, 69.30% and 67.95% were positive, respectively. According to the breed, 68.47% of beef cattle (n= 444) and 76.14% of dairy cattle (n= 88) were positive. Regarding the sex, 69.82% of the females (n= 497) and 68.57% of the males (n= 35) were positive. There were no significant differences between age groups, breeding types and sexes (P > 0.05). There were significant differences (P < 0.0001) between the prevalence in the municipalities. The infection by B. bigemina in this mesoregion is heterogeneous, and the seroprevalence showed that the region has to be considered enzootically unstable. The epidemiological situation requires serological identification of exposed animals at risk condition for the control of babesiosis.
INDEX TERMS: Seroepidemiology, Babesia bigemina, bovine babesiosis, enzyme immunoassay, "Norte Fluminense" mesoregion, Brazil.
Investigou-se a soroprevalência de anticorpos anti Babesia bigemina em bovinos de nove municípios na mesorregião Norte Fluminense, estado do Rio de Janeiro. Realizou-se o ensaio de imunoadsorção enzimática (ELISA) indireto em 532 amostras de soro de bovinos. A análise soroepidemiológica revelou que 371 (69,74%) foram reagentes positivos ao ELISA indireto, dos quais: 32,33% com título de 1:500, 22,56% com título de 1:1000, 10,90% com título de 1:2000, 3,38% com título de 1:4000, 0,38% com título de 1:8000, 0,19% com título de 1:16000 e 30,26% foram negativos. A análise da prevalência segundo a faixa etária foi realizada dividindo-se em três grupos etários: 1 a 3 anos (n= 110), 3 a 6 anos (n= 241) e maior que 6 anos (n= 181), onde 73,64%, 69,30% e 67,95% dos animais foram positivos, respectivamente. Segundo a aptidão zootécnica 68,47% dos bovinos com aptidão para corte (n= 444) e 76,14% dos bovinos com aptidão para leite (n= 88) foram positivos. Em relação ao sexo, 69,82% das fêmeas (n= 497) e 68,57% dos machos (n= 35) foram positivos. Não houve diferença significativa entre os grupos etários, entre as aptidões e entre os sexos (P>0,05). A prevalência entre os municípios diferiu significativamente (P<0,0001), demonstrando que a infecção por B. bigemina em bovinos não é homogênea na mesorregião. A soroprevalência encontrada caracteriza esta mesorregião como uma área de instabilidade enzoótica. Nesta circunstância epidemiológica justifica-se o controle da enfermidade com o acompanhamento sorológico para identificação dos animais expostos a condição de risco.
TERMOS DE INDEXAÇÃO: Soroepidemiologia, Babesia bigemina, babesiose bovina, ensaio imunoenzimático, mesorregião Norte Fluminense, Brasil.
As babesioses bovina são enfermidades parasitárias, que nos países de clima tropical e subtropical, são causadas pelos hemoprotozoários Babesia bigemina (Smith & Kilborne, 1893) e B. bovis (Babés, 1888). Estas são desencadeadas, principalmente, pela massiva destruição eritrocítica, decorrente dos aspectos biológicos dos agentes em realizarem parte de seu ciclo no interior destas células. B. bigemina, típico grande babesiídeo dos bovinos é transmitido por ninfas e adultos do carrapato Boophilus microplus. Este babesiídeo determina um quadro de anemia progressiva, palidez de mucosas, hemoglobinúria, febre e inapetência.
Em associação a B. microplus as babesioses bovina são responsáveis por prejuízos anuais na ordem de 1,0 bilhão de dólares para o Brasil (MARA 1985). A dinâmica da infecção por Babesia spp. é dependente de fatores como população de carrapatos infestantes; capacidade de transmissão do carrapato; susceptibilidade dos bovinos, que pode variar com a raça, idade, estado fisiológico e imunitário.
O estudo epidemiológico das babesioses bovina em uma determinada área pode revelar a possibilidade da ocorrência ou não de surtos. Tal possibilidade é avaliada segundo a situação epidemiológica que pode ser, principalmente, de três tipos: estabilidade enzoótica, instabilidade enzoótica e situação de área marginal (Mahoney 1975, Mahoney & Ross 1972). As provas sorológicas são os métodos mais adequados e práticos para se conhecer a situação epidemiológica das babesioses, onde entre elas o ensaio imunoenzimático de adsorção (ELISA) é o que confere melhores resultados (Araújo et al. 1998).
O estado do Rio de Janeiro possui um rebanho bovino efetivo de 1.813.743 cabeças e, destes, aproximadamente, 28,6% encontram-se na mesorregião Norte Fluminense (CIDE 1997). A situação epidemiológica das babesioses bovina no estado não é conhecida. O presente estudo teve por propósito investigar a soroprevalência de anticorpos anti B. bigemina em bovinos na mesorregião Norte Fluminense do estado do Rio de Janeiro.
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