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O florescimento pleno ocorreu aos 41 e 45 dias após a emergência das plântulas, e a cultura apresentou um ciclo de 90 e 104 dias, respectivamente. Houve baixa precipitação pluvial durante o cultivo de 1999 (53,4 mm) e adequada quantidade de chuva (209 mm) em 2000 (Figuras 1 e 2). De maneira geral, o requerimento de água do feijoeiro ao longo do ciclo situa-se na faixa de 300 e 400 mm (Moreira et al., 2003).
Figura 1.
Precipitação pluvial (mm dia-1), temperatura máxima e mínima (ºC), obtidas em área experimental
durante o período de maio a setembro de 1999. Selvíria, Estado do Mato Grosso do Sul.
(V0-V4: fase vegetativa; R5-R8: fase reprodutiva – formação de estruturas vegetativas; R9: fase reprodutiva – maturação).
Figura 2.
Precipitação pluvial (mm dia-1), temperatura máxima e mínima (ºC), obtidas em área experimental
durante o período de maio a setembro de 2000. Selvíria, Estado do Mato Grosso do Sul.
(V0-V4: fase vegetativa; R5-R8: fase reprodutiva – formação de estruturas vegetativas; R9: fase reprodutiva – maturação).
Os resultados relacionados à matéria seca de plantas, teor de nitrogênio na parte aérea, número de vagens e grãos por planta durante dois cultivos de inverno (1999 e 2000) estão apresentados nas Tabelas 2 e 3.
Pode ser observado que não houve efeito das fontes de nitrogênio sobre a matéria seca de plantas nos dois anos de cultivo (Tabela 2). Em relação às doses aplicadas, os dados de 1999 se ajustaram a uma equação quadrática (Figura 3), com aumento inicial na matéria seca atingindo um máximo para depois ocorrer um decréscimo em doses mais altas. No ano de 2000, a matéria seca de plantas não foi influenciada pelas doses de nitrogênio aplicadas em cobertura (Tabela 2).
Quanto ao teor de nitrogênio na parte aérea, em 1999 as doses de nitrogênio aplicadas promoveram efeito linear (Figura 4). Não houve efeito de fontes sobre o teor de nitrogênio na parte aérea nos dois anos de cultivo (Tabela 2), concordando com resultados obtidos por Arf et al. (1992), os quais, trabalhando também na região de Selvíria, MS, com feijão em plantio direto, não verificaram aumento nos teores foliares do feijoeiro em função de fontes e do parcelamento da adubação nitrogenada em cobertura.
No presente trabalho, em 2000, o teor de N não foi influenciado significativamente pelas doses de nitrogênio (Tabelas 2 e 3). Vale ressaltar que mesmo no tratamento testemunha (sem N em cobertura) os valores encontrados estão na faixa considerada adequada para o feijoeiro (entre 30-50 g kg-1), segundo Ambrosano et al. (1996).
Em estudo semelhante, Silveira e Damasceno (1993) avaliaram a aplicação de doses de N na cultura do feijoeiro irrigado por aspersão, e também verificaram aumento da matéria seca de plantas e teor de N na parte aérea da planta com o aumento da dose desse nutriente aplicada ao solo.
Em 1999, o número de vagens por planta não foi influenciado pelas fontes e doses da adubação nitrogenada em cobertura (Tabela 2), mas as doses aplicadas influenciaram o número de grãos por planta, ajustando a uma função linear (Figura 5). As duas variáveis, em 2000, foram influenciadas pelas doses de nitrogênio aplicadas: os dados de número de vagens e grãos por planta se ajustaram, a funções lineares (Figuras 6 e 7), concordando com dados de Buzetti et al. (1992) os quais mencionam que o feijoeiro requer um suprimento adequado de nitrogênio tanto para o atendimento do seu crescimento como para a formação de vagens e grãos.
Figura 3.
Matéria seca de plantas em função de doses de nitrogênio aplicadas em cobertura,
no sistema de plantio direto, na região de Selvíria, Estado do Mato Grosso do Sul (1999).
Figura 4.
Teor de N na parte aérea (g kg-1) em função de doses de nitrogênio aplicadas em cobertura,
no sistema de plantio direto, na região de Selvíria, Estado do Mato Grosso do Sul (1999).
Figura 5.
Número de grãos por planta em função de doses de nitrogênio aplicadas em cobertura,
no sistema de plantio direto, na região de Selvíria, Estado do Mato Grosso do Sul (1999).
Figura 6.
Número de vagens por planta em função de doses de nitrogênio aplicadas em cobertura,
no sistema de plantio direto, na região de Selvíria, Estado do Mato Grosso do Sul (2000).
Figura 7.
Número de grãos por planta em função de doses de nitrogênio aplicadas em cobertura,
no sistema de plantio direto, na região de Selvíria, Estado do Mato Grosso do Sul (2000).
Em relação ao número de grãos por vagem, massa de 100 grãos e produtividade, os resultados estão apresentados nas Tabelas 4 e 5, nas quais pode ser observado que as fontes de N não influenciaram essas variáveis. O número de grãos por vagem não sofreu influência das doses de adubação nitrogenada em cobertura no primeiro ano de cultivo, mas em 2000 os dados se ajustaram à função linear (Figura 8).
As doses de nitrogênio em cobertura influenciaram a massa de 100 grãos, em 1999, com os dados se ajustando a uma função linear, ou seja, para cada kg de nitrogênio aplicado ao solo, houve um aumento da ordem de 0,0104 gramas na massa de 100 grãos (Figura 9). No segundo ano de cultivo, esse efeito não foi significativo (Tabela 5 ).
Quanto à produtividade de grãos, verificou-se que, em 1999, as doses de nitrogênio utilizadas se ajustaram a uma equação quadrática (Figura 10). Por essa equação, tem-se um aumento inicial na produtividade de grãos, atingindo um máximo com a dose de 75 kg ha-1 de nitrogênio, para depois ocorrer um decréscimo em doses mais altas. Já no ano de 2000, os dados se ajustaram a uma função linear (Figura 11), na qual a produtividade aumentou conforme a dose, ou seja, a aplicação de 125 kg ha-1 de nitrogênio em cobertura propiciou a maior produtividade (2925 kg ha-1). Esse aumento linear de produtividade no segundo ano de cultivo pode ser atribuído à melhor distribuição de chuvas durante o período de formação de estruturas reprodutivas da planta (Figura 2) em relação ao ano anterior, o que provavelmente contribuiu para a maior absorção do nitrogênio, favorecendo os componentes da produção definidos nessa fase (nº de vagens e grãos por planta, nº de grãos por vagem) os quais também apresentaram aumento linear.
A adubação nitrogenada em cobertura incrementou a produtividade de grãos em 46,8% (com aplicação de 75 kg N ha-1) e 19,1% (com aplicação de 125 kg N ha-1), respectivamente, no primeiro e segundo ano de cultivo, em relação à testemunha. Carvalho et al. (2001) estudaram o efeito de fontes e parcelamentos do N em feijoeiro de inverno e observaram que a aplicação de 75 kg ha-1 de N proporcionou, em média, incrementos de 38% na produtividade da cultura.
Os resultados do presente trabalho concordam com os obtidos por Arf et al. (1992), Diniz et al. (1996) e Andrade et al. (1998), os quais verificaram que a aplicação de adubo nitrogenado no feijoeiro apresentou efeito positivo sobre a produtividade de grãos. Os resultados são concordantes também com os dados de Sá et al. (1982), que ressaltam a importância do nitrogênio na nutrição da cultura do feijão, sugerindo sua adição na semeadura e em cobertura.
Figura 8.
Número de grãos por vagem em função de doses de nitrogênio aplicadas em cobertura,
no sistema de plantio direto, na região de Selvíria, Estado do Mato Grosso do Sul (2000).
Figura 9.
Massa de 100 grãos (g) em função de doses de nitrogênio aplicadas em cobertura, no sistema de plantio direto, na região de Selvíria, Estado do Mato Grosso do Sul (1999).
Figura 10.
Produtividade (kg ha-1) em função de doses de nitrogênio aplicadas em cobertura,
no sistema de plantio direto, na região de Selvíria, Estado do Mato Grosso do Sul (1999).
Figura 11.
Produtividade (kg ha-1) em função de doses de nitrogênio aplicadas em cobertura,
no sistema de plantio direto, na região de Selvíria, Estado do Mato Grosso do Sul (2000).
Não existe diferença de produtividade do feijoeiro em relação à utilização de uréia ou nitrato de amônio como fonte de nitrogênio em cobertura.
A produtividade do feijoeiro irrigado cultivado no inverno pode ser aumentada pela adição de nitrogênio em cobertura, pois a cultura responde à aplicação de doses de nitrogênio acima de 100 kg ha-1.
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Received on July 14, 2004.
Accepted on February 16, 2005.
Angela Cristina Camarim Alvarez1*, Orivaldo Arf2, Rita de Cássia Félix Alvarez1 e Júlio César dos Reis Pereira2
arf[arroba]agr.feis.unesp.br
1. Departamento de Produção Vegetal, Setor Agricultura, Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, 18603-970, Botucatu, São Paulo, Brasil.
2. Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio-Economia, Faculdade de Engenharia, Universidade Estadual Paulista, 15385-000, Ilha Solteira, São Paulo, Brasil. *Autor para correspondência. email: alvarez[arroba]fca.unesp.br
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