Página anterior Voltar ao início do trabalhoPágina seguinte 

Resposta de Crescimento de Quatro Cultivares de Pereira, em Viveiro, Enxertadas sobre Diferentes Cul (página 2)

Leo Rufato, Geraldine De Andrade Meyer, Valmor João Bianchi, José Carlos Fa

 

Material e Métodos

O experimento foi conduzido no Departamento de Fitotecnia da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Pelotas - RS, no período de julho de 2000 a junho de 2002. No mês de julho de 2000, o trabalho teve início com a multiplicação dos porta-enxertos. Estacas de marmeleiro de doze cultivares, com 25cm de comprimento, foram colocadas para enraizar em casa de vegetação e posteriormente foram usadas como porta-enxertos em combinação com quatro cultivares de pereira, conforme mostra a Tabela 1.

Tabela 1.
Combinações de cultivares de pereira e cultivares de marmeleiro utilizados no experimento de enxertia. Pelotas – RS, 2002.

Cultivares de Pereira

Cultivares de Marmeleiro

Origem dos Marmeleiros

1

Cascatense

Portugal

FEPAGRO - Veranópolis-RS

2

Cascatense

MC

Itália

3

Cascatense

Bereckzy

FEPAGRO - Veranópolis-RS

4

Carrick

Portugal

FEPAGRO - Veranópolis-RS

5

Carrick

MC

Itália

6

Carrick

BA 29

Itália

7

Carrick

De Vranja

FEPAGRO - Veranópolis-RS

8

Carrick

INTA 267

FEPAGRO - Veranópolis-RS

9

Packham´s Triumph

Smyrna di Harci

FEPAGRO - Veranópolis-RS

10

Packham´s Triumph

D’Angers

FEPAGRO - Veranópolis-RS

11

William

Du Lot

FEPAGRO - Veranópolis-RS

12

William

Meliforme

FEPAGRO - Veranópolis-RS

13

William

Champion

FEPAGRO - Veranópolis-RS

14

William

Maçã

FEPAGRO - Veranópolis-RS

OBS.: As quatro cultivares copa foram obtidas na Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS.

A enxertia foi realizada no mês de Julho de 2001, por meio de garfagem dupla-fenda. Após as mudas foram plantadas em viveiro (espaçamento de 20cm entre plantas e 40cm entre filas), onde permaneceram até o mês de junho de 2002.

O delineamento experimental foi em blocos completamente casualizados. Os tratamentos constituíram um fatorial 14x3, onde: 14 foram as diferentes combinações de enxertia pereira/marmeleiro e 3 o número de blocos (cada um composto de 7 repetições de cada combinação de enxertia). As variáveis analisadas foram: percentagem inicial de pega (avaliada dois meses após a enxertia) e pega final de enxertia (avaliada no final do mês de maio de 2002), incremento em diâmetro do porta-enxerto e da copa (medidos a 5cm acima e abaixo do ponto de enxertia), diferença de diâmetro entre copa de porta-enxerto (medidos a 5cm do ponto de enxertia) e altura das mudas. Os dados de percentagem foram transformados em arc sen %. Para análise estatística realizou-se análise de variação e comparação de médias pelo teste de Duncan (α=0,05), executadas pelo programa SANEST – Sistema de Anαlise Estatística para Microcomputadores (Zonta & Machado, 1987).

Resultados e Discussão

As maiores diferenças na percentagem de pega inicial foram verificadas na combinação Carrick/De Vranja (100,00%), sendo estatisticamente superior em relação às combinações Cascatense/MC, Cascatense/Bereckzy e William/Maçã (62,71%, 47,15% e 40,95%, respectivamente) (Tabela 2). Para a percentagem de pega final de enxertia as combinações CarricK/BA 29, P. Triumph/Smyrna e William/Champion, somente foram

Tabela 2.
Percentagem de pega inicial e final de enxertia, incremento da seção da área do tronco e da copa (mm),
diferença entre seção da área do tronco do porta-enxerto e copa (mm) e altura (cm) de 14 combinações de enxertia entre cultivares de pereira e marmeleiro. Pelotas-RS, 2002.

Tratamento

Percentagem pega inicial

**

Percentagem de pega final

**

Incremento diâmetro tronco porta-enxerto (mm)

Incremento
diametro tronco da copa (mm)

Diferença diame tro copa/porta-enxerto (mm)

Incremento altura da muda (cm)

Cascatense / Portugal

85,24 abc

66,81 abc

0,49 ef

0,43 e

1,89 abc

17,79 fg

Cascatense / EM C

62,71 bc

54,98 abc

1,83 cdef

2,02 cde

1,05 bcd

47,01 def

Cascatense / Bereckzy

47,15 c

43,53 abc

0,15 f

0,49 e

0,44 d

15,18 g

Carrick / Portugal

91,67 abc

89,23 abc

2,09 cdef

2,15 cde

0,86 cd

35,18 efg

Carrick / EM C

80,00 abc

80,00 abc

1,32 def

0,92 e

0,44 d

24,16 fg

Carrick / BA 29

96,98 ab

96,98 a

2,37 cde

3,13 bcd

2,03 abc

71,04 cd

Carrick / De Vranja

100,0 a

94,95 ab

3,91 abc

3,63 abc

1,15 bcd

68,79 d

Carrick / INTA 267

82,53 abc

82,53 abc

5,81 a

4,91 ab

1,49 abcd

97,56 bc

P. Triumph / Smyrna

98,34 ab

96,51 a

1,55 def

0,95 e

2,21 ab

42,95 defg

P. Triumph / D’Angers

79,73 abc

79,73 abc

2,32 cde

1,38 de

2,60 a

59,44 de

William / Du Lot

88,54 abc

88,54 abc

2,67 bcd

1,48 de

2,24 ab

65,23 d

William / Meliforme

89,48 abc

86,58 abc

5,88 a

5,61 a

1,01 bcd

133,41 a

William / Champion

96,98 ab

95,25 a

4,67 a

4,63 ab

1,33 bcd

119,36 ab

William / Maçã

40,95 c

35,45 c

4,48 ab

4,73 ab

0,99 bcd

117,89 ab

Nível signif. Prob. > F

0,0686

0,1071

0,0001

0,0001

0,0046

0,0001

Média Geral

67,29

63,98

2,83

2,61

1,41

65,36

Coef. variração (%)

26,53

28,65

39,34

42,99

46,17

24,81

* Médias seguidas por letras iguais na vertical, não diferem estatisticamente entre si.
* * Dados de percentagem transformados em arc sen da percentagem.

superiores em relação as combinações Cascatense/Bereckzy e William/Maçã. Bergamini & Bergamaschi (2000) registraram 33% das plantas mortas na combinação William/MC, enquanto em William/BA 29 não houve morte de plantas. Além do fator incompatibilidade, para estes autores, o sucesso da enxertia é influenciado pelo vigor do porta-enxerto e estresse na enxertia. Este efeito pode ser observado na Tabela 2, onde a cv Carrick teve percentual de pega final de 96,98% com BA 29 e de 80,00% com MC. Este resultado se deve possivelmente por a cv. BA 29 ser 40% mais vigorosa e ter maior afinidade com pereira do que a cv. MC (Marangoni & Mazzanti, 1999).

A cv. Cascatense apresentou maior percentual de pega final em combinação com Portugal (66,812%), porém não apresentou diferenças significativas em relação as demais combinções. Para P. Triumph a melhor combinção foi com Smyrna di Harci (96,514% de enxertos vingados). De maneira geral, a diferença no percentual de pega inicial e final não variou muito.

Os principais incrementos no diâmetro do tronco abaixo do ponto de enxertia foram verificados em Meliforme/William, INTA 267/Carrick e Champion/William, porém não diferenciaram entre si. O maior incremento em diâmetro acima do ponto de enxertia foi verificado para William/Meliforme. As combinações P. Triumph/Smyrna, Carrick/MC, Cascatense/Bereckzy e Cascatense/Portugal apresentaram respectivamente os menores incrementos no diâmetro do tronco (Tabela 2). A cv. Portugal é mais vigorosa em relação a cv. MC, entretanto, verificou-se que em combinação com a cv. Cascatense, o diâmetro do tronco foi 4,7 vezes maior quando enxertado sobre MC, o qual sugere que para a cv. Cascatense o grau de afinidade influência significativamente no desenvolvimento das mudas.

Considerando as diferenças no diâmetro do tronco do porta-enxerto e copa, verificou-se as maiores diferenças entre as combinações P. Triumph/D’Angers, William/Du Lot e P. Triumph/Smyrna, respectivamente. Embora as cvs. P. Triumph e William sejam as mais vigorosas, entre as testadas, nos leva a interpretar que estas possuem baixo grau de compatibilidade com estes porta-enxertos testados, dado que a cv. William apresentou comportamento contrário quando testada com outras combinações (Tabela 2).

As combinações com maior incremento em altura foram respectivamente William/Meliforme, William/Champion, William/Maçã e Carrick/INTA 267, tendo pequeno desenvolvimento Carrick/Portugal, Carrick/MC, Cascatense/Portugal e Cascatense/Bereckzy (Tabela 2). Leite & Denardi (1988), observaram que a cv. Carrick teve um desenvolvimento satisfatório sobre BA 29. O mesmo foi verificado neste experimento, onde Carrick/BA 29 teve alto índice de pega e desenvolvimento regular da copa no viveiro. Na combinação com MC e Portugal, Carrick apresentou baixo crescimento em altura. Esta variabilidade de resultados já havia sido relatada por Simonetto & Grellmann (1988). Portugal como porta-enxerto para a cv. Seleta tem apresentado boa resposta de crescimento (Campo Dall’Orto et al. 1996), enquanto Leite & Denardi (1988), observaram um satisfatório desenvolvimento de Carrick com BA 29.

De acordo com os resultados da tabela 2, devemos considerar que o fraco crescimento das plantas de algumas combinações de enxertia, observadas em viveiro, não podem ser atribuídas somente a falta de compatibilidade ou pelo efeito do vigor da copa ou porta-enxerto, pois Lemoine et al. (1997) verificaram que o vigor das plantas no viveiro não tiveram correspondência com o vigor das plantas em pleno campo. Para se ter confirmação destes resultados de desenvolvimento obtidos, as plantas serão plantadas e avaliadas em pleno campo.

Conclusão

As cultivares Carrick e William de maneira geral apresentam o melhor desenvolvimento inicial no viveiro, em combinação com marmeleiro, quando comparadas com às cultivares Packham´s triumph e Cascatense.

 

Referências Bibliográficas

  • BERGAMINI, A.; BERGAMASCHI, M. Confronto fra 13 combinazioni di innesto per il pero in Valsugana. In: GIORNATE SCIENTIFICHE S.O.I., 5., 2000. Atti... [S.l: s.n.], 2000. p.369-370.
  • CAMPO DALL’ORTO, F.A.; OJIMA, M.; BARBOSA, W.; RIGITANO, O.; MARTINS, F.P.; CASTRO, J.L.; SANTOS, R.R.; SABINO. J.C. Variedades de pêra para o Estado de São Paulo. Campinas: IAC, 1996. 34p. (IAC. Boletim Técnico, 164).
  • LEITE, G.B.; DENARDI, F. Porta-enxertos para pereira: adaptação e algumas condições ambientais. Agropecuária Catarinense, Florianópolis, v.5, n.2, p.47-49, 1988.
  • LEMOINE, J.; MUCHELESI, J.C.; ALLARD, G. Tecniche di moltiplicazione per talea erbacea e semilegnosa di alcuni portinnesti del pero. Frutticoltura, Bologna, n.10, p.39-48, 1997.
  • LORETI, F.; MASSAI, R. Il contributo dell’Università di Pisa al miglioramento genético dei portinnesti. Frutticoltura, Bologna, n.4, p.9-13, 1998.
  • MARANGONI, B.; MAZZANTI, F. I portinnesti del pero. L’Informatore Agrario, Verona, n.6, p. 33-38, 1999. Suplemento.
  • SANSAVINI, S.; GRANDI, M.; FARINA, M.; TAGLIAVINI, F. Pereti ad alta densità di piantagione su cotogno MC: risultati di prove preliminari. Frutticoltura, Bologna, n.3, p.11-17, 1997.
  • SIMONETTO, P.; GRELLMANN, E.P. Porta-enxertos e algumas cultivares. IPAGRO Informa, Porto Alegre, n.31, p.5-10, 1988.
  • ZONTA, E.P., MACHADO, A.A. SANEST – Sistema de análise estatística para microcomputadores. Pelotas: DMEC: IFM: UFPEL, 1987. 138p.

 

Valmor João Bianchi (1) , Moacir Vicenzi (2) e José Carlos Fachinello (3)
vbianchi[arroba]ufpel.tche.br

Notas

  1. Eng° Agr°, M.Sc., Doutorando do PPGA, área de concentração em Fruticultura de clima temperado, FAEM-UFPel, CP. 354, 96010-900, Pelotas-RS-Brasil. E-mail: valmorjb[arroba]yahoo.com
    Eng° Agr°, Mestrando do PPGA, área de concentração em Fruticultura de clima temperado, FAEM/UFPel.
    Eng° Agr°, Dr., Prof. Titular Depart. Fitotecnia, FAEM-UFPel. CP. 354, 96010-900, Pelotas-RS-Brasil

 



 Página anterior Voltar ao início do trabalhoPágina seguinte 



As opiniões expressas em todos os documentos publicados aqui neste site são de responsabilidade exclusiva dos autores e não de Monografias.com. O objetivo de Monografias.com é disponibilizar o conhecimento para toda a sua comunidade. É de responsabilidade de cada leitor o eventual uso que venha a fazer desta informação. Em qualquer caso é obrigatória a citação bibliográfica completa, incluindo o autor e o site Monografias.com.