O consumo de matéria seca (CMS) do capim tanzânia de 24 vacas lactantes mestiças (HPB x Gir) e Gir, sob pastejo, foi estimado no mês de janeiro de 1998, a partir da relação entre a digestibilidade da MS da forragem e a produção fecal obtida com auxílio do cromo mordente por meio de um modelo não-linear. Os resultados do consumo estimado foram comparados aos consumos preditos por diferentes equações baseadas nos dados de degradabilidade do capim, no rúmen. A pastagem foi manejada com taxa de lotação de dois animais/ha, em sistema de pastejo rotativo com três dias de ocupação do piquete e 39 dias de descanso. Foram utilizadas para predizer o CMS diferentes equações: CMS = -1,19 + 0,035 (a+ b) + 28,5c (1), CMS = -0,822 + 0,0748 (a+ b) + 40,7c (2), CMS = -8,286 + 0,266a + 0,102b +17,696c (3) e CMS = [%FDN na MS]* [consumo de FDN ] / [(1-a-b)/KP +b/(c+ kp)]/24] (4). As equações, em geral, subestimaram o consumo obtido no modelo não-linear (9,6 kg/vaca/dia). Os consumos médios de capim de 6,2 e 6,0 kg MS/vaca/dia obtidas, respectivamente, nas equações de (2) e (4) foram semelhantes entre si e inferiores ao das equações de (1) (12,7 kg/vaca/dia) e (3) (8,1 kg/vaca/dia). A predição do consumo de forrageiras tropicais, sob pastejo, utilizando-se as equações baseadas nas variáveis da degradação in situ, constitui um importante potencial para estas avaliações. Entretanto, mais estudos dessa natureza devem ser realizados para validar o uso destas equações na prática.
Palavras-chave: cromo mordente, degradabilidade, estimativa de consumo, equações de predição, forrageiras tropicais, pastagem
Dry matter intake (DMI) of Tanzania grass under grazing conditions was estimated using 24 Holstein-Zebu and Gir cows from the in vitro dry matter digestibility of extrusa samples (esophageal fistulated cows) and fecal output. The fecal output was estimated using chromium mordant and a non-linear model. The pasture was managed in a rotational system with three days paddock occupation and 39 days of resting period. The stocking rate was 2.0 cows/ha during the rainy season. Four different equations based on in situ degradation characteristics were used to predict DMI: DMI = -1.19 + 0.035 (a+ b) + 28.5c (1), DMI = -0.822 + 0.0748 (a+ b) + 40.7c (2), DMI = -8.286 + 0.266a + 0.102b +17.696c (3) and DMI = [%FDN MS]* [FDN intake] / [(1-a-b)/KP +b/(c+ kp)]/24] (4). The DMI predicted from the equations, in general, underestimated the results obtained with the non-linear model (9.6 kg DM/cow/day). The DMI data using the equations (2) and (4) (6.2 and 6.0 kg of DM/cow/day) were similar and different from the results obtained using equations (1) (12.7 kg DM/cow/day) and (3) (8.1 kg DM/cow/day). All the DMI were underestimated in relation to results from the non-linear model, except those from equation (1). The prediction of tropical forages intake, under grazing condition using equations based in degradation characteristics constitute an important tool for these evaluations. Eventhough, more studies need to be done to validate these equations in practice.
Key Words: degradability, intake, mordanted chromium, pastures, prediction equations, tropical forages
O consumo de nutrientes é o principal fator a influenciar o processo de conversão do alimento em tecidos e produtos de origem animal. No entanto, existe uma grande dificuldade de se avaliar este consumo devido a fatores relacionados ao animal, ao ambiente e ao alimento, os quais são difíceis de serem separados (MERTENS, 1994). Existem várias metodologias, diretas e indiretas, para se medir consumo no pasto, porém todas apresentam limitações e comprometimentos que podem induzir a erros (OWENS e HANSON, 1992).
Um dos métodos utilizados para se estimar a ingestão de matéria seca (IMS) por animais em pasto, é a relação entre a produção fecal (PF) dos animais e a digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) da forragem, segundo a equação: IMS = PF/(1-DIVMS), onde a PF é determinada com o auxílio de marcadores externos, como o cromo mordente (AROEIRA,1997). Esse método vem sendo questionado pelas dificuldades relacionadas com a utilização do cromo mordente, pelas características do alimento (taxa de passagem lenta) (FURLAN, 1998) ou pela liberação lenta do indicador (PIAGGIO et al., 1991). Além disso, há uma baixa recuperação desse indicador nas fezes, causada pela perda de cromo durante a marcação da FDN (COLUCCI, 1984), o que pode subestimar as produções fecais, levando, conseqüentemente, a erros nas estimativas de consumo.
Vários trabalhos vêm sendo realizados sobre predição do potencial de ingestão e da digestibilidade dos alimentos a partir de seus componentes químicos. Este método, no entanto, é criticado pelo fato de a ingestão e a digestibilidade dos alimentos, em ruminantes, serem influenciadas não somente pela composição química dos alimentos, mas também pelo manejo alimentar (MERTENS, 1987).
O uso da técnica in situ para avaliar alimentos tem se tornado um método alternativo devido a sua simplicidade e natureza direta, além de tornar possível a determinação das taxas de degradação (HOVELL, 1986). O AFRC (1993) vem adotando a técnica in situ como o método padrão para caracterizar a degradabilidade ruminal do nitrogênio e por apresentar resultados semelhantes àqueles obtidos pela técnica in vivo.
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