RESUMO
Pesquisou-se o comportamento vegetativo e reprodutivo de 14 cultivares e seleções de pêssego e nectarina, cultivados no sistema de pomar compacto, em espaçamento de 4 m x 1,5 m (1.667 plantas.ha-1), sob poda de encurtamento dos ramos, em pós-colheita. Essa poda, caracterizada pelo corte dos ramos produtivos a 20-30 cm de sua inserção, foi realizada no final de novembro, logo após a colheita de frutos do ciclo anterior. A partir dos resultados obtidos no biênio 1997-98, verificou-se que os cultivares e seleções mais produtivos foram (média bienal do número e kg de frutos por planta respectivamente): Aurora-1 (161, 13,9); IAC 680-13 (142, 12,4); Régis (156, 12,2); Talismã (128, 11,9) e IAC 680-178 (130, 10,1). Os cultivares Delicioso Precoce, Jóia-1, Tropical, Flordaprince e IAC 2380-55, com produção intermediária, obtiveram índices entre 6,0 e 8,8 kg de frutos por planta. Durante os dois anos do experimento, as váriáveis fisiológicas analisadas - área de secção transversal do tronco, volume da copa, número e massa dos frutos por cm2 de tronco - apresentaram diferenciação estatística entre cultivares e seleções. A poda de encurtamento dos ramos, em pós-colheita, evitou a alternância de produção dos cultivares e seleções pesquisados.
Palavras-chave: pêssego, nectarina, Prunus persica, prática cultural, seleções IAC, volume de copa, área transversal de tronco, produtividade.
ABSTRACT
The Peach Meadow Orchard System: X. Behavior Of Cultivars And Selections On Summer Pruning After Harvest
Eleven peach (Prunus persica L. Batsch) and three nectarine (P. persica L. Batsch, var. nucipersica) cultivars and selections, budded on Okinawa rootstocks, grown under the meadow orchard system at 4 m x 1.5 m spacing, were summer pruned after harvest for two years. The experimental area was located in Monte Alegre do Sul (22°41’S; 46°43’W) State of São Paulo, Brazil, with an average of chill accumulation of 40 h below 7 °C. From 1997 to 1998 cycles several physiological characteristics were recorded: trunk cross-sectional area, canopy volume, yield, fruits and mass per cm2 of trunk. The best results were observed for Aurora-1, IAC 680-13, Régis, Talismã and IAC 680-178 cultivars and selections with an average of number of fruits and fruit yield (kg.tree-1), respectively: 161, 13.9; 142, 12.4; 156, 12.2; 128, 11.9 and 130, 10.1. The summer pruning increased the yield and medium fruit mass. Data on trunk cross-sectional area, canopy volume, yield and fruits and mass per cm2 of trunk presented significant differences among cultivars and selections.
Key words: peach, nectarine, Prunus persica, cultural practice, IAC selections, productivity, canopy volume, trunk cross-sectional area.
O cultivo do pessegueiro, em pomar compacto, caracteriza-se pela redução máxima do espaçamento entre plantas e linhas e pelo controle do volume da copa, visando minimizar a competição negativa entre os indivíduos. Nas últimas duas décadas pesquisou-se o plantio dessa frutífera em densidades populacionais de até cerca de 20.000 plantas por hectare, conduzidas em linhas únicas ou duplas, sob diferentes tipos de manejo cultural (GUERRIERO et al., 1980; CAMPO DALL’ORTO et al., 1984; EREZ, 1985; LORETI e PISANI, 1990; CARUSO et al., 1997; BARBOSA et al., 1989; 1998; 1999; SCARPARE FILHO et al., 1999).
Ao avanço maior desse sistema de cultivo do pessegueiro há que acrescentar, ainda, a necessidade de se controlar o excessivo vigor vegetativo das plantas. Várias pesquisas demonstraram que as podas drásticas anuais ou bienais podem reduzir satisfatoriamente o tamanho da copa, diminuindo a competição por energia solar, água, nutrientes e espaço físico (CAMPO-DALL’ORTO et al., 1984; COSTON et al., 1985; EREZ, 1985; BARBOSA, 1989; BARBOSA et al., 1991; 1994). Observa-se, porém, que, se de um lado as podas drásticas proporcionam adequado balanceamento do desenvolvimento da copa, de outro lado, podem afetar as altas produtividades dos pomares. Assim sendo, a poda drástica anual só deve ser adotada para pessegueiros com características de maturação antecipada dos frutos. Empregando-se cultivares de ciclos precoces, há possibilidade de se podar mais cedo a copa - início da primavera - a fim de que ocorra rápida brotação do tronco decepado. Somente assim, os novos ramos reúnem condições ecofisiológicas para proporcionar a diferenciação floral das gemas, floração e maturação dos frutos, respectivamente, em cinco, nove, e doze meses de desenvolvimento (BARBOSA et al., 1990a). Através da poda drástica bienal pode-se viabilizar, para pomares compactos, o emprego de pessegueiros, tanto precoces como medianos e inclusive tardios. O fator desfavorável à bienalidade da poda drástica refere-se a certa alternância de produção dos cultivares não-precoces. Isso porque, em se realizando a poda drástica mais tarde - final da primavera – ocorre, obrigatoriamente, deficiência no desenvolvimento da nova copa e, portanto, na frutificação imediatamente posterior. No ciclo seguinte, com ausência programada da poda, a produtividade normal se restabelece, pois as copas se desenvolvem livremente durante todo ciclo vegeto-reprodutivo. O Talismã, material mediano pesquisado durante dez anos em pomar compacto (1.667 plantas.ha-1), sob poda drástica bienal, constitui-se em exemplo bem ilustrativo. Esse cultivar produziu, em média, 6,0 kg.planta-1 em anos submetidos à poda e, 10,2 kg.planta-1, quando deixado sob desenvolvimento livre; assim, Talismã obteve uma produção decenal média de 8,12 kg.planta-1 (BARBOSA et al., 1999). Nota-se, nesse caso, uma redução de cerca de 40% na produção , em ciclos cuja poda drástica já havia sido realizada.
Dada a flexibilidade que possuem os pessegueiros em responder aos diferentes tipos de poda e condução de planta, várias pesquisas vêm sendo realizadas no sentido de simplificar ou mecanizar seu cultivo. O manejo mais comum, utilizado na Europa, relaciona-se aos sistemas "Fusetto", "Tatura", "Palmetta" e "Hedgerow", em que se aplica a poda manual ou mecanizada de encurtamento dos ramos em pré e pós-colheita, para controle da vegetação e melhoria da qualidade do fruto (BARGIONI et al., 1983; MARINI, 1985; LORETI et al., 1991; LORETI e PISANI, 1990; CARUSO et al., 1997). Nas condições climáticas paulistas, uma poda de encurtamento acentuado dos ramos, em pós-colheita, poderia ser viável com vantagem em relação ao método de decepamento do tronco do pessegueiro. Conjecturou-se, então, que os ramos de produção, se encurtados bem próximos à sua base, reconstituiriam idealmente a copa evitando a frutificação alternada ou reduzida, decorrentes de ciclos pós-podas drásticas. Objetivou-se, neste trabalho, comparar o desenvolvimento de catorze cultivares e seleções de pessegueiro e nectarineira, em pomar compacto, com poda de encurtamento dos ramos, em pós-colheita.
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