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Durante quatro anos, de 1991 a 1994, caracterizou-se o desenvolvimento de treze pessegueiros e cinco nectarineiras, cultivados em três lotes contíguos, no sistema de pomar compacto, na Estação Experimental de Monte Alegre do Sul (22o41'S.; 46o 43'W. e 40 HF-7), do IAC. As podas drásticas das copas , a 50 cm do solo, foram efetuadas a cada dois anos, imediatamente após a colheita dos frutos. À caracterização fenológica utilizaram-se os cultivares e seleções, nos seguintes espaçamentos de plantio: 4m x 0,5m - IAC 282-24, IAC 4685-45, IAC 280-28, IAC N 1880-76, Douradão, IAC N 2680-91, Aurora-2 e Talismã; 4m x 1m - o mesmo material acima; e, 4m x 1,5m - Tropical, Flordaprince, Aurora-1, Rubro-sol, Jóia-1, Douradão, Centenária, Delicioso Precoce, Josefina e Talismã. Para cada material e espaçamento foram utilizados cinco plantas, ao acaso, que, com exceção da poda drástica bienal, receberam os tratos culturais rotineiros, como: pincelamento do tronco, desbrota, capina, pulverização fitossanitária, irrigação, adubação e quebra de endodormência. De junho a dezembro de cada ano registraram-se os seguintes dados: número de nós de gemas por metro de ramo, número de gemas vegetativas e floríferas por nó e porcentagem de pegamento, ciclo de crescimento, período de colheita e massa dos frutos. Para cada parâmetro utilizaram-se 10 ramos por planta; exceção, apenas, ao período de colheita e à massa dos frutos que consideraram-se as plantas inteiras.
Através da caracterização fenológica dos pessegueiros e nectarineiras verificou-se que todos os cultivares e seleções utilizados, adaptaram-se plenamente ao sistema de pomar compacto, com poda drástica bienal das copas. Mesmo o material de ciclo mediano, como Aurora-1, Aurora-2 e Talismã não teve seu desenvolvimento comprometido pela poda drástica da copa. Pelo contrário, tais cultivares obtiveram os maiores índices nos parâmetros: nós de gemas/m.r., soma de gemas vegetativas e floríferas/nó e frutificação efetiva (TABELA 1). Saliente-se, porém, que a excelência desse desenvolvimento se deve à bienalidade da poda drástica das copas. Esse grupo de cultivares medianos, se cultivado em elevadas densidades de plantio e com podas drásticas anuais, raramente se desenvolverá em moldes adequados, tornando-se improdutivo. O `Aurora-2', por exemplo, mostra-se inviável ao sistema quando se emprega a poda drástica anual; mesmo tendo seus troncos decepados antecipadamente em 30 de setembro, ele ainda apresenta ciclo de poda-maturação dos frutos de 13 meses (Barbosa et al., 1991b). Se esse cultivar for podado drasticamente no final de sua colheita, meados de novembro, certamente ocorrerá alguma deficiência no ciclo vegetativo, e, principalmente, no processo de diferenciação floral das gemas, diminuindo a frutificação do ano (Barbosa et al., 1990b). Já, lançando mão de podas drásticas bienais, as plantas de Aurora-2 não sofrem interrupção de crescimento a cada 12 meses, permitindo colheitas satisfatórias ao longo dos anos (Barbosa et al., 1994), conforme comprovado no presente experimento.
Notou-se nos espaçamentos menores, a exemplo de 4m x 0,5m, a ocorrência de maior distanciamento dos nós de gemas. O aparecimento de entrenós mais distanciados podem ser explicados pelo maior auto-sombreamento dos ramos, principalmente naqueles mais inferiores da copa. Parcialmente sombreados, os ramos tendem a se alongar pouco mais que os outros, causando assim espaçamentos maiores dos entrenós. Assim como os entrenós, os índices de gemas florais e vegetativas, também, foram pouco menores nas plantas mais adensadas (TABELA 1). A esse respeito, Tombesi & Belleggia (1986) relatam que pessegueiros `Flavorcrest', cultivados em alta densidade populacional, apresentam comporta-mento distinto quando submetidos ou não a podas de verão. Nas plantas podadas, com copas menos compactas, houve maior diferenciação floral e os frutos produzidos foram maiores e com melhor colorido e sabor. As copas mais adensadas, por sua vez, mostraram-se bastante ineficientes e irregulares na formação de gemas florais, em razão da deficiente penetração de luz. Em Douradão e Talismã, cultivares pesquisados nos três espaçamentos, verificou-se tendência de aumento na produção de órgãos vegetativos e reprodutivos nas menores densidades populacionais, cerca de 15% em média.
O pegamento e o ciclo de maturação dos frutos foram considerados normais para todos os cultivares e seleções, e, bastante semelhantes aos dos cultivos convencionais. A poda drástica bienal, portanto, não alterou as características de frutificação, nem a época normal de colheita. As safras mais precoces foram proporcionadas por `Tropical', `Flordaprince' e IAC 282-24, com colheitas entre 20 de setembro e 10 de outubro, com ciclo florada-maturação próximo de 80 dias. O `Talisma', `Aurora-1', `Aurora-2', IAC N 2680-91 e IAC 4685-45 tiveram a maioria de seus frutos colhidos entre 25 de outubro e 30 de novembro. As colheitas dos demais cultivares e seleções sucederam-se durante outubro, nas condições ecológicas de Monte Alegre do Sul, SP.
A massa dos frutos, nos três espaçamentos adotados, pode ser considerada de padrão médio. Os cultivares e seleções apresentaram frutos com massa, em média, 10 a 30% inferiores ao sistema convencional. Esses resultados, também, foram relatados por outros autores, quando pesquisaram as altas densidades de plantio de pessegueiro e nectarineira (Erez, 1976; Recupero et al., 1985; Bellini et al., 1985). O `Douradão', com ciclo de 100 dias, produziu os maiores frutos, com massa média superior a 120 gramas, nas três densidades populacionais experimentadas. Os menores frutos foram registrados nas nectarineiras, com massa inferior a 77 gramas (TABELA 1).
- Os treze pessegueiros e as cinco nectarineiras do presente ensaio, quando cultivados nos espaçamentos de 4m x 0,5m, 4m x 1m e 4m x 1,5m, com poda drástica bienal, apresentam adequado desenvolvimento das plantas.
- A poda drástica bienal das copas é essencial aos cultivares e seleções de ciclo mediano, produzindo normais quantidades de órgãos vegetativos e reprodutivos todos os anos.
- Dos cultivares pesquisados, os mais precoces são Tropical, Flordaprince e IAC 282-24, amadurecendo os frutos entre 80 e 85 dias após a plena floração.
- O `Douradão', apresenta os maiores frutos, com massa média superior a 120 gramas, nos três espaçamentos adotados.
Os autores agradecem ao Oficial de Apoio Lázaro de Godoi os tratos culturais dos pessegueiros e nectarineiras e aos Técnicos de Apoio Marcilene de Moraes, Antonio Carlos de Carvalho, Meire Correia da Silva Ferrari e Maria Aparecida Donizeti de Oliveira, a coleta e a tabulação dos dados do experimento.
W. Barbosa2,4; F.A. Campo Dall'orto2,4; M. Ojima2,4; R.R. Dos Santos3
wbarbosa[arroba]iac.sp.gov.br
1Pesquisa integrante dos projetos do Instituto Agronômico de Campinas.
2Fruticultura de Clima Temperado-IAC, C.P. 28, CEP: 13001-970 - Campinas, SP.
3Estação Experimental de Monte Alegre do Sul-IAC, C.P. 50, CEP: 13910-000 - Monte Alegre do Sul, SP.
4Bolsista do CNPq.
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