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Utilizaram-se na experimentação pessegueiros e nectarineiras de quatro anos, cultivados no espaçamento de 4 x 0,5m (5.000 plantas/hectare), na Estação Experimental de Monte Alegre do Sul (22º41’S.; 46º49’W. e 40 HF-7) (1) (3), do IAC (Pedro Júnior et al., 1979). Os cultivares e seleções utilizados: pêssego-Talismã, Aurora-2, IAC 6782-83, IAC 280-28 e IAC 282-24, e nectarinas – IAC N 1880-76 e IAC N 2680-91, receberam os tratos culturais recomendados (Ojima et al., 1990), à exceção da poda semidrástica (Barbosa et al., 1990).
No início de julho de 1990, pulverizaram-se as plantas, em plena floração, com uréia na concentração de 12%, acrescida de espalhante adesivo a 0,02%. Para cada cultivar e seleção, utilizaram-se aleatoriamente cinco plantas; os ramos, em número de dez por planta, foram tomados ao acaso e identificados com etiquetas, anotando-se nestas o número total de flores abertas, sendo os botões florais eliminados dos ramos. Controlaram-se aproximadamente 600 flores por material. Para as cinco plantas testemunhas, sem pulverização com uréia 12%, adotou-se o mesmo método de identificação e de controle dos ramos e flores. Após 40 dias da antese, controlaram-se, para cada material e tratamento, os frutos remanescentes nos ramos, estabelecendo-se, daí, os índices médios de frutificação efetiva. Nas plantas testemunhas, após o controle da frutificação efetiva natural, executou-se o raleio manual, deixando-se um e dois frutos por ramo médio e vigoroso respectivamente; nos ramos finos, o raleio foi total. De fins de setembro a meados de novembro do mesmo ano, os frutos maduros foram colhidos, contados e pesados.
Aos dados da frutificação efetiva, do número de frutos por ramo, da produção e do peso final dos pêssegos e das nectarinas, calcularam-se os intervalos de confiança para a média, ao nível de 95%.
Os pessegueiros e as nectarineiras testemunhas apresentaram índices de abcisão de flores e frutos entre 40 e 70%, considerados normais para seleções autoférteis, adaptadas ao clima subtropical-tropical paulista (Barbosa et al., 1991). Suas frutificações efetivas naturais apresentaram-se altas, sendo ‘Talismã, IAC 6782-83, IAC N 2680-91, ‘Aurora-2’ e IAC 282-24 os mais prolíferos, com 60,9; 54,2; 44,6; 41,4 e 40,0% respectivamente (Figura 1).
A abscisão de flores e de frutinhos, que se iniciou após uma semana da pulverização com uréia 12%, persistiu até cerca de 40 dias da antese. Verificou-se, no entanto, maior intensidade de abscisão durante a 2ª e a 3ª semana pós-tratamento das flores. Byers & Lyons Júnior (1985), utilizando-se de compostos nitrogenados, a exemplo de nitrato de amônio (NH4NO3), como agente raleador, notaram aparecimento de necroses florais, cerca de dois dias após aplicação do produto. Conjecturaram que o NH4NO3 poderia agir de dois modos: interferindo na fertilização da oosfera e necrosando os pedúnculos da maioria dos botões florais e das flores em antese. A presença das necroses no pedúnculo seria, então, resultado da translocação e da concentração dessas substâncias em proporções fitotóxicas.
As flores e os frutos em crescimento, de todo o material experimentado, mostraram-se bastante sensíveis à ação da uréia a 12%, porém em graus diferentes. No ‘Talismã’ e na IAC N 2680-91, reduzindo-se intensamente a frutificação efetiva; por se tratar, no entanto, de pessegueiro e de nectarineira altamente floríferos e férteis, ainda permaneceram com 3,2 e 2,6 frutos, em média, por ramo respectivamente (Figura 1).
Figura 1. Efeito da uréia 12%, pulverizada na florada. A: na porcentagem de frutificação efetiva; B: no número de frutos por ramo de pessegueiros e de nectarineiras (N) IAC, cultivados no sistema de pomar compacto (5.000 plantas/hectare), na Estação Experimental de Monte Alegre do Sul. 1. ‘Talismã; 2: IAC 6782-83; 3: IAC N 2680-91; 4: ‘Aurora-2’; 5: IAC 282-24; 6: IAC N 1880-76; 7: IAC 280-28. As linhas verticais sobre as colunas indicam o desvio-padrão da média, ao nível de 5%.
Com essa quantidade de frutos remanescentes por ramo, o peso médio do produto final apresentou-se aquém do esperado (Figura 2), problemas esse que poderia ser contornado com raleios manuais corretivos. Sabe-se, outrossim, que a uréia pulverizada nas flores, em altas concentrações, pode promover excessivo raleamento, diminuindo significativamente a produção de frutos. Na nectarineira ‘Rubro-sol’, concentrações entre 12 e 16% de uréia causaram fitotoxicidade em ramos jovens e queda exagerada de frutos; apesar do aumento do peso médio das nectarinas, proporcionado pela menor competição de nutrientes, a produtividade não foi compensadora (Zilkah et al., 1988).
Os pessegueiros e as nectarineiras IAC, após cerca de 40 dias do tratamento com uréia 12%, mantiveram-se com frutificações efetivas na faixa de 12-17%. Excetuando o ‘Talismã’ e a IAC N 2680-91, os cultivares e seleções permaneceram com um a dois frutos por ramo, quantidade considera adequada para cultivos em pomar compacto. Nestes, a produção e o peso médio dos frutos apresentaram-se similares aos das respectivas plantas testemunhas, com raleio manual (Figura 2).
É importante destacar que pessegueiros e nectarineiras, sob altas densidades de plantio, tendem a apresentar frutos com pesos médios 20% inferiores, em confronto aos dos cultivos convencionais (BARBOSA et al., 1991). A uréia a 12%, como nutriente vegetal, não influenciou na qualidade final dos frutos, que permaneceram nos níveis característicos dos cultivares e das seleções em estudo.
Convém lembrar, finalmente, que em face dos diferentes níveis varietais de sensibilidade das flores à uréia, são necessários novos experimentos, sob condições edafoclimáticas diversas. Assim, concentrações ideais de uréia deverão ser pesquisadas, para cada material, objetivando adequado raleio químico que compense produção econômica de pêssegos e nectarinas, cultivados em pomar compacto.
Figura 2. Efeito da uréia 12%, pulverizada na florada. A: na produção; B: no peso final dos frutos de pessegueiros e de nectarineiras (N) IAC, cultivados no sistema de pomar compacto (5.000 plantas/hectare), na Estação Experimental de Monte Alegre do Sul. 1: ‘Aurora-2’; 2: ‘Talismã; 3: IAC 282-24; 4: IAC 6782-83; 5: IAC 280-28; 6: IAC N 2680-91; 7: IAC N 1880-76. Testemunha = raleio manual. As linhas verticais sobre as colunas indicam o desvio-padrão da média, ao nível de 5%.
Notas
(1) (3) Latitude, longitude e número médio de horas anuais de frio abaixo de 7ºC (HF-7) respectivamente
Wilson Barbosa; Fernando Antonio Campo-Dall’orto; Mário Ojima ; Rui Ribeiro Dos Santos
wbarbosa[arroba]iac.sp.gov.br
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