(Localizada na Região Metropolitana de São Oaulo, e cultivados com milho)
Experimento de campo, com a finalidade de avaliar o uso agrícola de biossólido na cultura do milho, foi instalado em dois tipos de solos, Latossolo Roxo e Latossolo Vermelho-Escuro, textura média, na área experimental da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP, localizada no Município de Jaboticabal. Estado de São Paulo. em dezembro de 1997. O nível de fertilidade dos solos em estudo, por ocasião de sua instalação era: pH (CaCl2)= 5,7; 5,7; P(resina)= 67; 44 mmolc dm-3:; MO= 34; 20 g dm-3;; K= 4,9; 2,2; Ca= 41,2; 26,7; Mg= 18,6; 10,6; H+Al= 22; 16 mmolc dm-3 para os solos LR e LE, respectivamente.
O biossólido foi obtido na Estação de Tratamento de Esgotos da SABESP (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), unidade de Barueri, localizada na Região Metropolitana São Paulo, com a seguinte composição: umidade= 68,6%, N-Kjeldahl= 0,64%, P= 0,33%, K= 0,097% (base seca ao ar, ano agrícola 1997/98) e umidade= 63,3%, N-Kjeldahl= 3,73%, P= 1,13%, K= 0,17% (base seca ao ar, ano agrícola 1998/99). As sementes de milho foram os híbridos SA (1997/98) e AG 122 (1998/99). O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, constituído por 4 tratamentos (doses de biossólido) em 5 repetições. Os tratamentos utilizados foram. testemunha (sem aplicação de fertilizantes no primeiro ano agrícola e com aplicação de fertilizantes minerais no segundo ano), 2,5 (L1); 5,0 (L2) e 10,0 (L3) Mg ha-1, de biossólido (base seca em estufa). O fósforo requerido pela cultura foi completado com fertilizante mineral, considerando-se que todo o P do biossólido seria disponível para a cultura. O potássio requerido pelas plantas foi aplicado na forma de KCl, completando-se o conteúdo do mesmo existente no biossólido no primeiro ano e desconsiderando-se o teor do no biossólido no segundo ano agrícola. Por ocasião da instalação do experimento, a área em estudo sofreu uma aração, seguindo-se a aplicação de calcário dolomítico na dose de 2,5 Mg ha-1, calculada para elevar a saturação por bases a 70%, apenas no primeiro ano agrícola. Aos 60 dias após a semeadura, foi feita a amostragem de solo para fins de avaliação do nível de fertilidade nos diferentes tratamentos. As amostras de terra foram secas ao ar, passadas por peneira com 2 mm de abertura de malha e analisadas com relação ao nível de fertilidade, adotando-se a metodologia preconizada pelo Instituto Agronômico do Estado de São Paulo (IAC). Ao final do experimento, foi feita uma amostragem para avaliação de produtividade da cultura do milho.
A aplicação de biossólido por 2 anos consecutivos causou aumento no pH, nos teores de P e Ca, na capacidade de troca de cátions e na saturação por bases, ao mesmo tempo em que causou diminuição na acidez potencial.
Os teores de matéria orgânica e de Mg não foram afetados pelas aplicações sucessivas de biossólido na dose de até 10 Mg ha-1.
Uma dose de biossólido de 10 Mg ha-1 causou aumento na produtividade do milho em relação à fertilização mineral no solo Latossolo Roxo, mas não no solo Latossolo Vermelho-Escuro, textura média, no qual uma dose de 2,5 Mg ha-1 de biossólido causou a mesma produtividade que a fertilização mineral.
Palavras-chave: Biossólido, Matéria Orgânica, Acidez, Fósforo, Cálcio.
O crescimento populacional nos centros urbanos tende a aumentar a produção de resíduos, sejam eles de origem doméstica ou industrial, casos do lixo e do esgoto.
O crescimento da preocupação com o meio ambiente, para onde aqueles resíduos eram, e ainda são lançados em muitos centros urbanos, tem levado à procura de um destino que seja ecológica e economicamente correto para os mesmos.
No caso específico do esgoto, o tratamento do mesmo antes de seu retorno aos mananciais hídricos, leva à produção de um outro resíduo, o lodo de esgoto ou biossólido, ainda rico em material orgânico e outros agentes de poluição, de tal modo que um destino adequado para o mesmo ainda é um tema de pesquisa. E o problema se agrava tendo em vista a quantidade a ser produzida nos próximos anos, considerando-se que apenas na região metropolitana de São Paulo a SABESP estima, para o ano 2015, uma produção de 749 t de biossólido por dia, em base seca (SABESP, 1998).
Na composição do biossólido, além da matéria orgânica, de fundamental importância na fertilidade dos solos das regiões tropicais, altamente intemperizados, encontram-se, em concentrações variáveis, os elementos nutrientes das plantas, sejam macro (N, P, Ca, Mg e S), sejam micronutrientes (Cu, Fé, Mn, Zn, B, Mo, Cl), como se pode observar pela extensa revisão feita por Melo & Marques. (2000), que também chamam a atenção para o fato de ser o biossólido pobre .no macronutriente potássio. Isto torna atraente o uso dos biossólidos nas áreas agrícolas, seja como fertilizante, seja como condicionador das propriedades do solo.
Todavia, ao lado dos nutrientes das plantas e da matéria orgânica, o biossólido encerra na sua composição os chamados metais pesados, perigosos agentes de poluição ambiental (Melo et al., 2000), o que significa dizer que a dose de biossólido a ser aplicada como fertilizante das plantas ou como condicionador do solo deve ser muito bem definida para cada tipo de solo e para cada cultura, de modo a minimizar os riscos com tal poluição.
Em assim sendo, o presente trabalho de pesquisa teve por objetivo avaliar o efeito da aplicação doses crescentes de biossólido por dois anos consecutivos sobre o nível de fertilidade de dois solos de grande ocorrência no Estado de São Paulo e os efeitos sobre a produtividade da cultura de milho.
ACORDO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA – "WATERSHED MANAGEMENT 2000"
A pesquisa apresentada neste trabalho, foi realizada através do Projeto de Cooperação Tecnológica "Watershed Management 2000"desenvolvido conjuntamente pela Sabesp, Cetesb, Enviroment Canada e Unesp/Jaboticabal, durante o período de 1997-2000.
O objetivo geral do Acordo de Cooperação Técnica foi o aproveitamento da experiência canadense para promover melhorias nas estratégias de gerenciamento da qualidade dos recursos hídricos do Estado de São Paulo. O projeto englobava três objetivos relacionados entre si, destinado a:
Implementação de Sistemas de Suporte a Decisão (DSS) em base informatizada na bacia do Rio Piracicaba;
Melhoria do gerenciamento de efluentres líquidos e lodo de esgoto na Região Metropolitana de São Paulo;
Estreitamento dos laços entre o Canadá e o Estado de São Paulo.
Para o seu desenvolvimento, o projeto contou com fundos fornecidos pela CIDA-Canadian International Development Agency, destinados principalmente ao custeio dos serviços de consultoria de profissionais canadentes e atividades de treinamento de profissionais brasileiros, tanto no Brasil como no Canadá.
Esta pesquisa está inserida no subprojeto 2.4 – Estratégias para o Gerenciamento do Lodo de Esgoto na Região Metropolitana de São Paulo.
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