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Mediante os resultados obtidos (Quadro 2), verifica-se que não houve efeito da época de aplicação do N em cobertura sobre a produção de matéria seca do feijoeiro cultivado em plantio direto nos dois anos de cultivo. As doses de N proporcionaram aumento linear na produção de matéria seca, apenas no segundo ano de cultivo, independentemente da época de aplicação (Figura 1). Soratto et al. (2001) também verificaram efeito linear da aplicação de N em cobertura na produção de matéria seca do feijoeiro cultivado em sucessão ao milho em plantio direto. No entanto, os mesmos autores verificaram que a aplicação de todo o N aos 15 DAE proporcionou maior acúmulo de matéria seca nas plantas, quando comparada com a aplicação aos 25 e 35 DAE, provavelmente em razão da maior demanda de N pela cultura provocada pela menor taxa de mineralização da matéria orgânica.
A época de aplicação não influenciou o teor de N nas folhas. Contudo, houve efeito quadrático das doses de N aplicadas, no ano de 1999. À medida que aumentou a quantidade de N aplicada ao solo, em cobertura, houve incremento no teor de N nas folhas, sendo o teor máximo alcançado com a aplicação da dose de 105 kg ha-1 de N (Figura 1). Verificou-se, ainda, que apenas as plantas do tratamento que não recebeu N em cobertura apresentaram teores de N abaixo do limite considerado adequado por Ambrosano et al. (1997) e Malavolta et al. (1997), que é de 30–50 g kg-1. Resultados semelhantes foram verificados por Bassan et al. (2001), trabalhando em condições semelhantes de clima e solo, porém em sistema de preparo convencional do solo. No segundo ano de cultivo, o acréscimo na matéria seca, proporcionado pelo aumento das doses de N em cobertura, pode ter provocado um efeito de diluição, o que promoveu teores foliares de N semelhantes aos obtidos nas plantas sem aplicação de N em cobertura (Figura 1). Todavia, em todos os tratamentos, os teores de N nas folhas encontravam-se dentro da faixa considerada adequada para a cultura (Ambrosano et al., 1997; Malavolta et al., 1997), corroborando os resultados obtidos por Soratto et al. (2001).
De acordo com as recomendações, a adubação nitrogenada deve ser feita antes do florescimento, com vistas em aumentar o número de vagens por planta, já que esse é o componente da produção mais influenciado pela adubação (Rosolem, 1996; Ambrosano et al., 1997). No entanto, no presente trabalho, não foi verificado efeito da época de aplicação sobre esse componente (Quadro 2). Entretanto, houve correlação positiva e significativa do teor de N nas folhas e no número de vagens por planta (Quadro 3), indicando que o número de estruturas reprodutivas está diretamente relacionado com a condição nutricional de N da planta (Portes, 1996), podendo refletir na produtividade da cultura.
Quanto ao número de vagens por planta, as doses de N proporcionaram efeito linear nos dois anos de cultivo, com incrementos mais expressivos no ano de 1999 (Figura 1). Os resultados indicam que, independentemente da dose, mesmo quando realizada aos 30 DAE, a adubação proporcionou bom aproveitamento do N pelas plantas, já que o florescimento da cultura ocorreu aos 47 e 49 DAE, em 1999 e 2000, respectivamente. A deficiência de N reduz o número de flores do feijoeiro e, conseqüentemente, o número de vagens (Portes et al., 1996). Soratto et al. (2001) e Silva (2002) também constataram aumento no número de vagens por planta do feijoeiro cultivado em sistema plantio direto sobre palhada de milho, considerando a aplicação de N em cobertura, independentemente da época de aplicação, até os 35 DAE.
O número médio de grãos por vagem sofreu efeito das doses de N em cobertura, independentemente da época de aplicação, nos dois anos de cultivo, com acréscimos lineares dessa característica com o aumento na dose aplicada (Figura 1). Embora o número de sementes por vagem seja uma característica varietal pouco influenciada pelo ambiente (Andrade et al., 1998). Santos et al. (2003) e Arf et al. (2004) também observaram que o número de sementes por vagem foi influenciado pelas doses de N aplicadas em cobertura, indicando que uma melhor nutrição em N pode aumentar o número de óvulos fertilizados por vagem, com os dados se ajustando a equações lineares crescentes.
Quanto à massa de 100 grãos, esta foi influenciada apenas no segundo ano de cultivo, tanto pela época quanto pela dose de N aplicada em cobertura. A aplicação de todo o N aos 30 DAE proporcionou a obtenção de grãos mais leves (Quadro 2). As doses de N em cobertura influenciaram, de forma linear, a massa dos grãos, proporcionando incrementos à medida que se aumentou a dose de N aplicada ao solo (Figura 1). Resultados semelhantes foram obtidos por Diniz et al. (1995), Bassan et al. (2001) e Chidi et al. (2002), em sistema de preparo convencional do solo, e por Soratto et al. (2001), em sistema plantio direto.
A aplicação de todo o N aos 30 DAE proporcionou menor produtividade de grãos, em comparação com as demais épocas, no segundo ano de cultivo (Quadro 2). A redução na massa de 100 grãos, proporcionada por esse tratamento, contribuiu para a obtenção de menor produtividade, já que existiu correlação significativa entre essas variáveis (Quadro 3). Carvalho et al. (2001) ressaltaram a importância de associar a massa de 100 sementes à produtividade de grãos da cultura do feijão. No entanto, o aumento de produtividade obtido com a aplicação de N aos 15 DAE, apesar de significativo, foi de apenas 9,6 %, ou seja, 122,5 kg ha-1. Além disso, é interessante notar que, no segundo ano de cultivo, a produtividade média de todos os tratamento foi menor que no ano anterior, o que pode ser explicado pelos menores teores de nutrientes no solo por ocasião da segunda safra (Quadro 1).
As doses de N aplicadas ao solo proporcionaram acréscimos na produtividade de grãos nos dois anos de cultivo (Figura 1). Em 1999, o efeito foi quadrático, com a produtividade máxima alcançada com a dose estimada superior a 140 kg ha-1. No segundo ano de cultivo, houve efeito linear, com incrementos na produtividade decorrentes do aumento da dose de N. Em semeadura convencional, Soratto et al. (2000) e Bassan et al. (2001), ambos em estudo com o mesmo tipo de solo e a semeadura sendo realizada após a incorporação de restos culturais de milho, e Soratto et al. (2001) e Silva (2002), em sistema plantio direto, obtiveram resposta linear da produtividade até à dose máxima testada, as quais foram de 50, 90, 100 e 150 kg ha-1, respectivamente. A elevada dose de N exigida (acima de 140 kg ha-1) está intimamente relacionada com a decomposição dos restos da cultura do milho, com alta relação C/N, competindo, portanto, com o feijão, principalmente nos estádios iniciais do desenvolvimento. Os resultados indicam a possibilidade de obtenção de maiores produtividades do feijoeiro em plantio direto com a aplicação de quantidades de N maiores do que as utilizadas no presente trabalho e reforçam a idéia da maior necessidade de N, para a cultura do feijoeiro cultivado em sistema plantio direto após gramíneas.
A produtividade de grãos correlacionou-se significativamente também com a matéria seca da parte aérea, com o número de vagens por planta e com o número de grãos por vagem, nos dois anos de cultivo (Quadro 3), o que demonstra que plantas mais robustas, com mais ramificações e que produzem maior número de estruturas reprodutivas, acarretam maiores produtividades de grãos, como também foi verificado por Carvalho et al. (2001) e Crusciol et al. (2001).
A aplicação de N em cobertura, aos 15 e, ou, 30 dias da emergência, proporcionou acréscimos nos componentes da produção, até à dose de 140 kg ha-1 (maior dose), levando ao aumento da produtividade do feijoeiro irrigado em sistema plantio direto.
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Rogério Peres SorattoI; Marco Antonio Camillo de CarvalhoII; Orivaldo ArfIII
arf[arroba]agr.feis.unesp.br
IProfessor Adjunto da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS. Unidade Universitária de Cassilândia, Rod. MS 306, km 06, CEP 79540-000 Cassilândia (MS). E-mail: soratto[arroba]uems.br
IIProfessor Doutor da Universidade do Estado do Mato Grosso – UNEMAT. Rod. MT 208, Km 147, Caixa Postal 324, CEP 78580-000 Alta Floresta (MT). E-mail: marcocarva[arroba]bol.com.br
IIIProfessor Titular do Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio-Economia, Faculdade de Engenharia – FEIS/UNESP. Caixa Postal 31, CEP 15385-000 Ilha Solteira (SP). Bolsista CNPq. E-mail: arf[arroba]agr.feis.unesp.br
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