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MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado dentro de uma estufa do tipo túnel alto, pertencente à Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", USP, Piracicaba, no período de 05 de março a 05 de junho de 1997.

Foram utilizadas sementes de maracujá amarelo "Golden Star", apresentando pureza de 99% e garantia de germinação mínima de 75%.

Os tratamentos foram os seguintes: 1- Mudas formadas em sacolas plásticas de 10x25 cm, preenchidas com uma mistura de terra e esterco de curral curtido, previamente adubada com 4 kg de superfosfato simples e 0,75 kg de cloreto de potássio por metro cúbico. Neste tratamento, as mudas ainda receberam fertirrigação semanalmente; 2- Mudas formadas em tubetes de plástico rígido de 15 cm de comprimento, mantidos sob bancadas a 0,8 m do solo, preenchidos com um substrato à base de casca de pinus e vermiculita. Este tratamento também recebeu fertirrigação semanalmente; 3- O mesmo tratamento 2, sendo que neste caso os recipientes foram bandejas de isopor de 128 células; 4- Mudas formadas em bandejas de isopor de 128 células, preenchidas com o mesmo substrato do tratamento 2, colocadas alternadamente 2 dias em "floating" e 2 dias sobre bancada a 0,8m do solo; 5- Mudas formadas em bandejas de isopor de 128 células, preenchidas com o mesmo substrato do tratamento 2, colocadas desde a semeadura dentro do "floating".

Utilizou-se a mesma solução de adubo para fertirrigação e para o enchimento do "floating". A concentração de adubo nesta solução foi de 1,0 g L-1 sendo que este adubo apresentava os seguintes nutrientes nas respectivas proporções: Nitrogênio (20%), P2O5 (10%), K2O (20%), B (0,02%), Cu (0,05%), Fe (0,10%), Mn (0,05%), Mo (0,0005%) e Zn (0,05%).

Após o 28° dia do início da germinação, as seguintes variáveis foram avaliadas, a cada sete dias durante o período de um mês: altura da planta (ALT1), que foi medida do colo até o ápice da planta, expressa em centímetros; comprimento da raiz (COMP), expresso em milímetros; matéria seca da parte aérea (MSPA), expresso em gramas; massa seca da parte radicular (MSPR), também expresso em gramas.

Após este período, as mudas foram levadas para o campo a fim de se avaliar a percentagem de pegamento e o desenvolvimento inicial, determinados pela altura das plantas no campo, expressa em centímetros (ALT2), e medida a cada sete dias durante o período de um mês.

Na primeira etapa do experimento, o delineamento experimental foi completamente aleatorizado, com cinco tratamentos e quatro repetições, havendo 64 plantas por parcela. Semanalmente, foram analisadas oito plantas de cada parcela. O restante das mudas foi levada a campo para determinação da percentagem de pegamento e análise do desenvolvimento inicial das mesmas. Na segunda etapa, o delineamento experimental também foi completamente aleatorizado, havendo cinco tratamentos e quatro repetições, com cinco plantas por parcela.

A análise de variância foi obtida pelo teste F de Snedecor, e as diferenças das médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste t-Student a 1% . Os dados foram transformados utilizando-se do método da potência ótima de BOX-COX (Atikinson, 1985).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a variável MSPR pode-se notar, desde a primeira avaliação (28º dia), a superioridade do tratamento 5 em relação aos demais tratamentos (TABELA 1). Na a última avaliação (49º dia), o tratamento 1 equiparou-se ao tratamento 5, superiores aos demais, a 0,01 de probabilidade.

Para a variável MSPA, o tratamento 5 também apresentou as maiores médias a partir da avaliação do 35º dia após o início da germinação. Na avaliação do 42º dia, o tratamento 4 não apresentou diferença significativa em relação ao tratamento 5 para esta característica. As mudas formadas em tubetes e badejas de isopor sem o uso do "floating" (tratamentos 2 e 3 respectivamente) apresentaram as menores médias para MSPA, ao final do período de avaliação.

Para a variável ALT1, tratamento 5 apresentou as maiores médias ao longo de todo período, diferenciando-se estatisticamente das demais. Entretanto, o crescimento das mudas do tratamento 5 foi exagerado e demasiadamente rápido, provocando o estiolamento das plantas. Assim, apesar do tratamento 4 não ter sido aquele que apresentou as maiores médias, foi o que resultou nas melhores mudas, pois favoreceu o crescimento das plântulas, sem, contudo, provocar o estiolamento das mesmas. Foi observado ainda, que os tratamentos 2 e 3 foram novamente inferiores em altura de planta.

Para as variáveis MSPR, MSPA E ALT1, foi demonstrando incremento no desenvolvimento das mudas em função do uso do "floating", devido à pronta disponibilidade de nutrientes solúveis às plantas. Estes dados conferem com aqueles obtidos por Verdial et al. (1998 e 1999), para as culturas de pimentão e tomate, respectivamente.

Quando foram comparados os tratamentos 2 e 3 com o tratamento 1, notou-se a superioridade do tratamento 1 (mudas formadas sacolas plásticas) em relação aos outros dois (mudas formadas em tubetes e bandejas de isopor, respectivamente), sendo que dentre os três, as menores médias foram observadas no tratamento 2. Este fato já era esperado de acordo com citações de São José (1994) e Souza & Meletti (1997). O menor volume de substrato nos tubetes e nas bandejas de isopor em relação às sacolas plásticas explica o menor desenvolvimento das mudas nesses recipientes, já que, comparativamente, a quantidade nutrientes é menor e tende a lixiviar mais rapidamente pela ação da irrigação.

Para a variável COMP, o uso do "floating" no tratamento 5 proporcionou melhor crescimento inicial da parte radicular das mudas, representado na avaliação do 28º dia, onde este tratamento diferenciou-se estatisticamente dos demais, com as maiores médias. Entretanto, a limitação de espaço nas células das bandejas impediu que esse tratamento continuasse a ser superior nas avaliações que se sucederam.

Assim, na última avaliação de comprimento de raízes (49º dia), o tratamento 1 apresentou as maiores médias, superando e diferenciando-se dos demais tratamentos, uma vez os saquinhos plásticos ofereceram um maior volume de substrato para o crescimento radicular.

Já os tratamentos 3 e 4 apresentaram as menores médias e não tiveram diferenças significastes. Este fato explica-se pelo menor tamanho dos recipientes nesses tratamentos, que impediram um maior desenvolvimento radicular. O tratamento 5, cuja bandeja de isopor ficou durante todo o período dentro do "floating", apresentou médias maiores que dos tratamentos 3 e 4 pelo fato de possibilitar que as raízes se desenvolvessem além do espaço das células.

Não foram observadas diferenças significativas para percentagem de pegamento de mudas no campo, sendo que todos os tratamento apresentam 100% de pegamento.

Quanto à altura de plantas em campo (TABELA 2) o tratamento 5 foi aquele que apresentou as maiores médias ao longo de todo período observado, diferenciando-se estatisticamente dos demais. Já o tratamento 3 foi aquele que apresentou as menores médias. Em todas as avaliações permaneceram as mesmas diferenças estatísticas entre as médias dos tratamentos. Isto evidencia que, para o maracujá amarelo, o tamanho da muda influencia o desenvolvimento inicial das mesmas, sendo que mudas maiores tendem a formar plantas mais desenvolvidas.

CONCLUSÕES

• Mudas formadas dentro do "floating" desde a semeadura obtiveram melhor desempenho para a maioria das variáveis estudadas, exceto para comprimento de raiz, onde destacou-se o uso de sacolas plásticas. Entretanto, o uso contínuo do "floating" ocasionou o estiolamento das mudas.

• As mudas formadas em tubetes e bandejas de isopor, com apenas uma fertirrigação por semana, mostraram-se inferiores quando comparadas àquelas formadas em saquinhos plásticos com a mesma quantidade de fertirrigação.

• A utilização do sistema de "floating" no condicionamento do desenvolvimento de mudas de maracujazeiro amarelo mostrou-se experimentalmente viável, permitindo o controle do desenvolvimento das mesmas e proporcionando um maior desenvolvimento inicial em campo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  • ATINKINSON, A.C. Plots, transformations, and regression. Clarendon Press: Oxford, 1985. 282p. (Oxford Statistical Science Series).
  • MINAMI, K.; TESSARIOLI NETO, J.; PENTEADO, S.R.; ESCARPARI FILHO, J.A. Produção de mudas hortícolas de alta qualidade. Piracicaba: ESALQ/SEBRAE, 1994. 155p.
  • SOUZA, J. S. I. de; MELETTI, L. M. M. Maracujá: espécies, variedades e cultivo. Piracicaba: FEALQ, 1997. 180p.
  • SÃO JOSÉ,A.R. A cultura do maracujazeiro: produção e mercado. Vitória da Conquista: DFZ/UESB,1994. 255p.
  • TESSARIOLI NETO, J. Recipientes, embalagens e acondicionamentos de mudas de hortaliças. In: MINAMI,K. Produção de mudas de alta qualidade em horticultura. São Paulo: T.A.QUEIROZ, 1995. cap. 4, p.59-64.
  • VERDIAL, M.F; IWATA, A.Y; LIMA, M.S.de ; TESSARIOLI NETO, J.; Influência do "floating" no condicionamento e crescimento de mudas de pimentão (Capsicum annum L.). Scientia Agricola, v.55, p.25-28, 1998.
            [
    SciELO ]
  • VERDIAL, M.F; IWATA, A.Y; LIMA, M.S.de ; TESSARIOLI NETO, J; TAVARES, M;. Influência do sistema de "floating" no condicionamento do crescimento mudas de tomateiro (Lycopersicon esculentum Mill.). Revista de Agricultura, v.74, p.107-115, 1999.

Marcelo Fontanetti Verdial1; Márcio Santos de Lima2; João Tessarioli Neto3; Carlos Tadeu dos Santos Dias4; Marcelo Trevizan Barbano5
ctsdias[arroba]carpa.ciagri.usp.br
1Pós-Graduando do Depto. de Produção Vegetal - USP/ESALQ.
2Depto. de Produção Vegetal - UNESP/FCA, C.P. 237 - cep: 18650-000 - Botucatu, SP.
3Depto. de Produção Vegetal - USP/ESALQ, C.P. 09 - CEP: 13418-900 - Piracicaba, SP.
4Depto. de Ciências Exatas - USP/ESALQ.
5Centro de Solos e Recursos Agroambientais - IAC, C.P. 28 - CEP:13001-970 - Campinas, SP.



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