A irrigação por aspersão diminui bastante o risco de perda da lavoura por deficiência hídrica e aumenta a produtividade de grãos, incentivando maior uso de tecnologias como adubação mineral. Com o objetivo de avaliar o efeito de diferentes manejos da água da irrigação por aspersão com base no coeficiente de cultura (Kc) e da adubação mineral sobre a cultura do arroz cv. IAC 201, foram instalados dois experimentos em Latossolo Vermelho Distrófico, em Selvíria (MS). O delineamento foi em blocos casualizados, com quatro repetições. Os tratamentos constituíram-se de precipitação pluvial natural e três manejos de água fornecidos por aspersão. O manejo (M2) foi realizado com base no Kc do arroz de terras altas. Os manejos M1 e M3 foram definidos como 0,5 e 1,5 vezes os Kcs utilizados em M2 respectivamente. Em 1995/96, utilizou-se o esquema de parcelas subdivididas, sendo as subparcelas constituídas por dois níveis de adubação: AD1 - 12 kg de N, 90 kg de P2O5 e 30 kg de K2O ha-1, e AD2 – 24 kg de N, 180 kg de P2O5 e 60 kg de K2O ha-1. A deficiência hídrica da emergência da plântula até a diferenciação do primórdio da panícula provocou aumento do ciclo e redução do porte da planta. A deficiência hídrica entre os estádios de diferenciação do primórdio da panícula e os de emborrachamento reduziu o número de espiguetas por panícula. A utilização de 1,5 vezes os valores de Kc recomendados, no manejo da irrigação por aspersão proporcionou maior produtividade de grãos. Os níveis de adubação utilizados não influenciaram a resposta da cultura ao manejo da irrigação por aspersão.
Palavras-chave: Oryza sativa L., lâminas de água, componentes da produção, níveis de fertilizante.
The use of the sprinkler irrigation to reduce the risk of forfeit production, by water deficiency, and increase yield, encouraging to use of the tecnologies like mineral fertilizer. With the objective of evaluate the effects at sprinkler irrigation management strategies based on crop coefficient (Kc) and mineral fertilizers on the performance upland rice, cv. IAC 201, two experiments were conducted. The experimental design was a randomized blocks and treatments consisted of five water management strategies: natural rain and four water supplied by sprinkler irrigation. Irrigation management were based on Kc for dryland rice that resulted in water management 2 (M2). Water management M1 and M3 were then defined as 0.5 and 1.5 Kcs used in M2, respectively. In 1995/96 same treatments were applied in a split-plot scheme, where subplots consisted of two NPK-fertilization levels (AD1 – 12 kg ha-1 of N, 90 kg ha-1 of P2O5 and 30 kg ha-1 of K2O kg ha-1, and AD2 – 24 kg ha-1 of N, 180 kg ha-1 of P2O5 and 60 kg ha-1 of K2O ha-1). Low water availability during the vegetative phase increased plant cicle and reduced plant height. Low water availability among panicle primordial differentiation and booting stages decreased number of spikelet for panicle. The highest grain yield was obtained under water management using 1,5 of the recommended Kc value. Nutrient levels did not affect the crop response for sprinkler irrigation management strategies.
Key words: Oryza sativa L., water levels, yields components, levels fertilization.
O arroz (Oryza sativa L.) constitui importante fonte de calorias e de proteínas na alimentação do povo brasileiro. Entretanto, no Brasil, o sistema de produção de arroz de terras altas ocupa aproximadamente 60% da área cultivada com este cereal, e grande parte das lavouras sob esse ecossistema está localizada em regiões onde é comum a ocorrência de períodos de estiagem durante a estação das chuvas. Esse fato tem provocado oscilação na produção, de ano para ano e, eventualmente, não tem sido suficiente para atender o consumo interno, sendo necessário importar o produto.
O sistema irrigado por aspersão tem-se mostrado como alternativa para solucionar o problema de veranicos, reduzindo a instabilidade cíclica na produção da cultura, o que também pode aumentar a produtividade de grãos no ecossistema de terras altas. Dessa forma, o cultivo de arroz irrigado por aspersão tem estimulado o uso de práticas de maior nível tecnológico, com conseqüente aumento na produtividade (Arf et al., 2001). Contudo, a falta de variedades específicas e o manejo inadequado da água de irrigação têm levado as cultivares utilizadas ao acamamento e à produtividade insatisfatória (Rodrigues, 1998). Assim, estudos desenvolvidos por Crusciol (1995), no município de Selvíria (MS), mostraram que o uso de irrigação por aspersão até a tensão de água no solo de -0,035 MPa provocou acamamento de aproximadamente 15% das plantas da cultivar IAC 201. Ademais, há carência de informações sobre o manejo da adubação, o que leva a utilizar as recomendações existentes para o cultivo de sequeiro.
A deficiência hídrica, na fase vegetativa, prolonga o ciclo da cultura (Oliveira, 1994; Crusciol, 1995), reduz a altura da planta (Stone et al., 1984; Carvalho Júnior, 1987; Oliveira, 1994;) e, principalmente, o número de colmos por área (Fornasieri Filho e Fornasieri, 1993) refletindo posteriormente no número de panículas (Stone et al., 1984; Oliveira, 1994;). Na fase reprodutiva pode reduzir o número de panículas (Pinheiro et al., 1985), o número total de espiguetas (Dabney e Hoff, 1989; Prasertsak e Fukai, 1997) e a fertilidade das espiguetas (Stone et al., 1984; Oliveira, 1994; Prasertsak e Fukai, 1997). Já na fase de maturação reduz a massa dos grãos (Stone et al. 1984; Oliveira, 1994; Prasertsak e Fukai, 1997) e diminui o ciclo.
A irrigação por aspersão apresenta resultados expressivos em solos de alta permeabilidade e de baixa capacidade de retenção de água, como a maioria dos solos da região dos cerrados. Esses solos requerem irrigações freqüentes, com menor quantidade de água por aplicação, mais fácil de ser conseguido com irrigação por aspersão do que em superfície (Stone e Silveira, 1989). Acréscimos na produtividade do arroz em solos sob vegetação original de cerrado foram obtidos por Pinheiro et al. (1985), Rodrigues (1998) e Arf et al. (2001), com a utilização de irrigação por aspersão.
Com a diminuição do risco de deficiência hídrica, mediante irrigação por aspersão, torna-se viável utilizar um nível mais elevado de adubação em relação ao usado no sistema de sequeiro. Uma adubação adequada pode aumentar em média 40% na produtividade de grãos do arroz de sequeiro em solo de cerrado, se outros fatores não forem limitantes (Santos et al., 1982). A recomendação, quando se utiliza irrigação por aspersão, é aumentar a adubação fosfatada em cerca de 50%, e a potássica em 30% (Stone e Pereira, 1994). Desse modo, o incremento da adubação tem proporcionado aumento na produtividade de grãos (Barbosa Filho e Silva, 1994; Stone e Pereira, 1994).
Com relação à adubação nitrogenada na cultura do arroz, as respostas estão condicionadas às características genéticas das cultivares. Altos níveis de adubação nitrogenada em cultivares do grupo tradicional (Diniz et al., 1976; Arf 1993; Oliveira, 1994) e intermediário (Arf, 1993; Oliveira, 1994) provocam acamamento parcial ou total das plantas, principalmente com o uso da irrigação por aspersão (Arf, 1993; Oliveira, 1994). Plantas do tipo moderno, entretanto, nas mesmas condições, não sofrem acamamento, mesmo com altos níveis de adubação nitrogenada (Diniz et al., 1976).
Dessa forma, o presente trabalho teve por objetivo estudar o efeito de diferentes manejos da água de irrigação por aspersão, com base no coeficiente de cultura (Kc), sobre a fenologia da planta, componentes da produção e produtividade de grãos do arroz cv. IAC 201, sob dois níveis de adubação.
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