Este documento descreve um estudo de interpoladores espaciais para aplicação no desenvolvimento de superfícies de densidade populacional na Amazônia Brasileira. Os principais problemas de representação populacional na Amazônia são levantados e uma revisão da literatura apresenta os interpoladores mais utilizados para gerar superfícies de densidade populacional. Discute-se a aplicabilidade destes modelos para geração de superfície na região e apresenta-se uma proposta para uso adaptativo dos métodos em função da escala de trabalho e divisão territorial, procurando identificar os interpoladores mais adequados.
Abstract.
This paper describes an on-going research on spatial interpolators for population density surfaces generation in the Amazonia region. The main problems related to the spatial representation of population distribution over Amazonia are identified. Interpolation methods frequently used to place in space population data are presented and discussed considering the Amazonian specific characteristics. Finally, an adaptive procedure is proposed where the more suitable interpolators are indicated according to the scale, the territorial division adopted and the set of data available.
A Amazônia Brasileira, com seus 5 milhões de km2, é ocupada por aproximadamente 4 milhões km2 de fisionomia florestal: a maior área de florestas tropicais contínuas e preservadas do mundo. Porém, dados recentes de desmatamento bruto indicam uma taxa média de 15.787 km2/ano para o período de 2000 a 2001 (INPE, 2002). Por sua extensão e importância na dinâmica de processos climáticos e de alterações globais, a região tem sido objeto de estudo freqüente da comunidade científica (LBA, 1996), e de atividades ambientalistas de preservação. Paralelamente à evolução da preocupação com a questão conservacionista, a condição de vida nas cidades e nos assentamentos humanos constitui um dos maiores e piores problemas ambientais na Amazônia (Becker, 2001). Ao longo das três últimas décadas, a região Amazônica experimentou as maiores taxas de crescimento urbano do Brasil. Em 1970, a população urbana correspondia a 35,5% da população total. Esta proporção aumentou para 44,6% em 1980, para 58% em 1991, 61% em 1996 e 70% em 2000 (IBGE, 2001). Contudo, o crescimento da população urbana não foi acompanhado pela implementação de infra-estrutura para garantir condições mínimas de qualidade de vida. Baixos índices de saúde, educação e salários aliados à falta de equipamentos urbanos, denotam a baixa qualidade de vida da população local (Becker, 1995; Browder e Godfrey, 1997; Monte- Mór, 1998). A diversificação das atividades econômicas e as mudanças populacionais decorrentes reestruturaram e reorganizaram a rede de assentamentos humanos na região (Becker, 1998).
Desta forma, qualquer planejamento, estudo de sustentabilidade, fragilidade, vulnerabilidade ou risco como componente da modelagem para problemas ambientais na região Amazônica deve considerar a dimensão humana. Esta dimensão se traduz nas populações locais, em suas necessidades e interações, como fator condicionador e condicionante das dinâmicas e das alterações, refletidas na evolução do uso e cobertura do solo na região.
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