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Influência da produção de serviço no início da lactação na relação entre a produção de leite e o per (página 2)

Nilson Milagres Teixeira, Ary Ferreira de Freitas, William José Ferreira, M

 

Material e Métodos

Os registros de produção e reprodução usados foram obtidos do Serviço de Controle Leiteiro da Associação dos Criadores de Gado Holandês de Minas Gerais. Os períodos de serviço seguintes a partos normais foram calculados subtraindo-se 283 dias, correspondente ao período de gestação médio, dos intervalos de partos consecutivos, uma vez que os registros do dia da concepção não estavam disponíveis. As produções por lactação foram incluídas, se iniciadas em rebanhos-anos com no mínimo 20 lactações e fossem de vacas com primeira lactação conhecida. Outras restrições impostas foram: período de lactação entre 120 e 450 dias, produção até 305 dias no intervalo de 1200 a 13.000 kg, período de serviço entre 20 e 320 dias e idade ao parto de 20 e 207 meses. Também foram descartadas lactações sem os respectivos controles mensais, uma vez que a produção até 305 dias foi recalculada para ajustamento para o número de ordenhas. Lactações com intervalos de controle maior que 75 dias foram excluídas. Além disso, os touros deveriam ter pelo menos cinco filhas em pelo menos três rebanhos e cada classe rebanho-ano-estação de parto deveria possuir filhas de pelo menos dois touros. Aproximadamente 20% dos registros iniciais foram considerados úteis para as análises, isto é, 17.590 lactações, iniciadas no período de 1992 a 1997, sendo 9.945 primeiras lactações e 7.645 segundas ou lactações posteriores.

As produções no início da lactação foram representadas pelas produções acumuladas até 80, 100 e 120 dias e produção no pico de lactação. As produções acumuladas até 80, 100 e 120 dias foram calculadas por meio das produções no dia de controle, tendo-se o cuidado de ajustar para o primeiro e o último controles, conforme FERREIRA (1999). A produção no pico foi obtida como a média dos dois maiores entre os três primeiros controles até no máximo 100 dias de lactação.

Os dados para as primeiras e lactações seguintes (³2as lactações) foram analisados separadamente. As primeiras lactações não apresentaram período de serviço anterior pelo que se ajustou no modelo o período de serviço corrente. Em um modelo animal, para a produção de leite até 305 dias na primeira lactação (Modelo 1), consideraram-se os efeitos fixos de rebanho-ano-estação de parto, grupo racial, idade em classes, período de serviço em classes, produção inicial e os efeitos aleatórios de animal e do erro. Este modelo foi ajustado para fins de comparação, sem e com a produção inicial representada por três alternativas de produções acumuladas, até 80, 100 ou 120 dias de lactação e produção no pico. As duas estações consideradas foram: águas, de outubro a março, e seca, de abril a setembro. As vacas foram agrupadas em dois grupos raciais (1 - Puras e 2 - 31/32 Holandês e GCs). As idades ao primeiro parto foram agrupadas nas classes: < 27, 27 a 33, >33 meses e os períodos de serviço em 15 classes (£49, 50 ¾ 59, 60 ¾ 69, 70 ¾ 79, 80 ¾ 89, 90 ¾ 99, 100 ¾ 109, 110 ¾ 119, 120 ¾ 139, 140 ¾ 159, 160 ¾ 179, 180 ¾ 209, 210 ¾ 239, 240 ¾ 269 e ³270 dias).

Para análise dos dados das segundas e lactações seguintes, as classes de idade foram < 42, 42-50, 51-63, >63 meses e o período de serviço ajustado foi o anterior, uma vez que, ao se considerar período de serviço corrente, houve redução do número de lactações para aproximadamente 50%. A determinação do período de serviço requer a data de parto seguinte que, freqüentemente, não está disponível para a última lactação. O outro modelo usado (Modelo 2) contemplou lactações repetidas, acrescentando-se ao modelo anterior o efeito aleatório de meio ambiente permanente. As produções acumuladas e no pico também foram incluídas no modelo.

Nos mesmos Modelos 1 e 2, consideraram-se, ainda, os períodos de serviço anterior e corrente como variáveis contínuas, em vez de variáveis discretas, obtendo-se um coeficiente de regressão para representar a mudança média na solução para período de serviço, quando a produção de leite no início da lactação foi também incluída no modelo.

As soluções para os efeitos fixos dos modelos e as estimativas de componentes de variância e das heritabilidades foram obtidas por meio do sistema MTDFREML (BOLDMAN et al., 1995). As soluções para período de serviço foram transformadas, de modo que as soluções para a subclasse 100-109 foram igualadas a zero.

Resultados e Discussão

Soluções para produção de leite até 305 dias, obtidas por intermédio de modelo animal, para classes de período de serviço, usando-se diferentes produções iniciais, para primeiras e lactações seguintes, encontram-se nas Tabelas 1 e 2. Sem considerar diferenças de produção inicial (primeira coluna), constata-se que, quanto mais cedo for a concepção, menor a produção de leite. As diferenças de produção entre vacas com período de serviço de 40 e 160 dias foram 672 e 699 kg para primeiras e lactações seguintes, respectivamente. SMITH e LEGATES (1962) e SADEK e FREEMAN (1992), respectivamente, encontraram diferenças inferiores a estes valores para a mesma amplitude de variação do período de serviço na primeira lactação, 600 e 509 kg. Valores superiores foram relatados por SCHAEFFER e HENDERSON (1972), OLTENACU et al. (1980) e LEE et al. (1997), respectivamente 1080, 886 e 888 kg.

A relação entre produção de leite e período de serviço corrente, na primeira lactação, foi curvilínea. Os valores para o intercepto e os coeficientes linear e quadrático da equação de regressão encontram-se na Tabela 1. A produção cresceu rapidamente, à medida que o período de serviço aumentou até 100 dias, e daí por diante aumentou em taxas mais baixas. Resultados semelhantes foram relatados em outros trabalhos (FUNK et al., 1987; TEIXEIRA et al., 1999). Concordando com esses autores, a relação entre produção e período de serviço anterior foi linear para as segundas e lactações seguintes (Tabela 2).

Com a inclusão da produção inicial como covariável no modelo para produções de vacas primíparas, as diferenças relativas entre soluções para cada classe de período de serviço e, por exemplo, 160 dias, permaneceram praticamente inalteradas com a duração da produção inicial variando de 80 a 120 dias. Quando as produções iniciais foram de, por exemplo, até 80 e 100 dias (P80 e P100), as diferenças entre produções de vacas de primeira cria, com 40 e 160 dias de período de serviço corrente, foram 675 e 677 kg, respectivamente. Esta diferença foi de 672 kg, quando a produção inicial foi ignorada. Também, para vacas de segunda e lactações seguintes, não houve influência da variação da duração da produção inicial na relação entre produção e período de serviço anterior (Tabela 2). Entretanto, diferenças entre produções de vacas de diferentes classes de período de serviço, quando a produção inicial foi ignorada, foram inferiores, ao se ajustar qualquer das produções iniciais como covariável. Contrariando os resultados relatados por LEE et al.(1997), com a inclusão da produção no início da lactação, houve aumentos nas soluções para uma mesma classe de período de serviço. Por outro lado, o efeito da inclusão da produção no pico na relação entre produção e período de serviço foi semelhante ao da inclusão das produções acumuladas, tanto para vacas primíparas, quanto para as de segunda e lactações seguintes, concordando com THOMPSON et al. (1982), os quais concluíram que o ajustamento da produção no pico como covariável tem o mesmo efeito que o ajustamento da produção no início da lactação.

Na Tabela 3, encontram-se as variações nos coeficientes de regressão da produção de leite até 305 dias sobre o período de serviço para diferentes produções iniciais como covariáveis. Com a inclusão da produção inicial para primíparas, houve redução nos coeficientes, com o aumento do período de serviço corrente. O mesmo não ocorreu para as vacas de segunda e lactações seguintes, quando se ajustou no modelo período de serviço anterior. Quando as produções iniciais foram as acumuladas até 80, 100 e 120 dias e a produção no pico, houve aumento dos coeficientes de regressão de, respectivamente, 34, 37, 40 e 35%, sugerindo que, com a inclusão da produção no inicio da lactação, houve aumento do efeito do período de serviço sobre a produção de leite até 305 dias. LEE et al. (1997) encontraram decréscimos nos coeficientes, quando ajustaram no modelo período de serviço corrente.

Componentes de variância e heritabilidades para produção de leite até 305 dias na primeira lactação e em lactações seguintes, quando se incluíram as diferentes produções iniciais e no pico nos modelos de análise, encontram-se na Tabela 3. Houve redução acentuada das estimativas dos componentes de variância com a inclusão da produção inicial, e os componentes de variância genética foram os mais afetados. O valor estimado da heritabilidade da produção de leite, quando não houve ajustamento para produção inicial, foi 0,24, tanto para primíparas, quanto para vacas de segunda ou lactações seguintes. Com os ajustamentos, houve redução do valor estimado para 0,15, correspondente ao ajustamento da produção no pico de lactação e vacas na primeira lactação.

Conclusões

As análises realizadas neste trabalho permitem concluir que não é necessário considerar ou remover o efeito da produção inicial, ao se ajustarem as produções até 305 dias para os períodos de serviço considerados. A inclusão da produção inicial ou do pico de produção, além disso, resultou em redução da heritabilidade, contrariando os objetivos de ajustamentos para fontes não-genéticas de variação.

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Nilson Milagres Teixeira /1, William José Ferreira /2, Ary Ferreira de Freitas /1, Marcus Cordeiro Durães /3, Márcio Nery Magalhães Junior /4
ferreirawj[arroba]uol.com.br
1. Pesquisador da Embrapa Gado de Leite e Bolsista do CNPq. E.mail: nilson[arroba]cnpgl.embrapa.br; ary[arroba]cnpgl.embrapa.br
2. Estudante de Pós-Graduação da UFV. E.mail:
ferreirawj[arroba]uol.com.br
3. Pesquisador da Embrapa Gado de Leite. E.mail:
dcm075[arroba]cnpgl.embrapa.br
4. Técnico da Associação de Criadores de Gado Holandês de Minas Gerais. E.mail:
neryhol[arroba]jfa.zaz.com.br



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