Para recomendações de adubação mais racionais, é fundamental o conhecimento das exigências nutricionais da cultura do arroz, nos diversos sistemas de cultivo. Objetivando estudar a influência de lâminas de água na nutrição e exportação de nutrientes pelo arroz de terras altas, cultivar IAC 201, sob dois níveis de adubação, foram instalados experimentos em um Latossolo Vermelho distrófico, em Selvíria (MS), nos anos agrícolas de 1994/95 e 1995/96. O delineamento foi de blocos casualizados, com quatro repetições. Os tratamentos constituíram-se da precipitação natural e de quatro lâminas de água fornecidas por aspersão. A lâmina L2 foi baseada no coeficiente de cultura (Kc) do arroz de terras altas. As lâminas L1 e L3 foram definidas como 0,5 e 1,5 vez os Kcs utilizados em L2, respectivamente, e na lâmina L4 foi adotado Kc = 1,95 durante todo o ciclo da cultura. Em 1995/96, foram utilizados os mesmos tratamentos em parcelas subdivididas, sendo as subparcelas constituídas por duas doses de adubação (AD1 – 12 kg ha-1 de N, 90 de P2O5 e 30 de K2O, e AD2 – 24 kg ha-1 de N, 180 de P2O5 e 60 de K2O). A menor disponibilidade de água durante a fase vegetativa e reprodutiva proporcionou redução na produção de matéria seca, nos teores e quantidades de nutrientes acumuladas na parte aérea. O sistema irrigado por aspersão, independentemente da lâmina utilizada, proporcionou maior produtividade de grãos e exportação de nutrientes. Em solos com teores adequados de nutrientes para o sistema de sequeiro, não há resposta ao aumento da adubação mineral pelo arroz no sistema irrigado por aspersão, apesar da maior extração de nutrientes.
Termos de indexação: Oryza sativa L., irrigação por aspersão, macronutrientes, exportação de nutrientes.
In order to achieve more sound fertilizer recommendations, knowledge about nutritional requirements of rice in different growing systems is fundamental. The objective of this paper was to evaluate the effects of water levels on nutrition and nutrient exportation by upland rice (cultivar IAC 201) under two levels of mineral fertilizer. Experiments were conducted in the growing seasons of 1994/95 and 1995/96 on a Typic Haplustox, in Selvíria, State of Mato Grosso do Sul, Brazil. The experimental design was of randomized blocks, with four replications. The treatments were five water levels: natural rain and four water levels provided by sprinkler irrigation. Water level 2 (L2) was based on the crop coefficient (Kc) for upland rice. L1 and L3 were then defined as 0.5 and 1.5 times the Kcs used in L2, respectively. For water level 4 (L4), Kc = 1.95 was used during the entire plant cycle. The same treatments were applied in 1995/96 in a split-plot scheme. The subplots consisted in two NPK-fertilization levels (AD1 – 12 kg ha-1 of N, 90 of P2O5, and 30 of K2O; and AD2 – 24 kg ha-1 of N, 180 of P2O5, and 60 of K2O). Low water availability during the vegetative and reproductive phases decreased the dry matter yield, nutrient contents, and nutrient uptake. Sprinkler irrigation increased grain yield and nutrient exportation, independent of the water level. In soils with appropriate nutrient levels for the dryland system, the irrigated rice did not respond to increased mineral fertilization, despite the larger nutrient uptake.
Index terms: Oryza sativa L., sprinkler irrigation, macronutrient, nutrient exportation.
A absorção adequada de nutrientes pelas plantas de arroz está condicionada a processos fisiológicos inerentes aos cultivares utilizados (Fageria et al., 1995) e à sua adaptabilidade à disponibilidade de água. Assim, o conhecimento das exigências nutricionais da cultura, nas diversas situações de cultivo, pode contribuir para o estabelecimento de fórmulas e recomendações de adubação mais racionais (Giudice et al., 1983; Barbosa Filho, 1987).
A maioria das lavouras de arroz de terras altas, no Brasil, está localizada na região dos cerrados. Essa região é caracterizada pelo predomínio de solos com baixa fertilidade natural e elevada saturação por alumínio, além da ocorrência de períodos curtos de estiagem, denominados veranicos, que provocam deficiência hídrica à cultura, afetando a absorção de nutrientes (Ponnamperuma, 1975), principalmente de fósforo e, em menor grau, de potássio, os quais chegam à superfície da raiz pelo processo de difusão (Stone, 1985; Tanguilig et al., 1987). Tais fatos reduzem a produção de matéria seca total (Carvalho Júnior, 1987; Tanguilig et al., 1987; Prasertsak & Fukai, 1997), causam decréscimo da produtividade do arroz no sistema de sequeiro (Stone, 1985; Crusciol et al., 1999) e na exportação de macro e micronutrientes (Carvalho Júnior, 1987).
Para solucionar o problema da deficiência hídrica provocada pelos veranicos, a irrigação por aspersão tem-se apresentado como alternativa eficiente, proporcionando uma melhor nutrição e, conseqüentemente, maior produtividade da cultura do arroz de terras altas (Crusciol et al., 2000). Com o aumento da produtividade de grãos, há também uma maior exportação de nutrientes da área. No entanto, existem poucas informações sobre as exigências nutricionais do arroz de terras altas no sistema irrigado por aspersão, já que a maioria dos estudos se refere aos sistemas irrigados por inundação e sequeiro.
Assim, as recomendações de adubação para a cultura do arroz no estado de São Paulo constantes no Boletim 100 (Raij et al., 1996) são referentes ao sistema de sequeiro e irrigado por inundação, não havendo recomendações para o sistema irrigado por aspersão, como existem para outras culturas, notadamente o trigo.
Por outro lado, é importante ressaltar que uma adubação adequada pode aumentar a produtividade do arroz de terras altas em solos de cerrado, se outros fatores não forem limitantes. Com a eliminação do risco de deficiência hídrica, por meio da irrigação por aspersão, torna-se viável utilizar um nível mais elevado de adubação em relação ao usado no sistema de sequeiro (Santos et al., 1982). No entanto, não há recomendações de calagem e adubação para cultivares melhorados, sob irrigação por aspersão.
O presente trabalho objetivou verificar o efeito de lâminas de água aplicadas por aspersão sobre a produção de matéria seca, nutrição e exportação de nutrientes pelo arroz, cv. IAC 201, de terras altas, cultivado sob duas doses de adubação mineral.
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