O primeiro grande salto para a vida é o nascimento. Com ele o bebê abandona o confortável equilíbrio intra-uterino e se lança no desconhecido e desconfortável mundo exterior. Toda uma seqüência de desenvolvimento orgânico e psíquico antecede o momento do nascimento. É necessário um longo período de maturações para que o bebê possa manter, autônomamente, as funções fisiológicas básicas ao nascer: respirar, sugar, urinar, defecar, etc.
Após o nascimento, o bebê enfrentará o mundo e terá que aprender, ao longo de sua existência, como se tornar um ser humano inserido num grupo social, regido por regras internas e externas. Muito se fala das fases de desenvolvimento que esse bebê terá pela frente até chegar na adolescência. A adolescência, com certeza, é o segundo grande salto para a vida. Como no nascimento, também é necessário passar por uma seqüência de desenvolvimento orgânico e psíquico, as chamadas fases de desenvolvimento que, embora não sejam nosso objeto de discussão no momento, oferecem elementos importantes para a compreensão do processo adolescente.
Utilizaremos como base de nossa reflexão a teoria desenvolvida por S. Freud, a Psicanálise, segundo a qual, a força que move nossos pensamentos, ações, atividades e percepções é uma energia dinâmica chamada libido. A libido é uma energia que fundamenta e rege todas as relações afetivas e é a base de toda a sexualidade humana. Por isso denominou as fases de desenvolvimento de fases psicossexuais. A sexualidade aqui deve ser entendida de modo geral e não genital como muitas vezes é considerada.
À medida em que o bebê se transforma em uma criança, uma criança em um adolescente e um adolescente em um adulto, ocorrem mudanças marcantes no que é desejado e em como estes desejos são satisfeitos. As modificações nas formas de gratificação e as áreas físicas de gratificação (zonas erógenas) são os elementos básicos na descrição de Freud das fases psicossexuais de desenvolvimento.
Toda atividade dirigida à criança deve levar em conta suas necessidades de desenvolvimento. No caso do judô, por ser uma atividade corporal, sua influência no desenvolvimento deve ser criteriosamente avaliada. Uma criança excessivamente estimulada nos aspectos de competitividade pode se ver inundada de angústia por não poder corresponder à expectativa dos pais ou do sensei. A capacidade psicomotora deve ser observada com a mesma preocupação que os aspectos psicossociais. A Psicanálise nos aponta tal preocupação ao observar que em cada momento a criança se apresenta com necessidades e temores diversos, os quais devem ser elaborados a seu tempo, antes de se passar para o momento seguinte. Toda a vivência da criança em busca da identidade e maturidade da vida adulta se dá através do corpo e o esporte deve entrar como um facilitador desse processo.
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