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Finanças: Entre preguntas e respostas (página 2)

Sergio Dal Sasso

 

2. Quais são essas opções?

Essa pergunta deve ser respondida junto com um alerta para a necessidade de uma boa organização no modelo de gestão do negócio. Para tanto é preciso entender que a saúde financeira de uma organização não se resume a vender, comprar e gerar despesas. Um bom equilíbrio nas finanças depende de um hábil negociador para administrar com maestria as situações de controle e mudanças necessárias para que os recursos provindos das operações sejam bem trabalhados, evitando ao máximo a necessidade de capital de terceiros.

O primeiro grande exercício para criar melhorias na disponibilidade de capital, está na capacidade de negociação para obtenção das melhores situações frente a fornecedores e clientes, que deve ser feito em conjunto com um trabalho analítico para gerir uma política proporcional de controle e avaliação dos gastos operacionais necessários.

Um empresário não pode se limitar à verificação dos números que compõem o estado da sua organização. Neste caso, quanto maior o conhecimento dos detalhes das informações, melhor será a qualidade do controle e conseqüente possibilidades de geração de fluxos financeiros saudáveis.

Resumidamente a primeira grande opção de recursos se encontra dentro da própria empresa e está relacionada com a gestão eficiente dos fluxos de entradas e saídas que compõem as necessidades da operação comercial. O dono da padaria sabe muito bem que o dinheiro que sobra no caixa tem o tamanho do comprar bem e com prazo, vender melhor e sem prazo e controlar rigorosamente os gastos. É lógico que este é o ideal de qualquer atividade, mas às vezes o simples é esquecido!

Muito usual também é a pratica de repassar os valores a receber, como forma de pagamento diretamente aos fornecedores. Descontar diretamente com o fornecedor é uma solução de captação ideal, já que normalmente apresentam condições mais vantajosas do que as operações financeiras oferecidas pelas instituições bancárias. Evitar a especulação ou a intermediação é parte do processo da sobrevivência empresarial.

O mercado financeiro vem atuando com taxas aonde o "spread" cobrado pelo "risco teórico" de emprestar é diversas vezes mais alto do que a taxa de juros oficial. É muito complicado e de alto risco a tomada de recursos frente a este tipo de captação. Para se ter uma idéia o recurso tomado, dependendo da forma do financiamento, dobra ou até triplica em menos de um ano. Será que negócios que necessitam de aporte de terceiros podem se recuperar ou alavancar em tão pouco tempo?

As instituições financeiras apresentam uma serie de opções e modelos para financiamento de capital de giro e todos estão visíveis, podem ser encontrados com facilidade via internet dentro dos portais das instituições (alguns dispõem de simuladores para verificação do valor das parcelas, junto a prazos e montante pretendido).

As condições de taxas, independentemente do tipo da operação, sempre estão condicionadas as garantias, e quanto mais executáveis, melhor a qualidade das propostas fornecidas pelas instituições. Usualmente as melhores condições de captação de recursos estão também nas operações de desconto de títulos e bens recebiveis, pois tendo com o garantia o próprio titulo (previamente aceito pela instituição).

 

3. Existe o medo de se endividar?

Mais do que se endividar, o medo é de não conseguir pagar o contratado. O brasileiro tem uma forte vocação empreendedora, ao mesmo tempo em que se sente frustrado pela falta de recursos disponíveis, de fácil acesso, com condições pagáveis no longo prazo, incluindo carências e taxas viáveis.

Financiamentos viáveis existem (bndes. Finep...), mas seus recursos normalmente não são facilmente acessíveis aos pequenos e médios empreendimentos. Primeiro pela burocracia e demora na sua aprovação, segundo pela complexidade montada para o desenvolvimento do próprio projeto de financiamento, independentemente de serem negociados com a própria instituição ou por intermédio dos agentes financeiros.

Os "floatings" dos bancos, mesmo com a estabilização da moeda, continuam fantásticos, pois a correção monetária foi substituída pelas taxas de riscos e de serviços, resultando em lucros fantásticos provindos de operações de baixo risco. Esta situação confortável das instituições somadas as constantes dificuldades provindas do nosso mercado nos últimos anos, fez com que houvesse um certo desinteresse com as operações de credito junto ao pequeno e médio empresário.

Unindo um histórico adverso da nossa economia com o desinteresse dos bancos, as altas taxas, a limitação dos parcelamentos, forma-se um pacote desestimulador para qualquer vontade que tenhamos em investir. Falta um pouco da política das Casas Bahia dentro das instituições. Quem sabe tenhamos que formular o sistema através de cooperativas de crédito.

Dispor de recursos manter equilíbrio de caixa, é uma realidade necessária das atitudes dos empreendedores, em qualquer lugar do mundo. Infelizmente as atuais condições do mercado financeiro não permitem e não fornecem um suporte adequado para viabilizar pequenos e médios projetos. No findo não se trata de medo, mas de uma possibilidade lógica de não conseguirmos incluir os desembolsos frente à realidade competitiva dos mercados atuais.

 

4. Para o consumidor, é mais vantajoso usar o crédito pessoal do que o cheque especial?

Em 100% dos casos sim, pois as taxas do cheque especial estão, conjuntamente com as do cartão do crédito, entre as mais altas do mercado, e podemos dizer que são inviáveis do ponto de vista operacional, pois a estabilidade do ganho está em desencontro com os índices adotados na forma de juros. Dentro do credito pessoal umas das condições interessantes, é a possibilidade de você poder refinanciar seu veiculo em troca de um credito de até 70% do valor de mercado do próprio bem, que neste caso seria a própria garantia para a operação. Na verdade existem varias opções oferecidas para o credito pessoal, contra garantias futuras de recebimento de restituições diversas naturezas. Em todos os casos deve-se atentar pelas condições de taxas e prazos.

 

5. E para o vendedor/lojista, qual a melhor opção?

Volto a dizer que sempre a melhor solução se encontra dentro do meio que integra os negócios, junto a fornecedores, clientes e um efetivo controle sobre tudo, fazendo passar somente o que for necessário para a manutenção e crescimento da atividade do negócio. Se mesmo assim houver necessidade adicional, deve-se buscar os recursos relacionados com garantias operacionais, ou seja, umas das melhores opções são as negociações relacionadas com desconto de títulos recebiveis. Desta forma você antecipará os recursos a receber, caucionando as operações com os próprios títulos dos clientes. Está condição é oferecida pelo sistema mediante analise prévia da qualidade dos títulos. Agora se a necessidade do capital for para transformar água em ouro você pode até utilizar os juros dos cartões de credito que chegam a atingir a cifra absurda de treze a quatorze pontos percentuais ao mês (ninguém merece!).

 

6. Quais são os pontos fundamentais para a empresa gerir suas finanças corretamente?

Os pontos chaves de um caixa bem administrado não são os números, mas o conhecimento da sua necessidade geradora e o entendimento dos fatores ideais para compor valores viáveis ao negocio.

Quando nós encontramos frente a um departamento financeiro, temos que entender que seu êxito é resultante de boas estratégias, que necessitam de um bom planejamento e ajustes constantes para a manutenção dos objetivos e resultados esperados. A qualidade profissional é determinante para um bom resultado financeiro. Essa é a diferença entre pagar salários e ter colaboradores comprometidos e participativos junto ao negocio.

Errar é humano, mas descuidar do controle da organização é um convite ao suicídio do negócio. É muito chato ter que analisar as contas diariamente, principalmente quando lidamos com mercados comerciais, mas está é a parte que garante um sorriso natural quando no mundo das negociações comerciais.

 

7. Quais são e como evitar os erros mais comuns?

a) Precipitação: é mais fácil procurar o recurso para o dia seguinte do que rever as estruturas e política do negocio.

b) Acreditar sempre que as coisas serão melhores amanhã, sem ter de fato bases sólidas para garantir que o milagre da multiplicação dos pães esteja na sua própria casa.

c) Pensar que o negocio deve solucionar todas as suas despesas, incluindo o banho do cachorrinho.

d) Assumir o que não tem certeza de poder pagar.

e) Ser orgulhoso, se endividar e depois buscar suporte junto aos mais próximos.

Solução: Ter mais profundidade no conhecimento do que se faz ou pretende fazer. Ter uma visão global e participativa tanto dos sistemas internos, como dos mercadológicos necessários ao bom andamento do negócio.

 

8. Levando-se em conta os juros e as opções de financiamento disponíveis e o patamar atual de juros, é hora de emprestar dinheiro para crescer?*

Esta é uma questão de oportunidade, ou seja, uma boa estratégia deve ser precedida de um bom planejamento de caixa. As condições do mercado financeiro nacional em relação às taxas, são as piores possíveis, pois incluem um índice de risco absurdo que inibem os investimentos. Desta forma o conhecimento profundo do que se pretende fazer será vital para garantir o êxito incluindo os valores e parcelas financiados. A alternativa mais viável sempre será a de buscar parceiros ou investidores para participar com os recursos, reduzindo o risco da operação. De qualquer forma o momento é muito bom para novas empreitadas, mas é melhor ir devagar e trabalhando e assumindo compromissos em conjunto com a evolução dos resultados da própria operação.

 

Sergio Dal Sasso
falecom[arroba]sergiodalsasso.com.br



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