Avaliando o comportamento do feijoeiro inoculado com cinco estirpes de Rhizobium tropici e a adubação mineral com nitrogênio, sobre alguns fatores relacionados à sua produtividade, utilizou-se um delineamento experimental de blocos ao acaso, com oito tratamentos constituídos pela inoculação do feijoeiro cultivar IAC Carioca com cinco estirpes de Rhizobium tropici (CIAT 899 - estirpe referência; F35; F54; F81 e CM255), dois controles sem inoculação sendo um adubado com N na semeadura e em cobertura e outro sem adubação e um cultivar não nodulante (NORH 54) adubado; com seis repetições. Avaliaram-se: número de nódulos por planta; massa de material seco da parte aérea; teor de N nas folhas; número de vagens por planta; número de grãos por planta; número de grãos por vagem; peso de 100 grãos e produtividade de grãos. A inoculação de estirpes eficientes de Rhizobium em cultivar nodulante de feijoeiro, ou o cultivo deste em solos com população nativa eficiente, pode possibilitar a não utilização de nitrogênio em cobertura na cultura do feijoeiro, sem afetar a produtividade.
Palavras-chave: Phaseolus vulgaris, feijão, fixação biológica de nitrogênio
Rhizobium tropici strains for inoculation of the common bean
To evaluate five Rhizobium tropici strains and N fertilization on the productivity components of the common bean (Phaseolus vulgaris L.) crop, an experimental design of randomized blocks was used. The eight treatments consisted of five Rhizobium tropici strains (CIAT899; F35; F54; F81, and CM255), two controls without inoculation (30 kg ha-1 N with PK at sowing plus 30 kg ha-1 N as top dressing, and other without fertilization NPK) with the IAC Carioca cultivar and one non-nodulating cultivar (NORH54). Number of nodules per plant, shoot dry mass, leaf N content, number of pods per plant, number of grains per plant, number of grains per pod, 100 grain weight, and grain yield, were evaluated. The nodulating cultivar with inoculation or in soil with efficient native population can eliminate the N top dressing with no decrease in yield.
Key words: Phaseolus vulgaris, bean, biological nitrogen fixation
O feijoeiro, a exemplo de outras leguminosas, apresenta a propriedade de fixar o nitrogênio da atmosfera quando em simbiose com bactérias do gênero Rhizobium, o que pode contribuir para a redução no uso de fertilizantes nitrogenados. Estudos visando aumento da produtividade do feijoeiro, através da fixação simbiótica do nitrogênio atmosférico, têm mostrado a possibilidade de se obter rendimento de até 1600 kg ha-1, na ausência de adubação nitrogenada (Döbereiner & Duque, 1980). No entanto, a prática de inoculação do feijoeiro ainda é recente, necessitando informações mais precisas sobre o assunto para que a mesma possa ser difundida e utilizada rotineiramente.
Aliado a este fato tem-se que, com a opção do cultivo de feijão no período de outono/inverno, a cultura tem sido implantada em novas áreas, dentre as quais destaca-se a região Noroeste de São Paulo, Sul de Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Tocantins e Mato Grosso do Sul, utilizando-se irrigação e insumos modernos. Neste contexto, a inoculação, como fonte de suprimento nitrogenado através das bactérias fixadoras de nitrogênio atmosférico, seria um importante fator a ser utilizado para a redução dos custos.
Porém nestas áreas, mesmo no período de inverno, ocorrem altas temperaturas, que podem afetar a persistência dos rizóbios no próprio inoculante, como também pode influenciar a sobrevivência das células de rizóbios inoculados no solo, limitando tanto a nodulação quanto a fixação biológica de nitrogênio. Sendo assim, a escolha da espécie de Rhizobium é um fator importante para a fixação simbiótica de nitrogênio, pois existe grande variabilidade entre espécies e raças de Rhizobium com respeito à resposta a variações de temperatura. Foi observado que estirpes da espécie Rhizobium tropici são mais resistentes à temperaturas elevadas, que as estirpes de Rhizobium leguminosarum bv. Phaseoli (Goulart & Baldani, 1993; Raposeiras et al. 1998; Oliveira et al., 1998). Sob altas temperaturas, houve estímulo à nodulação, sem prejuízo ao desenvolvimento das plantas, mostrando tolerância da simbiose com R. tropici a elevadas temperaturas (Araújo et al., 1993). Isto indica que mesmo com temperaturas elevadas a simbiose Rhizobium-feijoeiro pode não ser afetada por este fator e assim essa prática ser adotada com uma maior segurança. Conforme Oliveira et al. (1998) a dominância entre estirpes de Rhizobium é diferenciada pela temperatura e pelo estágio de desenvolvimento da planta sendo que, quando se comparou estirpes de Rhizobium tropici com a população nativa de Rhizobium foi verificado que a estirpe CIAT- 899 se apresentou mais efetiva em temperatura de 25oC, enquanto que a 35oC a população nativa foi mais efetiva.
Além da temperatura, vários fatores do solo influenciam a nodulação e a fixação biológica do nitrogênio. Entre eles, a toxicidade por alumínio e manganês, deficiências de cálcio, fósforo e micronutrientes, são prejudiciais à simbiose (Lovato et al., 1985a e b). O nitrogênio é um nutriente cuja presença ou ausência afeta a simbiose de várias formas (Pereira, 1982). Em excesso o N mineral pode causar uma diminuição da eficiência simbiótica, porém quando em pequenas quantidades aplicadas na cultura do feijão, permite um aumento no crescimento dos nódulos e maior fixação de nitrogênio, sendo que teores muito baixos de nitrato no solo podem ser limitantes à atividade simbiótica (Franco & Döbereiner, 1968; Ruschel & Saito, 1977). Tsai et al. (1993) observaram que a nodulação e a fixação biológica de nitrogênio pelo feijoeiro responderam positivamente ao aumento dos teores de P, K e S do solo, e que quando o feijoeiro recebeu um balanço adequado de nutrientes não houve inibição, mas sim um efeito sinergístico da adubação nitrogenada sobre a nodulação e fixação do nitrogênio.
Este trabalho objetivou avaliar o comportamento de cinco estirpes de Rhizobium tropici e o uso da adubação mineral com nitrogênio, sobre alguns fatores relacionados à produtividade do feijoeiro.
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