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Enraizamento de estacas lenhosas de porta-enxertos de pereira sob nebulização intermitente (página 2)

W. Barbosa

 

Adotou-se o delineamento experimental inteiramente ao acaso, sendo os tratamentos dispostos em esquema fatorial de 3 (porta-enxertos) ' 2 (com e sem incisão), com 4 repetições. Cada parcela foi constituída de doze estacas. Para as análises, os dados de percentagem foram transformados em y = arco seno

onde P representa a percentagem de en-raizamento. Na comparação das médias, foi utilizado o teste de Tukey, ao nível de 5 % de probabilidade.

As estacas dos porta-enxertos 'D'água' e 'Taiwan Nashi-C' apresentaram enraizamento significativamente superior a 'Manshu Mamenashi', com médias de 51,8 e 53,8 % para tratamento com e sem incisão, respetivamente (Tabela 1). Antunes et al. (1996), mesmo utilizando ambiente nebulizado e dosagem de 2000 ppm de AIB, conseguiram enraizamento da ordem de 46%, para estacas semilenhosas de 'Taiwan Nashi-C'. Já Ojima & Rigitano (1970), em ambiente não nebulizado, obtiveram enraizamento de cerca de 3% para 'D'água'. A pereira 'Le Conte', segundo Barradas & Koller (1976), destaca-se como sendo a de mais fácil enraizamento, com índices de 30 a 40 %. Os melhores resultados são citados por Simonetto (1990), que obteve enraizamento de 76 % em estacas de 'Manshu Mamenashi' tratadas com AIB, na concentração de 3.000 ppm. Como se pode notar, o estímulo ao enraizamento de estacas lenhosas de pereira parece ser bastante complexo, mesmo lançando mão de modernas técnicas rizogênicas.

As estacas de 'Manshu Mamenashi' apresentaram baixa porcentagem de enraizamento em ambos os tratamentos, mostrando ser menos efetivas na propagação vegetativa em comparação com 'Taiwan Nashi-C' e 'D'água' (Tabela 1), para as condições do presente experimento. Esse fato pode ser justificado pela intensa brotação das estacas no período de enraizamento. Segundo Hartmann & Kester (1990), a brotação antes do enraizamento ocasiona um consumo elevado das reservas nutricionais, prejudicando a emissão de raízes pela estaca.

Pela Tabela 1, pode verificar-se que houve diferença significativa entre os tratamentos com e sem incisão. Para o porta-enxerto 'D'água', pode recomendar-se a incisão na base da estaca, que aumentou o enraizamento com o tratamento, porém o 'Taiwan Nashi-C' apresentou resultados superiores de enraizamento no tratamento sem incisão. Há relatos na literatura de que o ferimento da estaca ou a desobstrução da região entre o câmbio e o córtex pode estimular o desenvolvimento de primórdios radiculares (Krishnamoorthy, 1970); porém, a eficiência deste tratamento depende de cada espécie vegetal e das condições internas da planta-matriz (Hartmann & Kester, 1990). Resultados mais significativos talvez possam ser alcançados, fazendo-se uso de incisões e imersões em promotores de enraizamento, a exemplo do AIB a 3.000 ppm, como relatado por Simonetto (1990). Assim, em estacas feridas, haveria maior superfície para absorção de reguladores de crescimento e formação de tecido rizogênico.

Com base nos resultados obtidos, pode-se concluir que:

- Estacas lenhosas de 'Taiwan Nashi-C', sem incisão, apresentam enraizamento satisfatório quando mantidas sob ambiente de nebulização intermitente.

- O tratamento com incisão da pêra 'D'água' apresenta enraizamento satisfatório quando mantido sob nebulização intermitente.

· Estacas do porta-enxerto 'Manshu Mamenashi' não apresentam enraizamento satisfatório sob ambiente de nebulização intermitente, independentemente do uso ou não de incisão basal.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem aos técnicos de apoio Marcilene de Moraes e Antonio Carlos de Carvalho e ao acadêmico Élcio de Oliveira, o auxílio na coleta, preparo e plantio das estacas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Ives Massanori Murata, Wilson Barbosa, Carmen Silvia Vieira Janeiro Neves, Joaquim Antonio Martins Franco
wbarbosa[arroba]iac.sp.gov.br



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