RESUMO
Testaram-se os efeitos dos períodos de estratificação a frio úmido por 0, 10, 20, 30 e 40 dias, associados a aplicações do ácido giberélico (GA3) nas concentrações de 0, 5, 10, 15 e 20ppm, na quebra de dormência das sementes do pessegueiro porta-enxerto ‘Okinawa’. Os resultados mostraram que os períodos de estratificação de 0, 10 e 20 dias foram insuficientes para a completa quebra de dormência, mesmo quando em associação com o GA3. Apesar da boa emergência verificada, após 20 dias de frio, 20% das plantas desenvolveram-se com formação de rosetas. As melhores respostas foram obtidas aos 30 e 40 dias de estratificação, mesmo na ausência do GA3; a germinação aproximou-se de 100% e nenhuma plântula anômala foi detectada. O GA3 mostrou efeito na germinação das amêndoas, sobretudo nas concentrações maiores, porém insuficiente para eliminar os sintomas de falta de frio das plântulas.
Termos de indexação: pêssego ‘Okinawa’, porta-enxerto, estratificação, emergência, amêndoas, ácido giberélico, roseta, ananismo.
SUMMARY
Effects Of Stratification Period And Gibberellic Acid On Emergence Of ‘Okinawa’ Peach Seeds
The main objective of the present work was to study the effects of stratification period and gibberellic acid (GA3), on emergence of ‘Okinawa’ peach rootstock seeds. The experiment was conducted with seeds freshly extracted from ripe fruits. The seeds were soaked for 24 hours in aqueous solutions of 0, 5, 10, 15 and 20 ppm GA3 and immediately stratified in a wet cotton subtrate for 0, 10, 20, 30 and 40 days. The results showed that for 0, 10 and 20 days, stratification associated with GA3 at 5, 10, 15 and 20ppm, presented no significant effect on the seed germination and seedling emergence. The best responses were achieved with 30 and 40 days of stratification, even in the absence of GA3. In these treatments, 100% germination and emergence were obtained and no anomalous seedling was detected.
Index terms: ‘Okinawa’ peach, rootstock, emergence, seed, GA3, stratification, dwarf seedling, rosette.
As sementes das frutíferas de clima temperado, de modo geral, requerem certa quantidade de frio úmido, variável conforme a espécie e, sobretudo o cultivar, para que se processe a quebra da dormência fisiológica. Dessa maneira, tornam-se metabolicamente ativas e aptas a germinar, proporcionando plântulas de desenvolvimento vegetativo normal. O tratamento com temperatura baixa e umidade disponível, ou seja, estratificação, faz-se necessário para reduzir os níveis de inibidores do crescimento, a exemplo do ácido abscísico (ABA), que se encontra naturalmente em altas concentrações nos tegumentos, cotilédones e eixos embrionários das sementes, impedindo-lhes a germinação (DIAZ & MARTIN, 1972; BONAMY & DENNIS, 1977).
No caso do pessegueiro, as sementes não submetidas à quebra de dormência germinam deficientemente, e as plântulas resultantes apresentam-se anormais, com sintomas de roseto ou ananismo. Essas anomalias, de caráter fisiológico, afetam seriamente as plântulas, caracterizando-se pelo enrolamento das folhas e inibição do crescimento apical, resultando num retardamento vegetativo e, portanto, provável descarte do porta-enxerto. Para se obter um lote uniforme de porta-enxertos, torna-se indispensável a estratificação das sementes (em forma de caroços ou, preferivelmente, de amêndoas), em um substrato umedecido, sob ambiente frio (5-10ºC), por algumas sementes, e posterior semeadura em canteiros (OJIMA & RIGITANO, 1968; BARBOSA et al., 1986) ou em recipientes plásticos com terra enriquecida, quando se objetiva formação precoce de mudas (OJIMA et al., 1977).
Cada cultivar de pêssego, dependendo de sua origem e, principalmente de suas características genéticas, requer, para suas sementes, um período ótimo de estratificação (TUKEY & CARLSON, 1945; BIGGS, 1966). Entre os produtores de mudas de pessegueiro, as sementes dos cultivares porta-enxertos são normalmente colocadas sob estratificação, por 45-60 dias, ou mais, desconhecendo-se, no entanto, a quantidade de frio úmido necessário à completa quebra da dormência.
Além do tratamento a baixas temperaturas em condições úmidas, a dormência fisiológica das sementes de pêssego pode ser interrompida pela ação de reguladores de crescimento, como o ácido giberélico (GA3) e o 6-benzilamino purina (6-ba) (DIAZ & MARTIN, 1972). O GA3, por exemplo, exerce papel fundamental no processo germinativo, onde está envolvido tanto na quebra da dormência como no controle da hidrólise de reservas para o fornecimento de energia ao embrião (METIVIER, 1979, e AMORIM, 1979). DONOHO JR. & WALKER (1957), ao pesquisarem o efeito do GA3, aplicado após 35 dias de estratificação a frio úmido (± 1ºC), obtiveram, para o pêssego ‘Elberta’, germinação de até 80%, índice esse bastante expressivo em relação aos 30% da testemunha.
No presente trabalho, procurou-se determinar o período ideal de estratificação a frio úmido das amêndoas do pêssego ‘Okinawa’, em associação ao GA3 exógeno, aplicado em diversas concentrações. O cv. Okinawa foi eleito para o experimento, por se tratar do porta-enxerto mais utilizado pelos viveiristas no Estado de São Paulo e por ser considerado resistente aos nematóides do gênero Meloidogyne (SHARPE, 1957; RIGITANO et al., 1975; MENTEN et al., 1977).
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