Efeitos de épocas de semeadura sobre a produção e qualidade fisiológica de sementes

Enviado por Orivaldo Arf


(de nove cultivares de arroz irrigado por aspersão)

RESUMO

O objetivo do trabalho foi avaliar o desempenho de nove cultivares de arroz em cultura irrigada por aspersão (IAC-201, Carajás, Guarani, CNA 7801, Rio Paranaíba, Araguaia, IAC-202, Caiapó e CNA-7800) semeados em diferentes datas (19 set., 20 out., 17 nov., 19 dez., 18 jan. e 16 fev.),caracterizando épocas de semeadura precoce, normal e tardia em cultura irrigada, com a finalidade de obter informações sobre a produção e qualidade das sementes obtidas. Na época tradicional (nov), se observaram as maiores produtividades para a maioria dos cultivares, enquanto que a semeadura mais tardia proporcionou a produção de sementes com melhor qualidade fisiológica, em termos de germinação e vigor em todos os materiais testados. A semeadura tardia se apresentou como boa opção para produção de sementes.

Termos para indexação: arroz, época de semeadura, cultivares, qualidade de sementes.

Effects of Planting Dates on the Yield and Physiological Quality of Seeds From Nine Rice Cultivars in Sprinkler Irrigated Crops.

ABSTRACT

The objective of this work was to evaluate the performance of nine rice cultivars (IAC-201, Carajás, Guarani, CNA-7801, Rio Paranaíba, Araguaia, IAC-202, Caiapó and CNA-7800) seeded at six dates (Set./19, Oct./20, Nov./17, Dec./19, Jan./18 and Feb./16), characterizing early, normal and late planting seasons. Yield and seed quality were evaluated. In normal period (october/november) the best yields were obtained for almost all cultivars, but in the late period were seeds with better quality were achieved.

Index terms: rice, planting dates, cultivars, seed yield, physiological quality.

INTRODUÇÃO

Para a produção de sementes de alta qualidade uma série de requisitos devem ser bem interrelacionados. Dessa forma, a utilização da melhor época de cultivo, de um cultivar pode viabilizar a obtenção de sementes com qualidade fisiológica superior, embora outros fatores também devam ser bem equacionados, como a época de colheita, regulagem das máquinas, operações de beneficiamento e armazenamento das sementes. Adequando-se a época de semeadura pode-se tentar evitar que fatores desfavoráveis do meio prejudiquem a produção e qualidade do produto.

Outro ponto importante é que com a possibilidade de se fazer irrigação por aspersão o período de semeadura da cultura de arroz pode ser expandido, tendo-se em vista que principalmente nas áreas de cerrado, a temperatura e luz são favoráveis para o cultivo e a limitação hídrica se constitui no principal fator limitante. Além disso cultivos mais precoce ou mais tardios podem ser importantes, principalmente quando se pensa na otimização de utilização das terras e dos fatores climáticos.

Diferentes épocas de semeadura afetam o desenvolvimento das culturas principalmente com relação aos fatores climáticos como: temperatura, luz, umidade e ventos, sendo que para alguns destes fatores a duração do período e a intensidade são muito importantes.

O arroz é uma planta de dias curtos, geralmente sensível ao fotoperíodo de forma que semeaduras precoces, quando os dias são mais longos podem impedir ou retardar a floração (Chang & Vergara, 1972 e Pedroso, 1980). Por outro lado a semeadura tardia pode provocar acentuada redução no ciclo, com efeitos prejudiciais quantitativos e qualitativos (Fornasieri Filho & Fornasieri, 1993).

A temperatura afeta o crescimento e desenvolvimento das plantas de arroz em todas as fases do ciclo e para cada uma delas há uma faixa de temperatura mais adequada. Assim a faixa de temperatura ideal para a germinação e emergência é de 20-35oC, com limites críticos inferior e superior de 10- 13oC e 35-45oC, respectivamente (Pedroso, 1980 e Yoshida, 1981). No estágio de plântula, baixas temperaturas provocam crescimento anormal, caracterizado por plantas raquíticas, com folhas curtas e eretas ( Roy & Biswas, 1983) e descoloração de folhas (Terres & Galli, 1984 e 1985). Temperaturas elevadas, superiores a 35oC, também provocam crescimento anormal com redução na altura e perfilhamento, folhas com manchas cloróticas e ápice branco (Internacional Rice Research Institute, 1975; citado por Fornasieri Filho & Fornasieri, 1993).

A fase reprodutiva inicia-se com a diferenciação do primórdio da panícula. A indução deste processo está mais ligada a luz que à temperatura, sendo difícil distinguir o efeito desta (Pedroso, 1980). Na fase de maturação, temperaturas na faixa de 20-25oC favorecem o rendimento de grãos (Pedroso, 1980 e Yoshida, 1981). Temperaturas acima de 30oC aumentam a esterilidade (Murata, 1976 e Chen & Liu, 1979).

Poucas são as informações sobre épocas de semeadura de arroz de sequeiro irrigado por aspersão. Para a condição de arroz irrigado, o período de semeadura na região sul do Brasil é curto quando comparado ao de regiões com menores latitudes.

Assim, tanto no Rio Grande do Sul (Amaral, 1979; Pedroso, 1980 e Infeld, 1984 e 1987) quanto no sul de Minas Gerais (Moraes et al., 1978) ou em São Paulo (Fornasieri Filho & Fornasieri, 1993) a época de semeadura mais adequada é outubro-novembro.

No entanto, em Goiás, a antecipação da semeadura para agosto, proporcionou maior produção Santos et al. (1978).

Ainda com relação à época de semeadura Sant’Ana (1989) comentou que para o arroz de sequeiro irrigado esta deve ser realizada na época normal de semeadura do arroz de sequeiro.

Sandanielo et al. (1990) recomenda o período de outubronovembro para semeadura do arroz de sequeiro no Mato Grosso.

O tipo de planta ideal para cultivo de arroz de sequeiro irrigado por aspersão, seria uma planta intermediária entre a tradicional de arroz de sequeiro e a moderna de arroz irrigado por inundação (Pinheiro et al., 1985 e Sant’Ana et al., 1987), devendo possuir basicamente as seguintes características: alta capacidade produtiva, resistência ao acamamento, ciclo de precoce a médio, resistência à brusone e à mancha-parda, certo grau de dormência e grãos longos, finos e translúcidos (Sant’Ana, 1982).

O sistema de cultivo de arroz irrigado por aspersão é prática recente, embora a área cultivada esteja se expandindo rapidamente, principalmente no Brasil Central. Dessa forma, verifica-se a necessidade de informações técnicas adicionais para a sua perfeita implantação (Sant’Ana, 1989). Em experimentos desenvolvidos por Arf (1993), com a cultura de arroz de sequeiro em sistema irrigado por aspersão, na região de Selvíria-MS, estudou-se cultivares (Rio Paranaíba, Araguaia, Guarani e Carajás), densidades populacionais (60, 90, 120 e 150 sementes viáveis/m2), doses (zero, 30, 60 e 90kg/ha) e épocas (20, 35, 50 e parcelada metade aos 20 e o restante aos 50 dias) de aplicação de nitrogênio em cobertura. Foi observado que o cultivar Guarani apresentou alto índice de acamamento não sendo recomendado para estas condições, porém os cultivares Carajás, Rio Paranaíba e Araguaia se mostraram plenamente adequados. O espaçamento mais indicado foi o de 35cm para o cultivar Araguaia e 35cm ou 50cm para os cultivares Rio Paranaíba e Carajás, enquanto que a densidade de 150 sementes viáveis/m2 foi a que propiciou maiores rendimentos. O autor observou ainda que a adubação nitrogenada não propiciou melhoria na qualidade do produto.

Já Oliveira (1994) no mesmo local, em experimentos utilizando os cultivares Araguaia, Carajás e IAC-201, nas densidades 60, 90, 120 e 150 sementes viáveis/m2, também em cultivo irrigado por aspersão, verificou um desempenho superior em termos de produção para o cultivar Carajás, mostrando ser este cultivar bem indicado para o sistema. No entanto, outros trabalhos são necessários para que se tenham mais subsídios técnicos para recomendações para agricultores e suporte de novos estudos para pesquisadores.

O presente trabalho foi realizado com o objetivo de verificar os efeitos de diferentes épocas de semeadura, sobre a produção e qualidade das sementes em nove cultivares de arroz, em sistema de irrigação por aspersão.


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