Artigo original: "Rev. Bras. Zootec., Jul 2001, vol.30, no.4, p.1293-1298. ISSN 1516-3598"
Foi estudado o efeito da suplementação de monensina sobre o desempenho de 32 novilhas Holandesas em crescimento, com peso médio de 84 kg, durante quatro meses . Os animais suplementados com monensina apresentaram maior peso e perímetro torácico aos 90 e 120 dias de experimentação, maior ganho de peso, mostrando um valor de 26,56% maior do que os animais controle. Não foi observada diferença no comprimento corporal e glicose sangüínea, enquanto a altura na cernelha apresentou tendência a valores mais altos nos animais suplementados. Concluiu-se que a suplementação de monensina resultou em maior desenvolvimento dos animais, podendo proporcionar precocidade reprodutiva e produtiva de novilhas leiteiras de reposição.
Palavras-chave: desempenho, monensina, novilhas
Effects of monensin on growing dairy heifers performance
The performance of 32 growing Holstein heifers, with average weight of 84 kg and supplemented with monensin, during four months, was studied. The animals supplemented with monensin presented higher weight and hearth girth at 90 and 120 days of experiment, higher weight gain, with value of 26.56% superior than the control animals. No difference was observed for the corporal length, plasma glucose and the height values. The animals fed monensin presented higher height values. The animals supplemented with monensin showed better development. The use of monensin provided reproductive and productive precocity for the replacement dairy heifers.
Key Words: heifers, monensin, performance
Atualmente, em sistemas de criação de rebanhos leiteiros, busca-se melhor eficiência de produção, levando em conta os custos de produção e otimização de todos os fatores que os envolvem. Um deles é a criação de novilhas, fase em que os animais não possuem uma produção direta e retorno de capital rápido, sendo de grande importância se estudar formas de diminuir seus custos de produção com produtos que melhorem sua eficiência viabilizando a criação e diluindo os custos fixos da propriedade.
A eficiência de conversão alimentar e fatores que a envolvem têm grande importância nos sistemas atuais de produção animal. Os ionóforos têm melhorado esta eficiência, caracterizados por produzir aumento de propionato, diminuição de metano, de deaminação e de níveis de ácido lático. Entre eles a monensina vem sendo pesquisada intensamente como um meio de melhorar quimicamente a eficiência alimentar, por meio da regulação da fermentação ruminal e seus produtos (RUMSEY, 1984). De maneira geral, os ionóforos estão sendo usados como aditivos em rações para ruminantes, melhorando os ganhos de peso na ordem de 5 a 15% em animais submetidos a dietas com baixo valor nutritivo e melhorando também a conversão alimentar (LUCHIARI FILHO et al., 1990).
A monensina é constituída por moléculas de baixo peso, que ligam ions de minerais e direcionam seus movimentos através das membranas celulares, deprime o crescimento de bactérias gram-positivas, afetando a passagem de nutrientes através da membrana dos microrganismos ruminais e modifica a fermentação ruminal pela alteração das proporções dos ácidos graxos voláteis (NATIONAL RESEARCH COUNCIL - NRC, 1989).
A monensina aumenta a produção de ácido propriônico no rúmen, resultando em decréscimo na proporção do ácido acético, mas sem alterar significativamente a produção de ATP. Este efeito é causado por ação seletiva na população microbiana, afetando negativamente as bactérias gram-positivas (KONE et al., 1989). As bactérias gram-positivas, sensíveis ao ionóforo, são produtoras primárias de acetato e butirato, em contrapartida as gram-negativas têm como produto principal de sua fermentação o proprionato explicando-se, desta forma, o aumento do mesmo quando a monensina é administrada. A ação contra as bactérias gram-positivas ocorre por causa do sistema de transporte de ions através das membranas celulares das bactérias. Essas bactérias não possuem, como as gram-negativas, sistema de transporte de elétrons acoplado à síntese de ATP e, assim, a maioria não sobrevive à ação do ionóforo.
A monensina, provocando aumento da via metabólica de produção de proprionato, diminui a produção de metabólitos intermediários utilizados na produção de metano, os quais representam ineficiência na utilização de energia (MEDEL et al., 1991). Outro ponto de ação extremamente importante da monensina, é que ela diminui a degradação de proteínas e peptídeos pelos microrganismos ruminais, aumentando o fluxo de aminoácidos dietéticos para o intestino delgado. O decréscimo da síntese de proteína microbiana é compensado pelo aumento de proteína dietética que chega ao intestino, não havendo alteração da quantidade total de aminoácidos absorvidos pelo intestino (NRC, 1989).
A monensina vem sendo usada como um modelo para examinar os importantes modos de ação na manipulação da função ruminal, tais como: 1) modificação na produção de ácidos graxos, 2) modificação da ingestão alimentar, 3) modificações na produção de gás, 4) modificações na digestibilidade, 5) mudanças na utilização de proteína e 6) alterações no enchimento e taxa de passagem no rúmen. Tem sido o principal ionóforo utilizado como aditivo alimentar para bovinos dentre mais de setenta ionóforos reconhecidos (SCHELLING, 1984). Ela foi originalmente usada na prevenção de coccidiose em frangos de corte, porém mais tarde outros trabalhos revelaram seus efeitos na fermentação ruminal, onde o produto reduz em cerca de 30% a formação de gás metano, que representa perda de mais ou menos 12% da energia do alimento (RUSSELL e STROBEL, 1989).
Monensina afeta a reprodução, devido ao amadurecimento precoce das novilhas, resultando em uma fermentação ruminal a favor do ácido propriônico, melhorando a taxa de crescimento corporal e produzindo uma resposta endócrina, que aparentemente influi nos mecanismos reguladores da puberdade (MEDEL et al., 1991).
Os melhores desempenhos obtidos com o emprego do ionóforo são atribuídos, principalmente, à maior eficiência do metabolismo energético e nitrogenado no rúmen, ocorrendo ainda diminuição de distúrbios metabólicos, como acidose lática e timpanismo. NAGARAJA et al. (1982), induzindo acidose lática em bovinos e administrando monensina e outros ionóforos em vários níveis (0,33; 0,65; e 1,3 mg/kg de peso vivo), observaram que todos foram igualmente efetivos na prevenção da acidose lática, em doses de 1,3 mg/kg.
Quando os animais são submetidos a dietas com excesso de proteína degradada no rúmen, grande quantidade de amônia é acumulada neste órgão. Nessa situação, a adição de monensina faz diminuir a amônia em 30%, e os aminoácidos poupados da desaminação são utilizados por outras bactérias, aumentando a concentração de proteína bacteriana no fluído ruminal (YANG e RUSSELL, 1993).
Em um experimento realizado com novilhas holandesas, examinaram-se o crescimento, a idade ao primeiro parto e o escore corporal, utilizando 200 mg de monensina/cabeça/dia, chegando aos seguintes resultados: a monensina não teve efeito significativo sobre o peso vivo, média de ganho de peso, comprimento corporal, altura de cernelha, perímetro torácico e escore corporal, mas diminuiu significativamente a idade à primeira prenhez em 24 dias e idade ao primeiro parto em 48 dias, concluindo-se que a monensina pode reduzir a idade na puberdade de novilhas holandesas sem afetar o escore corporal e peso vivo (MEINERT et al., 1992).
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