ABSTRACT.- Cunha E.A., Santos L.E., Roda D.S., Pozzi C.R., Otsuk I.P., Bueno M.S. & Rodrigues C.F.C. 1997. [Effect of a management system on grazing behaviour, ponderal growth and parasitic infestation of Suffolk ewes.] Efeito do sistema de manejo sobre o comportamento em pastejo, desempenho ponderal e infestação parasitária em ovinos Suffolk. Pesquisa Veterinária Brasileira 173/42):105-111. Seção de Ovinos e Caprinos, Instituto de Zootecnia, Caixa Postal 60, Nova Odessa, SP 13460-000, Brazil.
Grazing behaviour, ponderal growth and level of parasitic infestation were studied in Suffolk breed sheep, from 1994 to 1995, in Nova Odessa, São Paulo. Two management systems were compared: restricted grazing, where the animals were released to the pastures at 9:50 a.m. and confined at 5:30 p.m., and 24 hour grazing, where the animals were maintained all the time in the paddocks, but with access to shelters. Thirty-four adult ewes were used in the summer period (17 under restricted grazing and 17 full-time grazing), and 42 ewes in the winter period (21 with restricted grazing and 21 full-time grazing). Also, for both seasons, 12 tracer animals, six in each grazing system, were used to obtain worm counts from their digestive tracts. For three consecutive days, grazing behaviour, that is, whether grazing or not, was observed in January/February (summer) and July/August (winter) at 30 minute intervals from 7:00 a.m. to 5:30 p.m., also whether the animals stayed in the sun or shade, irrespective of whether they were grazing or not. The level of parasitic infestation was evaluated under each system by eggs per gram countings (EPG) of the herd and the tracer animals, as well as by larvae count. It was concluded that restriction of grazing time by itself does not provide any effective control of parasitic infestation in sheep, however a better control was obtained in the summer period. Restricted grazing time was compensated by the greater activity of the animals during the hotter hours of the day, however, this behaviour affected the animal performance, resulting in lower weight gains. Greater forage availability in relation to estimated consumption may explain the similarity between the grazing times observed in both management systems, either in the summer or in the winter.
INDEX TERMS: Sheep, Suffolk, grazing behaviour, management, parasitic infestation.
SINOPSE.- Foi estudado o comportamento em pastejo, o desempenho ponderal e o nível de infestação parasitária em ovelhas da raça Suffolk, no período de 1994 a 1995, em Nova Odessa, SP. Comparou-se dois sistemas de manejo: pastejo restrito, onde os animais foram soltos às 9:50h e presos às 17:30h e pastejo em período integral, no qual os animais não eram recolhidos, tendo a disposição abrigo para passarem a noite. Foram utilizadas 34 fêmeas adultas no verão (17 em pastejo livre e 17 em pastejo restrito) e 42 fêmeas adultas no inverno (21 em pastejo livre e 21 em pastejo restrito). Trabalhou-se ainda com 12 animais traçadores em cada estação do ano, sendo metade em cada sistema de manejo visando a contagem de nematódeos no trato digestivo dos animais. Durante 3 dias consecutivos nos meses de janeiro/fevereiro (verão) e julho/agosto (inverno) estudou-se, através da observação dos animais, a cada 30 minutos entre as 7:00 e 17:30h, o hábito de pastejo (pastando ou não; na sombra ou no sol). Acompanhou-se o nível de infestação parasitária dos animais em cada sistema, pela contagem do OPG do rebanho e dos traçadores e nematódeos recuperados nos traçadores. Concluiu-se que a restrição do horário de pastejo isoladamente não propiciou um controle efetivo da infestação parasitária nos animais mostrando. A restrição do tempo de pastejo é compensada pela maior atividade dos animais nas horas mais quentes do dia, todavia este comportamento afetou o desempenho, resultando em menor ganho de peso. A maior disponibilidade de forragem, em relação ao consumo estimado, pode explicar a similaridade entre os tempos de pastejo verificados nos dois sistemas de manejo, tanto no verão como no inverno.
TERMOS DE INDEXAÇÃO: Ovinos, Suffolk, hábito de pastejo, sistema de manejo, infestação parasitária.
A espécie ovina caracteriza-se pela extrema capacidade de adaptação às mais diversas condições de ambiente, verificando-se a sua ocorrência em quase todas as regiões do mundo. Isso decorre da facilidade do ovino em se adaptar às mais diferentes dietas, associada à sua acentuada capacidade de aclimatação.
Como forma de aumentar a eficiência no controle termoregulador, o ovino procura adaptar-se às condições ambientais alterando seus hábitos de pastejo (Bueno & Ruckebuch 1979, Bourbouze 1981, Berggren-Thommas & Hohenboken 1986), sendo que a duração da atividade, bem como a distribuição e a intensidade de pastejo variam com a estação do ano, manejo, condições climáticas e também com a disponibilidade de forragem.
Schwartz & Said (1981), Bourbouze (1981), Rios & Riley (1985) enfatizam o efeito da disponibilidade de forragem na determinação da frequência e intensidade de pastejo durante o dia e, por conseguinte, no desempenho animal. Por outro lado, as condições ambientais, tais como umidade relativa do ar, incidência de radiação solar e temperatura, podem afetar, não só o comportamento dos animais, como também o de alguns parasitas durante a sua fase livre nas pastagens (Hafez, 1973).
Banks et al. (1990) citam que em regiões tropicais, sob condições de criação intensiva, a ocorrência maciça de endoparasitas obriga o controle da infestação através do uso de anti-helmínticos a cada 3-4 semanas. Cita ainda que apesar do parasitismo gastrintestinal ser uma das mais sérias limitações à produção de ovinos e caprinos, verifica-se uma grande escassez de informações relativas à ecologia e comportamento das forma livres de endoparasitas de pequenos ruminantes nos trópicos.
No caso de helmintos que parasitam o sistema digestivo de ovinos, as larvas eclodidas de ovos depositados na pastagem tem maior sobrevivência quando a mesma apresenta suficiente cobertura vegetal de forma a manter elevado teor de umidade ambiente e proteção contra radiação solar intensa. Isto diminui a mortalidade de formas larvais livres que contaminam a forragem, conforme comentado por Gordon (1953). Essa migração, das fezes para a forragem, pelas larvas infectantes que sobreviveram às condições inadequadas de ambiente (seco e alta radiação), que aumenta quando as condições ambientais melhoram, principalmente em função do maior teor de umidade no período de chuvas, também é comentada por Barger et al. (1994) e por Reinecke (1994).
Dessa maneira a restrição da atividade de pastejo nos horários iniciais da manhã, quando o teor da umidade ambiente no estrato superior da pastagem é elevado e a entrada dos animais em horários em que esse estrato apresente baixa umidade, poderia resultar na diminuição da infestação por endoparasitas, em função de uma menor ocorrência de larvas infestantes, conforme observado por Roda et al. (1995) em caprinos.
Vários autores (Herd et al. 1984, Sanyal 1993, Barger et al. 1994, Reinecke 1994), citam a importância do uso integrado de práticas de manejo de pastagens associadas ao uso profilático dos anti-helmínticos para que se obtenha sucesso na produção intensiva de ovinos a pasto. Reinecke (1994) cita ainda que outras alternativas devem ser estudadas, visto que a infestação de ovinos por parasitas gastrintestinais pode ser fator determinante da inviabilidade da criação intensiva a pasto de ovinos para abate.
O objetivo deste trabalho foi verificar, em ovinos da raça Suffolk, o efeito de dois sistemas de manejo (pastejo em período integral ou restrito), em duas épocas do ano (verão ou inverno), sobre o hábito de pastejo e desempenho ponderal, bem como no nível de infestação parasitária dos animais.
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