Efeito do espaçamento e época de semeadura sobre o desempenho do feijão. I. Produção de sementes

O trabalho foi desenvolvido em área experimental pertencente a Faculdade de Engenharia - Campus de Ilha Solteira - UNESP, localizada no município de Selvíria-MS, com objetivo de verificar a influência de dois espaçamentos entre linhas (0,45 e 0,60 m) no primeiro ano (safra 1995) e três espaçamentos (0,30, 0,45 e 0,60 m) no segundo ano (safra 1996) e duas épocas de semeadura (1a quinzena de maio e 1a quinzena de julho) no comportamento de cultivares de feijão (Mineiro Precoce, Carioca, IAC Carioca, Carioca Mineiro, IAC Carioca Pyatã, IAC Bico de Ouro, Ouro, IAPAR 14, IAPAR 16, IAPAR 31, IAPAR 57, IAPAR 65, IAPAR 72 E ISA 1). O delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso com quatro repetições. Cada parcela experimental foi constituída por cinco linhas de cinco metros de comprimento.

A cultura foi conduzida em sistema por irrigação convencional, realizando no decorrer do experimento as seguintes avaliações: número de vagens por planta, número de sementes por vagem, peso de 1000 sementes e produção de sementes. Os resultados permitiram concluir que a semeadura de maio mostrou- se mais adequada a produção de sementes, dentre os cultivares sobressaíram-se quanto a produtividade, o Ouro, IAPAR 31, IAC Carioca e IAPAR 57, o espaçamento entre linhas a ser utilizado deverá ser em função do hábito de crescimento do cultivar.

Termos para indexação: Phaseolus vulgaris, produção de sementes, espaçamento entre linhas, época de semeadura, cultivares de feijão.

This research was developed at the Experimental Farm of Faculdade de Engenharia - Campus de Ilha Solteira - UNESP, located in the Selvíria (MS), county Brazil, with the objetive to verify the influence of two rows spaced 0,45 and 0,60 m apart in the first year (1995) and three rows spaced 0,30; 0,45 and 0,60 m apart in the second year (1996) and two periods of sowing (first may fortnight and first july fortnihgt) in the behavior of differents beans cultivars: Mineiro Precoce, Carioca, IAC Carioca, Carioca Mineiro, IAC Carioca Pyatã, IAC Bico de Ouro, Ouro, IAPAR 14, IAPAR 16, IAPAR 31, IAPAR 57, IAPAR 65, IAPAR 72 and ISA 1. The experimental desing used was the randomized blocks with four replications. Each experimental plot was constituted by five rows with five meters long. The culture was conduted under system conventional irrigation. During the condution of the experiments the following evaluations were realized: number of pod per plant, number of seeds per pod, weight of thousand seeds and seed yield. The results obtained allowed to conclude at sowing first may showed more adjusted for the seed yield, in the midst of cultivars saliented how much the produtivity, Ouro, IAPAR 31, IAC Carioca and IAPAR 57, the spaced the rows spaced that will be used most be in function of growth behavior of the cultivar.

Index terms: Phaseolus vulgaris, seed yield, rows spaced, periods of sowing, beans cultivars.

O Brasil é o segundo maior produtor de feijão do mundo, perdendo apenas para a Índia, considerando todos os gêneros e espécies de feijão. Tomando-se como referência a safra de 1993, as maiores produtividades foram obtidas nos Estados Unidos (1529kg/ha) e na China (1359kg/ha), enquanto o México (636kg/ha), Brasil (635kg/ha) e a Índia (421kg/ha) apresentaram níveis inferiores à média mundial de 673kg/ha (FAO, 1993). Entre as causas apontadas para baixo rendimento obtido no Brasil estão a extrema sensibilidade da cultura a variações climáticas, o uso de sementes de origem desconhecida, implantação da cultura em solos de elevada acidez, a predominância de cultivos associados com outras culturas, população inadequada de plantas e alta sensibilidade à pragas e doenças.

O cultivo do feijão "de inverno" tem despertado nos últimos anos o interesse principalmente dos médios e grandes produtores rurais. Nessa época, a semeadura pode ser realizada de abril a julho, período caracterizado pela ocorrência de dias mais curtos, temperaturas mais baixas e escassez de chuvas, tornando obrigatório o uso da irrigação, sendo que o cultivo nessa época apresenta as vantagens de ter a produção garantida atingindo rendimentos de 1500 a 2500kg/ha ou mais, a cultura torna- se menos dependente dos fatores climáticos, colheita na entressafra e no período seco obtendo produto de boa qualidade, permitindo a produção de sementes certificadas e fiscalizadas, melhores preços e expansão da cultura (Caixeta et al., 1981; Chagas, 1988 e Roston, 1990).

No Estado de São Paulo, Almeida et al. (1975) compararam espaçamentos de 30 e 40 cm entre linhas para o cultivar Carioca (tipo III); concluíram que os produtores devem optar pelo espaçamento maior com o objetivo de reduzir os gastos com sementes e facilitar os tratos culturais, já que o espaçamento de 30 cm entre linhas não apresentou vantagens.

De acordo com Bennett et al. (1977), em feijão da seca, o número de vagens por planta é o componente da produção mais sensível sob alta densidade de semeadura. e quanto maior o espaçamento, maior é o número de vagens e produção por planta, principalmente quando se varia o espaçamento entre plantas, dentro da mesma linha de semeadura.

Em Goiânia (GO), Del Peloso (1988) obteve maiores produtividades de feijão irrigado utilizando espaçamento de 30 cm para o cultivar EMGOPA 201 - Ouro (tipo II) e 40 cm para o Carioca tipo (III) na densidade de 24 plantas/m². Já em Linhares (ES), Silveira et al. (1990) verificaram que para o cultivar Carioca as maiores produtividades foram obtidas nos espaçamentos de 40 e 50 cm com seis a nove plantas por metro. Em baixa população de plantas, ou seja, espaçamentos mais amplos, a produção individual por planta é maior embora por área seja mais baixa. Aumentando-se a população através da redução do espaçamento, a produção por planta diminui, entretanto existe um aumento na produção por área. O decréscimo na produção por planta é compensado pelo aumento do número de plantas por área. A produção por unidade de área é máxima quando a população é ideal. A partir daí, o decréscimo na produção individual não é compensado pelo aumento de plantas (Pereira, 1989).

Arf et al. (1993) estudando a influência de diferentes épocas de semeadura no desenvolvimento de cultivares de feijão, verificaram bom comportamento de todos os cultivares utilizados e as época de semeadura de 20 de maio, 10 de junho e 01 de julho propiciaram a obtenção de maiores produtividades.

O trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de espaçamentos entre linhas e épocas de semeadura no período "de inverno" no desenvolvimento e produção de sementes de feijão de diversos cultivares, na região de Selvíria (MS).