O presente trabalho foi conduzido no município de Selvíria (MS) em um Latossolo Vermelho- Escuro, epi-eutrófico álico, textura argilosa, anteriormente ocupado por vegetação de cerrado, com o objetivo de estudar o efeito da semeadura da mucuna-preta (Stizolobium aterrimum Piper & Tracy) e lab-lab (Dolichos lablab L.) (75 e 100 dias após a semeadura do milho) intercalada nas entrelinhas da cultura do milho (Zea mays L.) ou em cultivo exclusivo. O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso com 4 repetições e sete tratamentos: milho, milho+mucuna-preta semeada aos 75 DAS (dias após a semeadura do milho), milho+ mucuna-preta semeada aos 100 DAS, milho+lablab semeado aos 75 DAS e milho+lab-lab semeado aos 100 DAS, além da mucuna-preta e lab-lab em cultivos exclusivos. As parcelas foram constituídas por uma área de 16,2m de largura por 10,0m de comprimento. A adubação química básica constou de 250kg/ha da formulação 4-30-10 e em cobertura, aos 38 dias após a emergência das plantas, utilizaram-se 50kg/ha de N (sulfato de amônio). A mucuna-preta e o lab-lab não receberam adubação. O milho híbrido CARGILL 125 foi semeado em 07.12.94, no espaçamento de 0,90m entre linhas e densidade de 6 a 7 sementes viáveis/m. Os adubos verdes no sistema de cultivo solteiro foram semeados também no espaçamento de 0,90m, utilizandose 7 e 10 sementes viáveis/m de mucuna-preta e lablab, respectivamente. Posteriormente, aos 75 e 100 dias após a semeadura do milho, foram semeados a mucunapreta e o lab-lab em suas entrelinhas, de maneira semelhante ao sistema de cultivo solteiro. Pelos resultados obtidos, concluiu-se que a mucuna-preta ou o lab-lab semeados nas entrelinhas do milho aos 75 ou 100 dias após a sua semeadura não afetou a produtividade da gramínea; no consórcio, a quantidade de matéria seca produzida pela mucuna-preta foi bem superior à do lab-lab e a maior quantidade de matéria seca total foi produzida no sistema de consórcio milho + mucuna-preta semeada aos 75 DAS.
Termos para indexação: Mucuna-preta, lab-lab, milho, consorciação de culturas.
Effects of Sowing Times of Velvetbean (Stizolobium aterrimum) and Lab-lab (DolichoslLablab), Intercropped with Corn (Zea mays).
The trial was carried out in the experimental farm of UNESP at Selvíria county (MS), on alic and clayey Dark Red Latosol. The objective was to verify the effects of the sowing times of velvetbean (Stizolobium aterrimum Piper & Tracy) and lablab (Dolichos lablab L.) (75 and 100 days after the corn (Zea mays L.) sowing), in intercrop system or in single crop. The experimental design used was a randomized block with four replications, and seven treatments: corn, corn + velvetbean sowing at 75 days after corn sowing, corn + velvetbean sowing at 100 days after corn sowing, corn + lablab at 75 days after corn sowing, corn + lablab at 100 days after corn sowing, velvetbean, and lablab in single crop. The plots measured 16,2m wide and 10m long. It was used 250 kg.ha-1 of 4-30-10 (N, P2O5, K2O) in the corn crop, and 50 kg.ha-1 of nitrogen 38 days after seedling emergence. The velvetbean and lablab did not receive any fertilization. The sowing of corn Cargill 125, hibryd using 6 to 7 seeds per meter and 0.90 m inter row, was performed in 12/07/94. The results indicated that Stizolobium aterrimum and Dolichos lablab in intercrop, sowed 75 or 100 days after corn did not affect the crop productivity. The dry matter yield of S. aterrimum was higher than D.
lablab in intercrop, while the best productivity was obtained with corn + velvetbean intercrop sowed 75 days after corn.
Index terms: Velvethean, lab-lab, corn, intercrop.
O advento da adubação mineral possibilitou o uso mais intensivo do solo e, aliado à elevação do preço das terras, contribuiu para que a prática de adubação verde deixasse de ser utilizada em maior escala pelos agricultores. Porém, a elevação nos preços dos insumos básicos, principalmente dos fertilizantes dependentes de petróleo, associada à queda na produtividade das culturas, decorrente do mau uso do solo, evidencia hoje a necessidade de se buscar alternativas tecnológicas que, sem onerar a produção, ofereçam possibilidade de aumento na fertilidade, como forma de melhor aproveitamento e até melhoria dos recursos naturais. Segundo Fageria (1983), a capacidade intrínseca de produção agrícola dos solos está íntima e diretamente relacionada com os seus teores de matéria orgânica e de nitrogênio.
Por outro lado, é difícil manter um nível satisfatório desses dois componentes na maioria dos solos cultivados.
Assim, os métodos de adição e de manutenção de matéria orgânica devem ser considerados com antecipação em todos os programas de manejo dos solos cultivados.
Uma das técnicas capazes de possibilitar substancial economia de fertilizantes, principalmente nitrogenados, e proteger o solo contra os efeitos da erosão, é a adubação verde.
Observando o desenvolvimento do lab-lab (Dolichos lablab L.) em consórcio com o milho (Zea mays L.), Lovadini et al. (1972) concluíram que a semeadura da leguminosa durante um, dois, três ou quatro meses após a do milho, além de não afetar a produção da gramínea, possibilitou a obtenção de maior quantidade de matéria verde. Quando o lab-lab foi semeado mais tardiamente, não apresentou um bom desenvolvimento, dada a competição com o milho.
Em estudos desenvolvidos por Vitti et al. (1979), procurando verificar o efeito de cinco leguminosas (lablab, mucuna-preta, guandu, mucuna-rajada e feijão-deporco) sobre algumas características químicas de um Latossolo Vermelho Amarelo-fase arenosa, constatou-se que em um ano após a incorporação dos adubos verdes, o solo ainda não havia atingido o equilíbrio, embora, em relação à testemunha, houvesse ocorrido aumento significativo no teor de matéria orgânica e na capacidade de troca catiônica, além de uma maior acidificação do solo. Nascimento, Melo e Buzetti (1981), procurando avaliar os efeitos do desmatamento e da rotação de culturas sobre o teor de matéria orgânica de um solo sob vegetação de cerrado, verificaram tendência de aumento no teor de matéria orgânica, com tempo, nos tratamentos com rotação de culturas, principalmente naqueles em que se utilizou a soja rotacionada com milho ou arroz.
Segundo Bulisani e Braga (1985), um dos sistemas mais antigos e de utilização relativamente ampla é o plantio da mucuna-preta (Stizolobium aterrimum Piper & Tracy) em linhas alternadas, em associação ao milho na região da Alta Mogiana do Estado de São Paulo. Essa leguminosa desenvolve-se vigorosamente no período de fevereiro a junho, promovendo uma completa cobertura do solo e produção de quantidade considerável de fitomassa, principalmente se apoiada aos colmos secos do milho. Existe ainda a possibilidade da colheita de sementes de mucuna-preta, sendo então a incorporação da fitomassa realizada após essa operação.
Caso o interesse seja apenas a adubação verde, a incorporação é efetuada quando as plantas de mucuna-preta estão florescidas ou um pouco mais tarde, no início do período de frutificação.
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