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Efeito do ajustamento da produção de leite para período de serviço anterior sobre os valores genétic (página 2)

Nilson Milagres Teixeira, Ary Ferreira de Freitas, William José Ferreira, M

 

Material e Métodos

Utilizaram-se registros de produção e reprodução obtidos do Serviço de Controle Leiteiro da Associação dos Criadores de Gado Holandês de Minas Gerais. Os períodos de serviço foram calculados subtraindo-se 283 dias de intervalos de partos consecutivos. As produções de leite analisadas referiram-se a lactações normais e iniciadas em rebanhos-anos com no mínimo 20 lactações com duração de 120 a 450 dias, de vacas com primeira lactação conhecida. A produção de leite até 305 dias foi ajustada para duas ordenhas, conforme TEIXEIRA (1998). Os touros deveriam ter pelo menos cinco filhas em pelo menos três rebanhos e cada classe rebanho-ano-estação de parto filhas de pelo menos dois touros. Foram usadas 6877 lactações de 4673 vacas de segundas ou lactações seguintes, satisfazendo as restrições anteriores e com partos no período de 1992 e 1997. Um arquivo de "pedigree" com a identificação da vaca, pai e mãe de 46.369 animais, resultou em 62.885 indivíduos na matriz de parentesco usada em todas as análises com o modelo animal.

Os valores genéticos previstos para produção de leite até 305 dias foram obtidos usando-se três modelos animal. No primeiro (MOD01), não se considerou o período de serviço, ajustando-se os efeitos fixos de rebanho-ano-estação, grupo genético (1-Puras de origem, 2-Puras por cruza), efeito da idade ao parto como covariável até 2º grau e os efeitos aleatórios de animal, meio ambiente permanente e erro. As estações de parto consideradas foram: águas, de outubro a março e seca, de abril a setembro. No segundo modelo (MOD02), todos os efeitos anteriores foram considerados, incluindo-se também o período de serviço anterior. O terceiro modelo (MOD03) foi o mesmo MOD01, com a diferença de que as produções foram previamente padronizadas para 100 dias de período de serviço anterior, por meio de fatores de ajustamento, sugeridos por TEIXEIRA et al. (1999). O número de classes rebanho-ano-estação representadas foi de 1.210. Os valores genéticos de vacas e touros, obtidos por meio do sistema MTDFREML (BOLDMAN et al., 1995), foram comparados por intermédio de correlações de ordem.

Resultados e Discussão

As médias, os desvios-padrão e coeficientes de variação para produção de leite até 305 dias foram, respectivamente, 6221,7 kg, 1944,5 kg e 31,4% e para período de serviço 124,2 dias, 63,9 dias e 51,42%.

As estimativas dos componentes de variância e das heritabilidades da produção de leite até 305 dias, obtidas usando-se os três modelos propostos, foram semelhantes (Tabela 1). As médias e os respectivos desvios-padrão das confiabilidades dos valores genéticos para produção de leite das 100 melhores vacas e dos 10 melhores touros, obtidos pelos três modelos de análise, não diferiram e foram, respectivamente, 0,59±0,06 e 0,71± 0,14. As correlações de ordem entre os valores genéticos para vacas e touros estimadas pelos três modelos foram altas. Os valores genéticos obtidos pelo MOD01 e MOD02 foram 0,97 e 0,96, respectivamente, para vacas e touros e os obtidos pelo MOD01 e MOD03, 0,96 e 0,97. O número médio de mudanças de ordem e o número de animais excluídos usando-se MOD02 e MOD03 para diferentes porcentagens de vacas e touros selecionados pelo modelo 1 encontram-se na Tabela 2. Com o aumento da proporção selecionada de vacas, houve redução no número médio de mudanças de ordem. No caso dos touros, com o aumento da proporção selecionada, ocorreu maior número de trocas de posição.

Vacas entre as 2% melhores quanto aos seus valores genéticos pelo MOD01 apresentaram, em média, mudanças de nove e onze posições, respectivamente, quando MOD02 e MOD03 foram usados, comparadas com suas ordens obtidas com MOD01. À medida que se aumentou o número de animais selecionados, houve tendência de aumento de animais excluídos, de modo semelhante com o uso de MOD02 e MOD03. TEIXEIRA et al. (1999) analisaram dados de rebanhos das Regiões Sul e Sudeste do Brasil e utilizaram modelo de touro. Esses autores compararam valores genéticos dos touros para produção de leite até 305 dias, ajustada à maturidade, de 10.708 lactações, quando os períodos de serviço anterior e corrente foram incluídos e(ou) excluídos nos modelos de análise, encontrando correlações de ordem entre os valores genéticos de touros também próximos de um. A despeito dos resultados, argumentaram que o ajustamento afetou os valores genéticos, bem como removeu os efeitos de meio ambiente atribuído a período de serviço, sobre a produção. Neste trabalho, não houve alteração das confiabilidades médias dos valores genéticos e das correlações de ordem. Os valores genéticos das vacas foram mais afetados pelos ajustamentos que os valores genéticos dos touros. Oito (8,5%) e onze (11,8%) vacas não foram classificadas entre as 93 (2%) melhores quando avaliadas, segundo os modelos 2 e 3, respectivamente, comparados com a ordenação obtida pelo modelo 1. Na Tabela 3, encontram-se as 25 melhores vacas e os dez melhores touros, conforme MOD01, com suas classificações, valores genéticos e respectivas confiabilidades obtidos pelos três modelos. No caso dos touros, as diferenças entre os modelos são pequenas. O número máximo de excluídos foi seis, quando até 30% foram selecionados e o período de serviço foi ajustado no modelo de análise. Os valores genéticos das vacas podem ser usados para orientar descartes em rebanhos individuais. Quando o rebanho com maior número de vacas foi analisado e poucas foram descartadas com base nos valores genéticos obtidos pelo MOD01, houve maior variabilidade das porcentagens de vacas em comum usando-se MOD02 e MOD03 (Tabela 4). Entretanto, quando o descarte foi de 20 a 30% das vacas do rebanho, houve coincidência de, aproximadamente, 97% das mesmas, usando-se os diferentes modelos. Em vista destes resultados, possivelmente, não se justifica, por enquanto, o ajustamento para período de serviço anterior.

 

 

Conclusões

Os valores genéticos previstos das vacas foram mais afetados pela inclusão do período de serviço anterior no modelo ou o ajustamento prévio das produções para um período de serviço padrão do que os valores genéticos dos touros. Considerando-se que os valores genéticos são atualmente usados para orientar descartes e reposições de vacas nos rebanhos do Estado, possivelmente, por enquanto, não se justifica o ajustamento para período de serviço anterior.

Referências Bibliográficas

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Nilson Milagres Teixeira /1, William José Ferreira /2, Ary Ferreira de Freitas /1, Marcus Cordeiro Durães3, Márcio Nery Magalhães Junior /4
ferreirawj[arroba]uol.com.br
1. Pesquisador da Embrapa Gado de Leite e Bolsista do CNPq. E.mail: nilson[arroba]cnpgl.embrapa.br; ary[arroba]cnpgl.embrapa.br
2. Estudante de Pós-Graduação da UFV. E.mail:
ferreirawj[arroba]uol.com.br
3. Pesquisador da Embrapa Gado de Leite. E.mail:
dcm075[arroba]cnpgl.embrapa.br
4. Técnico da Associação de Criadores de Gado Holandês de Minas Gerais.



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