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O ensaio foi conduzido em pomar da Fazenda Novo Mundo, de propriedade do Sr. Antônio Luppi, no município de Viradouro, SP, em um talhão de laranjeiras da variedade Natal, com 6 anos de idade, plantadas no espaçamento 6 x 7 metros. As plantas encontravam-se medianamente enfolhadas, em razão da prolongada estiagem. Durante a condução do experimento ficaram suspensos quaisquer outros tratamentos fitossanitários com a finalidade de não prejudicar o programa experimental. Adotou-se o delineamento experimental de blocos casualizados onde 21 tratamentos foram repetidos 4 vezes. Os blocos foram constituídos de plantas que possuíam aproximadamente o mesmo número de ácaros, não se levando em consideração a localização das plantas no pomar. Cada unidade experimental constou de 3 plantas, sendo considerada como planta útil a central, e as demais, como bordadura.
Para cada 100 L de água foram estabelecidos os seguintes tratamentos: 500 mL de óleo mineral (Assist ou Triona) ou vegetal (Natur'l Óleo) adicionados às caldas dos acaricidas pyridaben nas formulações CE e PM (Sanmite), respectivamente 75 mL e 20 g; 100 mL de propargite (Omite 720 CE BR); 80 mL de óxido de fenbutatina (Torque 500 SC), 50 g de cyhexatin (Hokko Cyhexatin 500 PM).
A aplicação dos produtos foi efetuada em 19/10/94, com auxílio de um pulverizador tipo pistola, dotado de bico D6, tracionado por trator regulado a uma pressão aproximada de 300 lbf/pol2 e gastando-se 15 litros por planta, até o ponto de escorrimento da calda. Após a preparação da calda e agitação para homogeneização, ou seja, momentos antes da aplicação, foi determinado o pH, através de um pH-metro portátil.
Foram realizados vários levantamentos populacionais do ácaro da leprose no decorrer da condução do ensaio, tendo sido efetuado um antes, em 18/10/94 e os demais a 9, 23 e 37 dias após a aplicação. Coletaram-se, ao acaso, 10 frutos com sintomas de verrugose, colhidos ao redor da copa das árvores (Martinelli et al., 1976). As amostras de frutos foram acondicionadas em sacos de papel identificados e transportados para o laboratório de Acarologia da FCAV-UNESP, Câmpus de Jaboticabal. A retirada dos ácaros dos frutos foi feita com o auxílio de uma máquina de varredura. Os acarinos coletados na placa de vidro do equipamento foram contados com o auxílio de um microscópio estereoscópico (Oliveira, 1983).
Os dados meteorológicos registrados (precipitação e temperatura) 2 meses antes e durante a condução do experimento, foram fornecidos pela Estação Meteorológica da Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro, por encontrar-se próxima ao local do experimento.
Os dados observados nos levantamentos foram transformados em log (x + 1,50) e analisados pelo teste F e Tukey no esquema fatorial de 2 fatores com testemunha (sem óleo) (5 x 4), sendo 5 produtos e 4 óleos. Determinou-se o grau de insaturação das misturas aparentes (acaricidas + óleos) através do teste de índice de iodo pelo método de Hübl (Instituto Adolfo Lutz, 1985).
Os valores de pH das caldas de pulverização, determinados momentos antes da aplicação, indicam que os acaricidas adicionados à água causaram uma diminuição do pH da ordem de 0,46, em média, em relação ao da água, o mesmo acontecendo com os acaricidas mais o Assist (0,57) e Natur'l Óleo (0,47). Todavia, as misturas de acaricidas com Triona acarretam, em média, um acréscimo no pH da ordem de 0,51. A adição de óleos Assist e Natur'l Óleo pouco influiu no pH, uma vez que as reduções registradas foram muito próximas às reduções causadas pelos acaricidas; em contrapartida, o Triona causou um aumento em relação ao pH das caldas (água + acaricidas) de aproximadamente 1. A despeito desse acréscimo, a eficiência biológica dos acaricidas no controle do ácaro da leprose parece não ter sido afetada devido a essas alterações (Tabela 1).
Pela análise dos dados relativos ao levantamento prévio, constata-se que a área experimental encontrava-se uniformemente infestada, com nível populacional considerado elevado, ideal para estudos dessa natureza.
Verificou-se que, após 9 dias (Tabela 2), os acaricidas aplicados isoladamente apresentaram alta eficiência no controle do ácaro da leprose, não diferindo estatisticamente entre si; todavia, o mesmo não se observou com relação às misturas de acaricidas com óleos, onde o Natur'l Óleo teve uma influência negativa, o que não ocorreu em relação ao Triona.
Decorridos 23 e 37 dias da aplicação (Tabelas 2 e 3), os produtos pyridaben 750 PM, propargite 720 CE, óxido de fenbutatina 500 SC e cyhexatin 500 PM mostraram-se ligeiramente superiores ao pyridaben 200 CE. A alta eficiência desses produtos, exceto o pyridaben 200 CE, foi comprovada por Oliveira et al., 1991. Quanto à adição de óleos, verificou-se que o Natur'l Óleo prejudicou a eficiência do pyridaben 750 PM e cyhexatin, não se registrando nenhum efeito negativo sobre propargite e óxido de fenbutatina.
Para pyridaben 200 CE não houve diferença significativa ao tratamento sem óleo; já os óleos Assist e Triona (minerais) diferem do tratamento sem óleo e portanto podem ter seu efeito positivo considerado.
Cottas (1991) constatou que o óxido de fenbutatina 500 SC em mistura com óleo mineral Triona e óleo vegetal Natur'l Óleo, não teve sua eficiência melhorada em função da adição dos óleos.
Com relação ao Assist e Triona (Tabela 3), observou-se que esses óleos minerais não afetaram a eficácia de quaisquer dos produtos testados. Ressalta-se que o experimento foi conduzido após um período de prolongada estiagem com plantas apresentando um acentuado estresse hídrico, voltando a chover dias após a aplicação, o que provavelmente tenha causado direta ou indiretamente a diminuição da população na testemunha.
Pelos índices de iodo calculados (Tabela 4), pode-se constatar que as ligações insaturadas do óleo incorporam as moléculas de todos os acaricidas e não apenas daquelas que, no campo, foram menos eficientes em misturas com óleo; portanto, pelo teste efetuado não se pode inferir que o grau de insaturação tenha sido o responsável pela diminuição da eficiência dos acaricidas em misturas com óleos.
A diferença de comportamento entre o óleo vegetal e o mineral, provavelmente, seja em decorrência de suas composições, uma vez que o mineral é proveniente da destilação do petróleo, fração mais homogênea, e o vegetal é composto por um conjunto de diferentes gorduras, quimicamente distintas, normalmente insaturadas, heterogêneo e mais facilmente oxidável, o que pode afetar a eficácia do acaricida.
Outro aspecto que necessita ser melhor pesquisado é quanto ao efeito das chuvas sobre as misturas dos acaricidas pyridaben e cyhexatin com Natur'l Óleo.
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1. (Trabalho 149/2002).
Carolina Pirajá de OliveiraI; Carlos Amadeu Leite de OliveiraI; Wanderley José de MeloII
wjmelo[arroba]fcav.unesp.br
IDepartamento de Fitossanidade da FCAV/UNESP, Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n, 14884-900 – Jaboticabal, SP. E-mail: amadeu[arroba]fcav.unesp.br
IIDepartamento de Tecnologia da FCAV/UNESP, Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n, 14884-900 – Jaboticabal, SP. E-mail: wjmelo[arroba]fcav.unesp.br
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