ABSTRACT
A digitalização do sinal de transmissão da televisão – evento que já ocorre na Europa, Japão e Estados Unidos e já é discutido no Brasil – pode ocasionar uma mudança na atual programação da televisão. Já se pode perceber, por exemplo, tentativas de convergências entre TV e Internet. antes mesmo da implantação e definição de um padrão de TV digital no Brasil. Desde o final dos anos 90, está em atividade a "ALLTV" que é a primeira TV para Internet do país com 24 horas por dia de programação interativa (http://www.alltv.com.br), a TV UOL (http://www2.uol.com.br/tvuol), a InternetTV (http://www.internetv.com.br e o portal Terra que já teve o Jornal da Lílian (http://www.terra.com.br/jornaldalilian/) e que conta atualmente com o TV Terra são outros exemplos de conteúdo televisivo na Internet no Brasil. Apesar da baixa qualidade das imagens estas são experiências pioneiras no país buscando associar a linguagem televisiva à Internet. Neste estudo foi verificado a implantação, modificações e atual estrutura do UOL News.- programa de TV via internet do provedor/portal UOL (Universo On Line). Mesmo sendo um produto desenvolvido para melhor desempenho em Internet de alta velocidade, este híbrido de TV e Internet não apresenta grandes inovações nem exploram toda a potencialidade interativa que o meio Internet possibilita.
Palabras clave:
· brasil
· comunicación
· convergencia tecnológica
· internet
· televisión
Desde a sua criação na década de 1930 até o presente a televisão firmou-se como um produto cultural eminentemente industrial desenvolvido a partir de regras que visam a racionalização de sua produção. Padrões técnicos como a baixa resolução de imagem, programação linear, de caráter unidirecional que oferece opções limitadas serviram como os principais elementos de um sistema de produção que interferiram no produto a ser veiculado.
O avanço tecnológico permitiu que questões como a qualidade de som e imagem fossem alterados, contudo nada se fez sentir no formato dos programas. Mesmo a mudança mais significativa pela qual passou a TV - que foi o início da transmissão em cores no final da década de 50 - não causou grandes alterações neste quadro.
Porém, a digitalização do sinal de transmissão – evento que já ocorre na Europa, Japão e Estados Unidos e já é discutido no Brasil – pode ocasionar uma mudança na atual programação da televisão.
Com o surgimento da televisão digital um dos caminhos possíveis a ser seguido pelas redes televisivas brasileiras passa pela convergência entre Televisão e Internet – o que pode proporcionar ao receptor a possibilidade de interação com a programação.
O telespectador passa, então, a ter a possibilidade de "dialogar" com os programas televisivos. A unilateralidade dá lugar a bidirecionalidade. A programação linear contrasta com a hipertextualidade. As opções limitadas dão lugar à interatividade.
Já se pode perceber, por exemplo, tentativas de convergências destes meios antes mesmo da implantação da TV digital no país.
As conexões de banda larga de acesso a Internet se convertem em uma nova via de entrada de conteúdos televisivos. No Brasil, por exemplo, desde o final dos anos 90, está em atividade a "ALLTV" que é a primeira TV para Internet do país com 24 horas por dia de programação interativa (http://www.alltv.com.br), a TV UOL (http://www2.uol.com.br/tvuol), a InternetTV (http://www.internetv.com.br) e o portal Terra que já teve o Jornal da Lílian (http://www.terra.com.br/jornaldalilian/) e que conta atualmente com o TV Terra são outros exemplos de conteúdo televisivo na Internet no Brasil.
Apesar da baixa qualidade das imagens estas são experiências pioneiras no país buscando associar a linguagem televisiva à Internet.
Além das questões técnicas encontra-se a questão da convergência entre os diversos meios, em especial entre a TV e a Internet.
Deve-se considerar o fato da televisão ser um meio de comunicação de massa. Características como, programação linear, de caráter unidirecional que oferece opções limitadas as tornam diferente da Internet.
Contudo, fica a questão de como conciliar características opostas da Televisão e da Internet.
O primeiro ponto é que a TV é um meio de comunicação de massa e a Internet, pelo contrário, tem um público segmentado. Ou seja, os usuários da Internet assistem à televisão. Porém nem todos os telespectadores são internautas.
O segundo ponto se refere ao fato de que a Internet está em um ambiente de interfaces e apresenta uma linguagem hipertextual, isto é, a narrativa na Internet se caracteriza pela não-linearidade ao passo que na TV a linearidade dá a tônica à narrativa.
O terceiro ponto evidencia o fato de que a Internet é um meio bidirecional, (CEBRIÁN,1998: 51) ou seja, ela permite que haja a participação do receptor. Assim, a interatividade fica como característica marcante deste meio. Já a televisão é um meio unidirecional que oferece em sua programação opções limitadas
Neste trabalho destaca-se o UOL News – programa de cunho jornalístico exibido pela TV UOL, do portal UOL – Universo Online – Brasil por se tratar de um dos programas pioneiros em levar o conteúdo televisivo via internet.
O UOL – Universo Online é o maior provedor pago de acesso à Internet do Brasil. O empreendimento surgiu em abril de 1996 e hoje provê acesso em mais de mil cidades brasileiras e oferece também números locais de conexão em mais de catorze mil cidades no exterior (1).
A motivação para a escolha do UOL News como objeto de estudo deste trabalho parte de que o portal foi pioneiro no Brasil a desenvolver na TV UOL um canal de jornalismo interativo concebido para conexões de alta velocidade (banda larga) cuja principal temática é a economia.
O UOL News traz boletins noticiosos e analíticos diários em tempo real, todos disponíveis também "on demand"
Foi numa segunda-feira, 31 de julho de 2000 às 16h07min sob o comando do jornalista Paulo Henrique Amorim que aconteceu a estréia programa jornalístico multimídia de TV para Internet:UOLNews.
Informações, entrevistas, análises e comentários, além da presença de alguns dos mais importantes nomes do jornalismo brasileiro, como Elio Gaspari, Fernando Rodrigues, Ivan Lessa, Janio de Freitas, José Simão, Marília Gabriela, Mario Sergio Conti, Millôr Fernandes, Milton Neves, Sérgio Dávila e Téo José compunham a equipe do UOL
News. Depois de mais de quatro anos de sua estréia, o UOL News oferece um conteúdo diário de notícias e entretenimento. O que se percebe é que as temáticas relacionas à economia já não mais permanecem como um dos principais focos desta experiência multimídia.
A linguagem apresentada nos programas se aproxima da linguagem radiofônica: períodos simples, ordem direta, repetição, informalidade são as principais características presentes no UOL News.
A estrutura inicial do UOL News foi a seguinte. Houve uma subdivisão da temática economia em sete segmentos. Somente na home page observa-se temas relacionados à macroeconomia, política e notícias internacionais. As outras seis o seções - "Meu Dinheiro", "Meu Futuro", "Minha Casa", "Meu Carro", "Minha Carreira" e "Ninguém é de Ferro" - tratam da economia voltada especificamente para o usuário, ou seja, como os acontecimentos na macroeconomia afetam o consumidor no dia-a-dia.
Nestes quatro anos está estrutura foi se modificando paulatinamente conforme a resposta do público.
Hoje quem está no comando do UOL News é a jornalista Lillian Witte Fibe e as sessões disponíveis são: "Brasil", "Celebridades", "Cultura", "Economia", "Finanças Pessoais", "Internacional", "Monkey News", "Tas na Zona" e "Ùltimos Vídeos".
Mesmo sendo um produto desenvolvido para melhor desempenho em Internet de alta velocidade, este híbrido de TV e Internet não apresenta grandes inovações nem exploram toda a potencialidade interativa que o meio Internet possibilita.
O que se tem é praticamente a reprodução de um programa de televisão, nos moldes convencionais, na Internet. São poucos os recursos gráficos e até mesmo a possibilidade de "interação" fica restrita ao envio de correios eletrônicos – que são lidos pelo apresentador- e a algumas enquetes geralmente relacionadas com tema de grande repercussão.
O acesso ao UOL News também é limitado. Somente os assinantes do portal, após se identificarem com o código do assinante é podem assistir ao programa.
Ou seja, a Internet, que teoricamente seria um meio que propiciaria uma maior democratização da informação acaba além de excluir parte dos usuários da rede também cria uma segmentação de público: somente os assinantes do portal têm acesso ao conteúdo disponível.
Desta forma pode-se observar que a convergência Televisão-Internet não depende apenas de aspectos técnicos, mas também de como elaborar uma linguagem adequada para este meio da real democratização do meio.
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Notas
· [1] - Fonte: Universo Online http://sobre.uol.com.br acessado em 14/08/2004
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Este artículo es obra original de Alex Pereira de Moura y su publicación inicial procede del II Congreso Online del Observatorio para la CiberSociedad: http://www.cibersociedad.net/congres2004/index_es.html"
Alex Pereira de Moura
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