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ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO DE BARUERI
Características Gerais
A ETE Barueri localiza-se no município de Barueri, na margem esquerda do Rio Tietê, em terreno limitado por este curso d’água e pela estrada de ferro da FEPASA. No projeto original a ETE Barueri foi prevista para tratar 63 m3/s no ano 2000 em nove módulos de 7,0 m3/s cada, através da utilização do processo de lodo ativado com mistura completa por ar difuso. Este projeto foi revisto através do Plano Diretor de Esgotos da Região Metropolitana de São Paulo, de modo que, a ETE Barueri deverá ser implementado em duas etapas: a primeira tratando 9,5 m3/s e a segunda com capacidade final de 28,5 m3/s.
A produção de biossólidos prevista para o ano 2000 é de 133 toneladas por dia e para o ano 2015, 303 toneladas por dia, em base seca.
Unidades de Tratamento
Devido as grandes distâncias existentes entre as diversas unidades constituintes do processo de tratamento, optou-se por uma concepção de projeto onde as informações provenientes do sistema de instrumentação, fossem centralizados em nove painéis de controle, em locais estrategicamente distribuídos na planta. De acordo com essas centrais de informações, a estação foi subdividida em nove áreas descritas a seguir:
Área 1 - Poço distribuidor e elevatória final;
Área 2 - Grades mecanizadas, caixa de areia e tanques de pré-aeração;
Área 3 - Decantadores primários;
Área 4 - Tanques de aeração e compressores;
Área 5 - Decantadores secundários;
Área 6 - Adensadores, digestores e gasômetro;
Área 7 e 8 - Controle operacional da ETE;
Área 9 - Desidratação e condicionamento químico do lodo.
Qualidade do Biossólido Gerado na ETE Barueri
Os biossólidos produzidos em sistemas de tratamento biológicos podem poluir o meio ambiente devido aos seguintes aspectos:
Os metais pesados originários da atividade industrial podem estar presentes nos biossólidos, pois as ETEs recebem os esgotos sanitários que compõem de esgoto doméstico, águas de infiltração e esgoto industrial. O lançamento de efluentes industriais é regulamentado pelo artigo 19-A do Decreto 8.468, de 08/09/76, no Estado de São Paulo. Para a Região Metropolitana de São Paulo a presença de metais pesados é o principal aspecto poluidor dos biossólidos, sendo que o seu controle está sendo realizado na SABESP através do PREND - Programa de Recebimento de Efluentes Não Domésticos, que estabelece diretrizes e procedimentos para os lançamentos de efluentes industriais.
Os organismos patogênicos são inerentes aos esgotos sanitários e consequentemente aos biossólidos. A sua presença causa um problema potencial de poluição na medida em que se verifica a possibilidade da sua disseminação pelo meio ambiente. A combinação de organismo patogênico com a matéria orgânica causará um outro tipo de problema ambiental que se refere a atração a vetores.
São apresentados na tabela 1 as análises de metais pesados em biossólidos da ETE Barueri realizadas através do Acordo de Cooperação Técnica. Nessa tabela, também, estão apresentados os limites estabelecidos pela norma norte americana EPA 40 CFR Part 503 para biossólido de excepcional qualidade para uso agrícola e o limite máximo de metais pesados que podem estar contidos em biossólidos a serem utilizados na agricultura, conforme norma CEBESB P. 4.230 - "Aplicação de Lodos de Sistemas de Tratamento Biológico em Áreas Agrícolas - Critérios para Projeto e Operação" de agosto de 1999. Observa-se que, a SABESP vem monitorando sistematicamente o biossólido da ETE Barueri, tendo sido realizada uma quantidade bastante grande de análises, cujos resultados são semelhantes aos apresentados na tabela 1.
(1) Em 1999 foi utilizado polímeros para o condicionamento do biossólido, sendo que para os demais anos o condicionamento foi por cal e cloreto férrico.
(2) A análise de março/97, foi realizada no Canadá .
(3) A análise de dezembro/99 foi realizado na UNESP/Jaboticabal.
NR- Análise não realizada.
(*) Todas as demais análises foram realizadas no laboratório da CETESB - São Paulo
Observa-se pela tabela.1, o biossólido produzido na ETE Barueri classifica-se como de excepcional qualidade para uso agrícola, segundo a norma norte americana EPA 40 CFR Part 503, referente aos anos 1997 e 1999.
Quanto aos dados de 1998, o biossólido enquadra-se no limite estabelecido pela norma Cetesb, exceto quanto ao teor de níquel. Pelas pesquisadas realizadas em campo, apesar do teor de níquel no biossólido estar eventualmente acima da recomendada, não foram detectados efeitos nocivos às plantas.
Outro aspecto que deve ser observado, é o fato de que as análise efetuados em 1997 e 1998, foram referentes aos biossólidos condicionado com cal e cloreto férrico, com dosagem em torno de 25% e 10% respectivamente, enquanto que, em biossólidos produzidos em 1999, foi utilizado o polímero catiônico para o condicionamento do biossólido, sendo que em ambos os casos, o desaguamento foi realizado por filtro prensa de placas.
Organismos patogênicos
Pela norma norte americana EPA 40 CFR Part 503 o biossólido para uso agrícola pode ser classificado em Classe A e Classe B dependendo de teores de patógenos. A tabela.2 apresenta as recomendações norte americanas, onde também são apresentados os processos de redução adicional de patógenos. Os biossólidos Classe A podem ser utilizados na agricultura sem nenhuma restrição, enquanto que, para o uso dos biossólidos Classe B, são determinados pela EPA algumas restrições em função da cultura e das atividades na área de aplicação do biossólido.
NMP/gST - Número mais provável por grama de Sólidos Totais.
UFC/gST - Unidades Formadoras de Colônias por grama de Sólidos Totais.
Na tabela 3 são apresentados os resultados das análises microbiológicos e parasitológicos realizadas no biossólido da ETE Barueri, através do Acordo de Cooperação Técnica. Observa-se que, também neste caso, a Sabesp vem monitorando sistematicamente o biossólido produzido na ETE Barueri, e os resultados desse monitoramento são semelhantes às análises apresentadas na tabela 3.Pelas análises apresentadas, os biossólidos produzido em 1998 podem ser consideradas biossólido Classe A, enquanto que, para os anos 1997 e 1999 são classificados como biossólido Classe B, observando-se que em 1999 foi utilizado o polímero para o condicionamento do biossólido. Evidentemente, não se pode classificar o biossólido produzido na ETE Barueri, em função das nove análises apresentadas neste trabalho. Entretanto, considerando uma quantidade muito maior de análises realizado pela Sabesp, chega-se as mesmas conclusões, ou seja, a ETE Barueri quando se utiliza para o condicionamento o cal e cloreto férrico, produz o biossólido Classe A ou biossólido Classe B. Para efeito de aplicação nas pesquisas de uso agrícola, considerou-se o biossólido como Classe B.
(*) Em 1999 foi utilizado polímeros para o condicionamento do biossólido, sendo que para os demais anos, o condicionamento foi por cal e cloreto férrico.
(**) Todas as análises foram realizadas no laboratório da CETESB - São Paulo
O nível de fertilidade dos solos em estudo, por ocasião de sua instalação era: pH (CaCl2)= 5,7 e 5,7; P(resina)= 67 e 44 mmolc dm-3; MO= 34 e 20 g dm-3; K= 4,9 e 2,2; Ca= 41,2 e 26,7; Mg= 18,6 e 10,6; H+Al= 22 e 16 mmolc dm-3 para os solos LR e LE, respectivamente.
O biossólido estudado foi obtido na Estação de Tratamento de Esgoto de Barueri da SABESP, localizada na Região Metropolitana de São Paulo, com a seguinte composição: umidade= 68,6%, N-Kjeldahl= 0,64%, P= 0,33%, K= 0,097% (base umidade natural, ano agrícola 1997/98) e umidade= 63,3%, N-Kjeldahl= 3,73%, P= 1,13%, K= 0,17% (base seca ao ar, ano agrícola 1998/99). As sementes de milho usadas foram os híbridos SA (1997/98) e AG 122 (1998/99).
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, constituído por 4 tratamentos (doses de biossólido) em 5 repetições, perfazendo um total de 20 parcelas. Os tratamentos utilizados foram: testemunha [sem aplicação de fertilizantes no primeiro ano agrícola e com aplicação de fertilizantes minerais no segundo ano - 15, 20 e 20 kg ha-1 de N, P2O5 e K2O (plantio) + 60 Kg ha-1 de N em cobertura, 35 dias após a semeadura], 2,5 (L1), 5,0 (L2) e 10,0 (L3) Mg ha-1, base seca, de biossólido. A dose de biossólido 5,0 Mg ha-1 era a que continha o nitrogênio requerido pela cultura do milho, considerando-se que 1/3 do nitrogênio contido no biossólido torna-se disponível para a cultura no primeiro ano após sua aplicação.
No ano agrícola 1997/98, o fósforo requerido pela cultura foi completado com superfosfato simples (18% de P2O5), considerando-se que todo o P do biossólido torna-se disponível para a cultura, também no primeiro ano após a aplicação do biossólido. Foram aplicados 50, 40 e 33 Kg ha-1 de P2O5 para os tratamentos L1, L2 e L3, respectivamente. O potássio requerido pelas plantas (32 kg ha-1 de K2O) foi completado na forma de KCl (fertilizante comercial), contendo 58% de K2O. Assim, aplicaram-se 29, 26 e 20 Kg ha-1 de K2O para os tratamentos L1, L2 e L3, respectivamente. desconsiderando-se o teor do elemento contido no biossólido.
aplicaram-se 33, 44 e 50 kg ha-1 de P2O5, para os tratamentos L1, L2 e L3, respectivamente.
No ano agrícola 1998/99, o tratamento testemunha recebeu a seguinte fertilização mineral: LR- 15, 20, 20 Kg ha-1 de N, P2O5 e K2O + 60 Kg ha-1 de N em cobertura, 35 dias após a semeadura; LE-15, 20, 20 Kg ha-1 de N, P2O5 e K2O, respectivamente, aplicados na linha por ocasião da semeadura. A adubação de cobertura foi a mesma do solo LR. Os tratamentos com biossólido receberam complementação com fertilizante mineral apenas na semeadura, constituída por 30 kg ha-1 de K2O, aplicados no sulco de semeadura.
Por ocasião da instalação do experimento, a área em estudo sofreu uma aração, seguindo-se a aplicação de calcário dolomítico na dose de 2,5 Mg ha-1, calculada para elevar a saturação por bases a 70%, dose essa empregada para os dois solos. Procedeu-se, então, a uma gradagem com a finalidade de incorporação do calcário e, antes da semeadura, a uma nova gradagem, com a finalidade de nivelamento do terreno.
Imediatamente antes da semeadura, o biossólido, com sua umidade natural, foi aplicado sobre a superfície do terreno, seguindo-se incorporação por meio de uma gradagem leve (grade de nivelamento totalmente aberta).
As parcelas, com dimensões de 54 m2 (6 x 0,9m) foram então sulcadas e o adubo mineral (quando usado) aplicado no sulco. A semeadura foi então realizada, utilizando-se cerca de 10 sementes por metro linear.
Quando as plantas apresentavam cerca de 10 cm de altura, foi feito um desbaste, deixando-se 7 plantas por metro linear. A cultura foi conduzida sem irrigação, fazendo-se apenas o controle químico da lagarta do cartucho e o controle de plantas daninhas por meio de aplicação de herbicidas. No segundo ano agrícola, o experimento foi conduzido nas mesmas parcelas e da mesma forma que no ano de instalação, com pequenas modificações: no mês de novembro, foi feita aplicação de herbicida, seguindo-se o rebaixamento da massa vegetal por meio de triton; seguiu-se uma gradagem leve (grade niveladora) antes da aplicação do biossólido, também usada para a incorporação do biossólido. Não foi feita nova calagem.
Aos 92 dias após a semeadura (21/03/1999), foi feita a amostragem de das plantas, coletando-se 10 plantas por parcelas escolhidas ao acaso das 3 linhas centrais desconsiderando-se as plantas localizadas nas extensões de 1 metro das extremidades das linhas de plantio, nas parcelas experimentais. Procedeu-se à coleta das plantas através da incisão do colmo bem rente ao solo. As plantas colhidas de cada parcela foram reunidas e atadas por amarras plásticas contendo etiqueta com a identificação da parcela.
No laboratório procedeu-se à separação das seguintes partes a saber: espiga que foi subdivida nas seguintes frações: palhas, sabugos e grãos, além de caule e folhas, que foram agrupados numa única fração. Esses materiais, assim subdivididos, foram submetidos à lavagem, em seqüência, com água, água destilada, e água desmineralizada. Os materiais úmidos foram mantidos por uma noite sobre balcões para a drenagem do excesso de água. Em seguida foram dispostos em estufa com circulação forçada de ar (60-70ºC) até que fosse atingido peso constante. Nessa condição procedeu-se à pesagem, determinando-se o peso de material seco produzido de cada uma das frações consideradas. Além da análise de variância e teste de Tukey para comparação de médias, procedeu-se à análise de correlação estatística entre a produção de material seco de grãos e demais variáveis.
A produção de material seco de palha de milho (Tabela 4) no solo LR, para os dois anos agrícolas considerados, não foi influenciada pela aplicação de biossólido. Os valores obtidos nos dois anos considerados não apresentaram diferenças entre si, embora seja possível observar tendência de superioridade dos resultados obtidos no segundo ano. No solo LE, com exceção da maior dose de biossólido, os resultados do ano agrícola 1998/99 foram superiores, sendo provável conseqüência, nos casos das parcelas que receberam biossólido, do efeito cumulativo de 2 incorporações de material orgânico (biossólido). Esse efeito residual da matéria orgânica no solo é decorrente da sua lenta decomposição (LOPES, 1989), proporcionando liberação gradual de nutrientes, especialmente de N, P, S e micronutrientes, o que aumenta a possibilidade de aproveitamento por parte das plantas. O comportamento do tratamento testemunha deve-se ao fato de que no segundo ano (1998/99) o mesmo passou a receber fertilizantes minerais nas doses recomendadas para a cultura no Estado de São Paulo.
Médias seguidas de letras distintas diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%. Letras minúsculascomparação na horizontal.
A produção de material seco de sabugos de milho (Tabela 5) não foi influenciada pela incorporação de biossólido nos solos. Para os dois solos estudados observa-se tendência de superioridade dos valores obtidos no primeiro ano. Essa tendência, embora não tenha confirmação da análise estatística deve ser função de características intrínsecas dos cultivares de milho empregados, as quais foram diferentes em cada um dos anos agrícolas estudados.
Médias seguidas de letras distintas diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%. Letras maiúsculas - comparação na vertical.
A produção de caules + folhas (Tabela 6) sofreu influência da incorporação de biossólido apenas no solo LR.
Contudo, somente as parcelas que receberam 10 Mg ha-1 foram superiores ao tratamento testemunha.
Médias seguidas de letras distintas diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%. Letras maiúsculas - comparação na vertical. Letras minúsculas - comparação na horizontal.
Os resultados obtidos no ano (1998/99) foram superiores aos obtidos no ano anterior deve a fatores como fertilização mineral do tratamento testemunha e efeito de 2 aplicações sucessivas de matéria orgânica através do biossólido. No solo LE os tratamentos não exerceram influência sobre a variável estudada. Observa-se tendência de superioridade das parcelas que receberam biossólido apenas no ano agrícola 1997/98 quando, nas parcelas correspondentes ao tratamento testemunha, não se aplicou fertilizantes minerais. A comparação de cada tratamento nos dois anos agrícolas indica que o tratamento testemunha, no segundo ano, foi superior por conta não só da fertilização mineral, mas também como conseqüência do híbrido utilizado.
Os resultados de biomassa vegetal produzida por caule + folhas, em função da incorporação de biossólido no Latossolo Roxo, tem explicação na matéria orgânica presente no biossólido. LOPES(1989) menciona que a matéria orgânica, quando acrescida aos solos, promove: a ocorrência favorecida de controle biológico por implementar o crescimento de microrganismos do solo; redução de intensidade nos sintomas de toxidez de pesticidas e outras substâncias; aumento do estado de agregação das partículas do solo, melhorando sua estrutura e aeração; intensificação do poder tampão do solo; aumento da CAD e CTC do solo; solubilização de nutrientes no solo e a disponibilização gradativa dos mesmos às plantas em decorrência da lentidão no processo de sua decomposição; a viabilização da absorção de micronutrientes e o surgimento de fatores promotores do crescimento vegetal. Os resultados encontrados neste trabalho são concordantes com os encontrados por Mostaghini et al., 1988; Rappaport et al. 1988; Adamu et al., 1989; Alguz, 1993; André, 1994; Volpe, 1995; Berton, 1997, citados por MELO & MARQUES (2000).
Além da matéria orgânica, o cálcio, acrescido ao solo através do biossólido (higienizado com cal), promoveu aumento nos teores de bases trocáveis e redução na acidez potencial do solo (MELO et al. , 2000), o que veio a favorecer, também, o desenvolvimento vegetativo das plantas. CARVALHO & RAIJ (1997), estudando o efeito de diferentes fontes de cálcio na redução da acidez do solo e enraizamento de plantas de milho cultivadas em Latossolo Roxo Ácrico da região de Ribeirão Preto - SP, encontraram que acidez do solo apresentou severa restrição ao desenvolvimento das raízes e parte aérea das plantas de milho, vindo, também, a corroborar com os resultados obtidos nesse trabalho.
A produção de material seco de grãos de milho (Tabela 7) foi afetada pela incorporação de biossólido apenas no solo LR. Nos dois anos agrícolas estudados, apenas a maior dose de biossólido foi superior ao tratamento testemunha. No solo LE, a única diferença observada refere-se aos valores encontrados para o tratamento testemunha nos dois anos agrícolas, com superioridade significativa para o segundo ano. De maneira geral, verifica-se tendência de maior produção de material seco de grãos no segundo ano agrícola. Essa tendência pode ser explicada como sendo conseqüência da liberação gradativa de nutrientes através da degradação da matéria orgânica e efeito dessa como condicionadora de solo.
Médias seguidas de letras distintas diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%. Letras maiúsculas - comparação na vertical. Letras minúsculas - comparação na horizontal.
Esses resultados refletem os efeitos do aumento dos níveis de matéria orgânica do solo na produtividade de grãos de milho. ALBUQUERQUE et al. (1996), estudando a variabilidade espacial do solo Podzólico Vermelho Amarelo e de plantas de milho, verificaram a ocorrência de correlação linear positiva significativa entre produtividade de grãos e espessura do horizonte A (horizonte que concentra a matéria orgânica no solo). Neste caso, a cada centímetro de redução na espessura desse horizonte, os autores encontraram decréscimo equivalente a 42,9 Kg ha.ano-1 na produtividade de grãos. Mencionam, também, que parte desses resultados devem ser atribuídos à ocorrência, nesse tipo de solo, de horizonte B textural, o qual restringe o crescimento do sistema radicular das plantas. Por outro lado, ABRUNÃ et al. (1970) salientam que a redução da disponibilidade do alumínio no solo pode aumentar a produtividade de grãos na cultura do milho.
Mencionam, ainda, que a redução da saturação de alumínio de 40 para 0% proporcionou aumento da produtividade de grãos de 1,71 para 2,79 Mg ha-1. Este efeito também ocorreu no presente trabalho. Dados apresentados por MELO et al. (2000) ressaltam a expressiva redução da acidez potencial do solo decorrente da incorporação de biossólido.
– Os maiores coeficientes de correlação linear ocorreram, no ano agrícola 1997/98 entre a produção de matéria seca dos grãos e matéria seca dos sabugos (r = 0,79*). Para o ano agrícola 1998/99, as melhores correlações lineares estabelecidas com a produção de material seco dos grãos foram: a produção de material seco do sabugo (r = 0,64*) e produção de material seco de caule + folhas (r = 0,65*).
– No primeiro ano agrícola, em que a testemunha não recebeu fertilização mineral, no solo LE a maior dose de biossólido afetou a produção de palha, mas isso não foi suficiente para aumentar a produção de grãos. No solo LR a maior dose de biossólido afetou a produção de caule + folha e a produção de grãos.
– No segundo ano agrícola, em que o tratamento testemunha recebeu fertilização mineral, no solo LE nenhuma das variáveis avaliadas foi afetada, o que significa que a dose 2,5 Mg ha-1 de biossólido proporcionou à cultura desempenho comparável ao da fertilização mineral.
– No solo LR a maior dose de biossólido afetou a produção de caule + folhas e a produção de grão que foram maiores do que na testemunha.
– Os dados até então obtidos mostram que o solo LE respondeu menos à aplicação de biossólido, provavelmente devido à elevação do pH causada pelo biossólido em função do seu baixo poder tampão, o que sugere a necessidade da realização de novas pesquisas objetivando verificar os fatores limitantes de resposta.
1. ABRUNÃ, F.R.; CHANDLER, J.V.; PEARSON, R.W.; SILVA, S. Crop response to soil acidity factors in Ultissol and Oxisols: I. Tobacco. Soil Sci. Soc.Am. Proc.Madison, v. 34, p.629-634, 1970.
2. ALBUQUERQUE, J.A.; REINERT, D.J.; FIORIN, J.E. Variabilidade de solo e planta em Podzólico Vermelho Amarelo. R. Bras. Ci. Solo, Campinas, v.20, p. 151-157, 1996.
3. BRENDECKE, J.K.; PEPPER, I.L. The extent of global pollution. In: PEPPER, I.L.; GERBA, C.P.; BRUSSEAU, M.L.; BRENDECKE, J.W. (Eds.). Pollution Science. London, UK: Academic Press, 1996. p.3-8. 397p.
4. CARVALHO, M.C.S.; RAIJ, B. Van. Calcium sulphate, phosphogypsum and calcium carbonate in the amelioration of acid subsoils for root growth. Plant and Soil, v.192, p.37-48, 1997.
5. LOPES, A.S. Manual de Fertilidade do Solo. São Paulo, ANDA/POTAFOS, 1989. 153p.
6. MELO, W.J. ; MARQUES, M.O. O potencial do lodo de esgoto como fonte de nutrientes para as plantas. In: BETTIOL, W. ; CAMARGO, O.A. (Eds.) O impacto ambiental do uso agrícola do lodo de esgoto . Jaguariuna, SP: EMBRAPA Meio Ambiente, 2000. p.109-141. 312p.
7. MELO, W.J.; TSUTIYA, M. T.; MARQUES, M.O.; SOUZA, A.H.C.B. Nível de fertilidade em solos tratados com biossólido oriundo da estação de tratamento de esgoto de Barueri, localizada na região metropolitana de São Paulo, e cultivada com milho. In: XXVII CONGRESSO INTERAMERICANO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL: ABES/AIDIS. Porto Alegre, RS, 3 a 8 de dezembro de 2000. CD ROOM.
Marcos Omir Marques(1)
Engenheiro Agrônomo formado pela ESALQ/USP. Realizou curso de mestrado em Tecnologia de Alimentos e de doutorado na área de Solos e Nutrição de plantas na mesma instituição. É Professor Livre-Docente e Adjunto pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - Unesp, em Jaboticabal - SP, onde é professor na área de tecnologia do açúcar e álcool. Desenvolve pesquisas com o aproveitamento de resíduos na agricultura, metais pesados e impacto ambiental. É consultor científico do CNPq, Fapesp, Finep, e SABESP.
Milton Tomoyuki Tsutiya
Engenheiro Civil formado pela Escola Politécnica da USP (1975). Mestre em Engenharia pela Escola Politécnica da USP (1983). Doutor em Engenharia pela Escola Politécnica da USP (1983). Professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da USP, desde 1982. Coordenador de Pesquisa da Superintendência de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da SABESP.
Wanderley José de Melo
Engenheiro Agrônomo formado pela ESALQ/USP. Realizou cursos de mestrado e doutorado na área de Solos e Nutrição de Plantas na mesma instituição. É Professor Livre Docente, Adjunto e Titular pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - UNESP, em Jaboticabal, SP, onde é professor na área de bioquímica do solo, atuando a nível de graduação e de pós-graduação. Desenvolve pesquisas sobre enzimas do solo, matéria orgânica do solo, aproveitamento de resíduos urbanos e industriais na agricultura, recuperação de áreas degradadas, metais pesados e impacto ambiental. Foi vice-diretor e diretor da FCAV, pró-reitor da UNESP, vice-presidente da ABEAS. É consultor científico da FAPESP, do CNPq, das revistas Pesquisa Agropecuária Brasileira e Revista Brasileira de Ciência do Solo, dentre outras.
André Heli Coimbra Botto e Souza
Engenheiro mecânico formado pela FEI. Trabalha desde 1986 para a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental - Cetesb onde, entre outras atividades, tomou parte no desenvolvimento de estudos e pesquisas sobre tratamento de efluentes domésticos e industriais. Está atualmente lotado no Setor de Projetos e Ações Especiais da Diretoria de Recursos Hídricos e Engenharia Ambiental da empresa.
Endereço(1): Rua Floriano Peixoto, 1200 - apto 903 - Jardim Patriarca - Jaboticabal - SP - CEP: 14870-810 - e-mail: omir[arroba]fcav.unesp.br
Marcos Omir Marques(1); Milton Tomoyuki Tsutiya; Wanderley José de Melo
wjmelo[arroba]fcav.unesp.br
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