Artigo original: "Pesq. agropec. bras., Mar 2006, vol.41, no.3, p.399-407. ISSN 0100-204X"
O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho agronômico e econômico do milho em cinco níveis de manejo e três épocas de semeadura. O experimento foi conduzido nos anos agrícolas 2001/2002 e 2002/2003, em Eldorado do Sul, RS, Brasil. Os tratamentos constaram de três épocas de semeadura (agosto, outubro e dezembro) e cinco níveis de manejo (baixo, médio, alto, potenciais I e II), diferenciados quanto à espécie de cobertura do solo no inverno, à cultivar, ao arranjo de plantas, ao nível de adubação química, ao regime hídrico e ao controle de plantas daninhas, pragas e doenças. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, dispostos em parcelas subdivididas, com quatro repetições. O fator época de semeadura foi locado na parcela principal e os níveis de manejo, na subparcela. Com a melhoria das práticas de manejo e adoção de cultivares com maior potencial produtivo, houve maior rendimento de grãos nas semeaduras de agosto e de outubro, o que propiciou maior retorno econômico, principalmente na semeadura de outubro. Em dezembro, não ocorreu retorno econômico ao maior investimento realizado em manejo. Em agosto e outubro, foi possível associar as máximas eficiências técnica e econômica, por meio do aumento do nível de manejo e da escolha de cultivar com maior potencial de rendimento.
Termos para indexação: Zea mays, eficiência técnica e econômica, cultivares, regime hídrico, rendimento de grãos, margem bruta.
The objective of this work was to evaluate agronomic and economic performance of maize in five management levels and three sowing times. The experiment was conducted in 2001/2002 and 2002/2003, in Eldorado do Sul, RS, Brazil. Treatments consisted of three sowing times (August, October and December) and five management levels (low, average, high, potential I and II) which varied in relation to the soil winter cover, cultivar, plant arrangement and the level of chemical fertilizer, water supply and weed, insect and disease control. A randomized block design was used with split-plots and four replications. Sowing times were located in the main plots and the management level in the split-plots. The increments in maize yield in response to investments in management and cultivar were higher in August and October, and resulted in higher economic return, mainly in October. In December sowing, there was no economic return for the highest investment in management level. In August and October, it was possible to associate maximal economic and technical efficiencies through the management level increase and the choice of the greater potential yield cultivar.
Index terms: Zea mays, agronomic and economic efficiency, cultivars, water regime, grain yield, gross margin.
A manifestação do potencial de rendimento de grãos das culturas depende de fatores genéticos e de condições favoráveis de ambiente e de manejo (Bugbee & Salisbury, 1988; Evans & Fischer, 1999). Em regiões de clima subtropical, como no Rio Grande do Sul, além da posição geográfica, os fatores ambientais exercem influência na época de semeadura. As variações da temperatura do ar, das disponibilidades de radiação e hídrica influenciam a fenologia, o crescimento e o desenvolvimento da planta (Lozada & Angelocci, 1999; Stone et al., 1999). O potencial de rendimento de grãos, definido pela interação genótipo-ambiente (Loomis & Amthor, 1999; Tollenaar & Lee, 2002), pode ser maximizado por meio da escolha adequada da época de semeadura, sem sobrecarregar, significativamente, o custo de produção.
Além dos fatores intrínsecos à planta e das condições climáticas da região de cultivo, o manejo dado à cultura interfere na produção de fitomassa, na interceptação da radiação solar e na acumulação de fotoassimilados e, portanto, no rendimento de grãos (Argenta et al., 2001). O potencial de rendimento de grãos, a ser obtido em cada época de semeadura, dependerá principalmente da quantidade de radiação solar incidente, da eficiência de interceptação e de conversão da radiação interceptada em fitomassa, e da eficiência de partição de assimilados à estrutura de interesse econômico (Andrade, 1995). A quantidade de radiação incidente disponível varia com a posição geográfica de cada região produtora de grãos, ou seja, com sua latitude e altitude (Gardner et al., 1985; Stone et al., 1999), e de acordo com a época de semeadura da cultura. A eficiência de interceptação da radiação e de sua conversão e partição em produtos orgânicos depende de fatores climáticos, com destaque para temperatura do ar e disponibilidade hídrica; fatores edáficos, com ênfase na fertilidade natural, estrutura e textura do solo; e do manejo, destacando-se práticas culturais que interfiram sobre o arranjo de plantas (Argenta et al., 2001; Sangoi, 2001).
Nas últimas três safras agrícolas (2001/2002 a 2003/2004), os rendimentos médios de grãos de milho obtidos pelos produtores brasileiros situaram-se em torno de 3,3 t ha-1 (Conab, 2004). Sangoi et al. (2003), ao avaliar o retorno técnico e econômico da cultura do milho, em cinco níveis de manejo, em Eldorado do Sul, RS (Depressão Central), e em Lages, SC (Planalto Serrano), obtiveram rendimentos bem superiores a essa média. Nos dois locais, o rendimento de grãos e a margem bruta obtida por hectare aumentaram com a elevação do nível de manejo utilizado, tendo variado de 3 a 15 t ha-1 e R$ 105,00 a R$ 725,00, em Eldorado do Sul, RS, e de 3,2 a 15,9 t ha-1 e R$ 131,00 a R$ 1.093,00, em Lages, SC. Nesse estudo, foi determinada a resposta do milho à melhoria do nível de manejo em apenas uma época de semeadura – a de outubro. Isso pode ser atribuído ao uso de variedades com baixo potencial produtivo, à época de semeadura inadequada, à densidade de plantas, ao estresse hídrico e nutricional, e às deficiências no controle de pragas, doenças e plantas daninhas durante estádios críticos de desenvolvimento da planta, podendo ocorrer efeito isolado ou interação entre estes.
O estudo do potencial de rendimento de grãos de milho, em diferentes níveis de manejo e épocas de semeadura, possibilita a identificação dos fatores ambientais que limitam seu cultivo, em cada época de semeadura. Com base no conhecimento e na mensuração dos fatores que interferem no rendimento de grãos, nos diferentes níveis e sistemas produtivos, poderão ser traçadas estratégias de manejo e adotadas indicações viáveis, para minimizar ou superar as deficiências verificadas em cada nível de manejo utilizado. Com isso, a identificação de sistemas de manejo adequados para cada época de semeadura permitirá ao produtor rural otimizar os recursos existentes na propriedade e maximizar a renda bruta, preservando os recursos do ambiente.
O objetivo deste trabalho foi avaliar, durante duas estações de crescimento, o desempenho agronômico e econômico do milho, em cinco níveis de manejo e em três épocas de semeadura.
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