Esta pesquisa toma como objeto de investigação a concepção de relevo dos alunos do ensino fundamental e procura descobrir como eles estabeleciam a relação entre conhecimento cotidiano e conhecimento escolar. O contexto da pesquisa foi uma escola pública em Cáceres-MT, do qual participaram: dez alunos voluntários de duas turmas na faixa etária entre 10 e 11 anos, matriculados na 2ª fase do 2º ciclo do Ensino fundamental.
O procedimento de coleta de dados foi realizado por meio de desenho, gravuras, globo terrestre e entrevista com os participantes. Para a análise dos dados tomamos como referência a Teoria da Aprendizagem Significativa, discutida por Ausubel, que define o conceito de aprendizagem significativa como um processo pelo qual uma nova informação se relaciona com um aspecto relevante da estrutura de conhecimento do indivíduo. Concluímos que não houve aprendizagem significativa, haja vista que as informações acerca do conceito de relevo permaneceram como foram adquiridas espontaneamente, e a teoria afirma que assimilação de novos conceitos se determina pela recepção dos atributos criteriais que caracterizam o referido conceito e pelo relacionamento desses atributos com idéias relevantes em sua estrutura cognitiva.
PALAVRAS-CHAVE: Aprendizagem Significativa, aprendizagem, conhecimento cotidiano, conhecimento escolar
A partir da implementação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (MEC – 1997), a Geografia trabalha diferentes noções espaciais e temporais, introduzindo no cotidiano escolar um novo contorno conceitual e epistemológico como uma proposta curricular orientadora das práticas docentes nas diferentes regiões brasileiras.
Este documento determinou para esta área um dos objetivos para o ensino fundamental: "conhecer a organização do espaço geográfico e o funcionamento da natureza em suas múltiplas relações, de modo a compreender o papel das sociedades em sua construção e na produção do território, da paisagem e do lugar" (Brasil, 2000, p. 121), sugerindo que o ensino desta Ciência desenvolva uma compreensão da categoria de paisagem local.
Assim, entre os diferentes conceitos que compõem esta categoria, insere-se o conceito de relevo como uma possibilidade do aluno estabelecer a relação entre o conhecimento escolar e a paisagem na qual se inscreve, a fim de compreendê-la na sua totalidade, identificando as diferentes formas e os elementos que a constitui, conceito este que Casseti (1991) denomina como:
(...) componente desse estrato geográfico no qual vive o homem, [que] constitui-se em suporte das interações naturais e sociais. Refere-se, ainda, ao produto do antagonismo entre as forças endógenas e exógenas, de grande interesse geográfico, não só como objeto de estudo, mas por ser nele – relevo – que se reflete o jogo das interações naturais e sociais (1991, p.34).
A partir da compreensão do conceito de relevo como resultado do antagonismo de forças internas e externas, ocorridas distintamente em diferentes áreas do globo, organizamos esta pesquisa, procurando investigar a concepção dos alunos da 2ª fase do 2º ciclo sobre o conceito de relevo, bem como sobre as relações que estabelecem entre o conhecimento escolar e o conhecimento da vida cotidiana.
Entendemos que a aprendizagem significativa acontece quando uma nova informação relaciona-se com um aspecto relevante da estrutura do conhecimento do indivíduo. A aprendizagem se dá quando uma nova informação ancora-se em conceitos ou proposições relevantes pré-existentes na estrutura cognitiva do indivíduo (AUSUBEL, 1975). Neste sentido, procuramos identificar, no decorrer deste trabalho, as relações entre os conceitos científicos pré-existentes do aluno desenvolvidos ao longo da sua vida cotidiana e as relações com o conceito científico escolar a aprender.
Essa ponte tão necessária e importante parece-nos estar distante do cotidiano pedagógico, o que nos leva a indagar sobre o papel da escola e principalmente do professor no processo de ensino e aprendizagem estabelecendo um vínculo entre o conhecimento prévio do aluno e o conhecimento a ser adquirido.
Convergindo com este pensamento, Arnay, (1998) argumenta que:
(...) teríamos que revisar a permanente insistência em anular o conhecimento cotidiano pela ação do conhecimento acadêmico. Poderíamos entender que conhecimento cotidiano desempenha um papel fundamental na compreensão e ação das pessoas em contextos de atividades específicos, e, portanto, que não existe nenhuma razão para empenhar esforços e recursos educativos em sua anulação (1998, p. 40-41).
Nesta perspectiva, as idéias expostas, os Parâmetros Curriculares Nacionais de Geografia, estabelecem:
É preciso que eles adquiram conhecimentos, dominem categorias, conceitos e procedimentos básicos com os quais este campo do conhecimento opera e constitui suas teorias e explicações, de modo a poder não apenas compreender as relações socioculturais e o funcionamento da natureza, às quais historicamente pertence, mas também conhecer e saber utilizar uma forma singular de pensar sobre a realidade: o conhecimento geográfico (BRASIL, 2000, p 108).
Este argumento enfatiza a necessidade do professor de organizar e desenvolver a sua prática pedagógica no sentido de promover a aprendizagem dos alunos respeitando as diferenças culturais e cognitivas que estes apresentam, ou melhor, uma aprendizagem significativa dos conceitos geográficos.
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