O consórcio de culturas é prática comum na maioria das pequenas propriedades do Brasil, sendo grande parte do milho e feijão produzidos são provenientes de cultivo em consórcio. Este trabalho foi desenvolvido durante dois anos, objetivando avaliar a eficiência produtiva do milho em consórcio com o feijão, utilizando diferentes populações de plantas em relação ao monocultivo, em solo originalmente com vegetação de cerrado e, anteriormente, cultivado com arroz. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso com quatro repetições. Com exceção das diferenças observadas entre os cultivares, onde o cultivar de milho BR-201 sobressaiu em relação ao cultivar Tractor, o consórcio não interferiu nas características agronômicas do milho. A população de 50.000 plantas ha-1 apresentou maiores valores para as características agronômicas do milho.
Palavras-chave: Phaseolus vulgaris L., Zea mays L., população de plantas, cultivares.
Corn performance in intercropping corn – common bean in no tillage system. Intercropping is a common practice in the majority of small farms in Brazil. Most of corn and common bean are cropped in intercropping system. This study was developed during two years, in order to evaluate the productive efficiency of intercropping corn – common bean system. Different populations of plants in relation to monocropping were used in a soil, originally under savannah vegetation and previously cultivated with rice, in a randomized complete block design with four replications. Results showed that intercropping did not affect corn agronomic characteristics. Corn BR-201 cultivar was better than Tractor. Stand of 50,000 plants ha-1 had better results for corn agronomic characteristics.
Key words: Phaseolus vulgaris L., Zea mays L., plant population, cultivars.
Grande parte da produção de alimentos básicos é oriunda de pequenas propriedades e, por isso, é importante a introdução de técnicas de baixo custo, objetivando o aumento do rendimento. Neste contexto, o consórcio de culturas pode transformar-se em uma prática de grande expressão para a agricultura de subsistência (Raposo, 1995).
Entende-se por consórcio de culturas o sistema de cultivo em que a semeadura de duas ou mais espécies é realizada em uma mesma área, de modo que uma das culturas conviva com a outra, em todo ou em pelo menos parte do seu ciclo (Portes e Silva, 1996).
O consórcio de culturas é prática generalizada em boa parte das pequenas propriedades do Brasil, em especial por pequenos produtores que buscam, com o sistema, redução dos riscos de perdas, maior aproveitamento da sua propriedade e maior retorno econômico, além de constituir alternativa altamente viável para aumentar a oferta de alimentos (Andrade et al., 2001). De acordo com Flesch (1988), o consórcio de feijão com milho é o mais comum dentre as diferentes associações e, por isso, merece atenção especial por parte dos pesquisadores, no sentido de buscar estratégias para melhoria da eficiência desse sistema de cultivo.
No cultivo consorciado, as espécies normalmente diferem em altura e em distribuição das folhas no espaço, entre outras características morfológicas, que podem levar as plantas a competir por energia luminosa, água e nutrientes. A divisão da radiação solar incidente sobre as plantas, em um sistema consorciado, será determinada pela altura das plantas e pela eficiência de interceptação e absorção. O sombreamento causado pela cultura mais alta reduz tanto a quantidade de radiação solar à cultura mais baixa como a sua área foliar. Uma vez que a radiação afeta o desenvolvimento da cultura de menor porte, a escolha do melhor arranjo e da época de semeadura é crucial no desempenho do sistema, ou seja, na maximização da produção (Flesch, 2002).
O feijoeiro caracteriza-se por ser uma leguminosa de metabolismo fotossintético C3, ou seja, mostra-se menos eficiente na fixação do CO2 em relação ao milho, que é uma gramínea e apresenta metabolismo fotossintético C4. O sucesso desse consórcio está basicamente nas diferenças apresentadas por ambas quanto às exigências e tolerâncias. Neste sistema, nota-se uma competição entre a gramínea e a leguminosa, principalmente em relação à luz, já que a leguminosa apresenta porte bem mais baixo que a gramínea (Vieira, 1999).
Quanto à população de plantas mais adequada ao consórcio, há controvérsias, porém, vários trabalhos têm mostrado rendimentos altos, citando-se para a época das águas populações de 40.000 e 120.000 plantas ha-1 para milho e feijão, respectivamente, e, para época da seca, 60.000 plantas ha-1 para o milho e 240.000 plantas ha-1 para o feijão (Vieira, 1999).
O feijão pode ser semeado simultaneamente com o milho, no início das chuvas, ou quando o milho já está começando a secar. Um procedimento menos comum é a semeadura do feijão antes do milho. O sistema consorciado de culturas geralmente é empregado por pequenos produtores, que contam com pouca terra, mão-de-obra abundante e pouco capital (Vieira, 1999).
No caso do sistema de plantio direto, há comportamento diferente dos novos cultivares de feijão, principalmente no que se refere à população de plantas. O uso de espaçamento e densidade corretos constitui uma prática de baixo custo e fácil entendimento por parte dos agricultores. Estudos diversos mostram que a luz é o principal fator de competição entre plantas durante a fase reprodutiva, sendo a característica de número de vagens a mais prejudicada devido à falta de luz. De modo geral, o espaçamento mais recomendado é o de 0,5m entre fileiras com densidade de 10 a 15 sementes metro-1, independente do cultivar (Oliveira et al., 1999).
Este trabalho teve como objetivo verificar a eficiência do milho em consórcio com o feijoeiro, utilizando-se dois cultivares de milho, em diferentes populações de plantas, em relação ao monocultivo em sistema de plantio direto.
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