ABSTRACT
Este trabalho procura trazer reflexões sobre as dimensões do ciberespaço, suas possibilidades conectivas e interativas e sua organização, com ênfase para a intervenção humana nos cenários proporcionados pelas redes computacionais. As tecnologias digitais, os suportes conectivos, não operaram a substituição do pensamento humano, ainda que tenham proporcionado a mente importantes capacidades de projeção, de conexão, de ampliação, subvertendo, de certa maneira, os conceitos mais comumente vigentes de tempo e espaço, permitindo, de certa forma, outras "arquiteturas de inteligência". São discutidas, de igual modo, neste ensaio, algumas conseqüências trazidas pelas intervenções mediadas pelas tecnologias de informação e comunicação, sob o enfoque do uso que as pessoas fazem dos artefatos.
Palabras clave:
· ciberespacio
· comunicación
· información
· interactividad
· sociedad de la información
O ciberespaço é, antes de qualquer coisa, uma dimensão comunicacional. Sua lógica é a da articulação de memórias através das conexões. Assim, de certa forma, indicou Lévy (1999, p. 92), ao definir o ciberespaço como "o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores". Para o autor, semelhante assertiva não exclui outros meios de comunicação eletrônicos, "na medida que transmitem informações provenientes de fontes digitais ou destinadas à digitalização" (idem, ibidem). Segundo Lévy, ainda, o formato digital é essencial para o ciberespaço:
Insisto na codificação digital, pois ela condiciona o caráter plástico, fluido, calculável com precisão e tratável em tempo real, hipertextual, interativo e, resumindo, virtual da informação que é, parece-me, a marca distintiva do ciberespaço. Esse novo meio tem a vocação de colocar em sinergia e interfacear todos os dispositivos de criação de informação, de gravação, de comunicação e de simulação (Lévy, 1999, pp. 92-93)
Isto porque, em essência, o ciberespaço, nas definições de Lévy, disponibiliza dados – apesar do uso do termo ‘informações’. Mas não são informações, e não são, também, conhecimentos, mas dados, apenas. Para me explicar melhor, devo insistir nessa dimensão daquilo que trafega nas redes, daquilo que é armazenado nas memórias de massa dos artefatos computacionais e, também, em suas versões voláteis: são dados, porque semelhantes elementos são representáveis e armazenáveis em computadores e podem trafegar, por conseqüência, nas redes compostas por tais equipamentos. Informação e conhecimento não têm essa possibilidade. Esta é a opinião de Setzer (1999), segundo o qual tanto a informação quanto o conhecimento não são armazenáveis por sistemas computacionais, mas a informação, que implica em significação de caráter pessoal, pode ser representada através de dados, estes, por sua vez, descritíveis de maneira formal, estrutural. Assim, um dado seria "uma seqüência de símbolos quantificados ou quantificáveis. Portanto, um texto é um dado (...). Também são dados imagens, sons e animação (...). Como são símbolos quantificáveis, dados podem obviamente ser armazenados em um computador e processados por ele" (Setzer, 1999). Desta forma, "não é possível processar informação diretamente em um computador. Para isso é necessário reduzi-la a dados" (idem, ibidem). O conhecimento, entretanto, não é passível de semelhante redução, sob pena de ‘transformar-se’, justamente, em informação. De acordo com o autor mencionado, "associamos informação à semântica; conhecimento está associado com pragmática, isto é, relaciona-se com alguma coisa existente no ‘mundo real’ do qual temos uma experiência direta" (idem, ibidem). Não trafegam nas redes, através das conexões hipertextuais, os significados e as experiências. Apenas os sinais, representações das coisas digitalizadas.
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