Escrevo estas recomendações genéricas no final do mês de agosto de 2002, quando a campanha eleitoral ainda está longe de revelar o perfil definitivo do possível vencedor do pleito presidencial do primeiro ou, mais provável, do segundo turno do próximo mês de outubro, muito embora seja quase certo que a disputa se passe entre os três principais contendores já objeto das pesquisas de opinião, à exclusão de qualquer outro concorrente. Salvo acidente de percurso, um dos três pretendentes que estão à frente das simulações até aqui realizadas receberá a faixa presidencial de seu atual detentor, no início de janeiro de 2003, confirmando assim a evolução do sistema político brasileiro na direção de um regime democrático maduro, por certo ainda fragilizado por várias imperfeições institucionais e, sobretudo, por graves mazelas sociais, mas já confirmado em sua estabilidade transicional.
De resto, pouco importa o nome do vencedor final, na medida em que meu texto tem apenas o objetivo de chamar a atenção para algumas regras de conduta válidas para qualquer um deles, sendo apresentadas sob a forma aparentemente objetiva (quero crer, pelo menos) de recomendações "técnicas", desprovidas de cunho ideológico ou de orientação econômico-social, ainda que não isentas de algumas preferências pessoais. Para ser totalmente honesto, esclareço de imediato que minhas opções vão obviamente no sentido da mudança – que todos os candidatos, com maior ou menor sinceridade, dizem encarnar –, em especial no sentido de, por uma vez, privilegiar os mais pobres e os excluídos – categorias que também parecem merecer a atenção de todos eles –, eternos objetos das preocupações eleitorais mas raramente dos programas efetivos de governo.
Vejamos, portanto, algumas idéias simples que já devem ter passado pela cabeça dos próprios candidatos – homens treinados há longo tempo no jogo da alta política – e que podem também ter sido relembradas por alguns dos "conselheiros do príncipe" candidatos a assessores presidenciais. Estas recomendações são publicadas preventivamente, elas não estão dirigidas contra ou a favor de qualquer um dos candidatos e não pretendem dar base a nenhuma política governamental específica: elas se situam na tradição do método socrático de questionamento direto. A ordem dos fatores, como se diz, não altera o produto.
Senhor próximo Presidente da República:
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